Opinião: Fate/Stay Night – Volume 1

fateA quinta guerra do Santo Graal…

Fate/Stay Night nasceu como uma visual novel – resumidamente: um jogo^^ – para computador no ano de 2004, e foi desenvolvido pela empresa Type-moon. Essa visual novel acabou gerando uma enorme franquia, com mais jogos e obras sendo criadas para diferentes mídias como animes, mangás e light novel.

Um dos animês da franquia  foi exibido no Brasil no canal pago Animax, enquanto outros estão disponíveis de forma oficial nas plataformas de streaming Crunchyroll e Netflix. Dentre os produtos da franquia tivemos recentemente vindo ao país a light novel Fate/Zero (uma prequel ao jogo original) que está sendo publicado pela editora NewPOP e o mangá Fate/Stay Night, do qual falaremos agora, que é publicado pela editora Panini.

 Preâmbulos

De tempos em tempos, magos invocam seus servos para lutarem em uma batalha mortal em busca do Cálice Sagrado – o Santo Graal – o objeto misterioso capaz de conceder qualquer desejo a quem o possuir. Nessa luta sangrenta envolvem-se todo tipo de pessoas, tanto as que querem o objeto sagrado por desejarem o bem do mundo, quanto as que querem obter o Cálice para coisas obscuras e tenebrosas. Há também algumas outras com objetivos menos claros, que entram na luta com o único objetivo de vencer…

O mangá Fate/Stay Night acompanha o protagonista da história Shirou Emiya, um jovem que foi adotado ainda criança após um incêndio matar sua família  e todos da região em que ele morava. Certo dia, ao sair da escola, ele acaba vendo uma luta entre dois servos e um deles acaba o perseguindo e o matando!

Todavia não é o fim de Emiya. Ele sobrevive misteriosamente e nem ele, nem nós ficamos sabendo o motivo. Quem é fã da franquia e já assistiu aos animês sabe exatamente o que aconteceu e isso deverá ser desvendado nos próximos volumes (ou não). O caso é que Emiya, além de tudo, é um sujeito especial, ele é um mago. Não somente isso, ele invocará Saber, um dos sete servos da guerra pelo Cálice Sagrado, firmará um pacto com ela e entrará na disputa mortal em busca do Cálice com o objetivo de impedir que algum mago malvado se apodere dele e traga o caos ao mundo.

fate stay night 01

Desenvolvimento

Durante o primeiro volume, a narrativa de Fate/Stay Night nos apresenta ao mundo cotidiano e normal de Emiya para, posteriormente, nos mostrar a reviravolta na vida do rapaz e apresentar as lutas sangrentas pelo Cálice Sagrado. A obra nos explica o motivo das lutas, as regras e deixa subentendido algumas coisas que já são de conhecimento geral dos fãs da franquia, como o fato de que os servos “representam” heróis da antiguidade. Porém o desenvolvimento do mangá apresentado neste primeiro volume é muito ruim.

Quando falo em desenvolvimento ruim, falo exatamente do modo como foi conduzida a história. Para uma franquia famosa e de renome como Fate/Stay Night esperávamos uma narrativa melhor, mas somos apresentados a um emaranhado de clichês e uma forma de contar a história extremamente rudimentar.

O início, quando somos apresentados à vida cotidiana de Emiya, é extremamente tedioso e nos mostra um Shirou Emiya que parece um fantoche sem vida e sem personalidade. Os coadjuvantes também não ajudam e é preciso paciência para não morrer de sono nesse começo do mangá.

Porém, o problema da narrativa se amplifica quando Emiya vê os servos lutando. As coisas acontecem de modo muito rápido e, consequentemente, as transições entre as partes da história acabam muito sendo mal feitas. Basicamente, não dá tempo de acabar direito uma luta e já está começando outra, como pouquíssimas páginas para o leitor “descansar” e digerir as informações passadas anteriormente.

Esse ritmo que poderia ser muito bom em um animê ou em um filme de ação, por exemplo, em um mangá só serve para estraga-lo e deixar um gosto amargo na boca do leitor que esperava algo a mais. Temos a impressão de que o autor, Dat Nishiwaki, não soube trabalhar bem o enredo e acabou criando uma narrativa cheia de defeitos visíveis, ao menos nesse primeiro volume.

Os personagens clichês também não ajudam a melhorar o mangá. E aqui é inevitável a comparação com as versões animadas. Se nos animês vemos desde os primeiros minutos uma personalidade definida e sólida para o Emiya (no anime de 2006) e para a Rin (no recente Unlimitade Blade Works) e nos fazem querer continuar assistindo por causa deles, no mangá esses personagens passam o primeiro volume inteiro sendo extremamente “vazios” e a gente não consegue se afeiçoar a eles. Eles se mostram como pernonagens ultra clichês e que não tem nada que os diferencie. O resultado disso tudo é um mangá ruim e que só é cultuado por causa da famosa franquia. Mas a verdade é que – a levar em consideração o primeiro volume – um fã deveria se sentir ofendido com essa adaptação.

O que há de bom em Fate/Stay Night?

Apesar de ser um mangá muito ruim, Fate tem seus méritos. As lutas são interessantes e até nos fazem torcer. Mas se há uma coisa que devemos elogiar o autor é a capacidade de ele utilizar cliffhanger em cada capítulo. Em quase todos do primeiro volume, o autor o termina no momento crucial para fazer o leitor querer saber o que vai acontecer, nos impedindo de parar a leitura. O próprio fim do volume é exemplo disso e se alguma pessoa se sentiu prendida pelo título, ela terá necessidade de ler o segundo volume o mais breve possível.

fate stay night completa

Qualidade física e escolhas editoriais

Achei o aspecto físico do mangá bastante interessante. O mangá teve quatro páginas coloridas em couchê, além de impressão nas capas internas e isso fez a obra ficar bastante apresentável, ponto positivo para a Panini. O miolo em preto e branco parece ter aquele mesmo papel de Aoharaido (aliás, ambos são impressos na mesma gráfica) e apesar de ser ruim está bem aceitável para o objetivo da leitura.

O que podemos reclamar é sobre algumas escolhas editoriais da Panini. Mais uma vez a empresa continuou a sua política de colocar honoríficos desnecessariamente.Não precisamos dizer que achamos muito errado a utilização desses termos em um mangá de língua portuguesa, porém o problema foi outro: a editora de novo não colocou notas de rodapé e nem glossário para explicar esse honoríficos. Isso passa a impressão de que a Panini só quer vender mangá para quem já é fã de mangá e não se importa com os novos leitores, eles que se virem para aprender.

Em um mangá como SAO Fairy dance até fazia sentido, pois era um título muito, muito específico, mas em uma obra como Fate/Stay Night é uma escolha completamente equivocada e errada por parte da editora. Só nos resta perguntar: qual será o próximo passo da empresa, eliminar a página em que diz que aquele é o fim do mangá e não o começo?^^. Espero que a editora reveja essas decisões e voltem a colocar glossários em todos os mangás em que forem necessários…

Veredito final

Afinal, vale a pena comprar Fate/Stay Night? Eu jamais recomendaria Fate para quem gosta de battle shonens. Apesar das lutas serem interessantes o desenvolvimento do primeiro volume nos faz ficar céticos sobre a qualidade do mangá e não acreditamos que o autor tenha melhorado a sua forma de contar a história nos volumes posteriores. Para uma franquia tão boa quanto Fate, esse mangá acabou sendo um banho de água fria.

Eu diria que Fate/Stay Night é recomendado apenas para quem é fã da franquia e, mesmo assim, eu acho que a pessoa deveria pensar muito, mas muito mesmo, antes de adquirir o título. Na verdade, acho que esse mangá só é recomendado se você quiser muito ter alguma coisa da franquia na sua estante, pois definitivamente o primeiro volume deixa claro que ele não vale a pena de jeito nenhum…

***

Fate/Stay Night possui o formato 13,7 x 20 cm, miolo em papel jornal e páginas coloridas em couchê, ao preço de R$ 12,90. O título tem periodicidade mensal e está concluído no Japão em 20 volumes.

BBM

7 Comments

  • TDA

    Penso que esse mangá não é recomendado principalmente para quem é fã da franquia Fate. Motivo: O enredo não adapta nenhuma rota específica e acaba misturando as três rotas de Stay Night fazendo aquela salada de frutas. Para quem é fã e por consequência conhece a história correta das três rotas, sabe que vai acabar perdendo muito em relação a visual novel.
    Dito isso, eu até entendo a escolha do autor por não seguir uma rota específica pois ficaria “faltando” as outras duas rotas e seus conteúdos específicos. Fazer três mangás diferentes, um para cada rota me parece inviável, então a solução encontrada foi essa. Mas, voltando a questão dos fãs, acho que é melhor acompanhar o conteúdo original da visual novel ou os animes, principalmente o Unlimited Blade Works e os vindouros filmes Heaven’s Feel. A não ser que o cara seja daqueles que colecionam tudo independente da qualidade de conteúdo.
    Particularmente, juntando a baixa qualidade do miolo, os problemas da adaptação do autor demonstrados no texto mais a história misturada, prefiro não comprar.

    Mas uma coisa é inegável, todas as capas de Fate/Stay Night são lindas.

  • rafaga

    me convenceu a nao comprar e apostar mais no Zero! Eu não conheco a franquia direito mas o anime do Zero, eu gostei mto! Com muito mais questoes existenciais que batalhas!

    Faca uma analise do novel da Newpop tambem!

    Bjos na bunda

  • Victor

    “eliminar a página em que diz que aquele é o fim do mangá e não o começo?” Acertou mizeravi! O volume 4 de “Tokyo Ghoul” não veio.

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