Venha conhecer ou relembrar este interessante título de Ai Yazawa…
Hoje o nome Ai Yazawa está praticamente atrelado ao mangá Nana, ora ao sucesso da obra, ora ao abandono que o título sofreu no Japão. Contudo, Nana não foi a primeira obra da autora e, tampouco, o primeiro mangá dela a vir ao Brasil. Em um tempo distante, a editora Conrad trouxe ao Brasil o divertido Paradise Kiss, uma obra que está esquecida, mas deveria ser relembrada e lida por todos os fãs de quadrinhos japoneses.
Preâmbulos
Paradise Kiss foi serializado na revista de moda Zípper, de 1999 a 2003 e teve, ao todo, 5 volumes encadernados. O título se passa no “mesmo mundo” de outro mangá da autora, Gokinjo Monogatari, havendo inclusive aparições especiais de personagens deste mangá. Contudo é uma história completamente independente, com outros protagonistas e outro foco completamente diferente.
Paradise Kiss é um mangá que mistura comédia, romance e drama, ora destacando mais um ponto, ora outro. É um manga muito interessante e divertido de se ler, principalmente pelo séquito de personagens e pela capacidade narrativa de Yazawa.
História e desenvolvimento
No mangá acompanhamos a história de Yukari (Caroline) Hayasaka, uma estudante muito indecisa que de repente é jogada no mundo do Parakiss, um ateliê de moda formado por Jôji (George) Koizumi, Isabella, Arashi Nagase e Miwako Sakurada, estudantes de uma conhecida escola de moda, e que a convidam para ser modelo em um desfile da escola.
Embora inicialmente não aceite o convite, Yukari termina por ter contato com os membros do Parakiss e, aos poucos, seu modo de pensar e seus sentimentos acabam sendo modificado pela presença deles. De um lado, ela começa a enxergar a importância da moda para aquele grupo e vai quebrando seus pré-conceitos para com esse trabalho e com os integrantes do Parakiss. Não somente isso, a presença deles a faz enxergar mais detidamente a sua indecisão sobre o futuro e, aos poucos, começa a criar seus próprios planos de vida.
Por outro lado, vemos Caroline ter seu amor inicial por um colega de classe – Hiroyuki Tokumori – deslocar-se para George e os dois começam um relacionamento que, independente do ponto de vista, acaba por ser bastante conturbado e estressante para eles.
Paradise Kiss tem muitos pontos que podem ser abordados: a aflição dos adolescentes frente ao vestibular e o desejo de agradar os pais; a falta de sentido da existência de preconceitos; a amizade; triângulos amorosos; entre vários outros temas que são explorados ou citados durante o mangá.
Contudo, o que permeia toda a obra é o relacionamento entre Caroline e George. Ela é apresentada como uma garota que se deixa dominar, que se deixa guiar por pessoas mais fortes, primeiramente por sua mãe e posteriormente pelo próprio George, e que não tem planos por si mesma. O mangá vai nos apresentando o drama da garota ao chocar-se com essa sua característica e a tentativa dela de evoluir, mesmo que inicialmente essa evolução não fosse propriamente arquitetada por si mesma.
George, por seu turno, é um desenhista de moda espetacular e, por algum motivo, interessa-se por Caroline. Embora possa ser considerado rico, sua vida é um pouco confusa e ele tem no seu trabalho (hobby?) uma tentativa de retirar-se dessa confusão.
O relacionamento entre os dois é um misto de emoções. De um lado Caroline deseja ter muito de George, mais atenção, mais amor, mas George muitas vezes mostra-se frio e, não raras vezes, trata Yukari muito mal. A obra não nos faz torcer para eles sejam felizes juntos. Por mais que vejamos Yukari sofrer por ele, a simples presença de George nos faz pensar que o melhor para a personagem é ficar com o seu colega de classe (que, no decorrer da obra, descobrimos que gosta dela).
O mangá nos diz claramente que George não é uma pessoa má, tampouco agressiva. Ele apenas trata Caroline de um jeito muito diferente do que ela gostaria e, talvez, muito diferente até do que ele mesmo gostaria. É nítido que George a ama e a autora nos coloca isso na cara a todo instante, assim como Caroline o ama, porém mesmo assim o casal não consegue ter muitos momentos de felicidade e o drama acaba ficando preponderante.
Paradise Kiss mostra com esse relacionamento que gostar de uma pessoa não é suficiente para que um casal consiga ser feliz. É preciso que um se encaixe no plano de vida do outro e saiba exatamente como agir, como saber recuar frente às atitudes do outro. Paradise Kiss nos mostra também que não basta compreender o outro, é preciso um algo mais para que o relacionamento dê certo. Em resumo, a obra nos mostra que não existe um caminho certo, nos mostra que os relacionamentos humanos são bem, mas bem difíceis de lidar…
A divertida forma de contar uma história
Mas nem só de drama vive o mangá. O ponto mais interessante da narrativa é a forma como a autora rompe o que se costuma chamar de quarta parede. Paradise Kiss é um mangá com uma comicidade muito boa, marcada ora pela quebra de expectativas de Yukari em relação aos outros personagens, ora pela percepção e revelação por parte dos personagens de que eles estão em um mangá.
Isabella, por exemplo, em um momento repreende George por transar com Caroline e que isso não se fazia porque aquele era um mangá para moças. Em outro momento, ao citar personagens de Gokinjo Monogatari eles lembram que o mangá foi publicado na mesma revista em que Paradise Kiss estava saindo. É uma forma muito divertida de se contar uma história e que vemos muito raramente em mangás publicados no Brasil. Aliás, alguém lembra de outra obra assim?
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Sendo destinado a um público jovem, recém saído do ensino médio, Paradise Kiss é um mangá feito não só para divertir, mas também para aprender e refletir sobre as decisões tomadas nessa fase da vida. Ele tem alguns probleminhas aqui e ali que não cabem mencionar aqui, mas no todo é um mangá muito bom, principalmente para os fãs comédias, de Ai Yazawa ou de Joseis.
BIBLIOTECA BRASILEIRA DE MANGÁS
Terminei de ver Paradise Kiss recentemente e me arrependo de não ter visto ele anos atrás, superou minhas expectativas!! Os personagens cativam muito, mesmo eles sendo estúpidos às vezes, ou no caso do George que é estúpido direto com a Yukari, mesmo assim eu shippo os dois! Assim como eu fiquei triste pelo final, também fiquei feliz por fugir do clichê. As músicas combinaram com o anime (não li o mangá ainda, nem vi o live action, AINDA), não pulava a abertura e encerramento só para ficar ouvindo ♥ A obra é de certa forma bem realista por mostrar a vida e o sonho de jovens que fogem do padrão da sociedade, mas que tampouco ligam por serem diferentes e mostra a vida que a Yukari vive, que se assemelha a de muitos jovens também, além de passar mensagens muito boas! Com certeza, Paradise Kiss, assim como Nana ficaram no meu coraçãozinho!
Ate me deu vontade de ler de novo, e vira e mexe sempre dou uma folheada nos meus volumes. Parakiss e um mangá muito especial, foi um dos primeiros que comprei e que corri atrás pra completar. A Ai e uma autora sensacional e espero de coração que ela volte a ativa um dia (e estando bem de saude claro). Uma coisa que gosto muito dela e a emoção que ela consegue passar atraves do olhar dos personagens, puxa que olhos mais expressivos! Mas até hoje nunca assisti o live action com medo de me decepcionar, acredito que nenhuma adaptação consegue passar tudo que esse mangá passa. Gostei muito dessa resenha.