Impressões – Gate 7, Volume 1

Gate7.1Mais uma aventura da Clamp no Brasil!

Gate 7 é um mangá de autoria do grupo Clamp e é publicado desde 2010 na revista Jump SQ, da Shueisha. A obra conta atualmente com 4 volumes e se encontra em hiato no momento, sem previsões para novos volumes. No Brasil, a série foi adquirida pela editora NewPOP quando não tinha sequer um volume publicado (fato revelado pelo próprio site do grupo Clamp) e, atualmente, a empresa já lançou todos os volumes disponíveis por aqui. Hoje, no entanto, falaremos apenas do primeiro volume.

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A HISTÓRIA

A história começa com o protagonista, Chikahito Takamono, em Quioto, vindo de Tóquio em uma excursão. O garoto é fascinado por aquela região e o fato de estar ali já pode ser considerado um sonho para ele. No entanto, Chicahito acaba se encontrando com uma Quioto muito mais mística do que histórica, e esse contraste é o que conduz todo o primeiro volume do mangá. O seu encontro com Hana, uma jovem misteriosa, ao lado de dois homens, em uma “dimensão paralela”, mudaria sua vida por completo a partir daquele momento.

Sim, é verdade, um estudante que encontra uma garota e essa o introduz em um mundo fantástico é uma pegada um tanto clichê, realmente, mas em Gate 7 essa introdução é feita de uma forma singular que faz a história ser única. O protagonista não aceita aquela situação muito bem, e isso perdura por um bom tempo da narrativa. Essa humanidade do rapaz – o fato de ele estranhar tudo o que está acontecendo – é o que salva a história de se tornar um clichê chato, como tantas outras histórias de mesmo artifício narrativo, tornando o mangá até cômico em certo sentido.

A primeira parte do volume foca naquela velha receita de “monstro do dia”, onde a garota precisa derrotar um monstro naquele mundo. O motivo? Vai saber… Na verdade, fica um tanto jogada essa parte do mangá, não revelam motivos reais para destruir aquelas feras que vão surgindo e nenhuma outra explicação é dada. Eles são apenas contratados para isso, o que traz uma pequena chama de esperança de que essa pergunta será respondida no futuro.

Contudo a interação dos personagens é que acaba sendo o diferencial do mangá: o protagonista contrasta muito bem com todos os personagens que vão surgindo e até os secundários – mesmo que com suas personalidades clichês – vão rendendo bons temas e situações, ajudando no desenvolver do volume.

E se é para falar de personagens, é importante começar pelo protagonista. Sem dúvida é o personagem que mais adoça o mangá que sem ele poderia ser muito “tanto faz”. Na verdade é esse o seu objetivo na história: assim como ele é apresentado a toda aquela fantasia, o leitor a partir dele conhece tudo aquilo. E assim como um humano comum, ele não aceita bem toda a situação, como falamos antes.

Existem até mesmo momentos de ingenuidade onde ele pensa que aquela situação fantasiosa era na verdade normal em Quioto – afinal ele é um forasteiro de Tóquio. Pode ser considerado o melhor personagem da trama, pois suas indagações é que resultam nas respostas mencionadas no mangá, sua própria personalidade é graciosa em sua maneira e sua humanidade é o que torna tudo aquilo crível ao público. Fica mais fácil engolir situações como aquelas vendo o estranhamento nos olhos do protagonista, diferente daqueles já imersos no mundo, como os dois rapazes, Sakura e Tachibana.

E por falar neles, cada um possui uma personalidade que a princípio parece conflitante, afinal um é o yin e outro o yang. Mas, na verdade, é possível notar que pela convivência eles acabam se dando muito bem. Dentre eles o que mais se destaca é Sakura. O personagem possui uma personalidade menos estereotipada, muito mais interessante que Tachibana, que age muito mais como o clichê irmão mais velho de Hana, o certinho e que parece sempre de mal humor.

Já Hana é a doce comilona de macarrão. É possível notar que a personalidade dela é extremamente vazia (bem típico dos mangás da Clamp) tanto que em algumas partes ela age como um animal de estimação. Contudo, mesmo com essa personalidade estranha, ela ainda consegue o improvável de ser uma personagem cativante.

Sobre os desenhos. O que dizer? São simplesmente perfeitos. A ambientação, os personagens, elementos fictícios, tudo é muito bem desenhado. É realmente de deixar qualquer um arrepiado, o traço do Clamp sempre foi espetacular, e essa é uma verdade inegável, mas nesse mangá eles conseguiram se encontrar. Os traços dos personagens são lindíssimos, sendo possível notar características específicas de cada um – principalmente do protagonista. E Hana, é um show a parte, fica abaixo uma ilustração para justificar o fascínio.

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O foco do mangá está no sobrenatural, e uma pequena explicação acerca do mundo fantástico é apresentado ao leitor no final do volume, embora uma explicação muito superficial para se entender realmente o que acontece naquela história. Na realidade o primeiro volume agiu apenas como uma introdução do que acontece ali, dos elementos da trama, do que cada personagem representa naquele contexto, mas infelizmente há pouquíssimas explicações sobre aquele mundo, o que deixa uma pontinha de desapontamento…

VEREDITO

Normalmente a indicação da série não seria problema algum. Apesar de todas as falhas na apresentação adequada do mundo em que vive a trama, o mangá é fantástico, com uma arte digna de deleite, e personagens e situações divertidas.

Contudo, levando em consideração que o mangá está sem qualquer previsão de novos volumes é um tanto arriscado comprá-lo esperando ver o fim da obra mesmo que outros títulos como Berserk e Vagabond também não tenham previsões específicas. Pesa para isso, a fama do Clamp de não concluir várias de suas obras…

Falando apenas do primeiro volume da obra, no entanto, foi, sem dúvida alguma, um bom começo e pareceu envolver uma trama muito interessante. Vale a pena conhecer a história do jovem fascinado por Quioto e da garota fascinada por… macarrão, principalmente se você for fã de mangás do Clamp…

***

Gate 7 foi lançado no formato 11,3 x 17,7 cm, média de 180 páginas por edição e miolo em papel offset 90g. Os três primeiros volumes custaram R$ 12,90. O quarto custou R$ 13,90. Todos os volumes ainda são encontrados facilmente, inclusive na loja online da editora NewPOP.

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