Resenha: Lovely Complex # 01

LovelyHumor e romance…

Lovely Complex (ou Love Com, como também é conhecido) é um mangá escrito e desenhado por Aya Nakahara. O título foi serializado na revista shoujo Bessatsu Margaret, da Shueisha, entre 2001 e 2007 e rendeu, ao todo, 17 volumes encadernados. A obra ganhou ainda uma adaptação em animê que durou 24 episódios.

Sucesso em vários países do mundo, o mangá foi anunciado no Brasil em julho de 2015 e começou a ser publicado agora no início de 2016. Lemos o primeiro volume e viemos aqui falar nossas impressões.

Lovely Complex 01

A história

Lovely Complex acompanha a história de Risa Koizumi (uma garota alta de 1,72 de altura) e Atsushi Otani (um rapaz baixinho de 1,56), apelidados no colégio como uma dupla de comediantes japonesa. Entre uma grande amizade e muitas brigas, Koizumi e Otani decidem se ajudar na conquista das pessoas que eles amam. Porém as coisas não saem bem como o planejado…

Desenvolvimento

Expectativa. Quebra de expectativa. Um caminho parece ser trilhado. Esse caminho é destruído. Ao menos é assim para os protagonista Risa e Atsushi. Tudo o que eles esperam que aconteça acaba ruindo bem debaixo dos olhos deles. Se Risa está animada pelo início das férias, essa animação vai embora ao descobrir que terá que fazer um curso de verão; se ela se apaixona por um garoto, acabará vendo ele gostar de outra pessoa. E isso se perpetua pelo volume inteiro, geralmente sempre para fazer o leitor (sor)rir.

ddd

Lovely Complex é um mangá de comédia romântica e, neste primeiro volume, há uma pegada muito mais forte no humor do que no romance em si. Muito embora se fale sobre romance na maior parte do mangá, o que predomina é a quebra de expectativa constante, o humor puro e simples.

Em dado momento, devido a essas quebras de expectativa, Koizumi e Otani acabam “promovidos” pelos colegas de escola de dupla de humoristas para um casal de namorados (sem estarem namorando) e isso gera mais problemas para os dois, incluindo uma aposta entre eles para ver quem conseguiria começar a namorar primeiro. O que obviamente dá errado mais uma vez, para os dois.

Apesar de o clima humorístico perdurar durante todo o volume já se percebe o clima de amor que poderia existir entre Koizumi e Otani. Os dois possuem gostos muito parecidos e essa afinidade é vista por todos, muito embora eles queiram negar isso durante o volume. Neste primeiro número o principal problema deles é a questão da altura e não é de surpreender que esse problema os afaste de um relacionamento amoroso a princípio.

Os personagens coadjuvantes têm grande importância e também servem para promover o humor no mangá, especialmente o par Chiharu e Suzuki (a garota com medo de homens e o rapaz com dificuldades de conversar com mulheres). A indecisão deles e o efeito 18% (leia o mangá e entenda^^) é uma das partes mais hilariantes nesse primeiro volume.

O resumo da estreia de Lovely Complex é a progressão de simples insultos verbais – entre Koizumi e Otani – para uma pequena amizade, uma alegria dos dois de estarem juntos. É difícil dizer como isso se desenvolverá nos dezesseis volumes restantes, mas imaginamos reviravoltas e mais reviravoltas na história…

Edição Brasileira

A edição brasileira saiu no formato 13,7 x 20 cm, miolo em papel jornal e preço de R$ 12,90. O mangá foi impresso na gráfica Cunha-Facchini (mesma de Fate/Stay Night, por exemplo) e apresenta o mesmo padrão da maioria dos mangás publicados em papel jornal da editora, não possuindo nada que o destaque, nem mesmo páginas coloridas.

Sobre a adaptação a editora prezou por uma linguagem extremamente coloquial, com muitas gírias que fizeram a história ficar bem mais divertida e próxima aos brasileiros, porém novamente pecou ao manter honoríficos e não fazer as devidas adaptações.

Veredicto

Para uma obra de comédia romântica, Lovely Complex deixa a desejar se compararmos com obras com propostas parecidas (parecidas, não iguais) como Love Hina e Paradise Kiss. O humor de Lovely complex é mais contido do que nos mangás citados. Diríamos que é mais um mangá para sorrir do que para rir. Raramente conseguimos dar gargalhadas nele. O romance também não é muito aproveitado, mas isso deve ser resolvido nos próximos volumes.

Mesmo com essas ressalvas o mangá faz bem o seu papel e consegue nos prender na história, sem que fiquemos irritados com os personagens e sem que a história nos aborreça. Trata-se de uma obra interessante e que merece uma atenção da parte de todos. Depois de Orange, Lovely Complex é o melhor mangá shoujo lançado por aqui em muito tempo…

***

BBM

17 Comments

  • pg.

    falando nisso,alguem sabe se o anime cobriu a história toda ou se vale a pena assistí-lo?já que foi feito no mesmo ano em que o mangá acabou.

  • hayashy

    Como assim? Love Hina é shounen (sei que sabem disso, mas..) Se for pra comparar com outro shoujo ,são iguais como os mangás shoujos Karekano, Fruits Basket….=D LC é um mangá que eu tava precisando ler. Mais para comédia, pq ta faltando este tipo de gênero no país. Espero q venha SCHOOL RUMBLE e GTO.

    • Bruno

      Eles foram comparados por ser Comédia Romântica, e não pela demografia

    • Como o Bruno disse, a comparação foi feita com comédias românticas e não com outros shoujos (comparação com shoujos fizemos no parágrafo seguinte).

      E veja que Love Hina é shonen e Paradise Kiss é josei, ambos de demografia diferente de Lovely Complex. Se a comparação é por comédia romântica não fazia sentido ali comparar com outros shoujos^^.

    • Bruno

      Não foi esse que começou numa revista Shoujo e depois pra uma Seinen?

      Demografia serve só pra bonito mesmo

      • Exato. Os 9 primeiros capítulos foram publicados em uma revista shoujo, por isso me refiro a Orange como shoujo^^.

      • Roses

        Sim. Veja bem, shoujo e shounen é muito mais um indicativo de classificação livre. Isso não quer dizer que um seinen ou josei não pode ser também classificação livre.

        No caso, o autor começou fazendo a história pensando no público feminino jovem, mas a coisa não fez sucesso. Eles descobriram que na verdade o público adulto masculino estava muto mais interessado na obra.
        Assim a obra mudou de revista e ganhou uma liberdade muito maior, agora o autor estava escrevendo para adultos e pode tocar em assuntos mais complexos e maduros.

        Dessa forma o que vale é a última demografia, apenas o primeiro volumes (se não me engano) é apto para o público Shoujo, o resto já fi feito para um público maduro, logo vale a idade mais alta. Seinen.

        Similar se eu escrever um livro de classificação livre, mas a sequência virar 16+, você indicaria a coleção para qualquer um? Ou diria que é uma coleção madura para 16+?

        • Se fosse assim, Orange mudaria muito de teor durante os volumes e é a mesma coisa em tudo, um tipico “shoujo”.
          A mudança de Orange foi mais por oportunidade pra autora do que mudança de publico alvo.

        • Roses

          Tem muito Seinen de romance que parece e muito com Shoujos, Emma, por exemplo.

          O fato de mudar de uma revista para garotas e começar a ser lançado numa para homens é sim uma mudança de público alvo… Esse simples ato privou as meninas de continuar a acompanhar a história.

          A história não muda, o que muda é a liberdade, poder falar de assuntos que de outra forma não teriam sido abordados. Além de poder trazer um realismo maior, sem ter que se preocupar em justificar moralmente.

          Em todo caso, é idiota discutir isto, basta ir na página de Orange e na wikipédia japonesa que eles te informam que é Seinen. A demografia não é definida pelo que os leitores acham, mas pela revista e editora que a publicou. Podemos discutir anos, não muda que Orange é seinen.

        • Realmente não adiantaria muito prosseguir discutindo esse tema, mas, assim como otaku pra japoneses não é o mesmo que pra nós (termo pejorativo pra eles) o mesmo se encaixa com demografias. Mesmo se a ideia na origem é diferente, na pratica pra cá é outra coisa, mesmo “errado” como otaku, otome, gilete, xerox, gibi e etc. Portanto querer mudar a ideia geral de que demografia é genero baseado em caractesristicas especificas já esta enraizado na maior parte do nosso nicho “otaku brasileiro”.

        • Roses

          STX, você tá confundindo coisas.
          Como interpretamos um termo é baseado nos nossos conhecimentos e tal. Mas quem define qual será o termo não é a sua opinião ou critérios, é a editora e seus editores. Assim que quem define se é Terror ou Horror é os produtores do filme. Se concorda ou não são outros 500.

          Que tem pessoas que cometem erros, que há aqueles que não compreendam de verdade do que se trata, nada disso justifica simplesmente desconsiderar o japonês quando você sabe qual é o certo. “Eu faço errado pois os outros fazem errado” é uma desculpa bem triste.

          Finalizando, otaku e otome não são “errados”, são apropriações, ocidentalizações de termos. Os termos já não se equivalem nas duas línguas, isso é normal. Por exemplo, Katana não é uma espada, mas um objeto de uma só lâmina, no Japão, sua faca de lâmina lisa é uma Katana, ou um facão. No ocidente foi apropriado para significar espada japonesa.
          Da mesma forma Gilete e Xerox são igualmente apropriações de nomes de marcas para indicar produtos.

          Um exemplo de apropriação na demografia é Yaoi, que não significa mangá com personagens gays, mas o nome foi apropriado para significar o que no Japão é chamado de BoysLove. Houve sim uma alteração de sentido e ocidentalização.

          Você estaria defendendo que shoujo já foi apropriado e tem também sua própria definição ocidental desconexa do original? Olhando nos sites de editoras e wikipédia, eu não vejo nada que indique isso, há discrepâncias, mas o termo em si tem o mesmo significado.

          É claro que as pessoas terão uma visão do que esperar de algo shoujo, mas isso é baseado somente naquilo que você já leu ou conheceu, no que as editoras trazem. Isso acontece com qualquer área, no Brasil, por exemplo, a maioria da população considera quadrinhos e games uma coisa infantil. Na minha juventude meu pai me criticava agressivamente por gastar dinheiro com coisa de criança. Mas para ele, mangá e anime é Dragon Ball, Cavaleiros dos Zodíacos e Inu-Yasha.

          Concorda que mesmo que 99% da população brasileira ache que mangá e anime é coisa de criança sempre, isso não significa que está correto?

          No caso do meu pai o que faltava era experiência, depois de dar uma porção de mangás seinen adultos de altíssima qualidade como Na Prisão, Seton e Gourmet, ele mudou sua concepção. Se as pessoas têm concepções erradas de certo termo, o que falta é abrir o horizonte e conhecer de verdade aquilo. 🙂

  • Bruno

    Qual seria o melhor Shoujo lançado no Brasil de todos os tempos? 😀

      • Nem… Limit é um dos melhores “mangás desconhecidos” do ano passado, mas passa bem longe de ser o melhor shoujo de todos os tempos. Muito dramalhão forçado…

Comments are closed.

Descubra mais sobre Biblioteca Brasileira de Mangás

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading