Desmistificando: As numerações de volumes especiais

Death-Note

Venha entender o que são os volumes zero, os volumes fracionados (como X #18.5) e os volumes finais especiais (como Usagi Drop #10, Death Note #13 e Beelzebub #28)!

É interessante como um mercado desenvolve características e várias manias próprias com o passar do tempo, especialmente quando é algo mais restrito e não a nível internacional. Esse tipo de coisa que deu à luz o mangá, mais recentemente a light novel e todos os seus gêneros.

Mas existem pequenos detalhes também que alguém inventa e cai nas graças do público, como os tipos de edições e versões e as classificações das histórias extras e relacionadas. Hoje vamos comentar mais dessas invenções e manias típicas dos mangás envolvendo a numeração dos volumes.


Os Volumes 0 (zero)

Os volumes 0 são curiosos, são e ao mesmo tempo não são parte da série original. Como assim? Oficialmente são exatamente um volume de número zero, dessa forma o zero não é parte do título, mas a numeração de fato. Mas por outro lado, são histórias desconexas, como um gaiden ou bangaihen e constantemente não são trazidas junto com a coleção original pelas editoras estrangeiras.

A sacada do volume 0 é apresentar como se fosse um prelúdio para a história ou pilotos, explorando algo deixado em aberto ou não tão explorado na série original. Eles são sempre lançados após uma certa quantidade de volumes, de forma que seja um lançamento posterior, mas na cronologia da história seja um volume inicial.

volume0coverVeja alguns casos abaixo de volumes 0 que não vieram ao Brasil ou de séries mais famosas:

  • Hunter x Hunter #0
  • Another #0
  • Ataque dos Titãs #0
  • The Ring #0
  • Übel Blatt #0
  • Space Brothers #0
  • Usotsuki Lily #0
  • CDZ – Episódio G #0
  • Nisekoi #0

Essa lógica do zero também aparece em filmes e séries, como Fate/Zero.


Os Volumes Fracionados

i213567Uma mania que particularmente acho muito interessante, é usada para indicar um volume que seja lançado entre dois outros, geralmente databooks e similares, ocasionalmente histórias extras ou volumes parciais, como o famoso X #18.5, que nunca foi lançado pela JBC.

A numeração então não significa necessariamente que faça parte da série, mas sirva de identificador cronológico, especialmente quando o databook ou especial trabalha os volumes anteriores a ele. Veja alguns casos:

  • X/1999 #18.5
  • Kami-sama Hajimemashita #25.5
  • SERVAMP #10.5
  • Moteki #4.5
  • Baka to Test to Shoukanjuu #3.5, #6.5, #7.5, #9.5, #10.5, #12.5

Lembrando que no Japão a numeração fracionada é escrita usando o padrão americano, lá se usa vírgula para indicar centenas (1,000 = mil) e ponto para decimais (0.5 = meio). Usamos esse padrão aqui só para imitar o original mesmo. 🙂


Os Volumes Finais Especiais

Death note 13Parente do anterior, geralmente quando a história já foi concluída, os volumes extras não ganham valores fracionados, mas número inteiros (embora isso vai variar de acordo com o autor ou editora, Moteki e Kami-sama Hajimemashita acima, por exemplo, são os últimos volumes). Esses últimos volumes podem ser únicos ou vários, podem ser databooks e similares ou bangaihens. Veja alguns casos:

  • Death Note #13
  • Usagi Drop #10
  • Emma #8 a #10
  • Beelzebub #28
  • Orange #6 a #7

Esse tipo de volume, que é e não é parte da numeração padrão do mangá é uma chance interessante de percebermos como funciona o sistema de licenciamento e renovação e renegociamento de novos volumes. Uma editora não licencia séries, mas volumes, livros e edições. Assim teoricamente várias editoras poderiam pegar diferentes volumes de uma mesma obra sem problemas. O único motivo para isso não acontecer é por interesse próprio das editoras envolvidas, sendo o objetivo delas vender e lucrar, faz mais sentido dar todos os tomos para uma mesma editora.

Mas dá para vermos um pouco disso quando as editoras começam a publicar novamente uma obra de onde a anterior parou. Dessa forma, se uma editora tal lançou até o 20, a segunda, que agora irá dar continuação, não precisa comprar os direitos desses já lançados e começa do 20. Sendo assim, a cada novo volume a editora deve renegociar e comprar os direitos daquele livro, entretanto, nada a impede de simplesmente não comprar mais, como aconteceu com várias obras “no freezer” da Panini ou em casos de realmente cancelamento.

O mesmo vale para esses volumes especiais de numeração diferenciada, a não ser que tenha havido algum acordo prévio de que eles teriam que lançar tais volumes, adquirir ou não esses extras vira uma escolha da editora brasileira. É claro que seria inocência desconsiderarmos a pressão da editora original, que pode ameaçar e impor seus desejos, que a editora brasileira acaba acatando ou não.

Em geral, os que mais dão as caras aqui no Brasil são os números inteiros especiais, como Death Note, Usagi Drop e Beelzebub. Os dois outros nunca vieram para cá, embora no passado a editora Conrad tenha prometido o volume 0 de Episódio G. Estranhamente eles também são exceções no Ocidente. O motivo? Só as editoras poderiam responder qual a enorme dificuldade que causa isso. Por outro lado, esses volumes podem estar atrelados a DVDs e CDs Dramas que podem vir a ser o motivo da impraticabilidade desses lançamentos.


E esse foi o Desmistificando de hoje, a coluna semanal, lançada nas quintas-feiras, sobre o mercado e mangás brasileiros e internacionais. Você pode ver todas as outras postagens anteriores desta coluna aqui. Se você tem sugestões ou comentários utilize o formulário abaixo, são sempre bem-vindos! 🙂

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