Desmistificando: Artbook, Databook, o mundo dos “algo-book”

Quais as diferenças e características?Você já deve ter visto esse tipo de classificação para todo lado e talvez você confunda ou não entenda as diferenças entre eles. Qual a diferença entre um databook, um guidebook e um fanbook, por exemplo? Por isso, hoje vamos destrinchar um pouco quais seriam as diferenças e de onde veio tanto “algo-book”!

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Os “algo-book”

Talvez você não saiba, mas japoneses são tarados em usar palavras inglesas no meio das coisas, se você gosta de música japonesa moderna, com certeza já percebeu isso. O aparecimento dessas várias palavras veio exatamente do uso contínuo de, por exemplo, “art book” (livro de arte), até virar um substantivo só para os japoneses, o “artbook”.

Mas embora tenha entrado para a língua, eles não possuem um significado ou um uso tão específico assim. O que determina se é um ou outro, acaba sendo meramente a escolha do autor e o que ele prefere. Existe, entretanto, um certo padrão de uso e é isso que comentaremos aqui a seguir.

Vale a pena relembrar que todos eles podem ser baseados em obras em específico, franquias, volumes em específico, autores ou seja lá qual tema for definido pelos criadores.


Artbook e Illustbook


O artbook e o illustbook (ainda, illustration book ou irusuto-book) são as duas formas mais comuns de classificar os livros de arte e/ou ilustração. Também podem ser chamados de uma infinidade de coisas, como “art collection”, “art work”, “picture book”, “work book”, “sketch book” e vários outros em japonês também.

São livros contendo imagens, geralmente coloridas (mas há casos parcialmente em preto e branco), às vezes com rascunhos, comparações entre rascunhos e imagens prontas, estudos de personagens, imagens usadas em eventos promocionais, etc. Alguns apresentam comentários sobre cada imagem, sejam dados dela ou realmente notas pessoais do autor, outros nem um único comentário. Além das imagens não é incomum que haja textos inclusos, como artigos, listas de obras, entrevistas e outras coisas mais, às vezes até pequenos capítulos de histórias ou mangá. As imagens geralmente são organizadas seguindo alguma lógica, às vezes com títulos e categorias bem definidas, outras apenas em alguma linha temporal.

É difícil definir uma diferença entre os dois, mas geralmente é usado “Illustration” para definir uma obra que compilou ilustrações já produzidas, que agora são mostradas limpas e em melhor qualidade. Já os artbook seriam coletânea de imagens até inéditas ou mais raras, geralmente apresentando rascunhos.

artbook-cavaleiros-do-zodiaco-the-lost-canvasAqui no Brasil foi lançado o illustbook de Cavaleiros do Zodíaco The Lost Canvas. Fica muito claro a diferença analisando este caso, se você conferir o final do volume vai ver um índice de ilustrações que dizem exatamente onde cada ilustração saiu. Não se trata de algo inédito, mas uma compilação de ilustrações da obra. Pegando um artbook para comparar, um fácil de achar por aí, o Mutuality da CLAMP (de Code Geass), possui uma metade de imagens coloridas (algumas do DVD, outras exclusivas de certas promoções e algumas inéditas) e uma metade de rascunhos, mais focado no processo artístico.

Tem muito artbook por aí também que o próprio livro é parte da “arte”, não se trata apenas de uma coletânea, mas um uso diferente dos espaços, com designs e temáticas diferentes, com murais e explorações criativas do espaço.  Outros que são completamente inéditos, ilustrações de um autor famoso, por exemplo.

Novamente, isso de forma alguma é uma regra e no Ocidente tende-se a juntar tudo na classificação “artbook”, a própria editora JBC traduziu “coleção de desenhos” em japonês para “artbook”. O importante aqui é entender que todos eles têm em comum serem focados nas imagens, artes, ilustrações e rascunhos.


Os enciclopédicos e guias


Naruto DatabookSe por um lado os anteriores eram focados em arte, estes são focados em textos, dados e informações. Chama-se de “character book” (ou charabook ou ainda character gidebook) aqueles que são focados nos personagens, como foram criados, sua história, característica, etc; de “databook” os focados em dados e informações, os mais enciclopédicos mesmo; de “guidebook” os guias, geralmente específicos que trabalham a história, desvendam mistérios, discute acontecimentos e servem de guia para se entender ao máximo aquela obra; e de “fanbook” o livro de informações completo que “todo fã deveria ter”, geralmente carregado de coisas inéditas e exclusivas, são geralmente comemorativos ou lançados após a conclusão da obra.

One-Piece-Blue-Databook-EditorComo o anterior, você terá uma variação grande e diversos outros nomes sendo usados para classificá-los, vários possuem ilustrações, capítulos em estilo mangá, histórias e rascunhos no interior. Novamente o nome “oficial” vai depender dos autores.

Aqui no Brasil tivemos até bastante deles, você pode conferir todos aqui, alguns mais fanbooks, como Kenshin Kaden e as enciclopédias de CdZ e Dragon Ball, outros típicos guidebooks, como o de Death Note, Naruto e Fullmetal Alchemist, e ainda alguns databooks, como o de One Piece.

Também é comum que os guidebooks venham com um aviso de a quais arcos aquilo se refere ou com uma numeração especial que localize quando deve ser lido dentro da linha temporal, como o Death Note 13, indicando que deve ser lido após os 12 primeiros de história. Leia mais sobre isso aqui.


Outros


Vale a pena comentar que existem sim livros que é tudo ao mesmo tempo, super volumes que possuem dentro de si a ala artbook, a ala de informações de personagens, a ala de de guia, a ala de informações específicas, a ala de coletânea de capas e páginas coloridas que foram lançadas nas revistas e por aí vai. Por lá geralmente chamam de “grandes livros” ou “masterpiece”, coisas assim, são geralmente comemorativos e bem caros, mas não estaria errado considerá-lo um super fanbook.

Há também os algo-book relacionados a animes, games (chamado de gamebook), filmes e diversos que podem ou não ter os mesmos nomes usados acima. Além de catálogos que não são de ilustrações em si, mas de produtos, cartas (cards), estátuas, similar a catálogos de esculturas e quadros de um artista ou catálogos de selos. Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, possui 3 grandes catálogos de action figures e similares no Japão, com informações sobre cada um, como produtor, ano, raridade, etc.

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Conclusão

Embora aqui no Ocidente seja costume os fãs juntarem tudo isso em categorias e até sair por aí apresentando definições e corrigindo os outros, no Japão a coisa é muito liberada e o nome que se usa é uma mera escolha dos autores. Até mesmo nas lojas online por lá, esses volumes estão todos bagunçados, alguns constando como quadrinhos, outros como livros, outros como livretos. Não muito diferente do que vemos aqui no Brasil.

Embora seja bem mais fácil separar em livros de ilustração e livros de informação, como comentamos há alguns que conseguem ser os dois. No fundo, são todos livros de apoio ou de extras daquela obra original. Juntar tudo numa coisa só não é problema algum. O importante mesmo é saber o que significam e o que são quando se deparar com esses nomes e não ficar na disputa infrutífera de qual seria o “termo correto”. 😀


E esse foi o Desmistificando de hoje, a coluna ocasional, sobre o mercado e mangás brasileiros e internacionais. Você pode ver todas as outras postagens anteriores desta coluna aqui. Se você tem sugestões ou comentários utilize o formulário abaixo, são sempre bem-vindos!

8 Comments

  • O texto foi bem interessante ao mostrar a diferença entre eles. Me ajudou muito, pois não conhecia todos esses termos e suas diferenças.

    Adoro esse tipo de publicação especial, acho que complementa a obra e no casos dos de informações, ajuda a entender melhor certos trechos. Dos guias lançados no brasil, só não peguei o de Dragon Ball (por ser baseado no anime, não no mangá), e acabei de pegar o do Lost Canvas, de ilustrações.

  • Aqui no Ocidente tem sketchbooks, como o nome diz, são esboços em reto e branco ou sépia, a Criativo lançou uma coleção no final do ano passado, artbooks seriam os coloridos e arte-finalizados, existem os Artist’s Edition da IDW, que Hqs publicadas como se fossem originais, o termo databook vem da literatura técnica, os japoneses como são conhecidos pela tecnologia, assimilaram o termo.

    • Roses

      Existe de fato de termo databook em inglês, que significa um livreto com dados e estatísticas, mas é diferente da concepção japonesa de um livro de informações de uma história. A palavra parece a mesma, mas não tem o mesmo significado. Em inglês também, se usa Art Book, separado. A ideia do post não foi apenas apresentar o pontonas vista e nomes usado pelos japoneses. 🙂

  • Bruno

    Love Hina Infinity tem de tudo um pouco

    ——

    Roses, andei assistindo JoJo e percebi que tem muita referência a músicos do ocidente
    Quando se fala de lançar o mangá aqui, o motivo é sempre “é muito longo”, mas deixando essa parte de lado, o fato de ter personagens com nomes como Wham, AC/DC e Vamilla Ice, isso pode trazer alguma complicação pras editoras?

    • Roses

      Geralmente eles alteram um pouco o nome para dar uma “despistada”, igual a turma da Mônica. Em mangás mesmo, constantemente trocam os “o” por “〇”, que indica um “vazio”. Similar a escrevermos com um “_” ou “*” no meio da palavra. Contanto que haja esse tipo de disfarce não há problemas. Vamilla Ice por Vanilla já complica.

      • Bruno

        Escrevi Vanilla errado :p

        acho que daria também pra usar a forma japonesa, tipo Wamu e Esi Disi, mas perde toda a graça haha

      • Fabio Rattis

        a gente saca essas malandragens da turma da monica kkkkkk

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