Qual o primeiro tanko publicado no Brasil?

Uma inscrição, uma inverdade…

Ontem estava eu assistindo um vídeo do Pipoca e Nanquim, canal do Youtube de um dos editores da Panini, com o assunto “A era dos mangás meio-tanko no Brasil” e lá pelas tantas vem uma informação muito reproduzida por todos: a de que chegou um momento em que a JBC publicou o primeiro tankobon no Brasil, o mangá X, do grupo CLAMP.

Entretanto essa é uma informação equivocada. A editora Conrad já havia publicado um mangá tankobon no Brasil anteriormente. De onde veio esse equívoco? Porque as pessoas ainda repetem isso até hoje? Bem, o problema veio da própria JBC. Confiram a imagem abaixo:

Aos que por ventura não saibam, antigamente os mangás no Brasil eram publicados dividindo um volume japonês pela metade, gerando dois volumes brasileiros. Assim se um mangá tivesse 12 volumes no Japão, teria 24 no Brasil. As editoras faziam isso para baratear o preço do mangá e tornar bem mais acessível a aquisição. Foi uma decisão acertada, visto que hoje temos um mercado de mangás consolidado.

X começou a ser lançado no Brasil em dezembro de 2003 e, naquele momento, foi divulgado como o primeiro mangá a ser lançado com o mesmo número de páginas do original japonês. Desde então, essa ideia que X foi o primeiro tankobon no Brasil vem sendo repetida pelos consumidores, mas os dados do Guia dos Quadrinhos mostram que isso não é verdade.

Houve anteriormente no Brasil um outro mangá a ser publicado com o seu número de volumes originais. Tekkon Kinkreet, chamado por aqui de Preto & Branco. A obra de Taiyo Matsumoto foi lançada pela editora Conrad em em maio de 2001 (no mesmo ano e mês que a JBC começou a publicar mangás) sendo concluído em setembro do mesmo ano. Preto & Branco sequer foi o único. A Conrad ainda publicou o mangá Gon, cujo primeiro volume foi lançado em setembro de 2003, dois meses antes de a JBC publicar X.

Então a JBC mentiu ao público? E como o público acreditou nisso? Tudo é muito mais simples do que parece. Em 2003, a Internet ainda não tinha se popularizado tanto e saber de tudo o que estava ou tinha saído no Brasil era meio difícil. Notadamente, a JBC desconhecia a publicação de Preto & Branco e terminou por dizer que X foi o primeiro tankobon no Brasil.

O motivo do público ter acreditado é mais ou menos o mesmo. Não havia informações e, provavelmente, quase ninguém tinha visto o lançamento de Preto & Branco. O título fora publicado em uma edição especial, no formato 14 x 21 cm (mesmo do original) e ao custo de R$ 24,00, isso em uma época em que um mangá da Conrad custava no máximo R$ 5,90. Gon, por sua veztambém saiu a um preço mais elevado. Ambos, está claro, não devem ter sido lançados para o público que assistia desenhos na televisão aberta, muito pelo contrário, era uma publicação para quem colecionava quadrinhos de modo geral, destinado a adultos. Gon foi lançado exclusivamente para livrarias e lojas especializadas, segundo notícias do site Omelete. Não encontrei notícias, mas provavelmente Preto & Branco teve o mesmo destino.

Por causa disso tudo, é natural que a JBC tenha se confundido e o público sequer tenha percebido o equívoco. Hoje, felizmente, a Internet está bastante difundida para nos fazer perceber esses erros e a não reproduzi-los mais^^.

***

Então, leitor, você sabia qual o primeiro tankobon a ser publicado no Brasil? Também foi “enganado” pelo mangá X? Conte nos comentários^^.

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12 Comments

  • L-ZeroI

    Boa matéria, não sabia disso mas também não fui engando pelo mangá “X” do CLAMP!!

    Kyon_45, faz uma matéria sobre os mangás mais pedidos nas editoras se conseguir!!

  • DoutorSocial

    Se o único quesito for ter o mesmo número de páginas que a edição japonesa, então “Mai, a Garota Sensitiva” que seria o primeiro tanko publicado no Brasil, não é? (tô dizendo de memória, desculpe qualquer equívoco!)

  • TDA

    X é um manga que eu gostaria de ler, mas é antigo e difícil de encontrar. Até online não é fácil de se ver. Uma pena.

    • emerson2012

      Tão bom que elas nem se deram ao trabalho de concluí-lo, desde 2003…

    • Blues

      Pois é, pena que foi deixado de lado há anos, e ninguem sabe se algum dia volta… :/

      • então pode ser que hipoteticamente falando, Petro e Branco não foi considerado o primeiro manga por ter sido leitura ocidental. Sei que isso não teria nada a ver, mas para os puristas, manga só é manga se for de leitura oriental. Por isso deram a gloria pro X, talvez 🙂

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