BBM Responde: Como saber qual a demografia de uma obra?

stockvault-doubt-and-solution-solutions-and-ideas-concept182817-1024x664Definindo gêneros e temáticas!

Voltamos com mais um BBM Responde, uma coluna voltada para responder perguntas que encontramos nas redes sociais e sites. A proposta aqui é responder questões simples, mas que muitos leitores e colecionadores brasileiros têm dúvida. Igualmente a coluna tem como objetivo ajudar aquele novo leitor de mangá a navegar pelo nosso mundo que às vezes pode ser muito exclusivo.

Essa coluna é publicada sempre na primeira sexta-feira do mês e respondemos algumas perguntas dentro de um mesmo tema, dando dicas e ajudando os usuários a encontrarem as informações que precisam. Aproveitamos e convidamos também nossos leitores mais antigos a dividir suas dicas e experiências. Além disso sintam-se livres para usar esse espaço como um FAQ e perguntar qualquer coisa.

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  • Qual a diferença entre gêneros demográficos e temáticos?

A resposta é na verdade muito simples, demografia ou gêneros demográficos dizem respeito ao público para o qual aquela obra é produzida, é o público-alvo do produto; temáticos, como o nome já denuncia, trata-se de temas e gêneros que descrevem o conteúdo como ação, mistério e romance.

Entenda mais em: Demografia x Classificação Indicativa


  • Quais as demografias usadas no Japão?

O Japão é um país onde ainda predomina muitas práticas sexistas, tal fica evidente na classificação antiga utilizada para os mangás, onde o público é separado por sexo e idade. Abaixo vamos citar os principais e mais usados. Vale a pena comentar que o correto na verdade seria “shounen manga” ou “shounen comic”, literalmente mangá/quadrinhos de meninos, mas no ocidente e no coloquialismo acaba-se omitindo o final.

Kodomo: Literalmente “criança” (no Japão mais usado o “younen“, infantil), diz respeito aos lançamentos voltados para o público infantil até geralmente os 12-14 anos de idade. Representam uma parcela muito pequena de todos os mangás e muitas vezes aparecem em revistas shounen voltadas para a parcela mais jovem, geralmente entre 8 e 14 anos. As revistas mais famosas do gênero são a CoroCoro, a Saikyou Jump e a V Jump. Exemplos de obras deste gênero são Super Onze (pela JBC), Yo-kai Watch e Pokémon (ambos pela Panini).

Shounen: Literalmente “menino”, engloba o público infantojuvenil masculino de geralmente 10-12 a 18-20 anos de idade, embora a parcela feminina e de outras idades que consumam esses produtos sejam bem relevantes. Às vezes pode ser divido ao meio, com o shounen mais jovem de 10-12 a 14 e o mais velho de 14 a 18-20, chamado coloquialmente de “Late Shounen”. É a demografia com a maior quantidade de obras e que mais vende no país, provavelmente no mundo todo também. Os mangás mais bem vendidos da história do Japão pertencem todos a esta categoria: One Piece, Ataque dos Titãs e Slam Dunk. Entre as revistas mais famosas podemos citar a Shounen Jump e a Shounen Magazine.

Shoujo: Literalmente “menina”, é a contraparte feminina do shounen, mesma faixa etária de geralmente entre 10-12 a 18-20 anos. Ao contrário do shounen que possui uma parcela grande de moças que leem, shoujo (seja por preconceito ou imposição sociocultural) é quase exclusivamente lido por elas. Embora seja uma demografia antiga e com bastante séries, as vendas não refletem todo esse número e é de fato a segunda demografia de menor venda no Japão.

Seinen: Literalmente “jovem”, nasceu como a demografia masculina que sucedia o shounen, mas com o tempo virou todo e qualquer mangá para adultos masculinos, acima dos dezoito anos. Também é comumente usado como a denominação padrão de séries de público misto ou séries clássicas ou que não possui propriamente uma classificação, fora serem adultas. De fato, a parcela feminina que consome seinen, assim como o shounen, é muito grande.

É muito comum que as revistas dividam seus seinens em vários segmentos baseados em temáticas e idade. Um desses segmentos mais comum é o “Young Seinen”, que englobaria potencialmente homens de geralmente 18 a 24 anos, nome proveniente da utilização abrangente da palavra “Young” nas revistas, como Young Jump, Young Ace, Young Animal, Young Sunday, Young Champion, Young Gangan, Young King e Young Magazine. Sendo essa a parcela de maior número de séries e as revistas mais bem vendidas dentro do gênero.

Outros seinens vendem tanto quanto os shoujos (com algumas exceções para mais ou para menos) e são mais focados em um público mais maduro, alguns voltados para os pais de família, os salarymen, a meia-idade, os solteiros a procura de amor, comunidade gay, etc.

Josei: O equivalente feminino para o seinen, literalmente “mulher”. Representa o gênero de menor vendagem e variedade. De fato, a maioria das autoras de shoujo, ao envelhecerem, passam a produzir seinens e não joseis. As baixas vendas do gênero estariam ligadas a perfis socioculturais e desaprovação da sociedade em ver mulheres maduras com hobbies de “criança”. O único subgênero do josei que deu certo, embora com um público limitado, foi o “Boy’s Love”, mangás eróticos com casais masculinos que refletem fetiches e fantasias femininas. Falaremos mais sobre isso abaixo.

Seijin: Literalmente “adulto”, dificilmente é usado, diz respeito a obras para maiores de idade (no Japão equivalente a 20 anos). Quando usado, geralmente é para segregar uma obra de caráter sexual, como os “Hentais” e “Ero-Guro” ou qualquer coisa que seja considerada indevida. Embora tais obras fossem, pela definição, seinens, dificilmente você encontrará quem as classifique assim.

O motivo dos “geralmente” e imprecisão nas faixas etárias é porque esse número é baseado na média e padrão adotados pelo mercado, mas que variam bastante a depender de editora e revista. (Para uma visão melhor disso, confira os gráficos no tópico mais abaixo.)


  • Como saber qual a demografia?

Ao contrário do que muitos acreditam, não é uma questão de achismo ou opinião, mas de definição. A demografia é obrigatoriamente o público-alvo, não o real ou leitor, o público para a qual aquilo foi criado e destinado. Logo descobrir qual o gênero demográfico é uma questão de conferir como e onde aquilo foi publicado no Japão. Cada revista tem uma demografia estipulada e em cima disso que se classifica, então se saiu na Shounen Champion, é shounen, ponto.

Quando a obra não foi publicada em revistas, ainda pode haver um selo ou aviso que especifique o público daquilo. Isso é especialmente verdade para as light novels e romances. Isso não significa, entretanto, que não haja obras sem demografia específica ou de caráter “universal”. Muitos seinens são casos assim, especialmente devido às várias revistas de público misto que se encontram dentro desse gênero.


  • O quão importante são as demografias?

No dia a dia e conversas com os fãs, qualquer um pode ter uma impressão de que a demografia é uma estrutura rígida e precisa. Contudo o contrário impera, demografias são extremamente falhas e simplificadas, vestígios de um tempo mais “simples” e que falham em descrever a variedade de faixas etárias reais atualmente usadas. De fato, as editoras japonesas em si têm evitado há um bom tempo usar qualquer uma dessas classificações para descrever seus produtos, embora seja algo que continue vivo no imaginário dos leitores e usado coloquialmente.

Vejamos alguns exemplos dessa variedade e dificuldade de classificação:

No gráfico acima do site francês MangaMag, você pode ver a organização etária das revistas masculinas da Shueisha. Como pode ver a V Jump e a Saikyou Jump seriam kodomo/shounen; a Shounen Jump, shounen com uma pegada young seinen; a Jump SQ e Ultra Jump, late shounen com uma leve pegada young seinen; a Young Jump englobaria desde o late shounen até de fato todo o young seinen; finalizando com a Grand Jump, seinen.

Neste, também do MangaMag, apresenta as revistas femininas também da Shueisha. Observe a presença da Ribon como uma pegada kodomo/shoujo, as três Margaret que são shoujos típicos e as três joseis em seguida. O caso mais particular é a Cookie, que embora costume ser chamada de shoujo, claramente é uma revista de conteúdo maduro com um recorte josei/universal. Um caso óbvio disso é o “shoujo” Nana, que quem já leu percebe claramente que não se trata de uma obra infantil. O motivo de ser chamado de shoujo e não josei acaba sendo por uma questão de ter mais em comum com as típicas shoujos, além de ter sido menos abrangente no passado.

As imagens acima mostram com clareza que demografia é apenas um fator ilustrativo que ajuda a achar séries similares ou entender o público que se tinha em mente (e assim talvez suas limitações), mas que na prática não refletem todas as possibilidades reais. Revistas de faixa etária muito grande também acabam simplificadas, como a Young Jump que é comumente chamada de seinen, mesmo possuindo um recorte shounen muito claro, ou a própria Cookie, já citada. Por esses motivos, discutir ou brigar por causa de demografia não faz sentido. Igualmente, nos mostra que não devíamos julgar os mangás pela sua “demografia oficial”, elas não representam com precisão a maturidade ou gêneros daquela obra.


  • Outros gêneros, temas e categorias

A seguir você confere outros subgêneros e temáticas comuns ou próprios do estilo mangá, além de termos comuns usados pelos fãs ocidentais e orientais:

Bara: Também chamado de Gay Comi ou Men’s Love, diz respeito às obras de conteúdo sexual homossexual masculino, feitos para esse público gay.

Boy’s Love (BL): Termo oriental para publicações voltadas ao público feminino adulto de cunho erótico, com relacionamentos entre dois rapazes. Ao contrário do anterior, os personagens jamais se dizem “gays”, trata-se de um fetiche feminino idealizado.

Dark Shounen: Termo ocidental usado indiscriminadamente para classificar shounens e young seinens com uma pegada mais forte de violência e agressão.

Ecchi: Termo usado no ocidente para indicar conteúdo erótico, mas não pornográfico explícito.

Ero Guro: Ou Erotic Grotesque, é um estilo japonês de obras eróticas que envolvem elementos de terror e horror, foi parte de toda uma escola que envolveu diversos tipos de mídia.

Gag: Do inglês “gag”, piada, é a forma como os japoneses classificam suas obras de comédia mais non-sense.

Gekigá: Gênero já datado de obras alternativas que buscavam se diferenciar do “mainstream”, caracterizado por obras adultas e menos caricaturadas. Algumas obras que compõe o gênero são: Crying Freeman, Lobo Solitário, Akira, Mai, A Lenda de Kamui e The Ghost in the Shell.

Gender Bender: Diz respeito a obras onde um ou mais personagens se traveste ou se transforma no sexo oposto. Um exemplo típico foi Full Moon ou A Princesa e o Cavaleiro.

Harem e Reverse Harem: Diz respeito a séries onde o protagonista masculino é disputado por diversas garotas, como em Negima e Love Hina. No Reverse Harem (Harém invertido) troca-se os gêneros, com uma mulher sendo disputada por vários homens.

Hentai: Nome dado pelos ocidentais às obras de cunho sexual explícito, pornográfico ou forte erotismo.

Isekai: Literalmente “outro mundo”, diz respeito às obras que acontecem numa realidade ou dimensão diferentes, muitas vezes chamadas de alta fantasia. Especialmente em alta no Japão.

Kaitou: Literalmente “ladrão fantasma”, diz respeito a um gênero literário voltado à cultura dos gatunos e ladrões de casaca, muito comuns na cultura europeia, geralmente com ladrões com um forte senso de honra e disciplina. Pode ser usado para caracterizar um personagem em específico também. Foi especialmente famoso no passado. Um exemplo claro no Brasil é Mouse (pela JBC).

Lolicon: Ou Lolita Complex, é o nome usado para se referir a pessoas que sentem atração por meninas pré-púberes, além das obras que se destinam a esse público.

Mecha: Da palavra “Mechanic”, diz respeito às obras de robozões pilotáveis, típicos da cultura pop japonesa.

Mahou Shoujo: Termo oriental referente às “garotas mágicas”, inicialmente todas shoujos, o subgênero se expandiu para outros, inclusive seinen e shounen, como a franquia de Madoka. É um dos gêneros mais famosos, especialmente no ocidente, alguns exemplos: Sailor Moon e Card Captor Sakura.

Mahou Shounen: Subtipo de mahou shoujo, mas com “garotos mágicos”.

Shotacon: A mesmíssima coisa de lolicon, mas que sentem atração por meninos pré-púberes e as obras voltadas a esse público. Especialmente usado em conjunto com o boy’s love.

Shoujo Ai: Termo ocidental em desuso (embora vivo no mundo dos scanlations e afins), diz respeito a shoujos como uma pegada yuri, geralmente de forma indireta e implícita. Com o tempo começou-se a usar no ocidente o termo para qualquer obra que possuísse essa pegada leve yuri ou com personagens lésbicos.

Shounen Ai: Mesmo do anterior, mas para shoujos com uma pegada boy’s love, também se expandindo com o tempo para indicar a presença de personagens gays ou de casais de rapazes em qualquer gênero.

Slice of Life: Termo americano comumente usado (especialmente por ter uma tradução difícil), onde a história se foca no dia a dia e cotidiano dos personagens.

Smut Shoujo: Mais um termo ocidental para shoujos com uma pegada mais forte erótica, mas implícita ou indireta.

Vida escolar: Às vezes “school life” ou “gakuen”, diz respeito às obras que acontecem com estudantes ou professores no dia a dia escolar, é um subgênero de slice of life muito famoso.

Yaoi: Originalmente uma forma de caracterizar obras amadoras de cunho sexual e paródias, no ocidente virou sinônimo de boy’s love.

Yon-koma (4-koma): Às vezes usado como um tipo de quadrinho fora dos mangás, diz respeito às tirinhas japonesas de quatro quadros, geralmente focados em comédia, paródia, reflexão e slice of life. Alguns exemplos no Brasil: K-on, Azumangá Daioh e One Week Friends.

Yuri: Termo referente a obras com erotismo entre duas mulheres, sejam elas de fato lésbicas ou não, explícito ou não, voltado principalmente ao público masculino, mas com alguma presença do público feminino e lésbico.

Além dos citados, existe uma enorme quantidade de gêneros eróticos ou subgêneros super específicos, que preferimos não incluir, além dos universais, como: de aventura, esporte, batalha, comida, detetive, mistério, música, romance, terror, horror, ficção científica, fantasia, etc.


  • Outros termos usados no meio

Abaixo outros termos comuns para classificar personagens, estilos e estratégias:

Bishoujo: Termo japonês coloquial para identificar uma personagem feminina jovem caracterizada pela sua extasiante beleza e perfeição. São personagens feitas propositalmente com o intuito de representar extrema beleza e atrair o leitor.

Bishounen: Mesmo que o anterior, mas para personagens masculinos jovens. Constantemente o personagem é afeminado e representa o ápice da perfeição, atraindo a leitora.

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Spinoff Chibi de Natuto.

Chibi: Literalmente pequeno, utiliza-se chibi para descrever obras onde os personagens são infantilizados em algum momento ou como parte do estilo, com corpos simplificados e jeito de criança, mas inicialmente sem a caricaturização extrema do SD (ver abaixo), com o tempo ambos acabaram virando sinônimos.

Deres: São termos japoneses para descrever diferentes personalidades e como esses personagens demonstram sua afeição. Os mais famosos são:

Dandere, pessoas tímidas e quietas, mas que perto de quem gostam acabam se soltando e falando bastante.

Deredere, pessoa extremamente animada que está sempre sufocando os outros com seu amor e atenção.

Himedere, a típica “princesinha”, age de forma superior aos outros e esnobe. A versão masculina de himedere é chamada Oujidere.

Kamidere, similar ao anterior, mas com complexo de deus, extremamente esnobe e controlador, forçando as pessoas ao seu redor a seguirem sua vontade.

Kuudere, caracterizado por alguém frio ou sem expressão, que fala sem rodeios, quase como uma boneca vazia.

Mayadere, relativo aos personagens antagonistas ou rivais, mas que desenvolvem afeição pelo “inimigo”.

Tsundere, que representa a pessoa que hora é agressiva ou cruel e hora demonstra carinho, geralmente uma pessoa que não sabe lidar com o que sente.

Undere, aquele personagem que aceita fazer qualquer coisa para ficar ao lado de quem ama, submetendo-se a todas as vontades e agindo como se isso fosse uma honra, sempre dizendo sim animada.

Yandere, uma pessoa muito carinhosa, mas que possui um lado possessivo e controlador.

Yangire, similar ao yandere, mas de uma forma muito mais psicótica, mudando entre um lado normal e um extremamente violento.

Dojikko: Tipo de personagem marcado por ser muito atrapalhado, representando um perigo para si mesmo. Pode ser um tipo de Moe (ver mais abaixo).

Fanservice: Chama-se de fanservice toda cena, imagem ou enredo que busca agradar e atrair leitores, como as cenas eróticas desmotivadas. É particularmente comum que os autores utilizem isso nos primeiros capítulos, afim de atrair leitores, casos disso podem ser encontrados em Berserk (com cena de sexo logo nas primeira páginas), Hellsing (cujo prólogo é quase um hentai) e Ghost in the Shell (na versão mais recente as páginas iniciais foram retiradas pelo autor, mas havia uma cena de sexo entre mulheres). Não é incomum, entretanto, que seja usado por toda a série, mostrando calcinhas, situações profanas e todo tipo de provocação gratuita, especialmente nos shounens e light novels.

Kemonomimi: Literalmente, orelhas de fera, diz respeito a personagens humanoides com adição de traços animais, às vezes também chamados de “furry/furries” (peludo/peludos). Além de ser usado como parte do enredo, como o caso de Inuyasha para simbolizar os youkais ou de No Game No Life onde são uma raça, é comum que esse recurso seja usado puramente de forma estética, a fim de “moezar” a obra. Um caso desses é Loveless, onde os personagens “virgens” apresentam orelhas e cauda de gatos. Há também nomes específicos para certos animais, como: “Nekomimi” (orelha de gato), “Inumimi” (orelha de cão), “Kitsunemimi” (orelha de raposa), “Ookamimimi” (orelha de lobo), “Tanukimimi” (orelha de tanuki), “Nezumimimi” (orelha de rato), “Usagimimi” (orelha de coelho)  e por aí vai.

Megane: Ou ainda “meganekko” para as mulheres, são os personagens de óculos, estudiosos e responsáveis.

Moe: Um termo geral para denotar obras onde haja foco na fofura (kawaii) e graciosidade de um personagem, que gere uma afeição por parte do leitor, o típico sentimento de “querer levar para casa”.

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SD de Slam Dunk

SD: De Super Deformed, são caricaturizações onde o personagem aparece com um corpo pequeno e uma cabeça maior, geralmente como se voltasse a ser um bebê ou criança pequena. A intenção é reforçar as emoções através do cabeção e ao mesmo tempo inserir o lado cômico (através da caricaturização), enquanto o personagem passa a ser tratado como um crianção. Já foi um recurso muito mais famoso, atualmente é usado de forma mais leve, tendo virado sinônimo de chibi (ver acima).

Uke e Seme: Palavras usadas para descrever tipos diferentes de personagens em boy’s love. O Uke seria a figura submissa, geralmente menor e passivo, representando a figura feminina. E Seme a figura agressiva, geralmente mais alto e ativo, representando o homem. Também geralmente é usado para definir os papéis de cada um durante o sexo. Nem todos os personagens de BL usam essa classificação, às vezes se usa o conceito de casal Riba, um casal que pode inverter suas posições a bel-prazer, sendo ambos uke e seme ao mesmo tempo ou em momentos diferentes, às vezes chamados de Seke ou Semeuke.

Wifu ou Waifu: Vindo do inglês “wife” (esposa), é um termo usado para se descrever uma personagem que seria sua namorada ou esposa perfeita. Em alguns casos, acompanhado de uma fixação por esse personagem e tudo relacionado a ele. O propósito dessas personagens acaba similar ao moe e fanservice, ou seja, de agradar o leitor, embora nem todos necessariamente feitos com esse intuito. Embora menos famoso, existe também o “Husbando” para homens que seriam o marido ideal.


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14 Comments

  • Demografia é importante quando você tem um produto com tantas obras diferentes juntas. Imagine se em uma revista saísse josei e shonen juntos…. até o marketing fica difícil. Mesmo que essa definições não sejam “gravadas na pedra”… em 2012 a shonen jump redistribuiu um monte de mangá seinen pra outras publicações, pra focar no shonen. Não daria pra shonen jump de 2017 publicar Hokuto no Ken, só pra dar o exemplo mais óbvio.
    Pode até parecer “discriminatório” ou “retrógrado”, mas lembre-se: você não vê propaganda de brinquedo no horário nobre, e nem propaganda de carro zero no intervalo de programa infantil. É só questão de mirar no público alvo. Se uma senhora de idade gosta de ler Dragon Ball, ótimo, é mais um venda. Mas ela não é o público alvo.

    • Roses

      Demografias podem ser muito úteis, especialmente na infância. No Brasil, por exemplo, temos demografias como infantil, infantojuvenil, juvenil, adulto; e limitações de conteúdo para cada 2 anos, coisas proibidas para 8, 10, 12, 14, 16 é 18 anos. Nossa capacidade de ser preciso é muito maior, as leis ocidentais são muito mais rígidas. Um pai pega qualquer jogo e sabe imediatamente o que tem nele, que conteúdos vai encontrar (violência, morte, droga) e qual a indicação daquilo.
      A demografia japonesa não funciona dessa forma, chamar de Shounen várias revistas de faixa etária diferente não ajuda em nada, muito pelo contrário, você tem exatamente um quilo de coisas totalmente diferentes dentro disso.
      Os gráficos ali em cima foram feitos a partir do resumo anual da própria Shueisha, ela quem está dizendo que seu público-alvo é numa faixa que engloba pessoas de 20 anos. E existem várias revistas com público misto, a revista de Madoka não tem um público oficial, ela é voltada para os fans de madoka e não um público demográfico em específico, se chama de seinen meramente por conveniência. O fato de várias autoras de shoujo começarem a fazer seinens mostra um pouco isso, não é como se elas mudassem totalmente o estilo delas, é a mesma coisa, mas com conteúdo adulto.
      O caso aqui não é discutir utilidade de demografias, mas da categorização em si de Shoujo/Shounen, josei/seinen. O quão útil são esses. Um exemplo é como chamar Koe no Katachi de Shounen não significa que quem gosta de Jump se interessará, pois por mais um ambos sejam seinens, os estilos das duas revistas é totalmente diferente.
      Quando propaganda forem feitas, ninguém vai prestar atenção nisso, mas em faixa etária e público consumidor, não público alvo, pois para o vendedor quem consome é mais importante do que quem devia consumir. O público alvo só irá ser um problema no quesito restrição. Uma prova disso são os animes “infantis” que são feitos para atrair fãs mais velhos, pois são os mais velhos e adultos que tem dinheiro para comprar os DVDs, mercadorias e pagar para ir em eventos, inclusive isso afeta a escolha dos dubladores. Existe até um termo para isso, ookina otomodachi.
      É a mesma lógica usada pela Disney, veja que ela não chama seus filmes de “infantil”, mas “para toda a família”. Exatamente porque seu público é literalmente universal, todas as idades possíveis e por mais que haja restrições, a Disney sempre põe piadas que só adultos entenderão, com referências ou detalhes voltados para ele.

      • Roses

        P.S.: você está confundido faixa etária com esse grupo de demografias em específico. Você não precisa ter demografias para usar faixa etárias, não ter demografia não significa que de repente sairá hentai e kodomo numa mesma revista.

        • Bom, o meu texto todo lá em cima era pra dizer que eu gosto do sistema de separar etilos que usam lá. Facilita as coisas.
          O que a disney faz é o que todo resto da industria de entretenimento faz: tentar ter o mázimo de retorno possível. Tem exemplos em todo lugar, de cinema a video games, de tentativas de tentar agradar o máximo de pessoas possível. O exemplo que você deu é extremo por que se trata de faixas bem diferentes, hentai/kodomo, mas não acho que o moleque que curte YU-GI-OH vai curtir comprar uma revista com 20 páginas de yugi e outras 380 de josei/seinen/”história de velho”…
          E o seu exemplo de Madoka não vai muito fundo não,por que Madoka em si tem público próprio, e É mais adulto mesmo. Histórinha engraçada: minha sobriha curte Sailor Moon, Sakura Card Captors… aí quando saiu MAdoka, comprei os nºs 1 e 2 e “de sacanagem”, ia dar pra ela ler. Ela olhou a capa e disse: “Ah… não quero ler não.” Eu: “Pq?” Ela:”É muito violento”. (Ela só tinha olhado a capa) Eu:”E como vc sabe isso” Ela apontou pra capa e disse: “A arma dela tem ponta”.

          (Sobrinha sagaz…)

          Se estivesse escrito SEINEN na capa, elanão precisaria adivinhar. Tipo, quanta gente assistiu o começo de Gakou Gurashi achando que era mais um Azumanga-Daioh…? Entende?

        • Roses

          O que eu acho que você não entendeu muito da minha crítica é que não sou contra o uso de um sistema desse, não estou dizendo que demografia no sentido amplo é completamente inútil. O ponto é que as atuais categorias não mais representam as faixa etárias que existem de verdade. De fato, há japoneses que defendem que essas “demografias” (especialmente Shounen e Shoujo) deixaram de ser de fato demografias e viraram estilos, gêneros temáticos, exatamente por você ter materiais para adultos que são completamente Shoujo em vários aspectos. Pegue Orange, a ideia de que um mangá Shoujo pode simplesmente virar seinen sem qualquer mudança de conteúdo é quase absurdo na nossa realidade brasileira. Qual a validade do atual sistema se algo assim pode ser feito? Seria esse Shoujo realmente uma demografia então? Ou um recurso estilista?
          Eu acredito que num futuro de fato devemos perder o “josei”, por exemplo, e não porque perdeu-se a faixa etária, mas porque mulheres e homens consumirão a mesma “demografia” seinen (e Shoujo e Shounen), que é algo que JÁ acontece. O único josei que vingou foi o boy’s love, mas que estilicamente (?) tem muito mais em comum com Shoujo. Entende? Iria cair em desuso, exatamente como gekigá já é um termo completamente do passado, nenhum autor ou revista se diz gekigá mais.

        • Oe, não sei pq, mas a opção de responder não aparece mais, então vai aqui mesmo: Acho que entendi, mas no final das contas acho que enquanto houverem detalhes na história que sejam de interesse único de uma demografia, vai existir uma “palavra” pra classificar. Mesmo que uma caia em desuso, é mais fácil inventarem outras 3 pra ficar no lugar.

        • Roses

          Sim, se fosse para defender alguma coisa, eu defenderia uma reforma.

  • Pera “(…)as editoras japonesas em si têm evitado há um bom tempo usar qualquer uma dessas classificações (…)” Eu sempre achei que elas que mantinham esse tipo de coisa e não os fãs. Caramba já entrei em uma porrada de discussões para o pessoal parar de usar demografia para definir como uma obra tem que ser.

    • Roses

      Tipo, tem várias revistas antigas com esses nomes, Shounen Jump, por exemplo, mas são nomes já famosos. As novas revistas, nenhuma vem com termos como Shounen, Shoujo, etc. É desse tipo de nome que surgiu essas demografias típicas, tanto que o “seinen” significa jovem e veio exatamente das young seinens. Agora se você for nos sites, olhar os volumes e até os selos, você não vai achar essas demografias. Por exemplo, a Shueisha não destaca gêneros ou demografias, ela alinha seus produtos de acordo com certas linhas de revistas. A mais famosa sendo a grande JUMP, o selo nesses volumes é Jump Comics, seja ele kodomo, seinen ou shounen. Ou seja, eles não querem ser “Shounen”, eles querem ser mangá Jump. Você percebe isso claramente até no fandom, todo mundo reconhece o que é ser uma obra Jump, uma obra Margaret. Não é só o nome da revista, é uma linha com um estilo próprio, uma obra Jump é bem fácil de reconhecer, não é?

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