NI 183. No Japão: mangá “Shaman King” deixa de pertencer à Shueisha

Diz editora estrangeira…

O mangá Shaman King não pertence mais à Shueisha. Ao menos é o que diz uma editora estrangeira. Em publicação na Argentina, o mangá de Hiroyuki Takei encontra-se parado desde o fim do ano passado. Perguntada sobre quando a publicação do mangá voltaria a acontecer, a editora Ivrea informou que o autor e a Shueisha entraram em um litígio ocasionando o bloqueio dos contratos para as edições estrangeiras. Ainda segundo a Ivrea, há pouco eles ficaram sabendo que a Shueisha já não é mais dona dos direitos de Shaman King e agora a editora argentina está buscando saber quem é novo responsável japonês pela obra.

A informação sobre o litígio não é nova, mas é a primeira vez que vemos uma confirmação de que a Shueisha não é mais a empresa que licencia o mangá. Como essa informação foi passada pela Ivrea e não existem outras fontes não se sabe se o mesmo ocorreu com outras obras do autor na Shueisha, como Ultimo, que ele fez em parceria com Stan Lee.

O atual trabalho do autor, Nekogahara, é publicado pela Kodansha.

O que isso impacta no Brasil?

Praticamente nada.  Como o mangá não está em lançamento e nem há planos (abertos ao público) de uma republicação essa mudança não nos afeta. Porém, se Shaman King tivesse ganhado a pesquisa de relançamento que a JBC fez em 2016, eu imagino que provavelmente ou a publicação iria parar em algum momento ou nem teria começado.

O mais relevante da informação, entretanto, é que, acreditando que a informação passada pela Ivrea seja verdade, é bastante provável que a JBC já não tenha mais os direitos de publicação do mangá. Quando uma editora adquire a licença de uma obra, ela a adquire por um certo período de tempo, podendo renovar se quiser (e a editora japonesa aceitar), entretanto se ocorre um caso desses como o de Shaman King o contrato é automaticamente cancelado, a não ser que a nova dona queira manter.

Logicamente, se a JBC realmente perdeu a licença nada impede de ela tentar adquirir novamente, caso queira relançar o mangá no futuro, mas o título estando “livre”, qualquer editora pode pegá-lo. Tudo isso, claro, passa unicamente pelo que os japoneses queiram fazer com sua obra. Como é de conhecimento corrente, há casos em que as editoras japonesas simplesmente negam vender um título para um país.

A obra

Shaman King foi publicado na revista Weekly Shonen Jump, da Shueisha, entre 1998 e 2004, sendo concluído em 32 volumes. Porém seu fim foi completamente abrupto, sem apresentar, de fato, um final. Tempos depois, a obra foi republicada em uma edição kanzenban, contendo o verdadeiro final e reduzindo para 27 volumes no total. A obra ainda ganhou alguns mangás derivados como Shaman King Zero e Shaman King Flowers, todos publicados pela Shueisha.

No Brasil, Shaman King teve sua série original publicada no formato meio-tanko (cada edição japonesa virou duas no Brasil) em um total de 64 volumes.

Sinopse: Manta Oyamada é um garoto normal, que gosta de estudar e de descobrir o significado de novas palavras. Um dia, atrasado para pegar o último trem, ele resolve cortar caminho pelo cemitério. E não é que ele se depara com uma porção de espíritos e um garoto que conversa com eles? No dia seguinte, na escola, Manta encontra o mesmo garoto e descobre que ele acabou de chegar à cidade e vai estudar em sua sala. Seu nome é Yoh Asakura. O moleque, que parecia apenas desligado da vida, conta a Manta que, na verdade, possui poderes inimagináveis: ele vê e conversa com espíritos! E o mais supreendente é que Yoh pode incorporar essas almas e usar as habilidades especiais de cada uma delas. Isso tudo por que ele é um Xamã, ou seja, uma pessoa que tem o poder de conectar o Mundo dos Vivos ao dos Mortos. Com esta habilidade, Yoh ainda dá uma mãozinha para espíritos que não conseguem se desprender desse plano por algum assunto que deixaram pendente em vida.

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3 Comments

  • JMB

    Então quer dizer que mesmo nas editoras japonesas existe data de validade dos direitos sobre um título (com o mesmo caindo em domínio público após a expiração do “contrato”) ou esse caso é uma exceção? Pq até hj a Shueisha tem direitos sobre a marca de Saint Seiya clássico, mesmo o autor publicando novas histórias sob outra editora.

    • -Domínio público é só depois da morte do autor ou se o próprio autor decidir abrir mão dos direitos. Aqui no Brasil é 70 anos após a morte, não sei quanto tempo é no Japão.

      Sobre tempo de contrato, eu não sei. Eu ACHO que existe um tempo, sim, pois há vários casos de mangás que foram inicialmente publicados por uma editora e depois foram para outra no Japão. Temos até uma matéria no blog, com 5 exemplos:

      https://bibliotecabrasileirademangas.wordpress.com/2015/06/08/e-quando-um-manga-muda-de-editora-no-japao/

      ——–

      O caso do Takei é diferente, pois houve um litígio. Também não é algo inédito. Se não me engano aconteceu o mesmo com o autor de Gunnm, que abandonou a Shueisha e foi para a Kodansha.

      Outro exemplo é o caso de Syuho Sato. Ele entrou em conflito com a Kodansha por questões financeiras e conseguiu ter os direitos de sua obra todos para si. Esse é um caso curioso, pois o autor após conseguir isso decidiu deixar sua obra em domínio público. Ou seja, se uma scan quiser traduzir ele não é crime^^.

      https://bibliotecabrasileirademangas.wordpress.com/2016/01/12/curiosidade-say-hello-to-black-jack/

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