A importância do mangá shoujo e sua evolução

Mangá shoujo é mais que simples “quadrinho para garotas”

Você talvez possa não saber e sequer imaginar, mas os mangás shoujos foram e ainda são muito importantes para o desenvolvimento da sociedade japonesa. E é sobre isso que essa postagem irá tratar. Para entendermos o quão importante é a cultura do mangá shoujo no desenvolvimento social japonês, precisamos relembrar a história do próprio mangá e a sociedade onde tal ocorre.

Os mangás como conhecemos hoje, com suas revistas e formato típico, começou com homens, pessoas como Osamu Tezuka e seus predecessores. Eram eles quem produziam os mangás para garotas, os chamados shoujos. O resultado disso eram obras que apresentavam o ponto de vista patriarcal de como uma mulher devia se portar e se tornar, reflexo da sociedade da época em que mulheres deviam crescer para se tornar mães e donas do lar. Quando eram obras de heroínas e mulheres “guerreiras”, as histórias eram afastadas do dia a dia das leitoras, sempre em mundos fantasiosos, com personagens que nunca buscavam o amor ou seus próprios sonhos, algo bem distante e inatingível.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o aumento das publicações e boom da economia, algumas mulheres tiveram a oportunidade de entrar no mercado, na maioria das vezes usando pseudônimos, e as coisas começaram a mudar. Oprimidas pelo ideal masculino e patriarcalismo japonês, essas mulheres colocaram nas páginas de suas obras toda sua ousadia, força e determinação. Autoras como Riyoko Ikeda, de Rosa de Versalhes, e outras do chamado Grupo do ano 24 (Nijuuyo-nen Gumi), como Moto Hagio, Yumiko Oushima e Keiko Takemiya, desafiavam tabus e normas da sociedade repetidamente em seus trabalhos, dando voz às mulheres e influenciando suas leitoras com histórias maduras e profundas.

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Diversos traços das autoras do Grupo do ano 24.

O shoujo passou a ser a casa de mudanças, autoras (e alguns autores também) começaram a questionar o papel de gêneros na sociedade, as definições do que era ser mulher, estimulando que entrassem no mercado de trabalho, que batalhassem pelos seus sonhos. Foi também nos shoujos que os primeiros personagens homossexuais apareceram, realmente escandalizando a sociedade da época; onde as primeiras mulheres independentes eram protagonistas e onde viver pela família às custas de seus sonhos não era prioridade.

Foi nessa categoria que surgiu os primeiros mangás com toques de boys love (yaoi) (na época chamados de shonen-ai) e os primeiros de yuris (na época shoujo-ai). Até mesmo hoje, shoujos continuamente discutem a sexualidade da mulher, a homossexualidade, a visão de gênero, cross-dressers, o desejo de independência financeira, a desconstrução do casamento arranjado (que por muitos anos era a norma) e a valorização da mulher como igual.

Posteriormente suas autoras começaram a produzir joseis, explorando ainda mais a sexualidade, com o surgimento do boys love propriamente dito, pornografia diretamente direcionada para mulheres. Outras passaram a produzir seinens e quebrar as barreiras do gênero mais uma vez, agora impactando a vida das gerações masculinas também. Uma nova geração de autoras que cresceram lendo esse shoujo passaram a entrar no ramo, inclusive produzindo shounens, que até então eram exclusividade masculina.

O mangá shoujo, mais do que o produto final de entretenimento, foi e ainda é uma revolução cultural que não só molda a si próprio, mas toda a indústria de mangá e anime. As autoras e leitoras dessa demografia contribuíram para diversas mudanças sociais, começando com a educação de crianças e jovens. E atualmente tornando tal separação por gênero ultrapassada, já que mulheres representam uma porcentagem considerável do total de leitores de shounen e seinen.

Por outro lado, essas autoras também exploraram diversos tipos de traços, ferramentas de expressão e técnicas de desenho, fazendo do shoujo um gênero rico em estilos únicos dentro do mercado japonês.

Por mais restrito que seja o público leitor de fato das publicações shoujo, é inegável a importância do mangá shoujo na indústria japonesa e sua influência vai muito além do seu número de vendas.

* * *

Para nosso desgosto, no Brasil, clássicos são uma coisa rara, clássicos shoujo então… Felizmente pelo menos uma editora, a JBC, lançou no passar dos anos séries mais datadas, mas muito importantes na evolução do gênero demográfico:

Sailor Moon: A mãe do “mahou shoujo” (garotas mágicas), foi a série que solidificou o tema. Colocando as mulheres como heroínas em situação de ação, sem perder seu lado feminino e, ainda por cima, retratadas como garotas comuns, não diferentes das leitoras. A série também quebrou tabus com a presença do crossdressing e personagens claramente homossexuais.

Cardcaptor Sakura: Outro mahou shoujo importante, conseguiu trabalhar as ideias de Sailor Moon e trazer ainda mais reconhecimento ao novo gênero, reconhecido pelo forte foco no desenvolvimento dos personagens e seus sentimentos, ao invés o romance em si, atípico para o seu período e que serviu de referência para toda uma geração de obras. Além de apresentar uma heroína forte e ao mesmo tempo sensível, insegura e sonhadora, a série adentrou os gêneros shoujo-ai e shounen-ai da época.

NANA: Além da história realista que trabalha a maturidade e desejos de uma jovem mulher começando sua vida independente, NANA se destaca por ser uma das únicas obras do gênero shoujo a ter alcançado a casa dos milhões de cópias por volume, igualando-se ao poder de alcance dos grandes nomes do shounen, apenas ultrapassada por Chibi Maruko-chan, um shoujo para o público infantil. A série claramente discute a situação social da mulher no Japão através das duas Nanas, sem esconder sua sexualidade e ambições.

A Princesa e o Cavaleiro: Um marco histórico de Osamu Tezuka, foi um dos primeiros a trabalhar o crossdressing e as definições de gênero, mas sem muito aprofundamento. A obra, entretanto, serviu de base para várias outras histórias como as duas abaixo.

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Rosa de Versalhes, Riyoko Ikeda.

Rosa de Versalhes: Além de um enorme sucesso de venda, muito acima do que se esperava do gênero na época, Rosa foi importantíssimo no desenvolvimento do shoujo, de uma demografia imatura e infantil, para algo mais maduro e sério. A série foi o primeiro shoujo de uma autora que apresentou cenas sexuais, também utilizou-se extensamente de violência e realismo atípicos nos shoujos da época, além de ter trabalhado gêneros e sexualidade com seus personagens andróginos.

Utena: Ou Shoujo Kakumei Utena, foi um dos primeiros mangás shoujos a flertar abertamente a homossexualidade das personagens principais e questionar as definições de gênero de forma mais madura. A série também é uma crítica ao shoujo da época, preso nas fantasias, conto de fadas, príncipes encantados e intrigas românticas, desconstruindo-o totalmente.

  • Outros trabalhos e autores clássicos e importantes no desenvolvimento do gênero que um dia esperamos ver no Brasil:

Keiko Takemiya: A mãe do boys love (yaoi), figura de importância inegável no desenvolvimento do gênero, além de trabalhar temas de ficção científica. Destaque para sua obra: “Kaze to Ki no Uta“.

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They Were Eleven, Moto Hagio.

Moto Hagio: Figura importantíssima, criadora daquele estilo de olho cheio de “brilho e glitter”, conhecida por trabalhar shoujo e ficção científica, até então atípico para o gênero; também explorou personagens de diversas sexualidades, inclusive personagens assexuais; além de ter sido uma enorme influência no gênero ao trazer temas maduros, profundos e realistas. Possui um catálogo imenso, destaque para: “They Were Eleven” (Juuichinin Iru!) e “Poe no Ichizoku“. A autora ainda pública séries até hoje.

Erica Sakurazawa: Autora de enorme importância no desenvolvimento do shoujo maduro e surgimento dos joseis, além da exploração da homossexualidade feminina voltada para o público feminino. Obra de destaque: “Love Vibes”.

Quem sabe no futuro a própria JBC se arrisque a continuar a trazer essas obras-chaves da história do mangá shoujo, por isso mesmo não deixem de apoiar o futuro lançamento de Rosa de Versalhes!.

35 Comments

  • Devil

    É muito engraçado ler uma matéria aparentemente desconstruída e sem preconceitos sendo escrita por alguém que há sete anos defendia o uso da palavra “homossexualismo” tentando embasar o preconceito em linguística, dizia que a sua sexualidade era uma escolha, argumentava contra as pessoas que se incomodassem com a matéria e ainda chamou furries de zoófilos. Torço para que seja sinal de evolução pessoal. Ou vai ver a mudança de texto só serve quando é para falar de algo que cai em benefício próprio, porque mesmo na época a sua retórica e didática não eram ruins, então nada justificava a ignorância. Até porque as pessoas esperam até hoje que você “atualize” a matéria do JBox. Estamos de olho na hipocrisia e no falso moralismo.

    • Roses

      Olha, Devil, as pessoas interpretam o que querem através dos seus próprios filtros. Continuo usando a palavra homossexualismo, inclusive para me referir a mim mesma. Sou contra a “guerra às palavras” e ao “politicamente correto”, que acho sim ser falso moralismo. Considero que a luta contra palavras e termos só serve para tirar o foco no que é importante de fato, como se bastasse usar as palavras “corretas”. Você usar isso para me julgar preconceituosa ou homofóbica ou o que seja é exatamente o meu ponto.

      Acho sim que sexualidade é uma escolha. Até onde sei, não há qualquer estudo que tenha conseguido ligar sexualidade com um ou mais genes que definam então determinantemente sua sexualidade. Sou de um “movimento” que acredita que sexualidade é um fator cultural, de criação. Não negamos a influência genética, mas também não aceitamos que seja um mero fator genético. Quando digo que sexualidade é uma escolha não falo de atração sexual, falo de sexualidade como definidor. Não acredito que uma pessoa seja gay, ou hetero, ou zoófilo, que seja. Acredito que todas as pessoas sejam seres sexuais e que essa sexualidade é desenvolvida culturalmente dentro da sociedade e da vida pessoal. Também acredito que o preconceito da sociedade é quem causa tantos tipos de “sexualidade” diferentes, que obriga as pessoas a terem que assumir uma bandeira. Bonobos, Chimpanzés, golfinhos e vários casos de tribos que não sofreram contato ocidental têm/tinham culturas sexuais muito mais abertas, sem linhas, sem classificações, todo mundo come todo mundo, reforçando os laços familiares e sociais, valorizando o prazer pelo prazer. Isso não significa que uma pessoa não tenha preferências, todos temos. Uma mulher lésbica não significa que fará sexo com qualquer outra mulher, ela tem um tipo, independentemente do sexo.

      Numa exemplificação boba, é igual ao hábito alimentar. A maioria das pessoas acostuma a comer os mesmos tipos de comida e não estão abertas a tentar outras, algumas com reações violentas. Alguém se recusa a comer carne, por princípios, da mesma forma que me recuso a me envolver com menores de 18, independente de qualquer atração que possa existir. Outro não consegue comer peixe por causa de um trauma infantil com espinhas, etc. Existem vários estudos que mostram que não ser exposto a comidas diferentes na infância causa isso, pois acredito que o mesmo tipo de entrave cultural interfira também no desenvolvimento sexual.

      Por último, sou contra sexualidade e chamo de “escolha” de se enquadrar nelas, pois a sexualidade atual completamente menospreza as pessoas que preferem ser sexuais sozinhas, por exemplo. Como os próprios japoneses, que têm uma indústria voltada à masturbação muito grande, mas chamam essas pessoas de “vegetais” e “assexuadas”.

      Mas, mais uma vez, a escolha de me enquadrar como “____” é sua, se minha opinião difere da sua, se eu ouso questionar uma “verdade” social, é mais fácil apontar o dedo e chamar de preconceituosa. Não é diferente do que está acontecendo na política, se falo qualquer coisa, já tentam me enquadrar na direita ou esquerda, como se essas fossem as únicas opções.

      Por último, não tenho nada a ver com o JBox ou acesso ao site. E não lembro disso de furries ou ao que se refere, mas considerando que zoofilia é apenas mais uma classificação que não “acredito” e acho que só serve para discriminar o outro, como todas as demais, não sei nem como comentar isso, rs.

      Finalizo com um desejo simples: que o mundo quebre suas algemas socioculturais e seja de fato pluralizado e não categorizado. Paz ✌️

  • Isaura Luiza Machado

    Matéria maravilhosa, e ainda por cima quebra o chavão de “no Japão mulheres sempre escreveram e não tem mimimi”
    vou lembrar de linkar esta matéria sempre que alguém vier com falácias.
    continuem o ótimo trabalho.

  • Ótimo texto. Infelizmente li poucos dos mangás citados, mas espero poder ler os demais. Só não faço isso, por evitar ler scans. ^^
    Apenas discordo sobre demográficos que indicam gênero alvo, além da faixa etária, ser algo ultrapassado. Ao meu ver, dizer que um mangá é shounen significa que o autor priorizou agradar gostos geralmente masculinos, e por isso pode haver certos conteúdos que costumam não ser do gosto das mulheres, ao ponto de poder incomodar um pouco, a exemplo do fanservice de Fairy Tail. Então, o mangá ser Shounen não significa que mulher não pode ler, mas já “deixa avisado” que não dá pra agradar a todos sempre, e que a prioridade, nesse caso, foi o publico masculino. E o mesmo pode valer para Shoujo, que podem suas páginas de belos personagens masculinos exibindo sua beleza física para o público alvo. Algo que já vi irritar diversos homens (O que particularmente acho besteira. Se incomoda, não lê, e pronto).
    Inclusive, eu produzi um mangá como TCC, do qual irei defender amanhã, em que eu coloco algumas cenas de nudez feminina, e comento que eu acho arte erótica uma coisa linda, especialmente quando retrata a beleza física feminina. Mas como, de uma forma generalizada, isso é algo que tende a agradar homens héteros e talvez lésbicas, e causa incomodo em muitas mulheres, apesar das exceções, acho prudente classificar meu mangá como destinado “primeiramente” ao público masculino, mas que mulheres são bem vindas caso tenham interesse.
    Até podem haver outras formas de indicar isso, mas ainda acho os demográficos válidos. O que acho que não devia existir é o pensamento de que homem não pode ler algo destinado ao publico feminino, caso ele queira, e vice versa. ^^

    • Roses

      É ultrapassado no sentido de que não reflete nem um pouco o público leitor.

      Mangás voltados para meninos serem desnecessariamente sexualizados não tem a ver com gêneros. Já leu um yaoi? É igualmente sexualizado. O fato de Shounen ter muito ecchi é um reflexo do sexismo e sociedade japonesa, um país onde existe uma indústria absurda voltada para o sexo e objetificação da mulher.

      Tanto é que as mulheres autoras em sua maioria não usam sexualização dessa forma, fora quando se trata de uma história erótica. Exatamente desconstruindo essa norma social de que homem tem que ser criado vendo putaria e que isso é coisa de homem macho mesmo.

      Pode ver que no ocidente não temos essa clarificação nos livros e quadrinho. Mônica não é revista de menina, é revista infantil. Harry Potter e todos os demais são livros infanto-juvenis.

      Se há essa discrepância enorme entre o homem e mulher no Japão, isso é reflexo da sociedade deles. Até hoje no Japão, a mulher receber mais que o homem é vergonhoso, é desonroso. O patriarcalismo não é brincadeira.

      A ideia de transformar isso em ultrapassado é exatamente a ideia de buscar a igualdade social. Há várias revistas já que trabalham com isso, a de ser universal. Minha amada Harta é uma delas, todas suas obras são classificadas como “seinen”, mas são universais, o seinen ali é de maduro, não homem. E ela é só um exemplo e fruto desse movimento.

      Ao mesmo tempo, Shounen é cada vez menor e cada vez mais composto de mulheres. Atualmente isso é mais claro em revistas como as da Kodansha, onde inclusive está saindo um mangá sobre um rapaz que quer ser designer de roupas, ao lado do The Seven Deadly Sins.

      Conforme o tempo passa, a tendência é que Shounen e shoujo sejam substituídos por um infanto-juvenil também, não só pela diferença se tornar irrisória, mas por viabilizar as obras sob um teto só.

      A Kadokawa é outra que já fez isso, já ouviu alguém discutindo gênero demográfico de light novel? Pois não tem, todas as novels são publicadas como juvenil ou maduro. Exatamente como o Harry Potter.

      • Creio que nesse caso poderia criar demografias híbridas. Mas se o autor quiser destinar sua obra primeiramente ao publico masculino, shounen e seinen é o ideal, assim como shoujo e josei é o ideal para destinar primeiramente ao publico feminino. E como eu disse antes, isso não deve significar que mulher não pode ler ou fazer shounen. Mulher tem todo o direito de fazer mangá para o publico masculino, se ela quiser. As demografias atuais apenas refletem a intenção de público alvo do autor ou da revista. E sim, já li e comprei Yaoi (boa parte dos que a NewPOP lançou, aliás), mesmo eu sendo hétero, e por mim esse gênero pode continuar do jeito que está, de uma forma geral. Mesmo a sexualização de personagens masculinos não sendo minha praia, eu leio essas obras sabendo que elas não são destinadas, prioritariamente, ao público ao qual pertenço, então eu as leio ciente de que haverão coisas que não irão me agradar, devido a demografia deles. Se eu como autor, quero erotizar meu mangá shounen/seinen, não é desnecessário. Apenas estou buscando agradar quem tem um gosto semelhante ao meu com esse bônus, deixando a obra ainda mais bela pra quem gosta disso, saca? É por isso que eu coloco a demografia como aviso prévio do público que foquei de forma prioritária. Aliás, mesmo o mangá que fiz pro meu TCC tendo umas cenas de nudez, fui parabenizado por professoras feministas por ter empoderado a heroína. xD

        Eu super discordo desse pensamento de que homem deve ser criado vendo putaria pra ser machão, e bobagens assim. Eu penso que tanto homem quanto mulher devem ter liberdade de escolha para ver erotismo quando quiser, tendo idade para isso, claro. Se o autor de Fairy Tail coloca erotismo na obra dele, eu vejo essa obra como uma obra pelo menos um pouco erótica, mesmo que esse não seja o foco principal. Então ela deve ser lida por quem também gosta desse erotismo, ou por quem faz vista grossa numa boa e foca em outros pontos da obra. Não acho muito diferente da Mizuki Kawashita fazer uso do erotismo em Ichigo 100%. Claro que um tem mais contextos favoráveis ao uso da sensualidade que o outro, mas acho que um battle shounen pode ter suas doses de sensualidade, assim como qualquer shoujo poderia ter suas doses de erotismo pensado ao publico que quer atingir, de forma prioritária. Pra quem não gosta desse tipo de conteúdo, ou se incomoda, há outras opções de leitura e todo mundo vive feliz (ou deveria ser assim. haha).

        Não haver demográficos que indiquem o sexo que o autor quer atingir, aqui no ocidente, não impede a existência do machismo por aqui, logo, ao meu ver, isso não é justificativa para que as demografias que os japoneses criaram deixem de existir a fim de promover a igualdade. A igualdade é promovida de outras formas, e não obrigando os autores a destinarem suas obras sempre para ambos os sexos, ignorando as preferências sexuais de cada gênero, creio eu. Mas como eu disse, acho interessante o surgimento de novas demografias para todos os gêneros, que indique apenas faixa etária, e que coexista lado a lado com o Shounen e o Shoujo.

        Concordo que há contextos em obras com conteúdo ecchi que podem acabar objetificando as mulheres, mas discordo que mostrar o corpo delas para um publico que queira apreciar tal beleza seja sinônimo de objetificar. Por mim, mangás shoujos poderiam erotizar os corpos dos personagens masculinos a vontade, para seu público, da mesma forma. Acho natural homens héteros apreciarem a beleza física das mulheres como uma obra de arte, assim como é normal mulheres héteros apreciarem a beleza física masculina. ^^

  • Imagine

    Faltou skip beat, q apesar de não ser muito conhecido no exterior é um shoujo muito importante no Japão com anos de publicação, desde de 2002. Que quebra com o pensamento de q o amor têm q tá no centro do shoujo, e como é importante uma garota buscar a própria felicidade.

  • Taresu

    Essa matéria está incrível! Ainda hoje comentava sobre shoujo com um amigo e é pude ver como o estilo é descriminado. Com certeza recomendarei essa matéria a ele. E que venha Rosa de Versalhes!

  • Yuki

    Ótima matéria, amo shoujo, praticamente com todos seus “subgêneros”, como mahou shoujo, shoujo escolar e por aí vai.
    Hagio Moto é incrível, A cruel god reigns é um soco no estômago, comecei a ler esperando um shounen-ai fofinho e acabei encontrado um mangá tão pesado que não consegui terminar de ler até hoje (isso que dá não ler a sinopse), mas o que tem de peso tem de bem escrito, caramba! Qual obra dela aborda um personagem assexual? Infelizemente assexuais, demissexuais e outros são raramente representados em mangá, acho que nunca li algum assum

  • Escroticeiloveyou

    Takako Shimura é josei, não?
    Meu sonho é ver Aoi Hana e Hourou Musuko publicados aqui.
    Não são antigos, mas como toda a demografia é ignorada… 🙁

    • Roses

      A acaba sendo uma questão de ponto de vista, houve várias obras que hoje em dia são chamadas de Mahou Shoujo antes de SM. Mas quem chutou o pau da barraca e consolidou o gênero (inclusive no mundo) foi Sailor Moon.
      É similar à lógica de chamar o Tezuka de pai do mangá, houveram mangás antes de Tezuka e durante. Mas foi ele quem transformou a mídia e consolidou as estratégias e tendências, inclusive mundialmente.
      Fora que Cutie Honey é Shounen, rs. A mãe do shoujo ser um shounen é pedir para levar porrada.

      • RPM Souza

        “Fora que Cutie Honey é Shounen”
        Mahou Shoujo não é gênero? Acho que não faz diferença a demografia ser Shounen ou Shoujo nesse quesito…

        Mas parando pra pensar… Nossa, foram 20 anos de diferença entre os dois. Engraçado, que fui pesquisar e não conheço quase nenhum dos Mahou Shoujo de 70 ou 80. Realmente nem o mestre Go Nagai pra popularizar o gênero!

        • Roses

          Veja só o mahou shoujo é shoujo. O que o Nagai fez, embora pareça em alguns aspectos, é baseado nos tokusatsus. Basta ler que você percebe isso, tem mais a ver com o Ultraman.

          Mahou shoujo não é apenas a transformação, é todo um estilo de poderes mágicos, coisas fofinhas, misturado ao imaginário feminino da época. Cuttie Honey é pancadaria, intriga policial, criminalidade, armas, sexualidade. Não é a mesma coisa.

  • kervinmso

    Problema é que shoujo para o publico aqui é só aqueles de romance adolescente ou garotas magicas.. a galera tem que colocar em mente que existem muitos outros gêneros no shoujo, com temáticas diferentes, basta pedir esses títulos em vez de mais do mesmo, que talvez as editoras escutem. Exemplos: Kujira no Kora e Natsume Yuujinchou

  • Post mega importante. Anos que acompanho mangás e meu principal foco sempre foi os shoujos. Uma pena atualmente o mercado estar tão falho. Morrendo de ansiedade pra ler a Rosa.. pensei que nunca sairia aqui no Brasil. Já estou pronto pra assinar e garantir qualquer brindezinho que venha junto. <3

  • JMB

    Meu sonho é que um dia o nosso mercado amadureça o suficiente para que as editoras se sintam mais a vontade para se arriscarem em trazer shoujos longos e clássicos. Imagina que máximo seria se tivéssemos aqui pérolas da demografia feito meu amado Hana Yori Dango (melhor shoujo escolar de todos, sem choro), Skip Beat!, Basara, Anatólia Story, Glass Mask, Itazura na Kiss (apesar de não gostar desse, é inegável a importância do mesmo) e até uma nova chance á Peach Girl. Mas se as editoras não querem trazer nem os mais recentes e curtinhos, que dirá esses. Uma pena.

    • Luiz Martins

      Meu maior sonho é ver Anatolia Story (de longe, o meu shoujo mangá favorito) ser publicado aqui no Brasil, mas acho que isso nunca vai acontecer…

  • Marcelo

    Aguardando muito Rosa de Versalhes. Que é o clássico dos clássicos na categoria. Só espero não ver radicalismos nesta obra tão aguardada ou em outras (já basta o que aparentemente aconteceu com Ayako na nota do editor pra fazer apologia política).

    As Guerreiras Mágicas pode ser considerado do estilo? Se não Rosa não será o primeiro do gênero que vou ler. ;.;

      • Marcelo

        Mais pro lado de Sailor Moon ou Sakura Card Captors. Aliás, Sakura Wars entraria também? É outro que pretendo adquirir.

        • Marcelo

          Complicado, mas vi aqui e classificam Guerreiras como Shonen. Mas ele não é bem isso puro. Infelizmente não da pra separar, 30% Shoujo, 50% Shonen, 20% Seinen, hehe. Ai pegam pelo que mais se destaca.

        • Roses

          Não é assim que funciona, guerreiras mágicas é Shoujo, pois saiu numa revista shoujo. Não tem nada de porcentagem ou achismo.

        • Marcelo

          Acho que devia ser mais pelo estilo adotado. Praticamente um embate igual se os jogos da série Souls são JRPGs ou não. E como se sabe, eles não seguem o estilo JRPG (mas tem gente que quer classificá-los como tal, por serem feitos por japoneses no Japão).

          E eu sei que infelizmente por determinação é assim, se tornou uma convenção. Mas se um dia (não sei nem se já aconteceu) lançarem um Cavaleiros do Zodíaco numa revista Shoujo, analiticamente falando estaria classificado errado. Ciências, sejam elas humanas, biológicas ou exatas, classificam algo pelas características que tem. E como disse ai, parece haver gente que define Guerreiras pelo seu estilo do que necessariamente por onde foi publicado. Ai de haver essas discussões.

          Bom, eu não ligo muito, hehe.^^ Mas se eu for atrás de uma obra, começa a procurar sobre como ela é, antes de classificar por causa de uma convenção que pode não demonstrar o que é na verdade.

        • Roses

          Sua análise está fundamentalmente errada, mas acredito que seja por não entender o que é “shoujo”. Na verdade o que você lê como “gênero shoujo” é “manga no shoujo”, quadrinho de menina. As revistas possuem classificações baseado no público-alvo, e é isso que é o gênero demográfico. Shoujo não é shoujo por causa de sua arte, história, técnicas, público leitor, temas; é shoujo, pois foi publicado numa revista shoujo, uma revista de/para meninas. É isso que significa.

          Não há discussões plausíveis aqui, há equívocos e pessoas desinformadas que confundem o estilo e tema com a demografia. Não é uma questão de convenção, é a definição do termo.

          Um exemplo é o Orange, começou numa revista shoujo e se mudou para uma seinen sem qualquer alteração de história, arte, tema, nada. O que mudou foi o público-alvo e a revista, e embora o público-alvo interfira em algumas limitações e tendências, de forma alguma define as características da obra.

          Troque shoujo, shounen e seinen por “para garotas” e “para garotas”. Barbies são feitas para garotas (shoujo), os “action figures” são pensados nos meninos (shounen), você pode discutir o quanto quiser se deveria ser assim ou se aquele action figure parece muito os feitos para garotas. Mas nada disso muda o fato do produtor ter feito um produto tendo como alvo meninas ou meninos. Não há espaço para subjetividade, é apenas um fato daquele trabalho.

          O problema é o quanto as pessoas são cegas por esse termo e insistem no uso deles. Pessoalmente sou contra aquele discursos de “queremos mais Shoujo”, eu não quero mais shoujo, 99% do Shoujo não me interessa. É muito mais vantajoso você definir quais obras, temas, revistas, estilos te interessa. E fazer pressão nisso. E por isso fiz questão de listar obras e autores que quero ver aqui, não simplesmente pedir por mais shoujo clássico.

        • Marcelo

          Sim, e novamente, leia o que eu escrevi num ponto do último post. Eu disse que isso é convenção, do próprio Japão, assim não da pra mudar. Mas que pelo menos para mim está equivocado. Revista é o meio só. Não define o gênero, conteúdo etc (define a maior % do tipo de obras a serem lançadas, pelas convenções do periódico. Depois falo disso). Se for seguir esse entendimento, não há gênero sequer. Se tudo pode sair em qualquer um deles, a própria definição está errada. Ora, se Shonen é classificado para uma demografia para homens jovens, qual o sentido de serem lançados numa revista Shoujo? Não que uma pessoa não possa ler o que quiser, se um adulto quiser ler um livro de bebês ele pode. Isso não muda o fato que pela CARACTERÍSTICA o livro seja feito para bebês. A revista pode definir o teor habitual do conteúdo que será publicado. Mas pode não se aplicar ao todo. Como dito, é só o meio. Tanto que essa argumentação começou porque eu citei que certas pessoas classificam Guerreiras Mágicas como Shonen. Ora, fica evidente que os criadores do Mangá misturaram Shoujo com um toque de Shonen pra atrair um público masculino e fã de combate e aventura. Isso é só ver pela história de criação da obra. Então eu falei que infelizmente não há meios de definir com exatidão um Mangá: ”30% Shoujo”. ”40% Shonen”. ”30% Seinen” Essa porcentagem mais caricata, foi só uma alegoria pra representar. Isso não é um ”achismo”. É só uma estimativa fictícia, alegórica, que demonstra que em termos de característica base, um mangá pode ter quantidades que o tornam mais ”pra meninos jovens”, ”meninas jovens” ou ”pessoas mais adultas” etc. Como dito, impossível de se determinar com exatidão. E o que determina um gênero por padrão hoje em dia? É a revista a onde ser publicada. OK, mas por lógica simples, então essa classificação não define nada, porque se tudo pode ser publicado em qualquer lugar, então chegamos ao ponto que nada define gênero. Mas quando as pessoas querem conhecer uma obra elas procuram por suas características. Não se foi lançada em um periódico tal ou tal (tá, procuram. Mas se tiver um Cavaleiros do Zodíaco lançado numa revista Shoujo, muitos/muitas não vão comprar porque não é da característica padrão). O próprio exemplo que tu deu mostra isso. Diga-me com sinceridade, que um mangá, puff, muda só porque foi pra outra revista? OK, como eu disse, é uma convenção. Igual da ABNT. Convenções são convenções. Não é ciência, é uma norma. Mas quando estamos lidando com características, sim ai nós definimos por agrupamento. Como a Matemática faz por números. Seja ele o grupo dos números irracionais, inteiros, reais etc. E vamos falar sem hipocrisia aqui, Roses, assim como Guerreiras Mágicas misturou shonen e shoujo para continuar atraindo mulheres, mas ao mesmo tempo fisgar homens, sabemos que homens e mulheres possuem gostos diferenciados. Não que um homem que goste de shoujo seja homossexual ou a garota que gosta de combate seja lésbica. Mas sabemos que a maior parte dos homens gosta de algo mais voltado a aventura e combate. E meninas algo mais voltado ao romance e drama. Pelo menos na maior parte da %. E óbvio, todos podem ler o que quiser, isso não os transformará nessas e em outras coisas. Como dito, fizeram isso com Guerreiras, e o anime/mangá não seria tão famoso em ambos os gêneros se não tivesse misturado tudo isso. Porque, por raciocínio lógico, o que define o grupo da história é o conjunto de características dela. Não onde ela é publicada (é também história como ciência. Com a diferenciação de Story e History em inglês. Classificarão essas obras dos mangás pelo que elas são, e não pelo periódico que foram publicadas. Isso, talvez, será mera curiosidade. A obra é feita pelo que é de verdade, isso não tenho dúvidas. E isso se perpetuará através dos séculos).

          Enfim, me estendi demais. ^^ Desculpe qualquer coisa. Sei que não da pra mudar convenções. Mas eu sou assim mesmo. Normalmente divido tudo pelo lado científico. É o lado do cérebro de exatas atuando, hehe.

        • Roses

          1. Não é convenção, convenção é um acordo, uma norma praticada e acordada. Japoneses gostarem de usar gênero ou não, é apenas uma ocorrência, e a categorização por esse gênero apenas uma possibilidade de caracterização.

          2. Revista não é só um meio. Quer dizer, o material, o objeto, revista é. Mas a revista do sentido de marca não é. Se eu te digo que um artigo saiu na Veja, você vai me dizer que a Veja é só uma revista e não indica nada sobre o tipo de artigo? Todas as revistas têm políticas e processos editoriais que moldam as publicações, sejam elas quadrinhos ou artigos jornalísticos.

          Logo a revista que é voltada para meninos (shounen) terá uma série de políticas voltadas para eles que influenciará as publicações. Um exemplo disso é “A Voz do Silêncio” (Koe no Karachi), a autora ganhou um concurso pela Shueisha e pela regra ela deveria ser publicada na revista como é de praxe. Tal não aconteceu, pois a revista de negou. Foi parar na justiça. A autora mais tarde acabou tendo sua obra publicada por outra revista de outra empresa, a Kodansha.

          Práticas como esta efetivamente moldam e criam verdadeiros modelos do que pode ou não, pelo simples fato dessas revistas controlarem o que é ou não publicado. É por isso que todo Jump tem aquela cara, com experiência basta ler uma série que na hora você saca de onde veio com bastante precisão.

          Os mangás não são apenas aprovados por eles, são alterados, editores aprovam capítulos e exigem mudanças o tempo todo. Volta e meia um autor tem um treco nervoso e abre o jogo (só para ser calado em seguida).

          Então sim, revistas fazem MUITA diferença, muito mais que diferença, é o núcleo que decide como as coisas serão. Nada mais natural então que a classificação acompanhe isso.

          Numa comparação em outra mídia, é similar à realidade da animação nos EUA, você tem Disney-Pixar e Dreamworks. Não importa o quão boa seja a sua ideia para um filme, se não tiver o apoio de uma dessas duas, esqueça. E por mais que sejam filmes diferentes, é fácil identificar se é de um ou outro ou um independente, eles ficam restritos dentro do que a empresa quer.

          Revista é só um meio? DE JEITO NENHUM.

          3. Japoneses não usam apenas esse tipo de demografia para classificar seus títulos, na verdade, eles usam muito mais o nome das revistas em si, como ser “Jump”. E também usam bastante temáticas, como o Isekai (o gênero do personagem que vai pata outro mundo), ou o Moe, o RoCon (Comédia romântica), etc.

          4. “Ora, fica evidente que os criadores do Mangá misturaram Shoujo com um toque de Shonen pra atrair um público masculino e fã de combate e aventura.”
          Incorretíssimo, combate e aventura não são características do shounen e muito menos uma exclusividade deles. Você está cometendo a mesma falácia de quem classifica shounen como shoujo por ter romance. Shounen não significa batalha, sem aventura, nem ação, nem sci-fi, nem sangue. Shounen significa “obra cujo público-alvo é meninos”. Um Shoujo não ficou masculinizado por ter cenas de sexo, sangue, aventura, etc. Isso é extremamente sexista da sua parte. Uma coisa é dizer que a parcela masculina se sentiu atraído por ter uma temática de aventura e combate, outra coisa é afirmar que isso é obviamente coisa de menino e feito para eles. É exatamente essa coisa ridícula que as grandes autoras citadas aqui batalharam para mudar, trazendo ação, morte, sexo e destruindo essa ideia de que mulher não pode gostar disso. Guerreiras mágicas foi feita para as garotas e não para agradar homens, se elas quisessem lançar para homens o teriam feito, como fizeram com varias outras séries. Foi uma escolha das autoras trabalhar aquilo para o público feminino, a atuação de homens é uma consequência secundária.

          5. Sendo assim o que você está dizendo com suas porcentagens é que há características e partes ali que podem ser atribuídas a um grupo ou outro, como se houvesse temas apenas masculino e outros apenas femininos. Novamente, isso se chama descriminação sexista. Ter ação não faz uma obra feminina ser 20% masculina. Ela continua 100% feminina. Não importa o tema que for proposto e os gêneros explorados, se o autor faz isso pensando nas moças, é uma publicação feminina, ponto final.

          Adendo, “mas fazer uma publicação que diferencie se é para menina ou menino não é sexista também?”
          Com certeza, tão sexista quanto a idiotice de que carrinho é de menino e boneca de menina, tão sexista quanto azul para menino e rosa para meninas. O Japão é EXTREMAMENTE sexista.

          Já não basta os gêneros demográficos em si terem essa carga sexista, não precisamos sobrepor essa visão sexista de temas também. Ninguém aguenta uma coisa dessa.

          6. Ciência é uma convenção. Matemática é uma convenção. Convenção é um acordo, norma é um padrão. ABNT é uma norma convencionada. Ciência é também uma norma convencionada, os métodos científicos que regem a ciência é apenas uma norma que é aceita entre os cientistas, ou seja, convenção. Matemática é uma gigantesca convenção, 1 é 1 pois foi convencionado assim. Em outra realidade o símbolo para 1 pode ser “不” e a matemática é regida por casas dodecacimais. É tudo convenção e norma.

          7. Começo a perceber que o problema aqui é sexismo puro. “Sabemos que homens e mulheres possuem gostos diferenciados”. Completamente errado, pessoas têm gostos diferenciados, sua sexualidade e gênero não define o que você gosta ou não, nem cria um constraste. Não existe um gene pata gostar de vestidos no cromossomo XX e nem um gene para gostar de carrinho do cromossomo XY. Se há forte disparidade entre os gêneros e seus gostos, não passa de uma construção social sexista. Se a maior parte dos homens de fato gostam de aventura e combate, isso é porque desde sua infância são empurrados para isso. Isso não significa que é uma característica inerente de homens. E muito menos que essa é a realidade mundial. Você assumir que ao pôr combate e aventura as autoras estão tentando apelar para homens é insistir nessa atrocidade de que há coisas de homem e coisas de mulheres. E que os japoneses têm a sua exata mesma visão do que é homem e mulher, o que é absurdo.

          Honestamente, num post onde trabalho a importância do Shoujo na desconstrução do que é ser mulher e no que é um quadrinho para mulheres, realmente não esperava um discurso tão sexista.

          8. Gêneros podem ter qualquer enfoque de características, por exemplo, gêneros por mídia (mangá digital, volume físico) ou gêneros por tamanho (mangá longo, mangá curto), ou gêneros de onde é publicado, sim isso também é uma característica. Quais gêneros você escolhe usar para caracterizar uma obra, isso sim é subjetivo. Posso querer focar no fato de ser um quadrinho japonês, um mangá. Isso é um gênero, o gênero da nacionalidade/estilização do quadrinho. Sendo quadrinho um outro gênero dentro de literatura, que por sua vez é um gênero de arte ou escrita (história), que por sua vez é um gênero de comunicação (textual ou visual). E por aí vai, gêneros são meras forma de passar uma informação e agrupar coisas, mas apenas dizem respeito àquele enfoque. Pela sua mesma lógica como há mais shounen e shounen são geralmente de combate, então ser mangá é ser de combate. Isso não é verdade. 1 + 2 = 3, mas nem 1 nem 2 = 3 sozinho. Shounen é shounen, combate é combate, shounen + combate = battle shounen. Battle shounen =/= Shounen =/= combate. Matemático e “científico” o suficiente para você?

    • Qual foi a nota do editor em ayako? vi num video do PN q o editor da venneta é beeeemm esquerdista. ele colocou algo do topo na obra?

      • Marcelo

        Sim, tem um vídeo do Canal MangaQ, que nos comentários discutiram isso. Parece que foi militância pura.

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