Biblioteca Brasileira de Mangás

O mangá que esgotou em uma semana e outras curiosidades

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Mangá caro vende e vende bem…

Na tarde do dia 02 de fevereiro de 2019, ocorreu na loja Comic Boom, em São Paulo, o aniversário de quatro anos da empresa, especializada na venda de quadrinhos. Na comemoração, a loja teve uma programação variada que contou inclusive com uma mesa com a presença de Cassius Medauar e Edi Carlos, ambos da editora JBC. A mesa foi disponibilizada no canal do Youtube da Comic Boom na última quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019, e, com isso, pudemos assistir e descobrir interessantes curiosidades sobre a editora e sobre o mercado de mangás, algumas das quais achamos interessante reproduzir aqui.

Em 2013, a editora iria lançar Death Note Black Edition e a empresa estava estudando qual tiragem seria a ideal para o mangá. Pensaram em um número X, mas fazendo outras pesquisas chegaram a conclusão de que o ideal seria fazer uma tiragem um pouco maior. Mesmo assim o primeiro volume de Death Note Black Edition esgotou na editora em uma semana.

A fala de  empresa foi para exemplificar que havia uma demanda por produtos com um acabamento melhor e, na época, a empresa teve que romper uma barreira importante, aquela que dizia que mangá deveria ser sempre muito barato. DNBE, para quem não se lembra, foi o primeiro mangá a vir nessa faixa dos quarenta reais, custando R$ 39,90 na época. O mangá é constantemente reimpresso e vendido até hoje, atualmente por R$ 44,90.

Um outro passo em direção aos mangás caros foi o lançamento de Cavaleiros do Zodíaco – Kanzenban no final de 2016. A empresa ficou cerca de dois anos conversando com o Japão sobre a possibilidade lançar a versão definitiva do mangá, falando o porquê de ser interessante lançar no Brasil, entre outras coisas. Segundo foi dito, como a série era muito importante em nosso país, a JBC queria que versão brasileira do Kanzenban tivesse alguma coisa diferente em relação ao resto do mundo, por isso quiseram lançar em capa dura. A proposta foi feita para a Shueisha e ela foi aceita.

A empresa relembrou a repercussão do anúncio, com o preço mais caro, com muita gente dizendo que seria um tiro no pé da editora, entre outros comentários negativos. Porém, o mangá já se encontra no volume 12 e foi um sucesso. Segundo a empresa já foi preciso reimprimir vários volumes tamanha a demanda pelo mangá. A editora realmente está feliz com o resultado do título até o momento.

Só para você recordar: o mangá custa R$ 64,90.  Ou seja, é caríssimo para mim, para você e para quase todo mundo, mas tem realmente gente disposta a comprar o produto, ainda que muitos deles em promoções da Amazon.

Na mesma palestra, a editora foi perguntada se havia chances de Haikyuu!! ser publicado pela editora. Como era de se esperar, a resposta da editora foi a de sempre “não podemos falar de possibilidades futuras”.

Entretanto, ainda assim, a empresa deu uma resposta mais completa. Segundo a editora hoje em dia é bem mais difícil vir a aparecer um mangá longo e sem previsão de fim. Para a empresa, é até possível que Haikyuu!! faça sucesso nos primeiros volumes, mas nada garante que isso se manterá no restante da publicação, pois o tempo passa, a situação das pessoas muda, o gosto delas também e muitas podem deixar de comprar ao longo do caminho. A editora reiterou que é preciso planejamento para a publicação de qualquer mangá e para títulos mais longos é mais complicado para que a obra não seja cancelada.

Aqui no blog já falamos algumas vezes, a editora JBC não lança um mangá que já possui mais de 30 volumes no Japão desde 2009, quando publicou Ranma 1/2 e Futari H. Então, as chances de Haikyuu!! pela JBC já eram pequenas pelo histórico da empresa, com essa declaração fica menor ainda.

Cassius Medauar e Edi Carlos foram perguntados sobre quais mangás eles esperavam muito e foi uma decepção em termos de vendas. Como alguns de vocês devem esperar, a resposta imediata foi Yu-Gi-OH!. A empresa queria lançar o mangá na época da febre do animê na Rede Globo, mas os japoneses não deram a licença, pois queriam vender para a mesma empresa os cards, o vídeo, dentre outras coisas, o que não era possível.

A licença sozinha do mangá só foi liberada bem depois, quando a febre já tinha passado, e o resultado das vendas foi decepcionante. Isso já foi falado em outras ocasiões por Marcelo del Greco, então não chega a ser uma história nova, mas é sempre importante relembrar.

Medauar lembrou a época da Conrad e comentou que as vendas de One Piece e Dr. Slump foram decepcionantes. Este último acabou sendo o primeiro mangá cancelado da editora, quando Medauar ainda trabalhava nela.

Importante frisar: não confunda com a publicação atual pela Panini. Medauar falava da primeira publicação de ambas as séries, na época da editora Conrad.

Perguntada também sobre os sucessos, a editora voltou a falar que O cão que guarda as estrelas e Your Name. venderam muito mais do que eles esperavam. O primeiro a editora sequer esperava alguma coisa e foi um sucesso absoluto, sendo muitas vezes reimpresso.

Mais no passado, Edi Carlos comentou sobre a primeira publicação de Love Hina, também sendo um grande sucesso inesperado. Foi o segundo título mais vendido da época, perdendo apenas para Card Captor Sakura.

Na produção de mangás erros podem acontecer o tempo todo, alguns são passáveis, não impedindo o produto ser vendido normalmente, outros, porém, o mangá precisa ser totalmente refeito. A JBC estava explicando que mesmo após o mangá ficar pronto, a empresa faz uma nova rodada de vistoria para ver se está tudo certo, mas já aconteceu de um mangá apresentar um problema que o impedia de ser vendido.

Medauar não exemplificou, mas lembrou de um caso semelhante na época em que ele trabalhava na Conrad, durante a publicação de Dragon Ball. Segundo ele por conta de um descuido, pelas capas serem muito parecidas, uma capa não aprovada acabou indo para a impressão. Somente quando o produto chegou pronto é que eles descobriram o erro. Tiveram que arrancar todas as capas e rodar uma nova para colar no miolo.


Essas foram algumas curiosidades que eu achei interessante repassar aqui. Entretanto, tenham em mente que eu fui sucinto e não coloquei todo o contexto em que as falas foram ditas, já que o objetivo foi se concentrar nas curiosidades. Recomendo fortemente que todos assistam ao vídeo. Ele tem uma hora e trinta minutos, mas é uma hora e trinta minutos que valem muito a pena.

Se você é novo neste blog, sempre postamos uma ou outra postagem de curiosidades sobre o mercado de mangás no Brasil e no mundo. Para ver todas as postagens, clique aqui.

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