As mega ofertas da Amazon impactam as editoras?

Se não fosse a Amazon, na crise da Cultura e da Saraiva, o mercado tinha quebrado, muitas editoras teriam fechado

I

Há pelo menos três anos, muitas lendas se espalham entre os consumidores de mangás acerca dos mega descontos oferecidos por grandes lojas como Amazon ou Saraiva. Há pessoas, por exemplo, falando que as editoras estariam colocando os preços “lá no alto”, pois saberiam que os consumidores iriam comprar nessas lojas por uma quantia mais baixa e que o preço de capa corresponderia ao dobro do real, já que a editora elevaria o valor para não perder dinheiro ou mesmo para lucrar mais.

Não vemos sentido nesse tipo de pensamento. A nosso ver, faria muito mais sentido se as pessoas dissessem que os representantes de uma empresa tenham tido uma reunião e nela decidiram aumentar os preços sem qualquer razão, do que motivados pela ideia de que seus clientes estariam comprando por um preço menor em uma loja.

Note que não é algo muito racional uma editora aumentar o preço assim, sem pensar nas consequências que uma atitude dessas traria, tanto para si, quanto para consumidores e demais atores envolvidos no processo. Se uma empresa quer manter sua atual base de clientes ela não faria reajustes sem uma necessidade real, basta ver o quão negativas são as reações das pessoas sempre que é anunciado um aumento novo. Além disso, uma atitude dessas também poderia prejudicar aos lojistas pequenos, que eventualmente perderiam clientes com um poder aquisitivo menor e mais rapidamente acabariam suplantados pelas lojas gigantes que podem oferecer esses descontos.

Até para a própria editora um aumento desses pode ser ruim, pois uma diminuição intensa dos pontos de vendas, pode gerar um cenário em que haveria um monopólio ou quase monopólio de uma loja e a editora ficaria refém dela, tendo que ceder em todas as negociações, aí sim sendo obrigada aumentar o preço de forma elevada para conseguir sobreviver (você entenderá isso mais adiante).

Nada impede, porém, uma editora de elevar os preços de seus produtos até as alturas sem precisar (afinal, estamos falando de capitalismo), mas se uma empresa faz isso, ela está ciente de todas as consequências que isso acarretará e, mais do que isso, estará visando tornar um dado produto mais limitado, restrito a poucos, pois um grande número de pessoas não conseguirá mais adquirir, mesmo que tenha descontos aqui e ali.

Não. “Uzumaki” não foi lançado por R$ 94,00 por causa da Amazon. O que acontece é que a Devir lançou esse mangá pensando em um número mais limitado de clientes e não aquela massa que compra mangás baratos. Foto: Devir Brasil.

Outro motivo para não vermos qualquer sentido na fala sobre descontos é que se você analisar os preços dos mangás ao longos dos últimos anos, perceberá que eles foram subindo pouco a pouco, mesmo antes da enxurrada de mega promoções. Até os mangás mais caros na faixa dos quarenta reais já existiam antes, como Death Note Black Edition.

Com o atual cenário de crise no mercado editorial, vimos, porém, aumentos que pareciam fugir da regra, como vários mangás em papel jornal da JBC subindo para R$ 17,90, entretanto foram prontamente explicados pela editora com a diminuição da tiragem devido à empresa ter deixado de distribuir em bancas de revistas. Por conta disso tudo, não nos parece crível que as editoras de mangás estejam aumentando preços por causa dos mega descontos oferecidos por algumas lojas, visto que não há dados que corroborem esse tipo de pensamento.

II

Para entender de verdade como não faz sentido essa ideia de que a política de descontos de uma loja está influenciando diretamente os preços dos mangás, é preciso primeiro entender como funciona o estabelecimento do preço de capa de um produto, bem como a relação comercial entre uma editora e uma loja e as diferenças entre lojas grandes e pequenas.

Já explicamos aqui no blog como o preço de capa de um mangá costuma ser calculado e as diversas variáveis que são levadas em conta em sua formulação: os custos da empresa (água, luz, internet, aluguel, impostos, funcionários, tradutores, etc, etc, etc), os custos com royalties a serem pagos ao Japão, o lucro da editora, além dos custos de distribuição e o valor que ficará com revendedor (Leia mais detalhadamente clicando aqui).

Esses dois últimos custos (distribuição e revenda) são os que mais impactam diretamente no preço de capa, pois a editora precisa levar em consideração o que for mais dispendioso no processo, no caso as vendas em bancas de revistas se a empresa ainda lança em bancas (segundo algumas editoras, o cálculo inclui uma perda de 30% dos volumes*) ou a venda via distribuidora de livros. A maior parte do preço de capa se refere a esses custos, que podemos colocar em torno de 50%. Ou seja, se o preço de capa de um mangá é, hipoteticamente, R$ 20,00 significa que a editora ficará com 10 e o processo de distribuição e revenda com os outros 10.

Tendo isso em mente, saiba que as editoras de mangás costumam trabalhar com as grandes lojas da mesma forma que trabalham com as pequenas: elas vendem** os produtos para as empresas e as empresas por sua vez revendem para o consumidor. Como você deve ter entendido, a editora não irá vender para os lojistas pelo preço de capa, pois as lojas têm também seus gastos (estrutura, funcionários, etc) e precisam ter seu lucro, então a venda ocorre por cerca de 50% desse preço (os custos de distribuição e revenda embutidos no preço de capa que comentamos acima).

Contudo, apesar da forma de relacionamento da editora com as lojas ser a mesma independente de ela ser grande ou pequena, isso não significa que elas ficam em pé de igualdade. Lojas pequenas não têm como concorrer com as grandes, pois os custos das pequenas acabam sendo bem maiores. Pense bem, como uma loja grande como a Amazon compra muito, ela tem poder de negociação, além de gastar menos para receber os lotes (já que um caminhão cheio e um caminhão pela metade é o mesmo custo de envio), fora os custos baixíssimos de manutenção. Em comparação, o lojista que compra uma caixa de 30 volumes paga proporcionalmente mais para receber, tem maior custo proporcional de funcionário, custo de manutenção da loja física, etc. O lucro real dele é uma fração do da Amazon, mesmo que vendam pelo mesmo preço.

Nem a Comix deve chegar aos pés dos lucros da uma grande loja. Foto: Gabriel Bivanco, Google.

Como o montante de vendas de uma loja grande como a Amazon é enorme, ela pode vender diversos produtos a preços baixos sem ter qualquer impacto em suas finanças. Na verdade, ela pode vender ganhando centavos de lucro que mesmo assim lucrará bastante devido a sua enorme quantidade de vendas. Agora, por outro lado, as lojas especializadas e livrarias menores não têm um volume tão grande de vendas e não podem oferecer descontos enormes e nem tão corriqueiramente, sob pena de ficarem facilmente no vermelho.

Em outras palavras, se uma loja grande faz descontos o tempo todo, ela faz justamente por ser uma loja grande e não precisar de uma margem de lucro unitária muito alta. Ou seja, no exemplo do mangá de R$ 20,00, ela pode abrir mão de boa parte de seus 10 reais, repassando um desconto ao consumidor que mesmo assim ela irá se virar bem. Em contrapartida, os lojistas pequenos não têm tanta margem assim para abrir mão, precisando sempre vender a preço cheio ou com o mínimo de desconto possível.

 Já explicamos essa questões mais detalhadamente em um outro post aqui do blog, caso queira ler, clique aqui.

*Quando falamos que o cálculo para envio das bancas inclui perdas de 30%, estávamos querendo dizer que ao calcular o valor, você já tem que prever que de cada 10 volumes, 3 deles serão destruídos no processo de distribuição, pelos mais diversos motivos possíveis. Essa é uma das razões da distribuição em bancas ser bem cara.
*Importante frisar que além da compra direta, existe o modelo de consignação, em que as editoras enviam os produtos para uma dada loja e essa loja só paga meses após o produto ser vendido. Era bastante comum para livrarias como a Saraiva. Não sabemos se isso ainda é feito no ramo de mangás para outras lojas hoje em dia.
Acerca do método de venda, as compras também não são pagas de imediato. Os lojistas possuem um prazo para acertar com as editoras. Pelo que sabemos, esse prazo costuma ser de 90 dias, mas não temos conhecimento se isso vale para todas as editoras e todas as lojas. O que sabemos é que ano passado, em meio à crise editorial, a Amazon chegou a se comprometer a antecipar o pagamento para as editoras para ajudá-las a passar pelo momento difícil. (MAS claro que não de graça!^^).

III

O que escrevemos até aqui já deixa claro como não existe uma relação direta entre os descontos de uma loja grande e os preços praticados pelas editoras, mas precisamos dissecar um pouco mais a questão, exemplificando e explicando novamente,  para convencer os que ainda não foram convencidos.

Se você mora em São Paulo deve ter visto que no final do ano passado, a JBC participou da feira do livro da USP e vendeu vários lançamentos com 50% de desconto. Como isso é possível? Como uma editora consegue vender um produto recém lançado com um desconto tão grande? Nas redes sociais houve quem dissesse que isso era mais uma prova de que o preço poderia ser mais baixo, mas se você leu e entendeu o que escrevemos até aqui, você sabe que não é nada disso. No preço de capa há os 50% que cabem à distribuição e revenda que não haviam na feira da USP. Sem distribuição e revenda, a editora poderia vender àquele preço no evento sem sofrer qualquer perda, pois toda sua margem de lucro estaria garantida de qualquer forma.

Banner da JBC na feira do livro. Foto: Editora JBC

Importante comentar também que os 50% que temos falado neste texto é um número médio, mas o percentual varia de 45 a 55, podendo chegar a 60 em alguns casos. Ou seja, se um dado mangá custa R$ 20,00, a editora receberia R$ 11,00 no melhor cenário, e R$ 8,00 no pior cenário. O resto fica pelo caminho. Vale dizer também que o pior cenário pode não ser o pior de fato para a editora. Talvez uma dada loja pode ter comprado tantos volumes que nas negociações a editora cedeu um desconto maior, mas no todo acabou ganhando mais do que se a loja comprasse menos e com menor desconto, mas claro que isso depende de caso a caso e de editora para editora.

Porém, o que esses números significam na prática? Se esse mangá que tem o preço de capa de R$ 20,00 está sendo vendido por R$ 12 na Amazon ou na Saraiva, isso  significa que essas lojas estão ganhando menos do que poderiam com esse produto. Sim, apenas isso. Veja bem, se elas compraram por, digamos, R$ 8,00 da editora e o preço de capa é R$ 20,00, elas poderiam ganhar doze reais a mais do que pagaram, no entanto elas só estariam ganhando quatro. OU SEJA, a editora não estaria perdendo um só centavo se você comprasse com desconto. A loja apenas estaria diminuindo parte de seus ganhos para atrair os clientes.

Blame! na Amazon. Se você comprar por R$ 19,90 ou por R$ 23,90 não fará nenhuma diferença para a editora, pois ela receberá exatamente a mesma quantia. Imagem: Blog BBM.

No caso específico da Amazon, isso faz parte da tentativa dela de te fisgar como consumidor e se tornar uma referência em todas as áreas. Ela quer te atrair, ela quer que você volte sempre, fique fiel a ela, e compre outros produtos por lá. Por isso oferece esses descontos. Não que outras lojas não queiram o mesmo, mas o nível da gigante americana é outra coisa.

Agora pense comigo: se a editora não está perdendo dinheiro nenhum com os descontos praticados pelas grandes lojas, não existe – em um primeiro momento – nenhuma razão para uma editora aumentar o preço de um mangá só porque as pessoas estão comprando por um preço baixo nelas. Para quê arriscar perder uma parcela de clientes com menor poder aquisitivo e ter a imagem arranhada aumentando o preço de um produto sem precisar? Não faria o menor sentido, não é mesmo?

IV

Eu utilizei a expressão “em um primeiro momento” porque realmente não existe chance de uma editora – séria e comprometida com seu público – aumentar os preços apenas e tão somente por verem seus consumidores comparem com descontos. Entretanto, pode acontecer de os consumidores se concentrarem tanto em comprar em uma dada loja, que uma editora passará a depender demais das vendas desse único ponto de venda e isso pode ser um problema no futuro.

Veja bem, em meio a negociações com seus parceiros comerciais, uma grande loja pode querer uma margem maior. É algo bastante normal se você pensar bem, afinal quanto mais margem a loja tiver, mais ela irá ganhar com a revenda, mesmo que dê descontos aos consumidores. Então, em vez dos tradicionais 50%, uma dada loja pode querer 65, 70, 75% de desconto (ou talvez até mais) sobre o preço de capa de um produto e o único jeito de isso acontecer é a editora abrindo mão de parte ou de toda sua margem de lucro.

Se a obra foi um encalhe e não vendeu nada, a editora pode até ceder – e fará de bom grado e feliz – para conseguir esvaziar seu estoque, pois de uma forma ou de outra a editora tem que pagar os custos de produção, impostos e o local de estoque. Em outras palavras, ela ganhará mais vendendo a preço baixo do que ganharia mantendo o produto estocado.

Agora se a obra foi um enorme sucesso, já se pagou há bastante tempo e só dá lucro atrás de lucro, ela  também pode ceder em algum momento, para alguma ação pontual, pois mesmo se o lucro for de centavos, ainda será um lucro, sem contar que isso pode dar visibilidade a outros volumes da mesma série ou outras obras da mesma editora.

Mas e se o produto não se encontra em nenhum desses casos? E se a editora precisa dos seus 50% para sobreviver? O natural seria a editora não ceder. O problema acontece quando o poder de negociação de uma empresa é muito grande, quando ela domina um segmento ou quando um dado parceiro comercial é refém das vendas naquele local. Se a editora precisa das vendas de uma determinada loja para se manter no azul e essa loja busca mais e mais margem, a editora não terá alternativas em algum momento e terá que ceder. Quem sofrerá com isso é o preço, com a empresa tendo que reajustá-lo para sobreviver e lançando os novos produtos mais caros. Lembra que falamos no início que o preço de capa é calculado levando em conta o que for mais dispendioso? Se o mais dispendioso for a venda para uma grande loja como a Amazon, é isso que a editora levará em consideração na hora de fazer seus preços.

Existem diversas especulações de que atualmente tem editoras de livros vendendo para uma grande loja produtos com 70% de desconto, poucos meses depois do lançamento devido ao cenário de crise editorial e fortalecimento dessa loja. Ainda não existe, porém, nada falando que existem aumentos de preço relacionado a isso. De igual modo, como dissemos, também não existe nada no nosso mundo dos mangás que permita vermos aumentos de preço relacionados à política de uma loja.

V

Recentemente, com os aumentos galopantes de preço da Panini, vimos algumas poucas pessoas dizerem que isso só tem ocorrido por causa da política de descontos da Amazon, mas isso está longe de ser minimamente factível. Como dissemos, uma empresa não aumentaria os preços por causa dos descontos praticados ao consumidor por uma loja, porém ela poderia sim aumentar o preço de seus produtos se uma loja gigante exigisse uma margem bem maior na compra, a editora precisasse das vendas dessa loja e também não pudesse abrir mão de mais de sua margem. Só que: se a Amazon é uma empresa grande, a Panini também é, possuindo um poder de negociação também bem grande.

“Lobo Solitário”. Mangá subiu de R$ 18,90 para R$ 25,90. Foto: Panini Mangás

Pense bem: se a Panini se negasse a dar mais desconto para a Amazon e a Amazon fizesse alguma retaliação, como se recusar a comprar da Panini, quem mais perderia no processo? Decerto, a Panini perderia um importante local de vendas, mas a Amazon também ficaria desfalcada e não poderia mais afirmar o seu poderio no segmento de quadrinhos sem ter a maior editora desse ramo em seu portfólio de produtos. Então é de total interesse das duas partes manter uma relação comercial saudável.

Dito de outro modo, a Panini não teria o porquê de ceder e dar descontos além do que ela suportaria, de modo que é inimaginável que os aumentos de preço tenham a ver com os descontos da Amazon. Se os aumentos galopantes viessem de uma editora pequena, que não vende mais em bancas e cujos produtos são difíceis de encontrar em lojas especializadas, você até poderia desconfiar de que se tratava disso, mas como não é o caso, não existe razão para achar que os aumentos são relacionados aos descontos da Amazon.

“Dr. Slump” subiu de R$ 13,90 para R$ 15,90. Foto: Panini Mangás.

“Então porque a Panini está aumentando tanto os preços?”. Isso não é possível saber porque a editora não se pronuncia. O mais lógico é que devido à crise (lembre-se que ela perdeu quase 10 milhões devido ao calote da Saraiva) ela não tenha mais conseguido segurar os preços tão baixos como era seu costume, a tiragem dos produtos abaixou consideravelmente, os custos de distribuição em bancas aumentaram e os reajustes foram inevitáveis.

Só que isso não explica o porquê de Dr. Slump ter subido apenas para R$ 15,90 e Ataque dos titãs apenas para R$ 16,90, enquanto outros subiram para R$ 19,90. Seriam esses dois os de maiores vendagens e os preços puderam ser deixados mais baixos? Nunca saberemos se a editora não se pronunciar. E esse é todo o problema, a falta de um comunicado por parte da Panini. Uma explicação bem dada e fundamentada acabaria com todas as especulações e boatos. Ainda seriam aumentos absurdos, mas ao menos a gente saberia com certeza o que estava acontecendo.

[Atualização] Depois desse texto ter sido publicado fomos lá na página da editora Panini no Facebook e nos deparamos com a seguinte mensagem:

Não é aquela explicação detalhada e esclarecedora que a gente queria e que tirasse todas as nossas dúvidas, mas olha só, a editora enfim respondeu um comentário criticando o preço. [/Fim da atualização].

  • A fala de uma editora

A postagem terminaria acima, mas enquanto ela era escrita veio até nós um vídeo muito interessante em que Cassius Medauar e Edi Carlos, ambos da editora JBC, foram perguntados sobre a questão das mega ofertas da Amazon e se elas têm impacto na parte administrativa das editoras. A resposta da editora foi bem precisa e esclarecedora: a Amazon possui um desconto fixo como qualquer outra loja e não existem regalias para ela^^.

Segundo Edi Carlos o objetivo da plataforma da Amazon é juntar gente, usando os produtos das outras empresas para chamar os consumidores para os produtos dela. Ele explicou que o algoritmo (o programa de computador) faz projeções e indica que se a loja tiver menos lucro em um dado produto, poderá ter mais lucro em outros. É assim que surgem os descontos, pelo algoritmo da Amazon. Eis a transcrição de uma parte da fala do Edi Carlos:

“O que acontece? Aquilo ali é um monstro construído à base de metadados, então o objetivo da plataforma da Amazon é juntar gente, porque ela usa, ela quer usar os produtos das outras empresas para chamar a atenção para os produtos dela. É o grande mote daquele empresa. Se vocês lerem qualquer livro do Bezos [o dono da Amazon] vocês irão saber disso. Então, assim, aquilo tem a função de trazer gente, e aí como funciona o algoritmo? Ele vai falar assim, ó: ‘esse produto que você comprou aqui e eu sei que você tem uma margem de 35%, mas mesmo que você queimar a sua margem, você vai vender mais desse produto aqui que você tem 100%. Então, queima, porque você vai liberar estoque’. O negócio é inteligente nesse nível. Então, eles [A Amazon] não tão nem aí [em não ter lucro em determinados produtos]”.

Entretanto, ainda assim, quando a JBC vê preços muito baixos, eles ligam para Amazon para que ela segure o preço, avisando que deu problema no sistema deles, já que é o sistema que comanda tudo e não a mão humana. Eis uma transcrição de uma parte da  fala do Cassius Medauar:

“Eles compram já da editora com 45 a 55, às vezes 60% de desconto sobre o preço de capa, então ela tem essa margem de qualquer jeito para fazer um mega-desconto de qualquer forma. E às vezes eles fazem esses maiores ainda, e muitas vezes cabe a nós, quando a gente vê essas loucuras, ligar e falar para eles, ‘o sistema deu [um problema]…não queremos isso aí não, você não vai tirar da nossa margem’, daí os caras mudam”.

Os representantes da editora comentaram ainda que as práticas da Amazon são sim muitas vezes predatórias, mas destacaram a qualidade da empresa em muitos aspectos, como a questão de logística, com entregas super rápidas em muitas regiões. Ainda segundo eles, se não fosse a Amazon, na crise da Cultura e da Saraiva, o mercado tinha quebrado, pois muitas editoras teriam fechado. Vejam a fala completa no vídeo abaixo, a partir de 1h e 22 minutos:

Em resumo, a fala da JBC vem corroborar e confirmar o que foi dito no texto. As editoras não dão regalias a Amazon e não costumam perder dinheiro se a loja faz mega descontos. Sendo assim, não existe razão para uma editora de mangás aumentar o preço de capa porque seus consumidores estão comprando com desconto em uma loja.

É claro que vocês já devem ter lido diversas notícias sobre o que a Amazon faz em outros países, chegando a retaliar editoras que não aceitam diminuir suas margens de lucro, mas aparentemente ainda não temos esse tipo de cenário no Brasil, menos ainda no ramo de mangás. Fosse o contrário, o preço de todos os mangás de JBC e NewPOP teriam subido de forma grande e abrupta, o que não aconteceu.

Veja também:

17 Comments

  • Ives Leocelso Silva Costa

    Excelente texto! Continuem com o bom trabalho.

  • Victor Lucas Brito de Andrade

    Escrevi no outro post do resumo da semana e só depois vim aqui ler esse artigo.
    Fui até bem conservador nas margens lá mas, continuo achando que vocês ignoram o surgimento das lojas próprias das editoras, e da promoção ser regra e não mais a exceção no mercado editorial. Eu tenho mais de um ano de e-mail da “Quinta Otaku” da Panini, todos com 15%~25% de desconto, promoções de black friday ou sexta com outro nome toda sexta, mesma coisa com JBC(embora o volume de e-mail seja menor).
    Como o próprio Cassius falou a Amazon abusa dos descontos, e isso mexeu com o mercado, ainda mais hoje que as bancas se tornaram quase nada, mesmo que vocês tirem elas da equação ainda é fácil ver que o preço médio pago pelo consumidor final por publicações deixou a tempos de ser o valor de capa(único lugar que ainda pratica isso é banca de jornal) logo como vocês mesmo dizem no post, “Note que não é algo muito racional uma editora aumentar o preço assim, sem pensar nas consequências que uma atitude dessas traria, tanto para si, quanto para consumidores e demais atores envolvidos no processo.” Elas olharam para o cenário e perceberam que inflacionar artificialmente o preço de capa é a forma para manter todos satisfeitos na jogada sem diminuir o fluxo de dinheiro: Agradando o consumidor que com o desconto se sente bem por continuar pagando o mesmo que antes além da percepção de estar agarrando a oportunidade de pagar menos que os outros pelo mesmo produto; Manter o pequeno vendedor, que mesmo não competindo com os preços da Amazon, a cada venda garante a sua aparte oferecendo ou não descontos pequenos(que se percentualmente não é maior, o que entre no caixa ainda é, pois 25% de R$ 65 ainda é mais que 35% R$45); A própria editora que mantem os custos sobre controle e ganha duas vezes com sua loja; E a Amazon que continua com sua politica de preços agradando o cliente e desovando os estoques encalhados das editoras. Nessa equação só perde quem ainda quer apoiar as editoras pagando o preço de capa e as bancas, como as editoras não tem ligado muito para o consumidor e romperam com as bancas elas decidiram correr o risco de ser irracionais.

    • #sentaquelávemtextão

      “Elas olharam para o cenário e perceberam que inflacionar artificialmente o preço de capa é a forma para manter todos satisfeitos na jogada sem diminuir o fluxo de dinheiro”

      Amigo, a gente escreveu esse texto justamente para que vocês parassem com esse tipo de pensamento.Creio que deva ser erro meu, eu tinha que ter escrito muito mais e deixado mais evidente que esse tipo de pensamento sobre “cultura de descontos” não faz sentido. Em outras palavras, eu deveria ter explicado melhor do que expliquei. Da próxima vez eu tento melhorar.

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      Existe uma razão para o surgimento recente de várias lojas das editoras, essa razão chama-se CRISE. Veja bem, sempre foi necessário que uma editora (seja de mangás, quadrinhos ou livros) tivesse uma loja própria, pois é uma forma de vender diretamente, sem precisar arcar com os custos de distribuição. Em uma loja, por exemplo, o consumidor paga o frete se comprar pouco. Porém muitas editoras preferiam não ter esse gasto porque o mercado ia bem (Entenda: loja tem gastos extras, precisa de funcionários dedicados, etc. É uma grana que a editora não precisa gastar se não tem necessidade) . Só que veio a crise, com diminuição dos pontos de venda e ter uma loja (seja física, caso da JBC e da Myhtos, seja online) se tornou uma necessidade ainda maior. Você precisa da venda direta para ter um outro local para escoar sua produção, senão a tiragem (que já iria diminuiu sem banca, sem saraiva e sem cultura) diminui ainda mais e o preço de capa sobe de forma descomunal. É só por isso que mais e mais editoras estão investindo em lojas próprias. Mas como a gente sabe disso? As editoras vivem falando o tempo todo e não há razão pra não acreditar nas falas delas. É fácil perceber quando uma editora está mentindo, e nesse caso claramente não estavam.

      É importante ficar claro que loja de uma editora não pode concorrer com os lojistas. Vai prejudicar os pequenos. Pega o poder das grandes lojas oferecendo mega descontos e pega a loja da editora fazendo desconto também e não há lojista que resista. Editora não faz isso. Não pode fazer isso. É um tiro no pé. Se alguma editora faz sua própria loja para concorrer, ela está indo contra si mesma, está se destruindo por dentro. A NewPOP mesmo sempre disse que a sua loja online era apenas uma opção e ela não queria concorrer com seus parceiros comerciais. A JBC também disse que em sua loja própria não haverá promoções a torto e a direito, será o preço de capa sempre, com uma eventual promoção em alguns itens. As editoras precisam fortalecer os lojistas, precisam ser parceiras dos lojistas, quanto mais lojistas melhor para a editora. Se uma editora abre uma loja e enfia descontos a torto e a direito, vai ajudar a quebrar lojas e daqui a pouco anos vamos ver mangás subindo de R$ 21,90, para 219,90, de tão baixa de que será a tiragem e de tanto que a editora terá que subir o preço porque sua única fonte fora da loja própria será a Amazon.

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      Outra coisa que você disse que não faz sentido é sobre inflacionar artificialmente. Você disse que elas inflacionaram artificialmente o preço de capa. Mas quem são elas? Seria a NewPOP que em 8 anos, subiu o preço de um dado formato de mangá de R$ 19,90 para R$ 21,90 (10%)? (Hetalia x Made In Abyss). Ou seria a JBC que em 2014 lançou um mangá de 132 páginas em Lux Cream custando R$ 23,90 e em 2018 lançou um de 200 páginas custando R$ 23,90? Ou seria a mesma JBC que em 2007 lançou um mangá em offset com orelhas custando R$ 19,90 e em 2017, dez anos depois, lançou um mangá nesse exato mesmo formato custando R$ 19,90. Ou seria a Panini que em 2008 lançou um mangá em offset com orelhas custando R$ 15,90 e em 2017 lançou um mangá no mesmo formato custando exatamente o mesmo valor?

      Eu não sei onde existe essa inflacionamento artificial se uma empresa como a NewPOP só aumenta o preço de um dado formato de mangá em dois reais passados oito anos. Eu não sei como existiria inflacionamento artificial se uma empresa como a JBC lança um mangá com quase 70 páginas a mais do que o outro, quatro anos depois, e mantém o mesmo preço. Está certo que há diferença no formato entre os dois mangás, mas é o mesmo valor por um mangá com muito mais páginas. Se existisse esse inflacionamento que vc diz existir, Erased e Edens Zero não deveriam custar tão pouco. O mesmo vale para o resto, os mangás 2 em 1 da editora só subiram de preço agora, no final de 2018, com o preço congelado durante cinco anos. O que subiu foram os mangás convencionais, mas todos eles subiram de forma natural, 1 real em um ano, 1 real em outro, etc POR CAUSA DA INFLAÇÃO. Somente agora houve um aumento um pouco maior dos mangás da JBC por outra razão, a diminuição da tiragem. Achar que existe um inflacionamento artificial por parte das editoras (JBC e NewPOP) é esquecer que existe inflação, esquecer que existe crise e, principalmente, não compreender como os preços são feitos.

      “Ah, mas e o kanzeban? e o Akira? Vai dizer que o preço deles não tem nada a ver com os mega descontos?” Sim, não tem nada a ver. A editora faz o preço que quiser. E editora estabelece o quanto ela quer lucrar e o quanto ela precisa lucrar. A editora faz os cálculos todos (como a distribuição e a revenda) e chega ao valor. É a editora que decide. A editora não precisa levar em conta essa cultura de descontos. Tanto que não levaram. Tudo continuou igual. Está citado no texto, mas veja esse vídeo. Ele é bom para esclarecer como o preço de capa de um produto é feito.

      https://youtu.be/A0hzO1zSkTo?t=3

      ——–

      Mesmo na Panini, todos esses anos os aumentos dos preços dos mangás foram pontuais. E quando as megapromoções começaram a se tornar constantes (fim de 2015, início de 2016) houve até DIMINUIÇÃO no preço de um formato de mangá. Em 2015, lançaram Planetes (offset, orelhas) a R$ 18,90. Em 2016, Vagabond e OPM vieram no mesmo formato custando R$ 17,90 e R$ 16,90 respectivamente. Em 2017, houve volume único assim por R$ 15,90 (preço que a Panini praticava em mangás desse formato lá em 2008, que já citamos acima). Como essa “cultura de descontos” e o “inflacionamento artificial” por causa deles explica uma diminuição de preço em um formato de mangá? Ora, está claro que nunca existiu inflacionamento artificial nos preços mangás.

      Agora a coisa mudou. Mas o que mudou? A Panini percebeu que estava perdendo dinheiro com os descontos das lojas e decidiu superfaturar os mangás? Não, cara pálida. Chama-se, CRISE. A crise ficou forte e afetou a Panini. Desde o final de 2017, a editora está dizendo isso em palestras. Logo, se os preços estão subindo, o natural, o normal, o sensato a se pensar, é que a Panini não conseguiu segurar mais os preços e tudo subiu descomunalmente. Não tem nada a ver com política de descontos.

      É só você ver a loja da Panini. Ela existe há muitos anos e nunca houve muitas promoções. Por que ela está fazendo tanto agora? Por causa da Amazon? Por causa da cultura dos descontos? Não, por causa da crise. A editora precisa se livrar do estoque tanto para fazer dinheiro quanto para evitar de perder (estoque custa caro, se for em SP então…). Essa é a explicação racional. Falar que é por causa de descontos é teoria da conspiração, lenda urbana, que foi justamente o motivo de o texto ter sido escrito, para que vocês parassem de acreditar nessas coisas, pois elas não fazem sentido algum.

      Se você sabe como o preço de um mangá é decidido e se você sabe a crise que está acontecendo no mercado, você não tem como pensar de forma racional que a “cultura dos descontos” tem alguma coisa a ver com a escalada dos preços. Pense bem, amigo, o que é mais lógico? A editora não estar mais conseguindo ficar no azul e precisar aumentar os preços OU a editora querer aumentar os preços porque vê as pessoas comprando com desconto?

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      Só para terminar: não é tão verdade assim que descontos se tornaram a regra, pois muita gente compra no lançamento e sem qualquer desconto. Aqui no blog tem links da Amazon, não sabemos quem compra, mas sabemos o que se compra e o quanto se paga. Muita gente compra na pré-venda sem descontos. Fora que sempre acompanhamos algumas lojas especializadas e muitos lançamentos esgotam assim do nada. Isso é especialmente verdade em relação aos mangás da Panini, pois ela exige que você compre no lançamento ou o mais perto possível dele. Se você esperar desconto, periga esgotar e já era.

      • Victor Lucas Brito de Andrade

        Obrigado pela paciência e educação Kyon, por gastar tempo respondendo a alguém que parecia não ter lido o que você teve trabalho para escrever, na outra postagem(dos destaques da semana) eu não tinha lido mesmo XD mas mesmo depois de ler essa daqui ainda fiquei com a pulga atrás da orelha. Espero que como serviu pra mim, sua resposta também sirva para os outros como eu. Parecia mais plausível os preços serem puxados para cima para oferecer promoções em seguida(atiçando o lado consumidor do cliente), assim como termos passado por uma redução de custos com a migração das venda por distribuição em bancas(que era muito cara), por vendas concentrada nas grandes varejistas ou direta. Para mim ainda podia ser justificada numericamente, mas talvez eu só estivesse olhando os exemplos que colaboravam com isso, principalmente com esses aumentos do ultimo trimestre da Panini, e desconsiderando todos os outros. Com os números na nossa cara fica difícil discutir, e mesmo com as peculiaridades de cada exemplo, que você até se deu ao trabalho de ressaltar, analisando a evolução dos preços não da para dizer que houve um aumento artificial e/ou generalizado. Como eu queria ter acesso as tiragens e vendas para saber se nosso mercado esta mesmo crescendo, estagnado ou diminuindo. Me surpreende também que existe volume considerável de gente que pague ainda hoje o valor cheio, como comentei na outra postagem desde sempre comprei mangas com desconto, acho que o único que acompanhei do inicio ao fim em bancas foi Furuba, mesmo naquela época foi só um capricho pois o resto comprava em eventos ou na Comix. Acho que minha maneira de consumo é diferente, ela tem que caber no meu bolso, e entendo o medo que a galera tem da Panini, com eles faço assinatura se não posso perder aquele titulo, também com desconto. Se chego depois e perco a oportunidade por esgotamento, ou desapego ou vou para o mercado cinza e tento comprar a coleção completa.
        Espero que a economia melhore logo, e mais gente possa afrouxar os cintos e gastar um pouco com lazer, também que mais pessoas adquiram gosto pela leitura tanto de mangas como livros.
        E aproveitando o texto:
        Muito obrigado pelo ótimo trabalho\o/
        Sempre venho aqui nas horas vagas acompanhar as novidade, sou um pouco prolixo na escrita e nem sempre tenho esse tempo para escrever, mas de vez em quando vou arranjar um tempo e venho agradecer, os gastar um pouco mais a paciência de vocês.
        Valeu, fui ~(>”)>

      • Q texto maravilhoso!

        É claro q as pessoas gostam de criar teorias das conspirações para tudo! No caso dos preços, sempre esquecem o período q eles ficaram congelados (no mesmo peri odo os custos das editoras aumentaram por causa da inflação) e só usam os casos mais ‘extremos’ para montar a teoria!!

        Eu fico revoltado com os aumentos dos preços da Panini não pq eu acho q ela tá querendo “ficar rica e blá blá” mas pela desorganização q ela aparenta estar no momento.. Nenhuma empresa faz essa escalada de preços se tudo estivesse indo bem, então fica claro q a Panini deve estar no vermelho por causa da crise, segurou os preços por um tempo achando q o mercado iria se recuperar, mas a situação não melhorou, ai teve q apelar para os aumentos dos preços…
        Nesse caso a JBC dá uma boa lição de como contornar a crise, fazendo vários ‘testes’ de novos formatos, novas formas de publicação e etc… não só aumentando os preços…

  • As vezes penso se ele seguraram o preço dos aumentos por muito tempo e tiveram que repassar um aumento maior de uma vez. As vezes da para segurar um preço de um produto uma loja, mas vai ter uma hora que não vai dar mais para segurar e vai ter que um aumento para cobrir esse prejuízo.

    Devido aos problemas com distribuição em banca, a crise das bancas em si , crise das livrarias Saraiva e Cultura e talvez até preço de papel, com vários fatores desse tipo uma hora ou outra o aumento viria.

    Não acredito que uma loja faça um aumento grande sem motivo só para se aumentar a margem de lucro. Seria algo inacional e prejudicial as próprias vendas. Mas nenhuma empresa consegue operar em prejuízo por muito tempo sem falir. (talvez as únicas que consigam sejam as empresas publicas)

    Um outro problema é que dependendo do aumento alguns títulos que não tinham uma venda boa vão correr mais risco de serem cancelados.

    A crise está em todos os setores de nossa economia. Sobreviver com algo que não seja de primeira necessidade é algo difícil. infelizmente mangas e revistas não se enquadram nisso. Seriam algo como um artigo de luxo de certa forma.

    Nesses 3 anos que se passou por exemplo ainda não vi um aumento salarial e até cortaram partes de benefícios para cortes de despesa. Em outras palavras devido a crise vi diminuição de salario.

    A crise é realmente um grande problema da economia em geral e isso se reflete em todos os setores. Só espero que nosso mercado de quadrinhos consiga superar essa crise.

  • Canoa Furada

    Excelente matéria. Então realmente não dá pra entender nada da política de preços da Panini.

  • Ghabriel Fratari

    Parece que a amazon tem uma relação bem amigável com as editoras, vejo o Pipoca e Nanquim comentar algumas vezes que a Amazon apoia muito eles, mesmo sendo uma editora pequena com produtos mais de alto nível

  • Shikamaru

    Excelente texto, parabéns! Muito esclarecedor e objetivo. Acho muito interessante compreender como o mercado funciona de fato.

  • Eduarda

    Quanto a feira da USP também é importante salientar que para a editora poder participar da feira ela precisa se comprometer a dar desconto de no mínimo 50%. É um dos requisitos para as editoras participarem da feira esse desconto.

    • Henrique Cassiano

      Mangás digitais também têm vários custos, custos inclusive que mangás físicos não têm. A JBC mesmo deixou isso claro em um vídeo, dizendo que dependendo da obra a versão digital pode chegar a ser mais cara que a versão física. É raro ver isso, mas acontece.
      Por exemplo, mangás digitais também precisam de um local de armazenamento, isso tem custo,conversão de tipos de arquivo é algo que eu já vi que custa bastante pras editoras também. Sem falar que o material que é licenciado pro físico não é o mesmo do digital, ou seja, se a editora quiser vender algo em formato físico e digital terá que pagar os royalties duas vezes, porque são produtos diferentes.
      O buraco é bem mais embaixo do que parece…

  • Que texto maravilhoso, AAAAAAA
    Sobre venda em consignação: faziam (fazem ainda, né?) em banca de jornal. Só lugares com muita grana compram mesmo e deixam guardado vendendo.
    Sobre descontos pontuais, é verdadeiro, já aconteceu de eu ver editora vendendo em evento de anime mangás com preço abaixo do preço de capa por causa disso.
    A Comix, salvo engano, dá 20% de desconto em compras na loja física, não sei se outras lojas fazem o mesmo, mas claro, não se compara aos descontos da Amazon.

    • Loof

      O desconto é acima de 100 reais. E se não me engano, é 10%. Não sei se ainda trabalham com esse esquema, mas não acho que abandonaram esse esquema de desconto acima dos 100. E vira e mexe tem promoção rolando solta na loja física e virtual.

    • Kauê

      Eu trabalho em banca e tudo o que nós recebemos é consignado. No entanto a gente só ganha 18-20% em cima da cada revista, porque é numa cidade do interior, então precisa passar por uma segunda distribuidora da região que come mais um pedaço da porcentagem. Mangás e HQs geralmente ficam entre 1 a 3 meses aqui, e depois vai mais umas duas semanas pra nós pagarmos o boleto de cobrança à distribuidora. Realmente vão meses até a editora receber a grana das bancas.

    • Muitas lojas especializadas realizam descontos nas pré-vendas, mas isso é algo bem antigo. Ocorre desde sempre. Ao menos desde 2012, Comix e Liga HQ faziam isso, embora Liga HQ fosse de modo diferente, por meio do seu programa de pontos.

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