Resenha: O anticlimático final do volume 9 de “Re: Zero”

Quando nem tudo dá certo…

O POST A SEGUIR ESTÁ REPLETO DE SPOILERS QUE VOCÊ TALVEZ NÃO QUEIRA SABER, LEIA POR CONTA E RISCO.

No final de fevereiro, a editora NewPOP publicou o nono volume da light novel Re: Zero, finalmente alcançando e ultrapassando a parte que foi adaptada em animê. Com isso, somos o terceiro país ocidental a conseguir essa marca, os outros foram a Polônia (que já está BEM adiantada com a publicação) e os Estados Unidos, que também publicou o volume 9 em fevereiro.

Acerca do conteúdo do volume, creio ser de conhecimento corrente que esse nono livro não foi totalmente adaptado no animê. Existe uma razão bem clara para isso. O desenho animado foi encerrado em um bom momento, o da reconciliação (ou reencontro) entre Subaru e Emília. Era um ponto perfeito para acabar a primeira temporada, de uma forma positiva, alegre e esperançosa. Não fosse assim, os fãs que conheceram a obra pelo desenho estariam puxando os cabelos e exigindo uma segunda temporada para ontem (mais do que já fazem).

A continuação do volume é um cliffhanger para o próximo arco, ou seja um gancho para o início da próxima jornada de Subaru. Entretanto, esse cliffhanger fez o volume 9 ficar um pouco anticlimático. Esse tomo era para ser o livro da vitória, o livro em que tudo dá certo e se consegue derrotar o Preguiça, salvar Emília e todos os demais. É isso que parece acontecer, a felicidade parece reinar até que… “Quem é Rem?”. A frase é dita por Emília, quando Subaru conta a ela que Rem havia se declarado a ele.

O que teria acontecido? O que teria dado errado no plano tão bem elaborado ao longo de diversas mortes e mais mortes de Subaru Natsuki? Se você viu aquelas inúmeras postagens mostrando o que acontece após o final do animê que pipocaram na Internet na época da adaptação, você deve saber parte do que aconteceu.

Subaru cuidou de um lado da luta e achou que o outro lado estivesse resolvido, não prevendo ou não imaginando que a seita de bruxa fosse tão poderosa. Com a morte da Baleia Branca, dois novos arcebispos pecaminosos apareceram, o Gula e o Avareza, e eles ocasionaram um ataque às forças que derrotaram a Baleia que não tinham ido com Subaru derrotar o Preguiça.

O ataque resultou em três situações distintas, muitos foram mortos, alguns tiveram suas memórias apagadas, enquanto outros foram esquecidos pelas pessoas. Crusch karsten, a candidata ao trono de Lugnica, teve o braço arrancado e a memória apagada, e Rem foi esquecida da mente de todos, exceto é claro a de Subaru Natsuki.

Foi anticlimático porque não ficou com a sensação de “dever cumprido” que o fim dos outros arcos tiveram. No primeiro, mesmo Subaru tendo a barriga cortada no final, tudo havia se resolvido e Emília, Felt e o velhor Rom, assim como o próprio Subaru, haviam sobrevivido. No segundo, igualmente ele e os demais moradores  da mansão sobreviveram e tudo pareceu calmo, feliz e normal. Agora, não.

Rem, além de ter sido apagada da memória de todos, ainda estava inconsciente e pelo prognóstico não iria conseguir acordar tão cedo (Síndrome de Bela Adormecida?). A luta contra a seita da bruxa deveria continuar. Foi realmente um anti-clímax que incomodou, como era certamente o desejo do autor. Mas olhemos por um ponto positivo, já colocou um ponto de partida para o próximo arco e já podemos imaginar os próximos acontecimentos.

Muitas coisas ficaram em suspenso ao fim do livro, a começar por esse caso da Rem. Naturalmente, Subaru é um protagonista típico, portanto é um ser especial capaz de ver mãos invisíveis e também se lembrar de pessoas que deveriam ter sido esquecidas. E sendo assim, olhem como essa “maldição” é cruel. Não fosse, Subaru, Rem ficaria dormindo para sempre e ninguém sentiria a falta dela, porque ninguém saberia que ela existiu. Era uma maldição que significava literalmente a morte para a pessoa. Com a presença de Subaru, porém, a coisa muda de figura e algo pode ser feito com o intuito de fazer com que a garota desperte e todos lembrem dela. Para Subaru isso também representava algo ruim, pois se ele era o único que se lembrava, era o único que estava sofrendo.

Para além disso, Wilhelm era outro que foi impactado pelas ações da seita da bruxa. Se, por um lado, ele havia conseguido vingar a derrota da esposa para a Baleia Branca, por outro ele se viu em uma situação que não esperava. Em seu braço há um ferimento que nunca conseguirá ser curado, porém quanto mais longe ele estiver da pessoa que o fez, menos ele ficará aberto. O ferimento fora feito por sua esposa e agora ele abrira mais e estava sangrando. Qual a razão disso? A esposa dele estaria viva? fora ressuscitada de algum modo? Essa pergunta ficará para ser respondida nos próximos volumes.

Existem outras coisas que ficaram em suspenso, algumas delas contribuindo para que a sensação de anti-clímax perdurasse, mas são coisas que podem ficar para serem respondidas no decorrer da trama, o que acontece é que a gente esperava que fossem ao menor ser mencionadas novamente ao final do livro. Por exemplo, a atuação de Roswaal, o marquês de Marthers.

Com a apresentação de Emília – uma meio-elfa de cabelos prateados – como uma candidata ao trono de Lugnica, a aparição da seita da bruxa era previsível como muitas vezes mencionado durante o terceiro arco, porém aparentemente o marquês não fez nada para proteger Emília e os moradores da Vila Alam. Está certo que Roswaal arquitetou uma aliança da chapa de Emília com a de Crusch, mas isso é muito pouco para proteger a todos, vide todas as mortes que teriam acontecido se não fosse o poder de retorno da morte de Subaru. Para alguém que tem planos grandiosos acerca do dragão, esse é um tipo de descuido que não condiz com ele.

Pelo que a gente já viu em outros volumes, o natural a se pensar é que o marquês de Mathers tinha sim um plano de proteção, só não sabemos o que é (saberia ele que Subaru veio de outro mundo e tem poderes? Quase tudo o que o Roswaal fez incluía uma participação de Subaru: a ida dele ao Palácio Real, a intromissão dele quando estivessem falando mal de Emília, a formação da aliança com Crusch, etc).

Do mesmo modo, também está claro (ou está sugestionado) que há alguém querendo tirar Roswaal de perto da mansão, sempre que um acontecimento está por vir. Foi assim no caso das bestas mágicas, foi assim no caso do ataque do Preguiça. Se nossa memória não falha, o responsável por tirar o marquês de cena foi o mesmo. Ou esse seria um plano de Roswaal? Há muita coisa ainda não dita, há muita coisa que os personagens querem esconder ou não falar tão abertamente. Pelo que a gente sabe do autor, ele deve ter deixado diversas pistas escondidas ao longo dos volumes, mas que ainda não fomos capaz de perceber. Estamos ansiosos pelo volume 10…

Não lembro se cheguei a comentar aqui no blog, mas na época da exibição do animê eu gostei dele, mas não achei que fosse nada demais. Era apenas mais um, entre muitos isekais que existiam. Mas aí eu comecei a ler a light novel e… era outra coisa completamente diferente. Uma história que eu achei muito boa e muito bem elaborada e tem se mantido assim até aqui.

Re: Zero é uma light novel que vai evoluindo a cada volume, trazendo coisas novas e nos apresentando uma história que tende a se estender bastante. Se você viu o animê e não está colecionando a série de livros, eu acho que você deveria mudar isso imediatamente, pois você irá gostar ainda mais de Re: Zero.

• Ficha Técnica
  

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Título: Re: Zero – Começando uma vida em outro mundo
Autor: Tappei Nagatsuki
Tradutor: Thiago Nojiri
Editora: NewPOP
Número de volumes no Japão até o momento: 19 (ainda em publicação)
Número de volumes no Brasil até o momento: 9 (ainda em publicação)
Dimensões: 10,6 x 14,8 cm
Miolo: Papel Avena
Acabamento: Capa cartonada com orelhas, miolo costurado, páginas coloridas em couchê
Classificação indicativa: 16 anos
Preço: R$ 26,90
Onde comprar: Amazon / Americanas