NI 352. Japão: Em 2018, pelo 2º ano seguido, mangás digitais venderam mais que os impressos

Além disso, foram os os responsáveis pelo aumento de vendas em 2018

Lembra como 2017 foi um ano histórico no Japão, quando pela primeira vez os mangás digitais tiveram uma receita de vendas maior que as revistas e mangá físicos? Se você tinha dúvidas se isso realmente seria a norma a partir de então, 2018 é prova que digitais chegaram para ficar.

Segundo o relatório anual de publicações, no ano passado o mercado de mangás e revistas japonês teve um leve aumento na receita das vendas, com um total de 441,4 bilhões de ienes. Mas embora seja um aumento em relação a 2017, ainda é um valor abaixo do melhor ano da década, que ultrapassava os 450 bilhões.

Desses 441,4 bi, os volumes de mangás representaram quase 80,5% das vendas, sendo os mangás digitais 44,5% e os físicos 36%, já as revistas físicas ficaram com 18,7% e as digitais tiveram um aumento risível, com 0,8% do total.

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Como pode ver, em relação aos anos anteriores, a renda proveniente dos volumes físicos continua em queda. Inclusive, vale comentar que o valor arrecadado pelas revistas físicas hoje representam 50% do valor de 2011, enquanto o arrecadado pelos mangás físicos representa 2/3 do mesmo ano. São realmente quedas contínuas e até acentuadas em alguns anos.

Somando essas quedas ao aumento vertiginoso dos mangás digitais, esse segmento do mercado (o de ebooks de mangás) está quase representando 50% do total de vendas de todos os tipos! Nada mal para uma iniciativa que se iniciou no final da década passada, né? Dá uma olhada na comparação aos anos anteriores:

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Para notarmos as revistas digitais, é necessário um zoom, confira aqui elas e os totais:

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Além dos dados da receita de vendas, os dados de cópias em circulação também foram divulgados, lembrando que esse dado aplica-se apenas para as edições físicas e ressaltam a queda de venda desse tipo de mídia. Foram 289,23 milhões de cópias de mangás em circulação e 235,11 milhões de revistas. Veja a relação entre os anos:

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Essa realidade foi algo muito visível só de olhar a retrospectiva do ano passado, quando as vendas em geral foram abaixo dos anos anteriores (que são contabilizadas majoritariamente através de lojas físicas ou de grande porte) e ausência de novos recordes de tiragem por parte das séries mais populares.

Com essa mudança de consumo, aquelas listas de mais vendidos e as listas de tiragem recordes já não vão mais representar tanto assim a realidade da receita das séries. E como muitas das vendas online acontecem através de aplicativos, sites especializados e pelas próprias editoras, é complicado que nos próximos anos tal possa ser facilmente contabilizado pelas empresas de estatísticas responsáveis por esse tipo de informação.

Por fim, deixo aqui um comentário interessante de um japonês em resposta à publicação desses dados: “Até aqui, os digitais não são nada mais do que o volume físico reproduzido em outra mídia. Mas me pergunto como será o futuro quando o digital não mais refletir um físico, mas assuma o papel de formato primário?”

-Quer ter uma visão mais ampla do mercado japonês e o seu passado? Então, leia também:


Os dados aqui apresentados são divulgados no Japão pela Ajpea (associação de editoras de livros e revistas japonesa) por meio de publicação própria. Nossa fonte é o Soorce.

8 Comments

  • Digital é tão mais prático e barato que nem cogito mais comprar mangá físico. Com o mesmo limite de gastos mensal dá pra comprar quase o dobro de mangás, não precisa pagar frete/esperar chegar/ir na banca, não ocupa espaço nenhum.

    Não acho que deva acabar o físico, tem que ter a opção para todo mundo, mas adoraria que todos os lançamentos atuais (e os de catálogo) saíssem em formato digital também.

  • Horu

    O que você acha disso, Kyon? Acredita que isso vá mudar a dinâmica de publicação aqui no Brasil daqui há uns 5 anos?

    • Roses

      Pessoalmente acho que digital tem tudo paga dar certo no Brasil, onde leitura é consumido pelas classes mais altas somente, com dimensões territoriais imensas e completa falta de sistema barato de transporte para esses livros. Digitalizar aumenta e muito o acesso dessa classe que tem dinheiro pra Kindle, smartphone, tablets, etc, se feito um planejamento e uma campanha de conscientização. Infelizmente mata de vez o acesso das classes mais baixas, o que não acontece no Japão.

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