Resenha: “Yuuna e a Pensão Assombrada” (volume 1)

Uma espécie de Love Hina em que o Keitarô é um medium e a Naru um fantasma

Em fevereiro de 2016, as páginas da revista Weekly Shonen Jump começavam a trazer um novo mangá dentre tantos outros. Era Yuuna e a Pensão Assombrada (ゆらぎ荘の幽奈さん), um dos típicos mangás da revista que envolvem comédia e ecchi. No caso, um daqueles ecchis mais espalhafatosos possíveis. De autoria de Tadahiro Miura, a obra ainda se encontra em publicação no Japão e recentemente ganhou uma adaptação em animê, exibida entre julho e setembro de 2018 e disponível em nosso país via Crunchyroll.

O mangá foi anunciado no Brasil pela editora Panini em janeiro de 2019 e pouco surpreendeu já que Yuuna é um daqueles mangás mais do mesmo da Shonen Jump que mais cedo ou mais tarde aparecerem por aqui. Era tudo uma questão de tempo realmente. Publicado o primeiro volume, adquirimos um exemplar e viemos dar nossa opinião sobre a obra. Vem ver :).

  • Sinopse Oficial

Fuyuzora Kogarashi é um “Médium da Pancadaria” que está afundado em dívidas após ter sido possuído por um espírito maligno que o fez perder tudo! Enquanto busca um lugar para morar onde o aluguel seja muito barato, ele acaba encontrando a Pensão Yuragi, uma hospedaria antiga e bem suspeita!! Ele só não contava que lá fosse assombrado por um espírito de uma menina que não consegue fazer a passagem para o além!

  • História e Desenvolvimento

Uma obra que se passa em uma pensão cheia de garotas imediatamente remete à Love Hina, a obra mais famosa de Ken Akamatsu. Dado o contexto do mangá, jocosamente, podemos dizer que Yuuna e a Pensão Assombrada é uma espécie de Love Hina em que o Keitarô é um medium e a Naru um fantasma, pois vez ou outra o protagonista se vê em situações inusitadas e Yuuna acaba mandando ele para longe. Mas as semelhanças acabam nisso e o mangá de Tadahiro Miura traça caminhos próprios e bem mais ousados.

Yuuna e a Pensão Assombrada é herdeiro da cota de mangás de comédia com toques de ecchi da Weekly Shonen Jump, que já fizeram parte obras como To LOVE-Ru e Video Girl Ai. Yuuna não desaponta para nenhum dos dois lados. Se você quer uma boa comédia você terá ela, se você quer cenas ecchi também terá bastante, tudo isso em meio a uma história de um medium que tentará ajudar a uma garota fantasma a fazer a passagem para o além.

Basicamente, o protagonista da história, Fuyuzora Kogarashi, depois de ser várias vezes possuído, chegando a ir a falência, resolve se tornar um medium para acabar com essas entidades. Seu treinamento resulta em um golpe específico, ele consegue exorcizar os espíritos dando socos neles^^.

Quando ele fica sabendo da existência da Pensão Yuragi e resolve se hospedar nela lhe é oferecida a seguinte proposta, se ele conseguir exorcizar a pensão, poderá viver para sempre de graça no local. Entretanto, o fantasma de lá é uma jovem garota chamada Yuuno Yunohana, a quem Fuyuzora não consegue dar um soco, já que se trata de uma mulher e uma mulher boazinha que não faz nada de mal.

A história se desenvolve com Fuyuzora tendo que conviver com Yuuna e diversas outras garotas da pensão ao mesmo tempo em que ele tenta pensar em um jeito de descobrir o “assunto inacabado” de Yuuna e fazer ela ir para o além. No meio disso, entretanto, diversas situações acontecem, situações que envolvem algumas lutinhas, desafios meio-cômicos e, obviamente, personagens sem roupas^^. Confusões e mais confusões acontecem, tanto entre o rapaz e as moradoras da pensão (que não são simples garotas, mas sim diversas entidades), quanto com gente de fora, como com seus colegas de escola.

Apesar de um grande séquito de personagens nesse volume inicial, quem se destaca mesmo são os protagonistas Kogarashi e Yuuna, ele se envolvendo em confusões, sendo alvo de risos e espancamentos, e ela sendo o causador de alguns desses momentos^^. Yuuna, na verdade, é um amor de personagem, feito de um jeito para que o próprio leitor queira protegê-la e até sinta pena das situações embaraçosas que vez ou outra ela experimenta. Quanto à Kogarashi, ele é aquele protagonista determinado de sempre, que está com um objetivo em mente e fará de tudo para consegui-lo. O objetivo, nesse caso, é fazer Yuuna ir para o céu e, com isso, ele conseguir uma moradia de graça.

Permaneça pobre para sempre!

Yuuna e a Pensão Assombrada é apenas isso, uma historinha de comédia bastante divertida que lhe tirará sorrisos e gargalhadas aqui e ali com as diversas situações em que o personagem principal irá se meter. Uma das cenas mais icônicas desse volume inicial, por exemplo, ocorre quando Kogarashi resolve ir a um parque aquático com Yuuna utilizando um ingresso para casal e ele tem que explicar que só ele consegue ver sua namorada, gerando certo constrangimento para ele e para as atendentes.

É tão estranho assim ter um encontro com um fantasma?

Nesse volume inicial, o mangá não apresenta aquela pegada de romance que obras similares costumam ter e isso pode ser um demérito se você gosta de obras mais românticas ao estilo Love Hina, Video Girl Ai ou mesmo o horrível e esquecível DNA². Kogarashi e Yuuna parecem ser apenas e tão somente bons amigos nesse número primeiro, e não dá para cravar por esse início se haverá um desenvolvimento em termos românticos, embora a afeição de um pelo outro esteja ficando bem clara.

No mais esse é Yuuna e a Pensão Assombrada, um mangá mais do mesmo, um feijão com arroz básico, que irá te divertir muito, principalmente se você gostar de comédia com ecchi. Se você gosta de To Love-Ru e obras similares, há grandes chances de você gostar de Yuuna.

  • A edição Nacional

A edição brasileira foi publicada no formato 13,7 x 20 cm (o tamanho padrão da editora), com miolo em papel offwhite e capa cartonada com sobrecapa, para a surpresa de todos. Não é o primeiro mangá da editora a ter sobrecapa no Brasil, mas já faz mais de uma década que a Panini não utilizava esse item em seus mangás por aqui. O preço da edição é R$ 24,90.

De modo geral, eu não posso dizer que a edição esteja boa. O meu exemplar veio com problemas de maleabilidade, de modo que ao folhear o mangá as páginas fazem um crec e elas ficam meio amassadas se você abrir demais (parecido com aqueles horríveis mangás que a editora Alto Astral lançava alguns anos atrás, lembram?). A gráfica colocou cola demais ou cometeu algum outro erro que fez as páginas do meu mangá ficarem assim. Não vi outras pessoas reclamarem, então deve ser algo pontual da minha edição.

Quanto à sobrecapa, a Panini utilizou o método Devir e fez a sobrecapa com lombada quadrada, diferente da NewPOP e da JBC que fazem uma lombada redonda, similar à japonesa. É uma questão de estética, eu prefiro a lombada redonda, mas só de ter um mangá da Panini com sobrecapa já é um avanço. Para além disso, gostei bastante do modo como a sobrecapa é feita, possuindo um desenho próprio que ao retirá-la você encontra outro desenho, uma Yuuna envergonhada de terem tirado sua roupa. Demais^^.

Um ponto que se deve destacar é que mais uma vez a editora colocou uma sinopse na parte de trás do mangá. Anos atrás isso inexistia nos mangás lançados pela editora, hoje mais e mais obras estão vindo com um apanhado da série para instigar mais os que desconhecem aquele título. Outro ponto a comentar é que diferentemente das obras das outras editoras, a lombada do mangá sem sobrecapa também possui o nome do mangá. Ou seja, se você perder a sobrecapa ela não lhe fará falta na sua estante!!!

Em relação ao texto, não encontrei erros de revisão de língua portuguesa no mangá, mas o volume tem nítidos problemas de consistência na adaptação, especificamente em relação ao modo de chamamento dos personagens, ora a editora usando honoríficos japoneses, ora não usando. Yuuna, por exemplo, vive chamando Fuyuzora Kogarashi de senhor Kogarashi, mas em um determinado momento ela o chama de Kogarahi-san, para logo em seguida voltar a chamá-lo de senhor Kogarashi.

Não é apenas nesse momento em que ocorre esse tipo de mudança, mas esse é o mais emblemático, por ter acontecido em um intervalo de pouquíssimas páginas. O que aconteceu nesse mangá? Existem diversas possibilidades, mas o que mais me parece factível é que o tradutor deve ter deixado honoríficos na tradução, afinal esse era um tipo de mangá que a editora habitualmente usaria eles como é prática na empresa, mas em alguma etapa do processo alguém decidiu que a editora não deveria usar e tiveram que fazer alterações retirando todos eles. Muitas delas não foram feitas e alguns honoríficos passaram batido no processo de revisão, ocasionando nessa inconsistência. O volume 1 já foi, o jeito é torcer para que os erros não se repitam no volume 2.

  • Conclusão

Se você está à procura de uma boa comédia e não tem problemas em ver cenas e mais cenas de mulheres sem roupa, Yuuna e a Pensão Assombrada é um bom mangá para você dar uma chance. Ele não tem o charme e a sofisticação de Love Hina, não é primoroso como Vídeo Girl Ai, mas tem o seu método de desenvolvimento próprio que fará você se divertir bastante.

Se você não gosta de ecchi, tem outros mangás no mercado para você acompanhar^^.

  • Ficha Técnica

Título: Yuuna e a Pensão Assombrada
Autor: Tadahiro Miura
Tradutor: Felipe Monte
Editora: Panini
Número de volumes no Japão: 15 (ainda em publicação)
Número de volumes no Brasil até o momento: 1 (ainda em publicação)
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel offwhite
Acabamento: Capa cartonada com sobrecapa
Classificação indicativa: 16 anos
Preço: R$ 24,90
Onde comprar: Amazon / Americanas

9 Comments

  • Hugo Samsa

    Esse “crec crec ” devido a má encadernação do volume, é por causa da gráfica. todos os mangás da Panini impressos pela GRÁFICA SÃO FRANCISCO apresentam esse problema. Golden Kamuy vol 1 foi impresso na Cunha Facchini e veio maleável, com ótimo acabamento. já o vol. 2 foi impresso nessa São Francisco e está horrível. é só verificar no editorial do mangá em que gráfica ele foi impresso. se o vol. 3 de Golden Kamuy for dessa gráfica, eu vou parar de comprar.

  • Ken-Oh

    A esses malditos crec crec dessas novas versões da Panini, passo um perrengue com o mangá de DBS por conta.
    Era um titulo que queria pegar pela zuera, mas o preço pesou e vou deixar passar, mas realmente é triste ver q os problemas de encadernação n são só de um manga, mas de vários.

  • No meu, não tive problema dele fazer esses “crec” “crec” quando folheia. Mas ao acabar de ler ele ficou arreganhado. Felizmente guardo em um saquinho que o mantém fechado.
    Infelizmente, esse mangá foi impresso na maldita gráfica São Francisco, que costuma fazer encadernados que sofrem desses problemas. Pelo menos é o que acontece com muitos mangás impressos nela, que tive contato.
    Uma pena a Panini insistir em mandar um ou outro mangá pra essa gráfica. Não sei se a Cunha-Facchini, que costuma encadernar melhor, não dá conta de todas as publicações da editora…
    No mais, tô amando esse mangá.

  • Gabi

    Eu achei a obra tão divertida! Mas como você e Breno falaram, esse crec crec crec é horrível… Que desperdício! No primeiro dia estava maravilhoso, até estranhei não ter nenhum problema físico, mas agora… Não consigo nem abri-lo direito. Grrrrr…
    Se esse problema persistir não sei se continuarei a série, porque quero algo que eu possa ler novamente. Pior que estava muito curiosa para saber como seriam as outras contracapas…

  • Breno Leme

    Kon, o meu também ficou assim, logo quando ele foi para as bancas eu comprei. No primeiro momento achei a qualidade ótima e tals, deixei ele em casa e fui ler hoje está horrível, até gravei um vídeo, está duro, as páginas fazem um monte de “crec crec” como você diz, isso que eu sempre deixo de lugares fechados longe da umidade.
    No primeiro momento eu gostei, mas da vontade de ir na banca trocar porque olha, ficou horrível…

    Depois de ler o mangá fui assistir o anime na Crunchyroll e está igualzinho sem tirar nem por, até o terceiro episodio é todo volume 1 do mangá, bem divertido.

  • D.D

    Espero que Golden Kamuy venha nessa sobre capa quadradinha também. As arredondadas me dão uma falsa impressão de que estão meio “frouxas”.

  • RPM Souza

    “isso pode ser um demérito se você gosta de obras mais românticas ao estilo Love Hina, Video Girl Ai ou mesmo o horrível e esquecível DNA²”

    COMO ASSIM VOCÊ NÃO CURTE A HISTÓRIA DO MEGAPLAYBOY!!!!! É uma mistura perfeita de Dragon Ball com Love Hina! COMO VOCÊ NÃO RIU COM A MINA QUE PEIDA QUANDO FICA NERVOSA?!?!?!

    • Eu já gostei de DNA² no passado, já achei uma história muito legal, mas hoje… cada vez que leio aquilo mais ruim a obra fica. Os defeitos ficam mais e mais claros e as poucas qualidades (ou supostas qualidades) definham. É como diz o ditado: “você nunca entra no mesmo rio duas vezes”.

      (Achei que já tivesse uma resenha de DNA² no blog, mas ainda está nos rascunhos, em algum momento no futuro termino ela e publico).

  • “Para além disso, gostei bastante do modo como a sobrecapa é feita, possuindo um desenho próprio que ao retirá-la você encontra outro desenho, uma Yuuna envergonhada de terem tirado sua roupa. Demais^^. ”

    Kyon seu safadeeenho! Sou conservador demais pra esse título rsrsrs.
    Gosto muito de Love Hina, diria até que é meu mangá favorito no gênero, mas pelas imagens que vi tem ecchi demais para meu gosto. Se fosse comparar Love Hina com algo, diria que Nisekoi é semelhante até demais.
    1 – Promessa de infância (e não lembra com quem)
    2 – Adendo que há mais de uma garota na promessa
    3 – Garota que luta
    4 – Personagem que é princesa de um reino fictício; Isso que lembrei em 2 minutos!

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