Resenha: Happiness #05 (ou o mangá que você lê em menos de 15 minutos)

Hora de time-skip

Mais de uma vez eu vi pessoas comentando nas redes sociais que mangás do Shuzo Oshimi devem ser lidos em “maratona”, tudo de uma vez. O que eu pensava é que as obras do autor eram tão boas, mas tão boas que você não iria conseguir parar de ler. Quando eu li o primeiro de Happiness, publicado no Brasil pela NewPOP, essa ideia foi corroborada, pois o volume tinha sido intenso e pouca coisa fora revelada sobre a história, dando-nos ânsia e curiosidade sobre o que aconteceria depois.

Embora eu continue gostando do mangá, os demais volumes diminuíram essa ideia e a leitura do quinto volume nos deu uma outra dimensão sobre a frase que vimos nas redes sociais. Não posso falar pelas outras obras do autor, mas Happiness passa voando. Eu já havia percebido isso na leitura dos quatro primeiros tomos, mas foi o número 5 – talvez por causa dos longos meses de pausa após o volume 4 – é que me fez ver a dimensão da coisa, pois eu li o mangá em menos de 15 minutos.

Oshimi sabe que faz uma história em quadrinhos, então ele usa a sua arte para contar a história, para passar os sentimentos, os medos e os desejos dos personagens, sem se prender a textos. Os quadros passam um após o outro, voando, pois são pouquíssimos por páginas, com várias páginas tendo apenas um, dois, três ou quatro quadrinhos no máximo, o que somado a quase ausência de texto, dinamiza demais a leitura. Por isso o tempo gasto para ler o mangá é bem diminuto. Talvez, quando Happiness estiver completo no Brasil em seus dez volumes, em menos de 3 horas você conseguirá ler a série inteira, aproveitando ao máximo a historinha. Por isso a questão da “maratona” tomou outros significado. Se você for ler aos poucos, você verá uma obra que acaba rápido demais, uma história que quando você vai ver, quando você vira a página querendo continuar a leitura já não existe mais nenhuma e você precisará esperar pelo próximo volume^^.

Exemplo dos poucos quadrinhos por página

Isso me leva a questionar como e o porquê as pessoas acompanharam essa obra na época que saía na revista no Japão. A pessoa iria ler umas 30 ou 40 páginas no máximo, e como elas passavam voando, em cerca de 2 ou 3 minutos a leitura acabaria. Será que as pessoas gostavam disso? Será que elas não queriam mais e ficavam angustiadas pelo próximo capítulo que só viria daqui há um mês? É provável que sim e talvez seja esse o objetivo, gerar curiosidade e engajamento para o próximo volume da revista ser vendido.

Apesar de sempre acabar rápido, não me desgosto dessa leitura volume a volume, mas talvez eu odiasse ler capítulo a capítulo, pois seria uma tortura ver apenas uma parte da história e ter que esperar um mês para o próximo sair. Lendo por volume mais coisas acontecem, e a história, ainda que de maneira conturbada, vai se desenvolvendo pouco  a pouco.

E por falar em história, já escrevemos bastante neste post e ainda não falamos sobre o que está acontecendo no volume 5 e o que estamos achando do desenvolvimento da obra até aqui, então é hora de focar nisso.

Sim, faremos isso.

Para quem não lembra e chegou a este texto por acaso, basicamente Happiness é uma narrativa sobre vampiros, seres que se alimentam de sangue humano. Certo dia, o protagonista da história Makoto é atacado por uma moça chamada Nora e termina por se transformar em um. A partir daí toda a sua vida será transformada e uma realidade que até então ele achava impensável começará a existir diante de seus olhos. Seu cotidiano, então pacífico, passará a ser agitado e ele se verá tendo que fugir para conseguir ficar bem.

O mundo de Happiness é o mundo comum e normal, só que existem vampiros e essa realidade é escondida de todos, mas algumas pessoas (alguma organização) têm conhecimento dessa informação e irão atrás de Makoto. O início do quinto volume é exatamente isso, o rapaz está com Nora e chega um grupo de pessoas armadas para prendê-los. Ocorre o confronto e o pior acontece para o protagonista, ele é capturado e começa a ser alvo de experimentos científicos. Há até uma cena que lembra bastante o mangá Ajin, com Makoto todo preso e os cientistas em volta prontos para realizarem suas pesquisas.

Makoto ao acordar

O volume não se centra apenas em Makoto. Há outros personagens na obra e o principal deles é Yukiko, amiga de Makoto na escola e que acabou envolvida nessa história de vampiros. Pode se dizer que ela é a grande protagonista do quinto volume, pois após a prisão de Makoto ela vira o centro das atenções, seja encontrando outros vampiros, seja sendo vítima de um ataque. O ponto principal é que os acontecimentos desse volume representam um momento de virada na história. Após Makoto ser preso e Yukiko ser atacada ocorre um time-skip, uma passagem de tempo, e passamos a acompanhar a obra dez anos no futuro.

Yukiko já é adulta, trabalha e aparentemente não voltou a ver Makoto, ainda guardando para si as cicatrizes de seu acidente. O volume não mostra muito além e o desenvolvimento dessa parte da história ficará para os próximos tomos.

O que precisa ficar claro sobre Happiness é que ele é um mangá em que a ação é o próprio desenvolvimento da obra. As coisas vão acontecendo, acontecendo e quando você vê já aconteceu alguma outra coisa, por isso também que a leitura é rápida. Não há espaço para explicações aprofundadas e nem nada demais, é apenas os acontecimentos por si mesmos e algumas elucubrações aqui e ali. Há coisas ditas que depois mostram-se mentiras e há outras coisas que ficam no ar.

Um fato interessante é que nesse mundo vampiros aparentemente podem morrer, mas muitos vivem dezenas ou centenas de anos. Como não há explicações e as coisas apenas acontecem, tudo é muito jogado e cabe a nós, leitores, irmos montando o quebra-cabeças. Mas uma coisa que chama a atenção é a relação entre Nora e Makoto. Nora demonstra muita afeição por Makoto e o próprio fato de o ter transformado em vampiro em vez de matá-lo era um indicativo disso. Em volumes anteriores, a moça até chega a dizer que reconheceu ele, que eles voltaram a se encontrar, como se no passado, em uma outra vida, o rapaz já tivesse conhecido Nora. Novamente, reiteramos, a obra não explica nada. As coisas apenas são ditas e tudo progride, como se isso não fosse algo importante.

Até o momento, a gente está gostando bastante da história, mas as perguntas se acumulam. Quem é a organização que prendeu Makoto? Eles têm alguma influência sobre a mídia? Existem vampiros bons e vampiros maus? Se sim, por qual razão? A obra parece que seguirá em ritmo frenético, sem dar pausas e talvez até sem dar explicações. Se, por um lado, a narrativa tende a continuar em crescendo, por outro talvez muitas coisas fiquem em aberto no final, sem um detalhamento maior.

De todo modo, acompanhar o mangá tem sido bem interessante. Está longe de ser um dos melhores mangás em publicação no Brasil, mas está agradando bastante e toda a jornada até aqui tem valido muito a pena.

A editora NewPOP já lançou o sexto volume da obra,
mas ainda não tivemos oportunidade de adquiri-lo.

  • Ficha técnica

Título Original: ハピネス
Título NacionalHappiness
Autor: Shuzo Oshimi
Tradutor: Denis Kei Kimura
Editora: NewPOP
Dimensões: 11,5 x 17, cm
Miolo: Papel Offset
Acabamento: Capa cartonada
Classificação indicativa: 14 anos
Número de volumes no Japão: 10 (completo)
Número de volumes lançados: 6 (ainda em publicação)
Preço: R$ 16,00 (volumes 1 a 5)/ R$ 18,00 (a partir do 6)
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2 Comments

  • Tenho acompanhado a obra mas pulei os spoilers pois ainda não li o quinto volume
    Em relação ao ritmo de leitura, não imagino alguém lendo um mangá em 15 minutos
    Uma das coisas que mais gosto é viajar na imagem, “sentir” o mangá. Não é como ler um livro
    Happinnes possui sim um ritmo mais acelerado mas acho que isto é o que diferencia a obra das demais, embora a leitura seja mais rápida que o normal, ainda assim consegue prender por um bom tempo e entreter

    • Quando eu li esse volume, não acho que foi 15min, mas não passou de 20 mesmo. Eu peguei o BRT aqui no RJ, os bairros onde eu passava eram pequenos, e pra onde eu estava indo, eu passava por uns 7, eu passei por uns 4 e terminei de ler, isso que a leitura foi feita inteira dentro do transporte.

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