Resenha: “Bakemonogatari” (volume 1)

Adaptação daquele sucesso

A série Monogatari é um sucesso inconteste e dispensa maiores apresentações. Desde que a primeira animação, em 2009, foi exibida no Japão, a obra foi angariando mais e mais seguidores no Brasil e no mundo, tornando-se um dos títulos mais queridos pelo público otaku.

A obra nasceu originalmente como uma série de livros escrita por NisiOisiN (que também escreveu a novel Death Note Another Note – O caso dos assassinos de Los Angeles) para a editora Kodansha e se estende até hoje, contando com mais de 20 volumes. Os livros, porém, não seguem exatamente uma ordem numérica, possuindo títulos específicos (igual ocorre com Haruhi Suzumiya e Bunny Girl). Os dois primeiros livros, por exemplo, se chamam Bakemonogatari e foram eles a serem adaptados no primeiro animê. Depois seguem Kizumonogatari, Nisemonogatari e assim por diante.

Muitos anos depois, em 2018, esses os dois primeiros livros começaram a ser adaptados em mangá pelas mãos de Oh! Great (conhecido autor de obras como Air Gear, Tenjho TengeBurn-up Excess & W), também pela editora Kodansha, e segue em publicação, atualmente possui 6 volumes publicados.

No Brasil, a série original de light novels permanece inédita, mas o mangá que adapta Bakemonogatari foi licenciado pela editora Panini e o primeiro volume foi publicado nos últimos dias. Lemos ele e viemos dar nossa opinião sobre o título.

  • Sinopse Oficial

Hitagi Senjogahara. Era o nome da menina que, certo dia, Koyomi Araragi protegeu de uma queda. Uma menina cujo corpo… Não pesava nada. Ela teve todo o seu peso tomado depois de um encontro com um “caranguejo”. Os monstros sempre estiveram aqui. Desde o começo. Em qualquer lugar.

  • História e Desenvolvimento

Bakemonogatari não é outra coisa senão uma obra de fantasia. Nela temos uma pessoa que perdeu o peso do corpo ao encontrar um caranguejo, outra que foi atacada por um vampiro em pleno Japão moderno e assim por diante. O background da história diz que os monstros estão por toda a parte, sempre existiram, mas são imperceptíveis para as pessoas até que alguma coisa acontece com elas (elas = as pessoas).

Em resumo, na obra começamos a acompanhar Koyomi Araragi e sua tentativa de ajudar sua colega de classe Hitagi Senjogahara a resolver um problema para lá de peculiar. Após um certo incidente, Araragi descobre que a garota quase não tem peso, o que liga o alerta dele de que ela pode ter tido contato com algo de outro mundo. Ele conhecia muito bem esse tipo de situação, pois também fora vítima do Desconhecido, tendo sido transformado em um vampiro tempos atrás.

O que ele não esperava é que Senjogahara fosse tão, mas tão excêntrica, ao ponto de o ameaçar com diversos objetos cortantes, ou de ficar pelada na frente dele como se não fosse nada demais O_o.

A história em si não tem nada fora do convencional, mas é interessante o modo como ela é feita, já começando no meio da história, com as coisas acontecendo. Todos já tiveram contato com o sobrenatural e a narrativa busca apenas mostrar os dois jovens e o mote daquele momento, a busca da ajuda para a garota recuperar o seu peso. No meio disso, há apenas alguns flashbacks de situações anteriores que levaram até aquela conjuntura.

Apesar de convencional, a história parece bastante interessante até aqui, mesclando vida escolar, fantasia e personagens para lá de carismáticos, seja pela forma um tanto quanto rude de se portar de um deles, seja por diversos outros motivos. Há várias cenas de puro diálogo que servem para conhecermos eles melhor e sentirmos empatia, com as conversar mundanas e até estranhas.

Apesar disso, não considero totalmente bom o trabalho de Oh! Great nesse mangá, sobretudo na primeira metade desse primeiro volume. Há diversos momentos, por exemplo, em que a obra deveria passar humor, a gente sabe que ali deveria ter mesmo uma cena de comédia, mas a gente não sente graça nenhuma porque o autor não conseguiu passar a graça do texto também por meio dos desenhos. Os diálogos também não deram emoção no início, parecendo travado ou mesmo parado demais, sendo quase por inteiro tediosos.

Esta cena devia ser de humor. Está claro que há humor nela, mas não dá para sentir graça nenhuma.

Tudo melhora da metade para o final. As cenas se tornam mais dinâmicas, a ação fica presente e tudo flui de forma mais natural. Ali a gente vê a graça e o trabalho de Oh! Great, mostrando bem como os quadrinhos são interessantes para se contar uma história e como o autor se sobressai nas cenas de ação. No início parecia que ele não estava aproveitando bem os recursos que essa arte dá e parecia tudo mais do mesmo. Até mesmo as cenas de humor melhoram da metade para o final.

É preciso ficar claro que esse foi o nosso primeiro contato com Bakemonogatari. A gente sabe detalhes técnicos sobre a franquia (questões da cronologia e a falada dificuldade de tradução, por exemplo), mas ter uma proximidade com a história foi a primeira vez. Então, tudo o que escrevemos nesta seção, até aqui, foi baseado em nossa experiência de leitura do primeiro volume desse mangá.

Bakemonogatari. Fonte da Imagem: My Anime List.

Entretanto, após ler o mangá, a gente foi dar uma olhada na animação e nossas impressões se mantiveram bastante. O Oh! Great não conseguiu captar bem a essência do início da obra e ele realmente foi bem aquém do início da animação. A bem da verdade, o início da animação também é bastante parado, porém lá há toda uma estética diferente que mostra que Bakemonogatari é um animê para se ter bastante atenção de que existe mais coisas do que o convencional.

Na verdade toda a estrutura é diferente nas duas mídias, com informações sendo passadas em uma que não é passada em outra, ordem dos acontecimentos, entre diversas outras coisinhas aqui e ali. Isso é normal, afinal os dois produtos são adaptados da light novel e cada um segue um caminho próprio, não necessariamente fazendo tudo igual o material original. Assim, a animação, por exemplo, resolveu contar a história mais cronologicamente (Araragi salva Senjogahara, ela o ataca e depois os dois vão juntos procurar o carinha que pode ajudá-la), enquanto Oh! Great fez diferente começando já com Araragi procurando o carinha com a garota e colocando flahshbacks no meio.

O primeiro volume do mangá cobre quase todo o conteúdo adaptado nos dois primeiros episódios da animação, mas várias coisas ficam no ar na versão em mangá. Por exemplo, no mangá a gente sabe que o Araragi teve contato com um vampiro, transformou-se em um e foi curado. O problema é que ele se cura rapidamente de pequenos ferimentos e isso coloca um ponto de dúvida, por não sabermos o porquê disso. Na animação explica claramente que ele foi transformado, foi curado, mas ainda guarda alguns “efeitos colaterais”.

Esse é apenas o primeiro volume, acho que o mangá ainda tem espaço para erros e omissões e pode melhorar nos próximos. Talvez, as pequenas omissões tenham sido feitas com algum propósito, talvez os pequenos problemas do início do volume fossem apenas o Oh! Great ainda se acostumando ao estilo da narrativa (ou foi o próprio estilo da narrativa que não ajudou), tudo é um talvez. De todo modo, a história realmente parece interessante para quem gosta de histórias de fantasia, muito embora pouco tenhamos visto nesse volume inicial. Como será esse mundo? O que acontecerá após resolverem a questão da Senjogahara? Isso fica para os próximos volumes…

  • Conclusão

Este é um blog sobre mangás, então naturalmente a gente sempre prefere ler quadrinhos a ver desenhos animados. Se a gente precisasse escolher entre duas mídias diferentes, entre ver animê ou ler mangá, a gente escolheria ler mangá, obviamente. O ponto é que eu caí na cilada de ver os dois primeiros episódios da animação de Bakemonogatari e esteticamente eu gostei bem mais da versão animada.

Se você olhar bem, o início (volume 1 do mangá e dois primeiros episódios da animação) não dista muito de qualquer obra de fantasia ultraconvencional, mas aquela estética meio surrealista em alguns momentos do animê dá uma cara diferente no modo como encaramos a história, mostrando uma construção exótica e que nos faz olhar mais atentamente para aquilo. O mangá pouco ou nada tem de inventivo e termina por ser apenas mais uma narrativa entre várias outras. Então, se você já cansou de histórias de fantasia, Bakemonogatari não é algo ideal para você se aventurar pelo que se mostrou nesse volume 1. Se você ainda gosta, talvez a história tenha potencial para te fisgar, mas será necessário mais volumes para isso…

  • Ficha Técnica

Título Original: 化物語
Título NacionalBakemonogatari
Autor: Oh! Great
Tradutor: Felipe Monte
Editora: Panini
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel Offwhite
Acabamento: Capa cartonada simples
Classificação indicativa: 16 anos
Número de volumes no Japão: 6 (ainda em andamento)
Número de volumes lançados no Brasil: 1 (ainda em andamento)
Preço: R$ 22,90
Onde comprar: Amazon

11 Comments

  • Carlos Cardoso

    Na verdade, Bakemonogatari é composta por 3 Light Novels.

  • Eliézer

    Alguém sabe me dizer quantos capítulos tem nesse primeiro volume?

  • MaouHero

    Ver anime ou ler o mangá? Faz tempo que não me pego em uma dessas, mas para mim sempre é bom ter os dois(sei que é uma resposta de merda). Espero que tragam a novel também, ruim é que SAO ainda nem teve VOL 3.

    • Murilo

      Monogatari é uma das minhas obras preferidas, mas não vou pegar o mangá, porque com o que eu gastaria na coleção inteira, é possível comprar as novels importadas.

    • Pão com Ovo

      Ele tá em casa nesse mangá, por mais que o ecchi dele não seja exatamente o mesmo dos animes da Shaft.

  • Breno Leme

    Eu gostei muito da capa, vou acabar dropando CRIMES PERFEITOS e pegando esse, porque sinceramente “como humanos são tolos” NÃO AGUENTO MAIS. kkk falam que melhora um bocado, mas ta foda acompanhar título assim, vai parecer tokyo ghoul que a galera fala “no próximo volume melhora.”

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