“CC Sakura Clear Card Arc”: comparando a edição brasileira com a edição argentina

Veja as principais diferenças…

Um pouco antes da edição brasileira de Cardcaptor Sakura Clear Card Arc ser lançada, a gente fez uma pequena importação de mangás da Argentina e, dentre os títulos que compramos estava o primeiro volume da edição hermana desse mangá. Agora com a versão brasileira também em mãos, a gente coloca no ar esta postagem em que fazemos uma pequena comparação entre as duas edições, a versão brasileira da JBC e a versão argentina da Ivrea.

Vem ver :).


DIMENSÕES


O primeiro item que a gente deve notar é o tamanho do mangá. A Ivrea costuma ser como a NewPOP e seguir ao máximo possível o tamanho original dos quadrinhos japoneses. Desse modo, a versão argentina tem dimensões parecidas com a nipônica, sendo em  formato pocket (+- 11,4 x 17 cm), semelhante a mangás como Happiness e A voz do silêncio, mas sendo ainda menor. Muita gente aqui no Brasil não gosta de mangás pequenos, mas para nós não se trata de um demérito e gostamos bastante do formatinho.

Por sua vez, a versão brasileira da editora JBC vem no novo formato padrão da empresa, o 13,2 x 20 cm., parecido com Platinum End, Hokuto no Ken e Edens Zero. Embora tenhamos gostado da versão da Ivrea, também não vemos nada de errado nesse tamanho brasileiro. Para nós, tanto faz um ou outo. Mas para quem gosta de mangás nesse tamanho maior, a versão local acaba sendo superior nesse sentido. Para quem prefere tamanhos menores, é a versão argentina que se sobressai.


ENCADERNAÇÃO


As duas versões não apresentaram qualquer problema de encadernação, sendo ambas bastante maleáveis, permitindo ler e folhear o mangá sem qualquer obstáculo. Ainda assim, uma das versões supera a outra, a da Ivrea é melhor. O mangá argentino permite com que a gente o abra um pouco mais, dando a chance de vermos com mais facilidade os detalhes da arte na junção entre as páginas. A versão da JBC não faz com que percamos os desenhos, mas é necessário um pouco mais de esforço para conseguir enxergar. Então, ponto para a Ivrea nesse sentido.


CAPAS, CORES E OUTROS DETALHES


Uma similaridade entre as duas versões é que ambas são publicadas com sobrecapa, aquele item removível que fica acima da capa. Aqui no Brasil tem se tornado mais comum o uso disso nos últimos tempos, mas ainda é algo que nem todo mundo está acostumado. No Japão e em alguns países do mundo, porém, todos os mangás têm sobrecapa. Na verdade, as famosas capas de mangás que a gente vê, são sobrecapas.

Apesar de a versão brasileira e a versão argentina usarem sobrecapa há duas diferenças significativas entre as edições. A primeira não é possível perceber por fotos, mas a versão da JBC possui uma sobrecapa mais fina que a edição da Ivrea, então notadamente é esta que ganha no quesito qualidade da sobrecapa. Não parece que a versão da JBC irá rasgar ou amassar facilmente, mas entre ela e a versão argentina, a da JBC é a que terá mais propensão a isso. Se você tem a edição brasileira de Blame! você conseguirá perceber a diferença, pois o Clear Card Arc da Ivrea tem uma sobrecapa em material semelhante, enquanto o da JBC é um pouco mais fino.

Outro ponto de distinção entre as sobrecapas da JBC e da Ivrea, agora mais visível, são as cores dispostas nelas. A edição argentina possui tons mais escuros, enquanto a edição brasileira possui tons mais claros. Vejam a seguir:

Não sei se foi uma escolha da JBC fazer a sobrecapa com cores mais claras ou se foi uma escolha da Ivrea fazer com cores mais escuras, ou se foi questão gráfica em um dos países, mas particularmente eu prefiro o tom da versão argentina, parece que dá mais vivacidade aos personagens e tudo mais.

Já a escolha da  fonte, eu achei melhor a versão brasileira, pois fica mais descontraída e mais compacta. Além disso, o modo como a editora colocou o “Clear Card Arc” fica bem mais harmônico com o restante da capa do que aquele verde escolhido pela Ivrea.

Fora isso, não há páginas coloridas em nenhuma das duas versões, visto que também não há na versão original japonesa. Igualmente nenhuma das duas possui capas internas coloridas. Agora o tradicional aviso de ordem de leitura tem em ambas as versões, mas o da Ivrea é mais genérico.

O papel utilizado na versão da JBC é o offwhite da marca Lux Cream e o papel utilizado pela Ivrea é um offset. Para você que não conhece os nomes, o Lux Cream é aquele branco creme usado em quase todos os mangás da editora atualmente, enquanto o offset é aquele todo branco, usado pela NewPOP na maioria de seus títulos ou pela Panini em Jojo e Berserk. Prefiro a versão brasileira, pois acho o papel melhor para a leitura. Para quem lê muito, o branco do offset acaba incomodando a vista com o tempo, então acho melhor os papéis offwhites. Além disso, acho que na maioria das vezes a arte fica melhor nos papeis mais “cremeados” do que naqueles “ultrabrancos”. Então nesse quesito, ponto para a JBC.


ONOMATOPEIAS


Onomatopeias são “aquelas letrinhas” que aparecem no meio dos quadrinhos. Elas servem para representar sons, estados emocionais, etc (saiba mais). Em Clear Card Arc, o modo como as editoras tratam as onomatopeias são bastante diferentes. A versão brasileira, da editora JBC, segue o padrão nacional de manter as onomatopeias originais e colocar uma legendinha. A versão da Ivrea, porém, é totalmente diferente. Ela refaz as onomatopeias para o idioma espanhol, deixando mais entendível para o povo. Vejam alguns exemplos:

Existem duas grandes “””correntes de pensamento””” a respeito das onomatopeias. Uma delas diz que elas devem ser mantidas conforme o original, pois elas não são apenas letrinhas que aparecem e sim fazem parte da arte do mangá. Essa é a corrente que costuma imperar nas editoras brasileiras (talvez porque os consumidores prefiram assim e também porque é mais fácil apenas colocar um legenda^^). A outra diz que não existe problema em alterar as onomatopeias por um benefício maior, no caso o leitor conseguir entender melhor o que o autor quis passar. Por essa perspectiva, o autor utilizou as onomatopeias de modo que os leitores conseguissem perceber sem esforço o som, os sentimentos, etc, por meio daquelas “letrinhas”. Assim, refazendo, essa intenção original estaria sendo mantida.

De minha parte, consigo entender as duas formas de pensar e para mim, meio que tanto faz. Eu já estou acostumado ao modo brasileiro, mas não acho nada de anormal quando eu vejo uma versão com as onomatopeias editadas. Eu faço parte do grupo das pessoas que não liga e pouco tem o costume de as notar, o que acaba sendo um problema, pois algumas vezes eu preciso ler um certo trecho mais de uma vez, pois ele só faz sentido se a onomatopeia for lida junta. Acontece, né?


TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO


É quase impossível se descobrir um erro de tradução no mangá se você não tiver a versão em japonês do lado. Mesmo que você tenha uma versão em outro idioma, ainda assim não é possível cravar o erro, pois ele pode ser tanto de um, quanto de outro. Algumas vezes, porém, o erro fica evidente sem a necessidade de qualquer comparação.

Na versão da JBC há um quadrinho em que, no mínimo, há uma adaptação mal feita ou que está faltando alguma palavra. No quadrinho abaixo, Sakura e o Eriol estão conversando ao telefone e a fala deles gira em torno de eles estarem perto de pessoas queridas. Aí na versão brasileira, o Eriol diz o que está no quadrinho: que a Sakura logo também vai poder ver a pessoa com quem quer fazer amizade. Vejam:

A questão é que isso não faz sentido dentro do contexto. Está bem claro que eles estão falando do Shoran e nesse momento ela já viu o Shoran. Então, penso eu, que o mais correto seria dizer que ela vai conseguir ver mais frequentemente ele ou que vai estar mais próxima dele, etc. Sem qualquer comparação com outras edições, a gente já conseguiria chegar a isso, mas tendo a versão argentina, isso fica bem mais claro. Vejam como a Ivrea fez:

Faz bem mais sentido a versão da Ivrea, então eu acho que houve um deslize ali por parte da JBC. Mas esse foi o único detalhe diferente em termos de tradução que notamos e só notamos porque não parecia fazer sentido a versão brasileira. De resto tudo é muito parecido, com as duas não usando honoríficos (o que particularmente acho bem acertado) e uma nota de rodapé aqui e outra li, para explicar um nome de uma carta, por exemplo. Isso não quer dizer que não existam diferenças de adaptação, afinal foram traduzidos por pessoas diferentes de países diferentes, é impossível ficar igual.

Não faríamos algo minucioso, olhando ponto por ponto, mas há algumas coisas bem icônicas que merecem ser citadas, pois é bem legal ver as diferenças, os nomes por exemplo. O famoso mago Clow é chamada de Clow Reed na Argentina e Clow Lead no Brasil. O Kero é o Cerberos no Brasil e Cerberus na Argentina. O apelido do Spinnel é Suppy no Brasil e Suppi na Argentina. No Brasil, o par romântico da Sakura é chamado de Shoran, na Argentina de Syaoran. Por fim, outro ponto de diferença, é que o Kero costuma chamar o Yukito por um apelido e a versão brasileira faz uma adaptação para Chokito, enquanto a versão argentina manteve o nome Yukiusagi, que é o que ele fala em japonês.


PREÇOS


Para terminar, falemos de preços. A versão brasileira de Card Captor Sakura Clear Card saiu ao preço de R$ 26,90, bem na média no mercado para o tipo de acabamento (GTO custa R$ 24,90 e The Ancient Magus Bride custa R$ 28,00). Muitos, porém, acharam o valor caro, o que não é o nosso caso.

A versão argentina também saiu na média de mercado por lá, a 335 pesos argentinos (cerca de R$ 30 na época do lançamento). O mangá foi lançado em junho de 2019 e já sofreu um reajuste, agora custando 385 pesos argentinos (cerca de R$ 25,70 na cotação de hoje*). Para quem não sabe, lá a crise é bem mais forte com alta inflação e desvalorização da moeda, de modo que os reajustes vivem acontecendo em profusão. Inclusive, mesmo os mangás antigos, já lançados, tem o preço alterado quando ocorre um reajuste.

*Você deve ter notado que o mangá custava na Argentina 335 pesos e subiu para 385, porém na conversão ficou menor, correto? Porque isso acontece? Por causa da desvalorização da moeda da Argentina. Em junho, 1 peso equivalia a uns 9 centavos de real, agora 1 peso equivale a pouco mais de 6 centavos de real, então os valores ficam mais baratos. 


Essa foi nossa comparação das edições brasileiras e argentinas do mangá Card Captor Sakura Clear Card Arc. Caso tenha dúvidas é só escrever nos comentários.

Textos Comparando Edições:

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10 Comments

  • Fernanda

    Achei estranho o Shoran chamar a Tomoyo de Daidouji, sendo que nos mangas anteriores ele sempre a chamou de Tomoyo. Na página 94 a tradução ficou estranha também. Já vi que vários outros países traduzem as onomatopeias, acho que só aqui no br que não, as editoras devem ter preguiça mesmo e nos compraram com a história que é pra ser mais fiel.

  • Matheus Mesquita

    Realmente é linda a edição, mas ao receber meus exemplares dos volumes 1 e 2 me surpreendi negativamente. Acho que meu maior problema é a sobrecapa e a necessidade da mesma, tendo em vista que em ambos volumes adquiridos notei a facilitada de dano nas bordas da sobrecapa e até nela mesma por ser fina e sem nenhum acabamento que a deixasse mais dura ou até fosca. A impressão é ótima, o volume é leve, a história é uma continuação feita pra fãs realmente, mas a sobrecapa me leva a um questionamento do valor desta edição porque, facilmente, jogaria fora e ficava só com a capa se ela transmitisse Sakura em sua excelência.

  • Enfim recebi meus exemplares e embora a edi;áo esteja muito bem feita, as p[aginas tem uma transparëncia que náo deveria ter num material que se paga R$26,90. Mas enfim

  • Eu ainda não recebi os meus exemplares (que comprei em pré venda) e sinto por ter vendido a minha edição americana da Kodansha pois serviria para fazer um comparativo. Mas, pelo que meembro bem, a edição americana tem o miolo muito parecido com o lux cream, só a capa que é cartão simples e com acabamento em brilho. O logo que a JBC usou é bem parecido com o logo da edição americana da Kodansha.

    Enfim, quanto a papel, sempre vou defender aquele Offset de bia gramatura da Panini e da NewPop, assim como são os mangás na Espanha, Argentina e México, já que o custo final cai relativamente bem.

    Eu quase nunca curto essas adaptações da JBC, como nessa caso que muda o sentido. Posso estar enganado, mas o que tem a ver “Chokito” com “coelho da neve” (yukiusagi)?? Isso tem cheiro de coisa do Marcelo del Greco kkkkkk

  • Maça

    traduzir onomatopeias é o pior pecado que uma editora pode cometer.

  • Eraldo Rocha

    Prefiro a versão argentina, so por não usar esse papel horroroso de nome bonito da JBC.

  • JMB

    Pra mim as duas edições estão ótimas. As únicas coisas que se sobressaíram entre uma edição e outra foram o logotipo (a edição BR está bem superior e mais fiel) e a questão das cores, pois gostei bem mais da vivacidade da edição argentina.

    De resto, ansioso pra receber minhas edições ^^

  • leandro0012sp

    Ambas versões são lindas.
    Sendo que a da JBC até me surpreendeu. O acabamento do manga está na minha opinião muito boa. A qualidade da impressão das paginas internas está muito boa. Diria que a qualidade está até acima da media para o padrões atuais.

  • gilberto.

    Ambas são boas, mas prefiro a versão da JBC. Formato maior, papel melhor e adaptação mais fiel ao original. As cores da sobrecapa da JBC são bem parecidas com do mangá japonês, com esse tom mais apagado. A fonte do logotipo da versão da JBC parece bem mais com a utilizada no Japão, pois ela é mais redondinha, mais divertida e agrade mais aos olhos que a versão quadrada da Ivrea. Também achei que o preto dá uma sensação de maior profundida na versão brasileira, mas não sei se é por causa da câmera

    • Eu tenho a coleção completa de X do CLAMP pela JBC e tenho avulso o volume 15 da série em japonês e posso dizer seguramente que nem sempre as capas japonesas são mais apagadinhas. Na vdd, tenha alguns mangás em japonês que tenho também as versões nacionais e as capas japonesas são sempre mais vibrantes. Isso pq o nosso sistema de cores de impressão é diferente e ter fidelidade é quase impossível.

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