Resenha: Demon Slayer #01 e #02

Aquele enorme sucesso finalmente no Brasil

Quando um mangá é adaptado para animação é bastante comum que ela (a animação) aumente a popularidade de uma dada série, seja no Japão, seja no exterior. Muitos mangás, na verdade, só se tornam conhecidos de verdade quando ganham uma versão animada. Há casos, inclusive, de títuos que foram rejeitados pelas editoras brasileiras apenas por não ter um desenho animado que lhe desse suporte. Um caso desses, que foi dito abertamente, é Noragami. A obra foi oferecida para a Panini anos antes do título ganhar uma adaptação e a empresa sumariamente recusou. Depois, porém, Noragami ganhou duas temporadas animadas, ficou famoso e a Panini percebeu a oportunidade e trouxe o mangá.

Falando especificamente do Japão, por lá muitas obras explodem em vendas após a animação ir ao ar, mas um dos casos mais surpreendentes nesse sentido e que mais chamaram a atenção foi, sem dúvida, Demon Slayer. Após a adaptação em meados de 2019, a obra não só ficou muito mais popular como virou simplesmente um fenômeno de vendas, com volumes esgotando e sendo reimpressos em pouquíssimo tempo, passando a ter tiragens altíssimas e batendo recordes atrás de recordes. Um fenômeno como há muito tempo não se via.

O anime também fez com que a obra ficasse conhecida em todo o ocidente e não tardou para que editoras do mundo inteiro começassem a anunciar o mangá. Um caso icônico e que comentamos aqui é o da França, onde a obra tinha começado sair antes da adaptação ir ao ar e foi um fracasso estrondoso de vendas. Com o anime, a editora francesa resolver relançar a obra e dessa vez foi um sucesso, esgotando em pouco tempo.

No Brasil, o anime foi transmitido na plataforma de streaming Crunchyroll e também foi um sucesso inconteste, com todo mundo falando da obra. Naturalmente, não tardou para o mangá aparecer. Ele foi anunciado em dezembro de 2019 pela editora Panini.

Em março de 2020, a empresa publicou os dois primeiros volumes de uma vez e, a partir de agora, ela lançará um número novo por mês até alcançar a publicação japonesa. Lemos os dois primeiros volumes e viemos comentar nossas impressões sobre o título para vocês.

  • Sinopse Oficial

Estamos na Era Taishô. O dia-a-dia pacato de Tanjirou, um gentil garoto que vende carvão, se transforma radicalmente quando sua família é assassinada por um demônio. A única sobrevivente é Nezuko, sua irmã mais nova. Porém, agora, ela se transformou em um Oni. Diante dessa tragédia, os dois irmãos partem em uma jornada para derrotar o Oni que matou toda a sua família. E assim tem início uma aventura sanguinolenta de espadachins!

  • História e Desenvolvimento

A história de Demon Slayer pode ser resumida como uma típica história de busca, de superação e, até mesmo, de vingança. Acontece um certo evento impactante para o protagonista e, a partir daí, ele precisa procurar a pessoa responsável pelo acontecimento e pelos infortúnios, aquele lugar comum que vemos em diversas histórias.

No mangá, após passar uma noite fora de casa Tanjirou, o protagonista, retorna e encontra quase toda a família morta, assassinada por um Oni, seres sinistros que se alimentam de humanos. Apenas uma pessoa sobreviveu, Nezuko, sua irmã. Desesperado e preocupado em salvá-la, o rapaz a carrega em meio à neve em busca de ajuda, mas a garota se descontrola e começa a atacá-lo. Quando tudo parecia perdido aparece um exterminador de Onis e este explica que a menina foi transformada em um desses monstros após ter contato com o sangue de um deles.

Deu ruim para a Nezuko?

Para proteger a irmã e evitar que ela fosse morta, Tanjirou decide se tornar também um exterminador de Onis para encontrar o monstro que a transformou e, com isso, buscar um jeito de fazê-la voltar a ser humana.

Demon Slayer, então, será uma jornada de aventura e ação, com bastante lutas e riscos, uma busca para a salvar a irmã e, claramente, vingar-se do Oni que matou sua família. Os dois primeiros volumes já são bastante intensos, ocorrendo muita coisa neles. Tanjirou descobre a existência de Onis, sofre com a morte da família, se torna um aprendiz de exterminador, treina, faz o teste final e assim por diante. O mangá não vai devagar, ele prepara a situação e em dois volumes coloca Tanjirou já em seu estado de alerta, já em missão para derrotar os inimigos, indo em uma cidade onde meninas estão desaparecendo, encontrando Onis, etc.

Falando especificamente dos personagens, até o momento nós temos pouco de Nezuko. Fora breves rememorações e uma ou outra atitude (como ela protegendo o irmão do exterminador de Onis), ela ainda é definida apenas como a irmã do protagonista. Ela não tem uma “cara” própria e não se destaca enquanto personagem da trama. Tanjirou continua sendo a grande força da narrativa nesse início. Claro que existem os mistérios em torno dela (ela conseguir proteger o Tanjirou e não sentir vontade de atacar os seres humanos a tornam um ser que pode ser especial), mas ainda não vemos uma individualidade nela que a torne uma protagonista (ou uma coadjuvante) tão intensa quanto seu irmão.

Quanto ao inimigo, Muzan Kibutsuji, por ora ele é apenas o inimigo malvadão de sempre. Por ser um Oni age por instinto e acaba com as pessoas, entretanto já de cara vemos uma curiosidade, ele possui uma família humana, ele se finge de humano, algo que lembra bastante o King Bradley, lá do Fullmetal Alchemist. Será que, tal qual o Bradley, ele quer ter apenas uma aparência respeitável no mundo dos humanos? Ou ele tem mais planos? Isso são cenas para os próximos volumes…

Tanjirou, por seu turno, é aquele protagonista padrão, um ser especial, com diversas peculiaridades, que logo torna-se forte. Ele tem um olfato mais apurado que os outros, ganha uma espada de cor pouco usual, consegue ter contato com espíritos (?) sem saber, etc, etc, etc. Ele é aquele cara com uma forte determinação e que usará isso para tentar fazer as coisas ficarem bem. Já de início ficou claro que sua motivação inicial (salvar a irmã) dará lugar a algo mais grandioso, evitar que mais pessoas sofram pelos Onis, etc. Não que a premissa inicial seja deixada de lado, mas tendo vivido os horrores em sua própria família, é natural que ele deseje que ninguém mais sofra o mesmo.

Em resumo, esses dois volumes iniciais serviram de uma boa introdução, apresentando o mundo, desenvolvendo Tanjirou e mostrando já o inimigo. Lutas acontecem, são emocionantes e nos fazem querer mais. Demon Slayer é um bom mangá.

  • A edição nacional

A edição brasileira do mangá veio no formato 13,7 x 20 cm, com miolo em papel offwhite e capa cartonada com sobrecapa. O preço é R$ 24,90 por volume. A Panini, entretanto, chegou a vender uma versão promocional dos dois primeiros volumes pelo preço de um, o qual adquirimos na Amazon. Entretanto, o estoque foi limitadíssimo e pouca gente conseguiu.

Trata-se de uma edição bem feita, maleável e bastante confortável para a leitura, tanto pela encadernação, quanto pelo papel que é leve e que não cansa a vista. O papel é o mesmo de outros títulos da editora como Black Clover e BEASTARS de cor mais creme, sem aquela refração da luz dos papéis brancos. Já a encadernação é tão boa que é possível até mesmo deixar o mangá aberto sozinho, sem que ele feche, o que mostra que você consegue folheá-lo sem qualquer entrave. Em suma, muito boa a edição.

  • Conclusão

Toda obra que ganha uma grande popularidade angaria, além dos fãs, muitos detratores, dizendo que tal ou qual título não é tudo isso, que a obra é horrível ou coisas assim, basta ver que mesmo em suas épocas áureas Naruto e Bleach tinham grandes desafetos. Com Demon Slayer não foi diferente, existindo diversas “acusações” de que o mangá é isso, aquilo ou aquilo outro.

A bem da verdade, Demon Slayer demonstrou nesses dois volumes iniciais ser bem convencional mesmo (um drama atinge o protagonista, ele precisa ficar forte, treina para isso e sai em busca de algo), mas é eficiente no que faz, nos apresentando uma rápida evolução do protagonista e uma história vibrante e que instiga. O que Tanjirou tem de diferente? E Nezuko? Por quê aquele Oni tem uma família? Quais os rumos da história? Perguntas se multiplicam e nos fazem querer continuar a acompanhar. O convencional bem feito é, muitas vezes, mais efetivo do que uma inovação.

Então, se você gosta de obras de ação e aventura, com lutas e tudo mais, Demon Slayer é um título que pode te agradar bastante. Se você quer um algo mais, uma discussão mais aprofundada ou filosófica, ou não gosta desse gênero, tem outros mangás no mercado.

  • Ficha Técnica

Título Original: 鬼滅の刃
Título NacionalDemon Slayer
Autor: Koyoharu Gotouge
Tradutor: Renata Leitão
Editora: Panini
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel Offwhite
Acabamento: Capa cartonada com sobrecapa
Classificação indicativa: 16 anos
Número de volumes no Japão: 19 (ainda em andamento)
Número de volumes lançados no Brasil: 2 (ainda em publicação)
Preço: R$ 24,90
Onde comprarAmazon

7 Comments

  • Rafael Morais Silva

    Eu não gostei da edição física somente pela impressão, que em diversas páginas está um pouco embaçada, sem o devido foco, o que atrapalha e muito a visualização da arte pra apreciar e olhar detalhes. Esses erros gráficos me desmotivam a continuar colecionando, talvez eu pegue os seguintes de maneira tardia em promoções ou pare nesses dois volumes, apesar de ter gostado da leitura.

  • Guilherme Augusto

    Não assisto animes, sabia da existência da obra mais nunca tinha lido. Comprei os 2 volumes e gostei bastante. Vi muitas criticas a arte da autora, porem achei muito bom os traços. Pretendo continuar adquirindo.

  • Nicolas Fideles

    Os meus estão pra chegar. Infelizmente não consegui essa edição dois em um.

  • Honestamente. A obra é popular porque a produção do anime foi coisa de “outro mundo” para shounen. O roteiro em si segue o clichêzão já conhecido do gênero.

  • Rafael Ribeiro

    O meu 2 em 1 veio com 4 marcadores de páginas repetidos. Só pode ter sido um erro (comprei na Amazon)

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