[TRADUÇÃO] Entrevista com Fujita, autora de “Wotakoi”

Dois otakus sobreviveriam presos em casa durante a quarentena?

Talvez você não saiba, mas Fujita, autora do mangá Wotakoi, seria uma das convidadas para o Salão do Livro de Paris de 2020, previsto para ocorrer durante o mês de março no  Expo Porte de Versailles. Ela daria entrevistas e tudo mais, porém o evento foi cancelado por conta da crise do novo coronavírus. Entretanto, por intermédio da editora Kana (responsável pela obra na França), o respeitável site Manga News pôde entrevistar a autora por e-mail.

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A entrevista foi publicada semana passada, por ocasião do lançamento do volume 7 na França, e achamos interessante traduzi-la e postá-la para vocês. A tradução foi feita pela Roses (redatora esporádica do blog que muitos de vocês nem devem conhecer^^) a quem agradecemos imensamente.

Dito isso, eis a entrevista:

  • MANGA NEWS: O que te levou a pensar em um mangá sobre adultos otakus?

Fujita: Na época eu estava emperrada sobre o que escrever, procurando algo que me estimulasse a desenhar. Imagino que por isso fui atrás de um tema que era mais próximo a mim, o qual eu mais entendia e que sentia que seria capaz de desenhar: Otakus.

  • Como foi a sua jornada para chegar até aqui?

Eu obtive um diploma em artes porque queria me tornar uma mangaká, mas para pagar as contas, fiz trabalhos temporários durante alguns anos. Mas, em um dado momento, percebi que todos os veteranos do serviço já haviam saído de lá ao conseguirem trabalhos fixos e restou no Café apenas o gerente com mais experiência, o que me fez perceber a urgência da situação. Então trabalhei feito uma condenada para completar um projeto de mangá, para poder apresentar (às editoras) em Tóquio.

  • Como você imagina que seria a vida de dois otakus confinados em casa por conta da quarentena? Em outras palavras, mudaria em alguma coisa o cotidiano habitual deles?

Acho que nenhuma outra pessoa senão otaku seria capaz de se divertir durante a quarentena. Imagino que cada um faria o que gosta no seu próprio canto, às vezes juntos, para “aproveitar” a quarentena.

  • Originalmente, Wotakoi foi um trabalho que você publicou no Pixiv, antes de ser descoberto pela editora Ichijinsha e se tornar seu primeiro mangá profissional. Quais as principais diferenças entre a versão original do Pixiv e a versão profissional? O que você retrabalhou (modificou, melhorou, apagou…)?

Na época do Pixiv, desenhei num papel de impressão com plumas, praticamente na improvisação e sem fornecer uma trama de fundo, de modo que o volume 1 foi produzido meio que de acordo como me sentia, muito cru para uma publicação comercial. Desde que se tornou uma série de longo prazo, graças ao apoio do meu editor, desenho com mais atenção e cuidado.

  • Naquela época, como foi o contato com Ichijinsha? Você sabe o que o editor gostou no seu trabalho?

Lembro que foi via mensagem privada no Pixiv.

  • Graças ao posfácio do volume 1, sabemos que seus quatro heróis e as situações são baseados em alguns de seus amigos Otakus e Fujoshis. Então, no meio disso, qual é a parte “real” e qual a parte da sua imaginação? Onde termina um e começa o outro?

Na realidade, faço uma distinção clara entre realidade e imaginação, mas no mangá, ultrapasso esses limites. Não é realidade, mas também não é totalmente imaginário. É isso que eu viso.

  • Ao trabalhar personagens masculinos e femininos igualmente, a série consegue realmente atingir homens e mulheres. Quanto cuidado você toma em relação a isso? Além disso, você sabe qual é a taxa de audiência masculina e feminina da sua série no Japão?

Acho que existe uma parcela maior de fãs do sexo feminino, mas estou muito feliz de ver que também há uma certa parcela do sexo masculino. Como gostaria de traçar o ponto de vista mais neutro possível, tento, tanto quanto possível, colocar minha subjetividade no armário para tornar as emoções e ações dos personagens o mais realistas possível, com base em ponto de vistas de pessoas diferentes.

  • Quando se fala sobre otakus no mangá, muitas vezes encontramos personagens adolescentes, mas você optou por usar personagens adultos que ainda vivem suas paixões otakus enquanto possuem um vida ativa. Por que essa escolha? Por que você achou importante mostrar adultos otakus e que trabalham? E que visão temos hoje no Japão sobre os otakus adultos? É fácil assumir isso na sociedade japonesa de hoje?

Sem me limitar a otakus, tenho a impressão de que não há muitas pessoas que sabem como continuar a se dedicar a uma paixão mesmo depois de ingressar no mercado de trabalho. Viver é trabalhar, interagir com os outros, aproveitar ao máximo o que amamos. Também existem muitas coisas difíceis, mas se eu desenho esse tipo de adulto é, sem dúvida, porque os adultos que mais me atraem são aqueles capazes de viver sua vida cotidiana equilibrando tudo.

Fonte da Entrevista: Manga News


Wotakoi ainda está em publicação no Japão atualmente com 8 volumes. O nono está previsto para sair dia 10 de julho. No Brasil, o mangá é publicado pela editora Panini e, até o momento, sete volumes foram publicados. O oitavo está previsto para junho.

4 Comments

  • Aline Farias

    Comprei os volumes 1 ao 7, estou no volume 3 e estou adorando. Uma comédia romântica muito gostosa de ler.

  • sensacional… deu uma escapada boa ali pra falar dos amigos kkkk

    e a obra é maravilhosa… tem cantinho especial e garantido na minha coleção

  • Vitor Gonçalves

    tá mas ela poderia dizer que momento a obra vai ser aprofundada, os personagens foram apresentados mas parece que to lendo o mesmo volume toda hora, um mangá com esse nome deveria se aprofundar mais na história dos personagens e não ficar de lero lero, minha opinião.

  • Roses

    (redatora esporádica do blog que muitos de vocês nem devem conhecer^^)
    << Σ(・口・) Como assim!!

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