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Desmistificando: O que são os mangás “Anthology”, “Gaiden” e “Spin-off”?

Anúncios

418455O mundo das adaptações e franquias

Quando um mangá faz sucesso no Japão, não é incomum que diversas obras apareçam baseadas na história original, algumas iniciando verdadeiras franquias. Mas existem tipos e formas diferentes de adaptações, aqui vamos desvendar algumas delas.


I. Continuações e Prelúdios (Sequels e Prequels)

A forma mais simples de obras relacionadas são as continuações e prelúdios, ou seja, histórias que acontecem antes ou depois da mesma linha de tempo da história original.

Às vezes essa mudança de obra pode ter outros motivos, como mudança de foco na história, mudança de revista, editora, etc. Exemplos clássicos (em negrito os lançados no Brasil):


II. Spin-off (Spinoff ou Spin Off)

Spin-off pode ser traduzido como “subproduto” e se refere às obras que saem da linha do tempo original ou que são baseadas naquela história ou universo original. Em outras palavras, um novo produto derivado de outro ou de uma franquia existente, às vezes focando-se em um acontecimento ou personagem da série.

Geralmente quando uma obra começa a ter spin-offs, ela já é considerada uma franquia. Alguns exemplos de franquias recheadas de spin-offs:

Spin-offs geralmente são impossíveis de se colocar em uma ordem temporal, já que existem por si só dentro de sua histórias, às vezes funcionam até como universos paralelos, como é o caso de Code Geass e Madoka.

Os três mangás de Code Geass lançados no Brasil, por exemplo, são uma mesma base recontada de três formas totalmente diferentes, inclusive diferentes da original (o anime). Não muito diferente do multiverso dos comics americanos.


III. Gaiden (Side Story ou História Paralela ou ainda Complementar)

Os Gaiden são histórias paralelas, geralmente de outros personagens da história principal e que complementam de alguma forma a linha principal de acontecimentos. Um bom exemplo é o Cavaleiros dos Zodíacos: The Lost Canvas: A Saga de Hades e sua versão Gaiden.

Em outras palavras é um termo japonês para indicar algum tipo de relação íntima com a história original e, embora no Brasil só haja um exemplo (até onde consigo me lembrar), no Japão existem diversas versões Gaiden. Algumas lançadas como capítulos extras dentro dos volumes das próprias obras.

Alguns Gaidens mais famosos: Naruto Gaiden, Fairy Tail Gaiden, Hagime no Ippo Gaiden, Guunm Gaiden, Log Horizon Gaiden e por aí vai, num banco de dados americano, “gaiden” aparece pelo menos 300 vezes nos títulos!


IV. Bangaihen (História Extra)

Mais um termo japonês para histórias extras de uma obra original, no fundo acaba sendo a mesma coisa que um Gaiden. Entretanto Gaidens tendem a fazer parte da história, complementando-a, enquanto o Bangaihen existe desconectadamente, sem interferir ou impactar no original.

Assim como o anterior, pode vir dentro dos volumes de sua obra-mãe, na verdade, esse costuma ser o caso. Embora não haja volumes chamados “bangaihen”, os capítulos dentro costumam ter esse nome, seguido de uma numeração própria. Por aqui, costuma-se traduzir como “extra” ou “história extra” a depender da editora e tradutor. Não confundir com as histórias não-relacionadas que às vezes são incluídas nos volumes japoneses para dar o número de páginas de um volume padrão (os tapa-buracos), como Haruiro Astronaut em Orange.

Um exemplo claríssimo de Bangaihen no Brasil é Sailor Moon: Short Stories, que no Japão foram inicialmente publicados nos mesmos volumes que Sailor Moon, mas, no relançamento a história foi reestruturada e esses extras retirados. Por esse motivo as editoras ocidentais trouxeram em seguida esse conjunto de histórias desconexas (e embaralhadas) em dois volumes.

Bangaihens também são usados muito comumente como uma forma de contar o que aconteceu com os personagens após a conclusão da história. Um exemplo disso são A Sakabatou de Yahiko e o último volume de Usagi Drop, ainda não lançado no Brasil.

Também é bem comum serem lançados em situações de comemoração nas revistas, sem chegar a ser incluído em algum volume, como Trigun Bangaihen, em preparação ao filme de 2010, ou os vários capítulos curtos de Vampire Knight.


V. Anthology (Antologias, Coletâneas)

Existem diversos tipos de coletâneas, mas podemos categorizá-las pelo conteúdo: Coletâneas de obras de um mesmo autor, um mesmo tema central ou uma mesma franquia.

A coletâneas de um autor basicamente é a união de várias histórias curtas daquela pessoa. Geralmente é escolhido uma das obras para dar o nome à coletânea. Por exemplo, El Alamein e Outras Batalhas no original era apenas “El Alamein no Shinden” o nome de uma delas. O mesmo acontece com Fim de Verão, que é o nome de uma das histórias. É claro que existem exceções.

As coletâneas de temas geralmente envolvem uma porção de autores diferentes num mesmo volume, os temas podem ser específicos ou meramente por fazer parte de uma mesma demografia. Um exemplo foi a coletânea Dejá Vù, onde vários autores coreanos se uniram em torno de um único tema/história.

Por fim, as coletâneas de uma franquia são diversas histórias daquela franquia de diversos autores compiladas em um único volume. No Brasil tivemos o caso de Tiger & Bunny: Anthology. Mas vale a pena comentar que no Japão toda série animada famosa tem um, exemplos: Code Geass, K-ON!, Girls & Panzer, Madoka Magica, Black Butler, etc.

   


Dito assim às vezes parece bem fácil de classificá-los, mas a verdade é que nada é 08 ou 80, existem vários títulos que são várias coisas ao mesmo tempo, outros não parecem ser nenhum deles e ainda assim conectado a outra.

Por exemplo, não é incomum que autores construam um “universo” e façam várias histórias dentro disso. Love Hina, UQ Holder! e Negima é um desses casos, até onde UQ Holder! é realmente uma sequência de Negima?

Outro caso famosíssimo é JoJo, qual a real conexão entre os vários títulos da série? Alguns veem JoJo como uma coisa só e até somam os volumes na hora de colocar nos rankings. Já outros preferem ver JoJo como uma sequência de obras correlacionadas, mas de alguma forma independente, como se fosse uma franquia.

E isso não acontece pouco, o segundo “mangá mais longo” do Japão é um desses casos também, com atualmente 192 volumes, a série Dokaben possui 5 “arcos” que na verdade são séries fechadas, o mais longo com 52 volumes. Seria então uma linha de continuações? Ou seria uma história só?

A verdade é que acaba virando uma questão de ponto de vista e opinião. Por exemplo, muitos escolhem usar “spinoff” para qualquer coisa, qualquer coisa mesmo! Até mesmo no Japão, vai do estilo do autor e preferência dele.

Em todo caso, bangaihen, anthology e gaiden são termos japoneses que pegaram por lá e são muito usados dentro das franquias, esses você está fadado a encontrar alguma vez!


Desmistificando é uma coluna semanal, lançada nas quintas-feiras, sobre o mercado e mangás brasileiros e internacionais. Você pode ver todas as outras postagens anteriores desta coluna aqui. Sugestões e comentários também são sempre bem-vindos! 🙂

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