O ovo ou a galinha?
Por causa dos sucessos de mangás Jump, como Naruto, Bleach e Dragon Ball, é comum muitos leitores acharem que os mangás são os primeiros produzidos e depois vem as adaptações para outras mídias como os animes. Mas não é bem assim.
Historicamente, na verdade, os mangás contemporâneos (pós-Tezuka) e livros juvenis (novels) de fato vieram antes do que comumente chamamos de anime, mas por uma margem de tempo muito pequena. E a partir daí ambas as mídias passaram a andar lado a lado. Não demorou muito até animes originais (sem serem adaptações) começarem a ser produzidos e várias outras mídias surgirem.
Atualmente o mundo “otaku” tem seis frentes muito fortes: Animações (incluso animes, filmes e outros), Mangás (e toda sua variação e gêneros), Novels e Light Novels (literatura em geral), Games (especialmente os chamados Visual Novels, mas não só), Live Actions (os Dramas, Séries, Filmes e Tokusatsus) e os Drama CD (histórias em aúdio, Rádio Drama). Além dessas seis há várias áreas de suporte e cultura derivada: Cosplay, Action Figures, Peças Teatrais, Musicais, Artbooks e Guidebooks diversos, OSTs, Doujinshis e Fanart, dentre outros. Mas destes aqui não sai quase nenhuma obra ou mídia das principais (embora haja exceções), já que não são áreas onde há a criação de roteiros e histórias (exceto os Doujinshis, claro).
Outra coisa comum são franquias que nascem de um mesmo roteiro paralelamente e ao mesmo tempo, como é o caso de Code Geass, cujo anime e mangá começaram no exato mesmo mês, ambos baseados num mesmo roteiro, mas cuja mídia central era o anime. Isso acontece até bastante, mas também existem em grandes quantidades os mangás que vem depois. No Brasil, alguns exemplos de anime que viraram mangás publicados por aqui são Puella Magi Madoka Magica, Eureka Seven, Neon Genesis Evangelion, Cowboy Bebop, Samurai Champloo e Kill La Kill.
Já filmes animados são um pouco mais raros, mas temos, por exemplo, as obras de Makoto Shinkai: 5 Centímetros por Segundo, O Jardim das Palavras e Voices of a Distant Star.
Outro enorme criador de franquias são os jogos eletrônicos (videogames), geralmente de RPG ou Visual Novels, por aqui sairam os mangás de Fate, Corpse Party, Pokémon, Resident Evil, Heart no Kuni no Alice (Alice Hearts), Kingdom Hearts, Inazuma Eleven (Super Onze), Medabots, Street Fighter, Yo-kai Watch, Death Jr. e Steins;Gate.
Light Novels e Novels (livros) recentemente também têm gerado várias franquias e obras derivadas, como 1 Litro de Lágrimas, Number Six, Log Horizon, Sword Art Online, Highschool DxD, Savanna Game, The Testament of Sister New Devil e No Game No Life.
Existem ainda casos de mascotes ganhando vida em anime e mangá, por aqui temos Domo, no Domo Mangá. Ou de bandas e celebridades que ganham versões em mangá, como o Princess Ai.
Outra exceção são as adaptações de mídia e histórias fora do mundo “otaku”, como os Disney Mangás, adaptações de filmes como Piratas do Caribe e seriados como CSI, de livros como Crepúsculo e Vampire Kisses ou as adaptações de Alice nos País das Maravilhas e os vários outros lançados pela JBC e L&PM, sem contar a de games americanos, como os vários de Warcraft, e de quadrinhos estrangeiros, como Batman, Wolverine e Homem-Aranha.
Ou seja, no fundo não existe um caminho “comum”, qualquer obra em qualquer meio e veículo pode vir a gerar todos os demais. Para saber qual é a obra que deu origem a toda a franquia, só pesquisando caso a caso!
Desmistificando é uma coluna semanal, lançada nas quintas-feiras, sobre o mercado e mangás brasileiros e internacionais. Você pode ver todas as outras postagens anteriores desta coluna aqui. Sugestões e comentários também são sempre bem-vindos! 🙂