Biblioteca Brasileira de Mangás

Muitos mangás pela Panini e a treta da Crunchyroll….

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A semana em resumo…

A semana foi agitada, principalmente os últimos dias, mas não necessariamente no mercado de mangás. Viemos comentar algumas notícias e dar nossa opinião sobre outras. Vem ver :).

Aqui no nosso mundinho particular dos mangás, durante a semana a editora Panini enviou um e-mail aos sites e blogs, onde informava que haveriam seis lançamentos no mês de março. São eles, Pokémon R&S, Yuna da Pensão Yuragi, O marido do meu irmão, BEASTARS, Radiant e Dragon Ball Ultimate.

Há dois problemas nisso. Primeiro que o número de lançamentos é muito grande e de forma súbita. Não me parece algo saudável você “obrigar” os consumidores a começar diversas séries em um mesmo mês e sem um tempo hábil de se prepararem. O motivo desse grande número de títulos, porém, é até bem claro se você analisar bem. A editora ficou com poucos títulos nos meses ímpares e esse monte de mangás vem para manter a média perto de 20 volumes por mês.

O segundo problema tem a ver com Dragon Ball e a falta de informações sobre ele. Ele já vai ser lançado mês que vem e ainda não sabemos seus detalhes. A única informação (informação esta divulgada pela assessoria de imprensa da editora) é que o mangá deve vir em capa dura, o que indica que ele deve ser caro. Algumas pessoas foram fuçar no ISBN e viram que DB foi cadastrado lá com um número de páginas para lá de pequeno, apenas 232. Esse número de páginas indica que será a versão de 34 volumes.

Ano passado, na época do anúncio, Levi Trindade, editor da Panini, disse que queriam lançar em formato 2 em 1 ou 3 em 1 para acabar logo. Parece que não conseguiram isso. Por outro lado, ele também disse que o mangá só deveria sair no segundo semestre. Parece que adiantaram demais as coisas. Será que ele será tão caro quanto todo mundo pensa? Se for, provavelmente não terei como comprar nem o primeiro volume já que ele sai mês que vem e eu estava esperando para  o segundo semestre. Bem, acontece, ninguém tem dinheiro para tudo.

Talvez o mais fora da curva que vimos nesta semana foi a notícia de que a Shueisha havia criado um aplicativo de leitura de mangás totalmente gratuito e voltado para todo o mundo. Infelizmente, por ora, só tem em inglês, mas se você sabe o idioma poderá acompanhar diversas obras do selo Jump de forma oficial e de graça.

Como é possível criar um aplicativo que seja de graça? Afinal, existem custos para se manter o produto no ar, fora que os autores precisam receber pelo seu trabalho. Qual a mágica que a editora fez? Acontece que o site possui anúncios e a receita proveniente deles será usada para isso. O curioso pelo que me mostraram é que dentro dele você pode até mesmo encontrar anúncios de aplicativos da concorrência^^.

Se você gosta dos mangás da Jump e sabe inglês é realmente uma boa ideia usar esse aplicativo da Shueisha, ao menos se você gosta mesmo das séries. Digo isso porque se eu gosto de uma série, eu acho justo que o criador seja recompensado por isso e, consequentemente, possa continuar a produzir outras obras. E se eu posso recompensá-lo sem gastar um só centavo, melhor ainda!!.

A polêmica da semana do nosso mundo otaku não foi nos mangás e sim nos animês. Alguns sites piratas que distribuíam ilegalmente animês licenciados pela Crunchyroll foram retirados do ar por uma ação da empresa. Como era de se esperar, houve um escarcéu, com críticas a Crunchyroll, chegando a ter mentiras deslavadas contra ela, e defesas fervorosas à pirataria, nada muito diferente do que vimos na época em que a JBC mandou alguns sites tirarem do ar os mangás da editora.

Toda empresa que trabalha com conteúdo licenciado ou próprio vai tentar de alguma forma combater a pirataria, é o normal, é o natural. A Netflix mesmo –  a mais conhecida plataforma de streaming – está continuamente ativa contra a essa prática. Em 2017, por exemplo, a empresa fez mais de um milhão de notificações para que se excluísse material não autorizado. Isso mesmo, mais de um milhão. A Crunchyroll até demorou para tomar medidas semelhantes.

A nossa opinião sobre essa questão é bem clara, afinal somos um blog que fala sobre o mercado OFICIAL de mangás no Brasil, então nem precisamos dizer o que achamos disso tudo. Fora que o tom do texto já demarca bem o nosso lado.

A gente comentará mais algumas coisas, mas não pretendemos discutir esse assunto aqui de forma ampla porque a gente acha e espera que quem nos acompanha faça parte do grupo das pessoas sensatas, que tenha ciência e esteja do lado das leis, mesmo que não concorde com elas. Ou seja, na nossa visão a maioria de vocês usam scans e fansubs, sabem da importância que eles têm, mas também sabem que isso é pirataria e que pelas leis esses sites podem ser fechados a qualquer momento e não temos razão para reclamarmos da empresa que derrubar esses site. Não nos decepcionem, leitores.

A gente viu muita gente falando que a Crunchyroll queria acabar com a pirataria de animês no Brasil, mas esse é um pensamento totalmente errôneo, falso e até mesmo mal intencionado por parte de alguns. Para usar uma expressão da moda: é fake news. Se você chegou a ver alguém dizer isso e acreditou, a gente vem aqui desmentir. Pelo que a gente sabe, a Crunchyroll não tem essa pretensão e nem tem poder para fazer isso. Veja bem, a Crunchyroll não tem todos os animês do mundo e a capacidade dela de licenciar obras é limitada. Daí que é impossível ela acabar com a pirataria mesmo se ela quisesse.

“O fim dos animes”, uma das mentiras deslavadas contra a Crunchyroll.

Vamos explicar para você entender o que a gente quis dizer: suponha que você resolva criar um site de animês dublados e nele você coloque Guerreiras Mágicas de Rayearth, Tenchi Muyo UniverseViolet Evergarden e Digimon Tamers. Além disso, você coloca um monte de propaganda no site para ganhar dinheiro com ele (ou, como dizem alguns, manter ele no ar). Se a Crunchyroll ficar sabendo da existência desse site, até onde a gente tem conhecimento, ela não pode fazer absolutamente nada contra você. A Crunchyroll não licenciou nenhuma dessas séries, então o seu site ficará no ar e a Crunchy não pode te processar.

Entretanto, imagine que você adicione Konosuba! ao seu site pirata. Aí a Crunchyroll pode entrar em contato com você e pedir para que você retire Konosuba! do ar, apenas Konosuba! e nada mais.  Konosuba! é licenciado pela Crunchyroll e foi ela quem mandou dublar, então isso pertence a ela no Brasil. O resto ela não tem poder de mandar você tirar, as leis não permitem. Então se você retirar Konosuba! seu site ficará de boa. Claro que os outros quatro animês continuam sendo sem licença, então outras empresas podem tentar acabar com o seu site, mas a Crunchyroll não.

Mas e se você recebeu o aviso da Crunchyroll e não retirou Konosuba! do ar? Aí a Crunchyroll pode tomar outras medidas legais e ir à justiça e, de repente, você pode até mesmo receber uma visita em casa, uma visita da polícia mesmo para te levar preso de uma vez, como já aconteceu com donos de diversos sites de filmes em ações anti-pirataria. Aí o seu site sai do ar com todo o conteúdo, apenas porque você não quis tirar Konosuba!.

Segundo disse Yuri Petnys, representante da Crunchyroll no Brasil, em seu Twitter pessoal, houve contato prévio com os sites para que o conteúdo fosse retirado. Então esses sites que saíram do ar poderiam ter continuado a operar normalmente se tivessem ouvido as solicitações. Inclusive, a conhecida Punch Fansub realizou um comunicado exatamente nesse sentido, em que ela retirará o conteúdo da Crunchyroll e continuará a produzir séries que não sejam licenciadas por essa empresa. Tudo feito de forma amigável.

Então, está claro que a pirataria continua e a Crunchyroll não quer acabar com ela, a empresa só está indo atrás de seus direitos, das séries que ela licenciou, que ela pagou para exibir, pagou para legendar e pagou para dublar, e esses sites que foram derrubados estavam pegando até mesmo as legendas da Crunchyroll e lucrando em cima disso.

Como aqui é um blog sobre mangás, talvez você não saiba exatamente o que é a Crunchyroll. A gente sempre cita o site por aqui em uma notícia ou outra, mas talvez você não tenha percebido e nem pesquisado sobre ele, então vamos explicar.

Crunchyroll é um site legalizado de streaming de animês. Atualmente, ele pertence a uma empresa do grupo Warner (aquele mesmo que faz os filmes da DC e os desenhos do Perna Longa) e todas as temporadas o site licencia diversas séries, muitas delas com exclusividade, e até mesmo participa ativamente da produção delas.

Em outras palavras, a Crunchyroll paga para conseguir exibir os animês no Brasil e em outros territórios, e ainda banca parte da produção de alguns deles. Um dos sucessos desse início da temporada, por exemplo, The Rising of the Shield Hero (Tate no Yusha) teve dinheiro da Crunchyroll em sua produção.

The Rising of the Shield Hero. Foto: Crunchyroll

Obviamente, como vivemos em uma sociedade capitalista e com livre mercado, a Crunchyroll jamais irá conseguir licenciar todas as séries de animês, pois existe concorrência e há obras que são exclusivas de outras plataformas, como o Amazon Prime, a Netflix e mesmo o HIDIVE. Alguns sequer chegam ao Brasil porque uma empresa norte-americana pega a licença para toda a América e a tal empresa não atua aqui¬¬. Claro que às vezes há conteúdo semelhante nas plataformas (vide Domestic Girlfriend que tem tanto na Crunchyroll, quanto no HIDIVE), mas em geral é meio impossível de uma empresa conseguir licenciar todas as obras, em outras palavras não há como ter monopólio de exibição de animês.

A Crunchyroll, evidentemente, não é uma empresa beneficente, então ela cobra uma mensalidade para quem deseja assistir o conteúdo. Mas claro que nem todo mundo tem dinheiro para pagar, então a Crunchyroll é bem democrática e quase tudo disponibilizado no site pode ser visto de graça, nesse caso com propagandas. Provavelmente a Crunchyroll é o único (ou um dos únicos) serviços de streaming de animês do mundo em que você pode ajudar a indústria sem pagar um centavo por isso. E, como mostrou o Gyabbo, sem o dinheiro internacional a indústria de animação japonesa não teria se expandido nos últimos anos, então serviços como a Crunchyroll são essenciais.

Embora eu tenha falado que a Crunchyroll é um dos únicos serviços de streaming de animês em que você pode ajudar a indústria mesmo sem pagar um centavo por isso, a verdade é que eu não uso a Crunchyroll para ajudar a indústria. Isso é só uma consequência do meu uso.

Eu gosto bastante do serviço por ser mais prático. Por exemplo, muitas vezes eu largo um animê no meio do episódio e esqueço o número do episódio, mas quando abro a Crunchyroll está lá o animê exatamente de onde eu havia parado, exatamente no meio de um episódio que eu havia largado, sem que eu tenha que fazer nada. Tenho bastante críticas ao serviço, quero melhoras substanciais (cadê a opção de download no mobile, Crunchy?), mas a praticidade que ele me dá atualmente já é mais do que o necessário para eu fazer uso dele.

Entretanto eu não assino de forma contínua. Em geral, depende se estou estou interessado em muitos ou poucos animês, então raramente assino por mais de três meses seguidos. Atualmente sou assinante apenas e tão somente por causa dos animês dublados (embora assista alguns legendados da temporada). Como sou entusiasta de dublagem, quero assistir tudo que tem por lá e aumentar as visualizações para que a Crunchyroll saiba que existe demanda para mandar dublar mais.

Konosuba! 2. Foto: Crunchyroll.

Daí que eu assisto mesmo animês que eu não tenho o menor interesse, apenas por ser dublado. Nisso, um dos grandes achados foi Konosuba!. Era bastante conhecido, muita gente falava dele, mas eu não tinha a menor intenção de assistir, parecia algo completamente genérico  e bobo. Aí a Crunchyroll mandou dublar, fui assistir e adorei o animê. É sensacionalmente divertido. Eu já quero a light novel no Brasil e já estou indo lá pedir para a NewPOP trazer (peça você também!).

Ou seja, eu posso até assinar a Crunchyroll sem a intenção de ajudar a indústria japonesa de animação, mas eu estou fortemente engajado em ajudar a “indústria brasileira de animês dublados”^^. Isso não se resume à Crunchyroll. Sempre que a Netflix coloca um animê dublado e eu estou com conta ativa lá, eu assisto dublado para que a empresa saiba que há demanda. É como eu sempre digo: se eu gosto de uma coisa, o normal, o natural, o sensato, é que, tendo eu dinheiro, eu pague pela coisa que eu gosto, para que essa coisa continue a ser produzida. Nesse  caso, serviços de streaming que me oferecem dublagem.

É claro que tanto as dublagens da Netflix e da Crunchyroll irão aparecer em algum momento em algum site pirata, mas eu não tenho razão para assistir nesses sites. Afinal, como a Netflix e a Crunchyroll vão saber que podem gastar um caminhão de dinheiro com dublagem se eu não assistir pelos serviços oficiais? Acaba que não é nem uma questão de “querer ajudar a indústria” e sim uma questão lógica capitalista. O dinheiro move o mundo, se um produto não dá dinheiro, não irão mais fazer esse produto. Simples assim. Não vivemos no comunismo (ou como dizem aquele pessoal da direita: “não existe almoço grátis”) e consequentemente temos que nos adaptar à lógica capitalista, temos que pagar pelo que gostamos para que as coisas continuem a existir. Konosuba! só teve a primeira temporada dublada, se estiver fazendo sucesso na Crunchyroll, certamente a segunda temporada aparece. A minha parte nessa lógica capitalista eu estou fazendo…

Por fim, se você não tem dinheiro para pagar a Crunchyroll e ver os animês dublados, saiba que você pode apoiar dando audiência. Vários dos animês dublados da Crunchyroll podem ser vistos na Rede Brasil (RBTV), no bloco Crunchyroll TV, totalmente de graça. Esse canal também pode ser acessado pela Internet. Não sei como funciona o contrato da Crunchyroll com a emissora, mas imagino que quanto mais audiência, melhor. Konosuba! é exibido todos os sábados.

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Essa foi nossa postagem de opinião de hoje e a gente jura que isso tudo não foi uma tentativa de fazer você ir pedir a light novel de Konosuba! para a NewPOP. Mas se você é fã e quer que a empresa licencie a light novel em língua portuguesa, não deixe de ir lá no site da editora pedir.

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