Biblioteca Brasileira de Mangás

Qual seria o melhor formato para Inu-Yasha?

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inuDiscutindo possibilidades….

Em 2016, a editora JBC fez uma coisa muito rara de se ver no mercado de mangás. Ela realizou uma pesquisa para que os próprios leitores pudessem escolher o próximo título da empresa a ser relançado. Concorreram Shaman King, A princesa e o cavaleiro, Angelic Layer, Fruits Basket, Cowboy Bebop e Inu-Yasha. Inu-Yasha acabou sendo o grande vencedor, com mais de quinze mil votos.

Desde que o resultado foi anunciado, a editora tem dito que está negociando com o Japão e definindo o formato em que o mangá viria. Na primeira vez em que foi publicado no Brasil (entre 2002 e 2009), Inu-yasha veio em formato pocket e meio-tanko. Ou seja, suas 56 edições originais, viraram 112 tornando-se, até hoje, o mangá com mais volumes em publicação no Brasil. Provavelmente, só será superado por One Piece, se o mangá do Eiichiro Oda não acabar antes O_o.

Inu-Yasha meio-tanko (acervo pessoal)

Obviamente, a nova edição não virá nesse formato e, desde que o título ganhou a pesquisa, há toda uma discussão entre os consumidores sobre qual seria o ideal para esse mangá, afinal ele é um título longo e sua publicação tende a durar vários e vários anos. Em vista disso, muitos consumidores acreditam que ele não se mantém no mercado por muito tempo.

A verdade é que olhando os outros mercados da América latina fica difícil até imaginar o porquê de Inu-Yasha ter sido lançado e concluído no Brasil. Como falamos em uma postagem anterior, na Argentina o mangá está parado no volume 12 desde 2014 e não há qualquer sinal de que a publicação dele voltará. No México mais desastre, a publicação de Inu-Yasha foi encerrada no volume 25.

O Brasil parece ser o único país subdesenvolvido em que esse título deu certo. Mesmo assim, é difícil não pensar na possibilidade do fracasso desse título em sua segunda passagem pelo país. Pensando nisso, resolvi conjecturar qual seria o melhor formato para Inu-Yasha dar certo em nosso país.

Tankobon

O formato original de Inu-Yasha possui 56 volumes e se ele for lançado assim e mensalmente dará cerca de cinco anos de publicação. Isso é muito, muito tempo. Eu sinceramente não faço a menor ideia se o público de Inu-Yasha é grande o suficiente para uma publicação tão extensa e por tanto tempo de modo contínuo. Em sua primeira passagem no país, o título demorou bem mais para ser concluído, quase 8 anos, mas ele ainda estava em publicação no Japão e isso ajudou o mangá a se estender bastante por aqui. Sua sobrevivência e suas vendas, porém, decerto devem ter sido ajudadas por causa do animê em televisão por assinatura e, por algumas semanas, em televisão aberta.

Hoje os tempos são outros, Inu-yasha não está mais tão na moda e o título tem muitos volumes, desencorajando muitos consumidores curiosos e que não conhecem a série. Inevitavelmente, faço parte do grupo dos pessimistas que vê que a partir da metade a obra estará amargando prejuízo. Ainda que a pesquisa tenha mostrado que existem pessoas dispostas a colecionar o mangá, eu não sei se uma publicação em 56 tomos será eficiente. Ao menos, não uma publicação tradicional em bancas de revistas.

A minha opinião é que esse formato de 56 volumes (independente do acabamento, tipo de papel ou qualquer outro detalhe) só daria certo se fosse enviado exclusivamente para livrarias e lojas especializadas. Assim a editora não precisaria fazer grandes tiragens, o mangá ficaria disponível por bastante tempo (e se algum volume esgotasse seria mais fácil de reimprimir), e não teria tanto prejuízo com uma publicação tão longa.

De todo modo, eu realmente espero estar errado em meu pessimismo. E se a editora escolher esse formato, o título venda muito, faça sucesso e, quem sabe, motive a editora investir em outras obras longas da Rumiko Takahashi como o atual Kyoukai no Rinne.

Eu, particularmente, não gostaria desse formato. Preferia uma edição mais enxuta como um BIG ou um Omnibus. Isso nos leva ao próximo item…

BIG (2 x 1)

A editora já disse algumas vezes. O formato BIG é para a publicação de obras difíceis de serem trazidas pela editora, seja porque foram canceladas no passado por outras empresas, seja porque o título tem muitos volumes. Inu-Yasha tem muitos volumes!!! Então ele é um candidato em potencial para o formato BIG, pois reduziria os 56 volumes originais para apenas 28 deles.

O problema é que, mesmo assim,  a série continuaria a ser longa. Os BIGs tem sido lançado bimestralmente e se Inu-Yasha fosse lançado nessa periodicidade demoraria quase 5 anos para ser concluído. Se fosse lançado mensalmente, por outro lado, pesaria no bolso do consumidor. Eis um impasse.

Ainda que não necessariamente a pessoa tenha que comprar no mês de lançamento, o ideal para a editora seria que os volumes fossem comprados o mais perto possível do lançamento ou pelo menos que não se demorasse tanto para a aquisição de um ou mais volumes. Nesse sentido uma publicação bimestral é mais eficiente, tanto para quem compra pelo preço cheio em lojas físicas, quanto para quem compra em promoções, pois em um ano seriam apenas seis volumes lançados, tornando mais financeiramente viável adquirir a série.

Como faço parte do clube das megapromoções, eu preferia uma publicação em formato BIG e bimestral mesmo, ainda que demore os mesmos cinco anos de uma publicação em tanko mensalmente. O problema todo é que também pode haver uma grande curva de vendas durante esse tempo. Daí que, talvez, seja melhor um Omnibus.

Omnibus (BIG 3 x 1)

Nos Estados Unidos, a Viz (empresa que pertence às editoras japonesas Shueisha e Shogakukan) publicou uma versão de Inu-Yasha em formato Ominibus (3 em 1), reduzindo os 56 volumes originais para apenas 18. É uma solução ideal para o mangá, pois assim reduziria bastante o número de volumes e tempo de publicação, mesmo que fosse bimestral.

O grande ponto é que uma versão assim deveria ser em papel jornal para não encarecer demais o produto. Se o BIG em papel offset custa R$ 39,90 atualmente, o Ominbus, decerto, custaria mais. E, convenhamos, o público de Inu-Yasha não é o de Cavaleiros do Zodíaco. Mesmo com as promoções de quase 50% da Amazon e da Saraiva, o título não se sustentaria custando 50 ou 60 reais o volume.

Porém, desde Cavaleiros do Zodíaco, em 2012, a JBC não publica mais relançamentos em papel jornal. Daí que é difícil apostar que a editora iria lançar um omnibus com um papel econômico. Fora que o povo iria chiar muito se a empresa fizesse isso. Eis mais um cenário complicado.

***

Os três cenários possíveis são esses e eu, sinceramente, não sei qual seria o melhor. A minha preferência é pelo formato BIG, mas é um risco uma publicação tão longa.

De tudo isso eu consigo tirar o seguinte: agradeço por não trabalhar na JBC e não ter que lidar com esse tipo de decisão^^. Olhando de fora, sem ter nenhum conhecimento do que acontece dentro da empresa, parece uma decisão complicada demais. Só resta ver o que a editora irá fazer e torcer para que a empresa faça a melhor escolha possível.

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