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CCXP 2018: comentando os mangás anunciados pela Panini

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São bons títulos?

Na última sexta-feira, 07 de dezembro de 2018, a editora Panini realizou uma palestra na Comic Con Experience (CCXP) e nela anunciou cinco novidades para 2019. Noticiamos todas elas aqui no blog no mesmo dia, mas hoje viemos comentar um pouco sobre esses títulos -se foram surpresas ou não – e as expectativas que temos ou não para eles.

Sempre que era perguntada sobre um possível relançamento de Dragon Ball, desde 2015, a Panini respondia que não havia nada previsto até 2018. Pois bem, chegamos ao final de 2018 e realmente não tinham nada, mas anunciaram finalmente o relançamento para 2019.

Era esperado. Quem não fosse ansioso sabia que mais cedo ou mais tarde esse mangá seria relançado. Dragon Ball (junto de Cavaleiros do Zodíaco e Naruto) é um dos poucos produtos que superam em muito a barreira do nicho otaku e dos colecionadores de quadrinhos em geral, então reedições são sempre esperadas. Podia não ser hoje, podia não ser amanhã, mas em algum momento iria acontecer.

No anúncio disseram que o relançamento seria a versão ultimate, mas na verdade pouco foi dito sobre ela de fato (uma das representantes da editora chegou a dizer que não sabia exatamente qual edição fora contratada). O que se sabe é que o mangá deve ser totalmente colorido e deve vir em um acabamento realmente premium. Se for exatamente assim mesmo como dito na palestra, qualquer expectativa de preço abaixo de 50 reais é ser muito otimista. Chutar 50 reais já é otimista demais.

Mas, claro, tudo depende de como será esse acabamento. Se será tudo colorido, lançarão em papel Couchê? Ou será um offset mais grosso (120g ou maior)? Terá sobrecapa? Etc, etc. São questões que ficam para serem respondidas posteriormente.

No mais, Dragon Ball dispensa apresentações realmente. Se você tiver condições financeiras e for um fã muito grande de Dragon Ball, você terá uma chance única de colecionar esse mangá. De minha parte ainda não sei se terei dinheiro disponível quando for lançado, mas independente disso ao menos o volume 1 eu tentarei comprar.

Assim como Dragon Ball, Golden Kamuy era um título extremamente previsível de que apareceria por aqui. Se não saísse em 2018, como não saiu, sairia em 2019 ou em 2020. Era questão de tempo. A gente não sabe se JBC ou NewPOP tiveram interesse nesse título também, mas Golden Kamuy é um tipo de obra que facilmente apareceria no Brasil por qualquer editora, tendo ação, aventura, etc.

Capa espanhola

O mangá foi indicado e ganhou alguns prêmios no Japão e sempre que isso acontecia mais sua visibilidade começava a aumentar no ocidente. A adaptação em animê veio para acrescentar ainda mais a popularidade e fazer a obra se tornar um queridinho de muita gente (embora a animação seja criticada vez ou outra).

Capa francesa

Nesse sentido, se você se perguntar se o mangá vale a pena, saiba apenas que Golden Kamuy foi ganhador do Grande Prêmio do Tezuka Osamu Cultural Prize e isso não é pouca coisa. Se você olhar o calibre das obras que já ganharam esse prêmio ( como Monster, PlutoHelter Skelter e Vagabond) você verá que as chances de o mangá não ter qualidade são praticamente nulas.

Capa americana

Então, por ter ganho o referido prêmio, a gente já sabe de antemão que a obra tem muita qualidade. Não é algo para se duvidar. A questão é que ter qualidade ao ponto de ser reconhecida por um prêmio importante, não significa que você irá gostar. Helter Skelter, por exemplo, é uma obra sensacional, uma das melhores já lançadas no Brasil, mas muita gente odeia ele por uma série de motivos (história “chata”, traço “feio”, etc). Em outras palavras, se você gosta de um mangá com fundo histórico e tenha ação e aventura, Golden Kamuy é uma escolha mais do que certa para você começar a colecionar. Se você não gosta muito disso, tem outros mangás no mercado.

Capa italiana

De minha parte o ponto principal, porém, é o mesmo de todos os títulos da Panini. Ficará disponível por muitos meses para que possamos ir comprando aos poucos? Por ser lançado no primeiro semestre de 2019, ele acaba em segundo plano, pois terá obras outras em sua frente, então eu só poderia ir comprando aos poucos, mas como ele custará no mínimo R$ 21,90, fica difícil começar a colecionar uma obra que posso ficar sem um volume específico apenas porque não comprei no lançamento. O que é uma pena já que tenho assistido a animação e gostado muito da obra.

Golden Kamuy já está em publicação em quatro países ocidentais, Espanha, Estados Unidos, Itália e França. As capas vocês viram acima.

SinopseEm Hokkaido, nas terras do extremo norte do Japão, Sugimoto sobreviveu à guerra Russo-Japonesa da era Meiji. Apelidado de “Sugimoto, o Imortal” durante a guerra, ele agora procura as riquezas prometidas pela corrida do ouro, na esperança de salvar a esposa viúva de seu falecido companheiro de guerra. Durante a sua caça ao ouro, ele descobre sobre um estoque enorme escondido por um criminoso. Através de uma parceria com uma garota da tribo Ainu, que salva a sua vida, ele luta contra os criminosos, os militares, e a própria natureza para encontrar o tesouro.

Beth Kodama, editora-sênior da Panini, disse uma vez em seu perfil pessoal no Facebook que após o final de Kimi ni todoke e Lovely Complex não deveríamos mais ter shoujo na Panini por tempo indeterminado. Adicionalmente a isso, Levi Trindade, representante da editora no Anime Friends, também havia deixado no ar que não tinham nada em vista em relação a shoujos. A notícia se espalhou entre uma comunidade de fãs e o resultado é que ninguém mais acreditava que shoujos poderiam aparecer em um futuro próximo pela editora, afinal os dois mais conhecidos representantes da empresa praticamente haviam sepultado com suas palavras quaisquer perspectivas de novas obras dessa demografia pela Panini.

Capa Alemã

De repente, porém, anunciam Omoi, Omoware, Furi, Furare. Ele é o mangá atual da mesma autora de Aoharaido e se encontra atualmente com 10 volumes. O anúncio desse título mostra que Aoharaido deve ter sido um sucesso (as chances de uma editora apostar em uma obra de um mesmo criador ou de uma mesma franquia que não deu o resultado esperado são bem pequenas) e acabou sendo natural a vinda desse. A única dúvida é o porquê desse e não da obra anterior da autora, o Strobe Edge.

Capa espanhola

É bom ver que a Panini não desistiu dos shoujos e espero que esse não seja o único para o ano que vem, mas esse em específico, porém, é um título que particularmente não me chama tanto interesse. Eu já tinha lido alguns capítulos dele tempos atrás, achei melhor que Aoharaido, mas ainda assim não é uma obra que hoje eu gostaria de ter uma versão física. Então é um título que provavelmente eu deixe passar, ainda mais por estar em andamento e não sabermos até onde ele vai.

Capa italiana

Para quem gosta da autora, entretanto, a compra é meio que obrigatória, principalmente se você quer Strobe Edge. Para quem gosta de obras que se passam em ambiente escolar, o título é legalzinho e divertido e vale a pena ao menos ler o primeiro volume.

Capa francesa

Omoi, Omoware, Furi, Furare já está em publicação em 4 países ocidentais, Alemanha, Espanha, Itália e França. As capas vocês viram acima. Cada uma delas com um título diferente.

SinopseA história gira em torno de Yuna e Akari que têm duas visões muito diferentes de amor: Yuna é alguém que vê o amor como um sonho e Akari é alguém que é muito realista sobre suas escolhas de romance. Enquanto isso, há dois garotos, Kazuomi e Rio, que também têm pontos de vista diferentes de amor: Kazuomi é uma cabeça oca e não entende o conceito de amor, enquanto, Rio agarraria a oportunidade quando alguém se confessa… enquanto a garota for bonita.

Funouhan é o mangá que veio para cumprir a cota “mangás que você nunca ouviu falar, mas que talvez você goste mesmo assim”, sendo o mais desconhecido dentre dessa leva anúncios. E ele é um mangá da Shueisha, uma das maiores editoras do Japão. E para ser desconhecido entre mangás atuais publicados pela Shueisha no Japão, esse mangá tem que se esforçar muito.

Capa francesa

A sinopse, porém, é atrativa e instigante, o que diminui um pouco aquela sensação de que ele possa ser um daqueles títulos passáveis e esquecíveis. Entretanto, ele deve vir no novo formato padrão da editora, com miolo em papel offwhite, o que certamente quer dizer que seu preço será na casa dos R$ 21,90. Para piorar, o título tem 8 volumes atualmente no Japão e ainda está em andamento. Por mais que a editora tenha dito que a obra está se encaminhando para o final, o preço provável dele deve ser muito alto para arriscar em um mangá desconhecido e que não sabemos quantos volumes terá.

Capa italiana

Isso é um grande problema, pois se alguns títulos desconhecidos lançados no Brasil acabam sendo verdadeiras decepções como Jogo do Rei, outros acabam sendo verdadeiras surpresas, sendo obras bem melhores do que a maioria dos títulos populares, como Thermae Romae. Por essa razão deixar de acompanhar um título desconhecido pode nos afastar de mangás sensacionais.  Então, se a sinopse lhe interessou a recomendação do blog é que pelo menos o volume 1 você tente adquirir, vai que a obra te prenda e você não consiga largar, não é?

Funouhan está em publicação no ocidente em apenas dois países, Itália e França, em ambos publicados sob o título de Perfect Crime.

SinopseUm homem, Tadashi Usobuki, é visto várias vezes na cena de crimes estranhos. No entanto, ninguém pode provar sua culpa. Todo mundo o chama de “o homem dos crimes perfeitos”. Ódio … Ciúme … Desejo … e amor. Usobuki é capaz de responder a todos os pedidos de assassinato de seus clientes. E cuidado, ele nunca anda muito longe de você …

Muita embora a ordem alfabética tenha definido que Wotakoi seria o último, a verdade é que não poderíamos encerrar a postagem com qualquer outro mangá se não ele, pois esse título foi realmente a verdadeira surpresa dentre os anúncios. O mais inesperado de todos.

Capa Alemã.

Wotakoi ficou famoso recentemente devido a uma adaptação em animê (disponível oficialmente no Brasil por meio do Amazon Prime) e conquistou uma grande parte do público otaku por sua temática muito cara a todos nós como consumidores de cultura pop japonesa. A animação já começa mostrando aquela velha questão da aceitação social dos nossos hábitos, com a protagonista buscando esconder de seus namorados que é uma otaku. Claro que tudo muda muito rápido e você saca logo de cara que ela e o carinha que ilustra a capa do mangá ficarão juntos em algum momento.

Capa espanhola

Embora seja uma obra de romance, Wotakoi tem um foco muito grande no humor, apresentando o tempo todo diversas e diversas quebras de expectativas dos mais diversos tipos, nos fazendo sorrir com as situações inusitadas, como quando dois certos personagens acham que a protagonista está traindo o namorado com um rapaz mais jovem, mas que obviamente não é nada disso. Em outras palavras, é aquele humor mais geral, que tende a agradar a grande maioria do público.

Capa americana

Adorei o animê e quando fui pesquisar sobre a obra original, fiquei bastante desanimado. Além de ainda estar em publicação, é mangá publicado em um revista josei, isto é uma revista destinada a adultos, mais especificamente a mulheres adultas, e quase não se lança mangás dessas revistas no Brasil. O resultado é que eu jamais esperaria esse tipo de obra ser anunciada. Foi uma total surpresa.

Capa francesa

Wotakoi chega em fevereiro e se o mangá tiver 10% da qualidade que tem o animê, será melhor que muita coisa publicada no Brasil. Retratação da realidade adulta da vida otaku, romance dos bons, comédia das boas, etc. Esse mangá é uma recomendação total do blog. Então assista a adaptação se tiver tempo, conheça a obra e se gostar e tiver dinheiro sobrando, dê uma chance a esse título^^.

Wotakoi é de autoria de Fujita e ainda está em andamento no Japão com 6 volumes até o momento. A obra já é publicada no ocidente em 4 países, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e França, cujas capas vocês viram acima.

SinopseNarumi e Hirotaka têm 26 anos e são amigos de infância. Depois de se afastarem por causa da vida adulta, eles se encontram trabalhando na mesma empresa! Enquanto Narumi adora mangas, videogames e cosplay, Hirotaka prefere apenas os videogames, que ele só deixa de lado para ir trabalhar. Quando Narumi reclama, meio bêbada em um bar, que é impossível encontrar o amor como Otaku, Hirotaka se oferece para sair com ela. Então começa uma história de amor para a qual nenhum deles se preparou.
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