Biblioteca Brasileira de Mangás

BBM Responde: Qual o melhor papel para um mangá?

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E outras questões comuns!

Voltamos com mais um BBM Responde, uma coluna voltada para responder perguntas que encontramos nas redes sociais e sites. A proposta aqui é responder questões simples, mas que muitos leitores e colecionadores brasileiros têm dúvida. Igualmente a coluna tem como objetivo ajudar aquele novo leitor de mangá a navegar pelo nosso mundo que às vezes pode ser muito exclusivo.

Começaremos com um ritmo semanal, respondendo algumas perguntas dentro de um mesmo tema, dando dicas e ajudando os usuários a encontrarem as informações que precisam. Aproveitamos e convidamos também nossos leitores mais antigos a dividir suas dicas e experiências. Além disso sintam-se livres para usar esse espaço como um FAQ e perguntar qualquer coisa.

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Esta é uma pergunta até comum, mas não há uma resposta, já que a escolha do material a ser usado vai depender de vários outros fatores, por exemplo:

Preço: Diferentes papéis e gramaturas custarão diferente também, obviamente, a escolha do papel interferirá no preço final e assim a viabilidade da obra. Quanto o meu público está disposto a pagar por um volume? Qual o preço ideal para o meu produto? Há espaço para encarecer meu produto com papel de características melhores?

Disponibilidade: Se vou lançar uma obra de 20 volumes, idealmente seria interessante produzir todos eles com o mesmo papel. O papel que tenho em mente tem disponibilidade? É fácil de conseguir com as características que preciso na quantidade que necessito?

Objetivos: Qual a intenção da minha publicação? Publicar algo econômico? Fazer um artigo de luxo? Fazer uma versão “normal”? Qual papel seria adequado para o que tenho em mente?

Gosto do público: Meu público está acostumado com um certo tipo de papel? Qual os papéis que eles preferem? O que eles esperam deste tipo de produto? Com que finalidade eles compram?

A soma de tudo isso que dará a resposta de qual papel será o ideal para a sua publicação. Inclusive diferentes respostas para diferentes países, anos e realidades em geral. Dificilmente entra numa questão de certo ou errado, mas estratégias diferentes, embora certa proposta possa, para aquele público em específico, ser considerado ruim e errado, como é a “transparência” para uma parcela significativa dos consumidores brasileiros de mangá (mesmo tendo sido comum no passado ou comum em outros países).


Em casos assim as gráficas oferecem ajuda, procure empresas da área, eles irão perguntar dimensões, objetivos e preferências, sem contar com tiragens e outros detalhes. Com essas informações eles providenciarão orçamentos com diferentes opções e alternativas. Existem gráficas menores especializadas exatamente em cliente menores e sem experiência prévia. Mas é importante sempre ter alguma noção mínima ou procurar orçamento junto a diferentes empresas, já que há sempre pessoas que possam se aproveitar dessa ignorância e inexperiência da área.


Existe uma certa birra com a JBC e seu uso de Lux Cream, um papel offwhite de gramatura reduzida. Mas a verdade é que decidir qual é melhor acaba sendo uma questão novamente de ponderar as várias questões envolvidas. Cada tipo de offwhite tem diferentes qualidades e características, como toque macio, gramatura disponível, variação de cor do amarelo ao cinza, espessura. Não há melhores, há opções diferentes.


O amarelamento do papel é devido principalmente à oxidação dos metais pesados presentes na página, além da degradação da lignina e da celulose. A única forma de se proteger a obra é criando um ambiente fechado e escuro com uma atmosfera e ambiente neutros (que não afetam a página e seus componentes). Uma das formam fáceis é lacrar com um plástico bem vedado, mas não se trata de um método 100% eficaz, já que temperatura, exposição ao sol e o ar preso dentro (que pode incluir bactérias e fungos) continuam afetando o produto.

Infelizmente impedir que seu papel jornal amarele é uma batalha que você vai perder em algum momento, já que a lignina e a celulose são substâncias cruas que irão se desfazer gradualmente independente de cuidados, é uma mera questão de atrasar o máximo possível que tal aconteça. E mesmo que você consiga conservar a cor da página, isso não significa que a composição dela continua a mesma. Começa a ocorrer a perda da coesão e as páginas com o tempo podem ficar quebradiças e se desfazerem. Mas antes que isso aconteça, seu livro já passará de um livro legível para um livro de exposição, já que lê-lo se torna inviável sem cuidados ainda mais extremos.

É comum que as pessoas questionem isso, comentando como existem jornais antigos ainda preservados e ou como são donos de um produto de mais de 50 anos. Na verdade, o papel chamado de jornal foi inventado na metade do século 19, até então os papéis usados nos jornais possuíam tecido na sua composição e por isso existem cópias “inteiras” até hoje. O papel utilizado atualmente é muito recente e o mais econômico e simples até então, as publicações mais antigas desse material tem de 100 a 150 anos de vida, esses são guardados em ambientes controlados ao extremo, apenas por isso estão preservados. Outros tipos de papéis conseguem ter literalmente centenas de anos nas condições ideais. Atualmente em vez de se tentar preservar esse tipo de material, que é um verdadeiro pesadelo, são feitas cópias digitais ou em microfilme das publicações para armazenamento.

Assim quando dizemos que o papel jornal tem validade e dias contados, não significa que em 20 anos você vai abrir o livro e descobrir que virou pó, seu mangá deve conseguir sobreviver várias décadas  se bem tratado, mas jamais conseguirá chegar às centenas ou milhares de anos como as publicações antigas à base de tecido e outros materiais, que, diga-se de passagem, ainda estão conservados até hoje.

Se quiser aprender mais técnicas ou apenas entender mais do assunto, procure livros sobre a conservação de livros e papel. 🙂

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O Lux Cream é um papel tratado, logo ele envelhece, mas não amarela da mesma forma que os papéis jornais. A grandíssima maioria da lignina e dos metais pesados são retirados, mas ele ainda sofre degradação e desgaste a depender de más condições, como exposição ao sol, à umidade e corrosivos no ar.

Isso vale para vários outros tipos de papel também da família offwhite. Até mesmo o offset também tem alguns tratamentos mínimos, mas no caso dele acontece a degradação mais fácil da celulose que pode também causar o efeito de amarelamento.


Existe dois motivos que ajudam a causar esse inconveniente: um é o tipo de capa e encadernação, o outro é o uso.

Basicamente o papel das capas, especialmente o cartonado, é flexível, mas também deformável. Quanto mais você força a capa para fora ou abre o volume e pressiona as páginas contra ela, mais pressão o material da capa sofre e mais deformação ocorre. Esse acúmulo de deformação durante uma leitura de 200 páginas  resulta nas “capas pulando”.

Esse tipo de coisa não ocorre em capas duras por causa do seu peso. Em capas muito flexíveis como as revistas isso não ocorrerá também, não só por serem muito flexíveis como por serem capas sem quase nenhuma resistência, ou seja, não conseguem vencer a gravidade por serem fraquíssimas. Acaba sendo um problema típico de capas cartonadas e semelhantes e obras com papel offset e gramaturas maiores (sim, às vezes até os papéis saltam para fora).

A única forma de corrigir é colocando o livro deitado e exercer peso uniforme em toda a área da capa por um certo tempo. Entretanto, casos mais extremos o livro pode nunca mais voltar a fechar perfeitamente, simplesmente pela deformação ser muito grande ou o material não ser flexível o bastante.


Capas cartonadas são as capas feitas na gramatura alta, às vezes chamada de cartões: 115g a 300g. É a mesma gramatura utilizada em embalagens e caixas de papel, com as de bombom da Nestlé e Garoto ou as de pasta de dente.


Descobrir isso é complicado para o consumidor comum. Algumas obras possuem essa informação ao final do livro, mas caso não tenha, a melhor forma é perguntar para a editora.

Agora se todo mundo se recusa a te responder, é possível calcular a gramatura usando o peso da página e suas dimensões. É na verdade uma simples conversão, já que gramatura nada mais é que gramas por metro quadrado. Uma simples regra de três, onde você deve calcular qual seria o peso daquela página se ela tivesse um metro quadrado. A possibilidade entretanto de que você tenha uma balança que consiga pesar uma folha de papel é bem baixa e pesar o livro todo irá contabilizar cola, capa e quantidade agora significativa de tinta e ar preso entre as páginas.

Profissionais da área geralmente conseguem mais facilmente identificar gramaturas via olho e conhecimento prévio, já que diferentes marcas e tipos de papéis só são comercializadas em gramaturas específicas. Então em vez de ter que calcular, vira uma brincadeira de identificar se é a opção A ou B.


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