Enfim, viemos analisar um mangá da Nova Sampa!!!!
Quase todas as pessoas têm alguma coisa em seu passado que gostariam de fazer diferente. Uma palavra não dita, uma atitude errada ou uma decisão precipitada: não importa o que seja, muitas pessoas já pensaram pelo menos uma vez na vida em como seria bom voltar no tempo e alterar um certo ponto do passado.
A ficção não deixa isso passar em branco e a temática da viagem no tempo faz parte dos maiores topoi mundiais. Seja na literatura, no teatro, no cinema ou nos quadrinhos, a viagem no tempo tem sido utilizada de forma constante nas mais variadas histórias. Hoje, falaremos de Tarareba, um mangá que trata exatamente da viagem no tempo e do desejo das pessoas de alterarem algum ponto do seu passado.
Tarareba é um mangá de autoria de Kyo Hatsuki (Love Junkies e Inu Neko) e foi publicado nas páginas da revista seinen Young King, da Shonen Gahosha, em 2011 e rendeu apenas 1 volume. O título foi lançado no Brasil em 2013 pela editora Nova Sampa.
A história
Na obra acompanhamos várias historinhas de pessoas que desejavam alterar o seu passado e voltar no tempo. Entretanto, para isso, é necessário uma troca: perderá a segunda coisa mais importante de sua vida.
Apesar de focar em um personagem em cada capítulo, há um destaque para as figuras de Rinka e Hiten, responsáveis pelo templo que concede a possibilidade de retornar ao passado. Elas analisam o desejo das pessoas e as consequências advindas da volta ao passado. Assim como na maioria das histórias que utilizam dessa temática, o retorno pode não necessariamente acarretar em uma mudança positiva; porém em Tarareba a não modificação depende única e exclusivamente da pessoa e dos seus reais desejos e sentimentos.
Na primeira história, por exemplo, um jogador de beisebol se joga para tentar salvar uma bola, mas não consegue e seu time perde o jogo. Para piorar ele se machuca gravemente e é obrigado a largar o esporte. Seu desejo de refazer aquele lance é grande o suficiente para arriscar a sua segunda coisa mais importante na vida e o resultado é quase o mesmo: ele machuca-se e não poderá mais jogar beisebol. Entretanto, consegue pegar a bola e torna-se o herói do time. A ele era mais importante aquele único jogo do que sua carreira de esportista.
Nas outras mini-histórias, os resultados são diversos. Há um final feliz de uma moça refazendo a sua vida para poder salvar seu amigo e há finais ruins em que uma pessoa não consegue mudar seu futuro por ser demais egoísta e outro por ser demais arrogante. Tarareba acaba sendo, na verdade, um deposito de análises humanas e de suas reações frente aos possíveis milagres. A sinceridade do coração de cada uma das pessoas e o seu real desejo de mudar o passado é que podem tornar ou não a mudança efetiva. Não basta que você seja um privilegiado e tenha a oportunidade de modificar um erro, você precisa ser uma boa pessoa e ter um desejo consistente e sincero para que as coisas mudem para melhor. Essa é a mensagem que Tarareba passa e passa muito bem.
Pontos falhos
Faço parte da corrente de pensamento de que explicações não são totalmente necessárias para a compreensão de uma obra. Também não acho que, dependendo da obra, explicações precisam ser muito elaboradas, porém elas precisam ser convincentes. Quem são Rinka e Hiten e por que elas têm o poder de realizar o desejo das pessoas fazendo-as voltar no tempo? A verdade é que isso não importa nenhum pouco no contexto das mini-histórias. Porém a partir do momento em que a autora resolveu colocar isso, a explicação deveria ser satisfatória e isso, infelizmente, não aconteceu.
A explicação não foi completa. A autora descreveu bem como era a vida de Rika (futura Rinka) e o porquê de ela não entender algumas atitudes dos seres humanos, porém praticamente esqueceu de Hiten. A verdade é que o último capítulo destoou dos demais e acabou fazendo o mangá não ficar “linear”, dando uma decaída justamente em seu final. Esse é o único ponto ruim do mangá, porém mesmo assim é uma boa obra para quem não abre mão de ver ou ler qualquer história que possua viagem no tempo.