Outro mangá super-estimado?
Além de UQ Holder!, a editora JBC começou a publicar em abril o mangá Knights of Sidonia, obra de Tsutomu Nihei. O título tinha uma grande fama entre o público otaku devido a outras obras do autor e, mais recentemente, ao animê que está disponível no site de streaming Netflix.
Knights of Sidonia teve seu lançamento durante o último Henshin + (evento anual da editora JBC) e contou com diversos brindes para quem foi evento, comprou em pré-venda em livrarias como a Saraiva ou fez assinatura com a editora.
Entretanto, certos títulos de sucesso acabam sendo muito super-estimados e as pessoas veem como obras-primas mangás que são apenas medianos e/ou no máximo divertidos. Será que Knights of Sidonia sofre do mesmo mal?
Sinopse
O planeta Terra foi destruído por seres alienígenas chamados Gaunas. Felizmente, os humanos conseguiram sobreviver lançando-se ao espaço em enormes naves espaciais. Porém os Gaunas continuam atrás dos seres humanos e as naves são obrigadas a fugir deles.
Mil anos se passaram desde a destruição da Terra, e a história segue o jovem Nagate Tanikaze, um novato que viveu sua vida toda no subsolo de Sidonia (uma das imensas naves que saíram da terra), e não conhece essa sociedade. De cara ele é colocado como piloto de guardião e agora Nagate buscará proteger Sidonia da ameaça dos Gaunas.

A sociedade sidoniana
Existe todo um contexto e um mundo próprio criado pelo autor nesse mangá. Somos apresentados a uma nova sociedade em que muita coisa foi mudada e quase nada se parece com nosso mundo. Natural, obras de ficção científica acabam sempre indo por esse expediente e criam todo um mundo novo, maneiras novas de agir, etc.
A nave Sidonia é praticamente um planeta em movimento em que existem casas, comércio e tudo mais que uma sociedade pode ter. Porém essa sociedade é diferente, as pessoas são diferentes. Para começar a maioria delas fazem fotossíntese e, em consequência disso, só precisam comer uma vez por semana, geralmente aos sábados.
Foi criado um novo gênero de ser humano que não é homem, nem mulher e que pode modelar seu corpo ao seu bel prazer. Se quiser se casar com um homem, seu corpo se modificará, se quiser com uma mulher acontecerá o mesmo. Esse novo gênero pode ainda criar um clone seu, a partir de uma reprodução assexuada.
Outro ponto interessante é a existência de um urso (?) falante que age e vive como um ser humano. Além disso, os mortos viram adubo orgânico para ajudar na manutenção da nave.
E, como fonte protetora de Sidonia, existem naves de combates, os guardiães, guiadas pelos seres humanos com o objetivo de extrair material de asteroides e, também, enfrentar os Gaunas em um combate direto e garantir a sobrevivência da vida humana.
Há vários outros pontos dessa sociedade que não mencionamos e que se desenvolverão nos volumes seguintes. O interessante é que todos esses detalhes da sociedade sidoniana são postos no mangá de forma extremamente casual e sem maiores detalhamentos (com exceção de uma vez ou outra). Boa parte das coisas não são explicadas e sim colocadas. Mesmo Nagate Tanikaze que é um novato naquele mundo, não exige explicações e acaba aceitando sem problemas as poucas informações que vai recebendo de seus superiores ou companheiros.
Esse modo de apresentar a sociedade é muito interessante, mas ao mesmo tempo vai colocando diversos questionamentos que poderiam ser feitos, coisas a serem exploradas e que não são, ao menos nesse início. De todo modo, a criação desse mundo pelo autor foi bem feita e nos apresentou as bases dele logo no primeiro volume o que é um ponto muito positivo para essa obra…
Desenvolvimento da história
O protagonista da história é Nagate Tanikaze. Ele vivia com seu avô no subsolo da nave Sidonia e não tinha contato com outros humanos. Após seu avô morrer e ele ficar sem comida, Nagate vai à superfície em busca de alimento, mas uma série de acontecimentos acabam levando-o à companhia de uma mulher que o transforma em um cavaleiro de Sidonia, um piloto de guardião, que guiará a lendária Tsugumori.
Embora a narrativa dê a entender que o grande foco da história seja o confronto com os Gaunas, o primeiro volume apresenta mais o cotidiano das pessoas na nave Sidonia, especialmente a adaptação de Tanikaze àquele mundo, conhecendo Izana Shinatoze (pessoa de gênero neutro), a garota Izuka Koshijiro, o piloto que parece ser antagonista Norio Kunato, e vários outros personagens que são muito parecidos entre si Oo.
Porém ocorre combate nesse primeiro volume também e, em uma missão para coleta de gelo, Tanikaze e um grupo de guardiães acabam atacados por um Gauna. Nagate mostra toda a sua técnica, mas infelizmente eles têm uma perda… Mais infelizmente ainda, esse Gauna não foi destruído e voltará a atacar em breve. Será que conseguirão vencer?
Essa é a história de Knights of Sidonia. Ora um slice of life da vida na nave, ora uma batalha especial contra criaturas que desejam destruir os humanos, tudo construído de uma forma bem harmônica, mostrando como se contar uma história.
Como contar uma história
Um ponto mais positivo do primeiro volume e que coloca Knights of Sidonia em um patamar maior é o modo como o autor consegue contar uma história de forma veloz sem parecer que está acelerando as coisas. Ele transita entre diversas (diversas mesmo) cenas utilizando pouquíssimos quadros e páginas, e faz isso com maestria sem que achemos que está faltando alguma coisa. Isso é ainda mais impressionante considerando que no animê certas cenas possuem bem mais detalhes e são mais prolongadas do que a versão em mangá, e mesmo assim a narrativa funciona muito bem nos quadrinhos, mostrando que o autor entende bem dessa técnica.
Fora isso, o autor se utiliza de todo leque de possibilidades e não se prende somente a uma linearidade temporal típica de obras menores. Embora exista uma linearidade em boa parte da obra, o autor utiliza flashbacks para mostrar o passado (óbvio) e ainda faz alternância entre tempos. Em uma página estamos no presente, nas seguintes estamos no passado e em outra mais no passado ainda, e mais em seguida estamos de volta no presente sem que precise avisar ao leitor sobre isso e sem que ele se sinta perdido.
Embora nada disso seja uma inovação do autor, o ritmo narrativo é diferente de muitas obras que estamos acostumados a ler. Nihei parece não perder tempo com algumas coisas e outras ele pula propositalmente para explicar/relembrar mais na frente. Sem dúvida alguma, Nihei sabe utilizar mesmo muitos recursos da narrativa e isso faz Knights of Sidonia ser uma obra muito bem construída, ao menos se mostrou assim nesse primeiro volume.
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Sim, Knights of Sidonia é uma história que se mostrou muito boa e superou as expectativas. Por mais que o animê seja legal, ele é recheado de clichês e coisas desnecessárias que fizeram a obra ser, em minha opinião, muito fraca. O mangá, por outro lado, mostrou um ritmo diferente e a forma de contar a história é bastante cativante. O mangá ainda tem muitos clichês (Nagate vendo moças semi-nuas e ele levando um soco em troca) mas o autor consegue fugir bastante do estilo convencional e cria uma história bem interessante.
Embora não seja uma obra-prima, o modo de narrar, bem como a história, fazem de Knights of Sidonia muito melhor que UQ holder!, Blade, One-Punch Man e Vitamin (minhas últimas resenhas). Porém justamente por ser melhor que eles, acabaremos por exigir muito mais nos próximos volumes. Precisamos de mais detalhes, explicações e reflexões sobre algumas coisas. Se, por exemplo, a questão sobre o novo gênero for tratada de forma tão rudimentar como foi no animê (praticamente sem uma discussão das implicações sociais desse novo gênero) será um demérito para o mangá. Porém, agora, em seu início, Knights of Sidonia mostrou-se um mangá para querer colecionar de toda forma. Se você gosta de ficção de científica, Knights of Sidonia é mais do que recomendado, é uma obrigação ter na coleção.
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Algumas pessoas perguntam se vale a pena colecionar esse mangá mesmo com preço alto e ele não tendo a qualidade (física) de One-Punch Man. Eu digo que vale. Como eu disse, gostei mais de Knights of Sidonia do que de One-Punch Man e se tiver que escolher entre um e outro, a escolha é por Sidonia, pois a história deste vale mais a pena para mim e é melhor desenvolvida…
Infelizmente, Sidonia não está no nível de qualidade física que gostaríamos (páginas um pouco transparentes, que não atrapalham tanto a leitura), mas é um título que fãs de ficção científica não podem deixar passar..
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Knights of Sidonia é um mangá seinen e foi publicado na revista afternoon, da Kodansha, entre 2009 e 2015 e rendeu ao todo 15 volumes. Aqui no Brasil a obra tem o formato 13,5 x 20,5 cm, miolo em papel offset, e preço R$ 17,50. O título tem periodicidade mensal.
BBM
Melhor que Blade vc forçou barra amigo.
[…] minha resenha do primeiro volume de Knights of Sidonia, eu deixei bem claro o quanto o modo narrativo do mangá […]
Alguem sabe se a segunda temporada do anime pegou o final do mangá?
Não pegou.
Eu acabei pegando Sidonia em uma promoção de uma loja virtual então não paguei o preço de capa, que particularmente acho alto. Sobre a transparência, a primeira vez que vi o volume antes de comprar foi em uma banca aqui perto de casa e realmente me surpreendi pela transparência, mas depois que resolvi comprar e olhar com calma o papel(ainda não li) nem é tão exagerado como o pessoal diz não, o povo gosta de polemica e qualquer coisa eles já caem matando. Está transparente? Sim não da pra negar mas não é algo que atrapalhe a leitura como vi muitas pessoas em grupos dizendo por aí.
Vejo muita gente falando que Sidonia tem muita transparência, e outros falando que nem é tanto assim, será que isso é apenas uma questão de opinião ou será que teve tipo uma variação do Papel usado dependendo do lote ou algo assim?
Questão de opinião. Se você parar e ficar olhando transparência você enxergará muita mesmo. Porém dá para ler de boa. Não é o pior mangá da JBC nessa questão.
De fato, qualquer offset tem transparência, tente ler contra luz… Sua experiência com transparência vai depender de tipo de luz, angulação, quantidade de branco e páginas anteriores.
Fora que existem 2 coisas diferentes que causam a impressão de transparência, uma é o nível de absorção o outro é de fato uma transparência. A absorção de muita tinta pode causar uma penetração muito profunda, fazendo com que seja vista do outro lado, não por uma questão de transparência.
Ou seja, pode ser uma questão de ambiente, luz, papel, lote, pessoa, etc. Se você quiser, você vê, de verdade, transparência em mangá da Panini e NewPOP também.
Cheguei a olhar na banca, mas achei a transparência forte, então não comprei. Eu assinei Orange sem olhar antes na banca a qualidade do material. Quando o #1 volume chegou em casa, eu me decepcionei. A gramatura está muito baixa.
Parece que a JBC utiliza dois tipos de offset, com gramaturas diferentes, o de Gangsta, Orange e Parasyte, Sidonia é um offset de gramatura baixa enquanto Hellsing, Love Hina e Eden já receberam um offset um pouco melhor, com uma melhor gramatura. Estes estão em uma qualidade aceitável, mas os outros ficaram ruins mesmo. YuYu é inconsistente, tem edições que o mangá vem com um offset aceitável, outros volumes colocam papel manteiga. A edição #18 ficou horrível, por exemplo.
E isso não é só problema da JBC, pois Naruto Gold também tem um papel offset vagabundíssimo. Comprei também nas cegas, esperando a qualidade de Berserk e Planetes, mas ficou no nível da JBC e eles não fizeram nada para melhorar. Vou dropar a coleção quando começar o Shippuden.
O mesmo comigo, folheei Sidonia na banca e só de ver o papel transparente perdi o interesse.
Uma pena.
Eu considerei Sidonia razoavel em questão de historia e traço, portanto discordo veemente no quesito de ser melhor que Blade e One Punch Man (concordo com Vitamin e ainda não li Uq holder!) e no caso de Blade, só o volume 1 já o considero em questão de historia, um dos melhores mangas em publicação, melhor até que Vagabond.
pouco transparente é apelido , sidonia tá com uma transferência enorme talvez equiparada com a do vol 1 do gangstar
Na boa, comprei Sidonia junto com Yuyu 19 e está praticamente igual e assim como tenho gangsta 1 e Orange 1, posso afirmar q Sindonia não está nem a metade do que o povo fala sobre a transparencia dele. Que existe é fato, mas gangsta 1 e orange 1 estão muiiiiito mais transparentes.
O papel de Sidonia não é igual ao de YuYu ou dos outros relançamentos, mas também não está no nível de Gangsta 1 ou Orange. Está um pouco transparente sim, mas não achei que prejudicou a leitura.
Acho que eles comentaram no facebook que usaram o mesmo papel de Terra Formars, mas como não coleciono, não posso afirmar.
problema fica mesmo no valor, por 17,50 o minimo que deveriam fazer é colocar um papel com uma gramatura maior…como disse O MINIMO que DEVERIAM fazer, mas ja que o pessoal ta comprando vai ficar essa merda mesmo
Se vc tirar as paginas coloridas e uma parada q a JBC diz ter colocado na capa pra ficar mais brilhante, ficaria o msm preço de Terra Formars, que não tem paginas coloridas , o mesmo papel e nem nada demais nas capas, então, o preço nem é de aumento e sim de firulas que não acrescentam em nada na leitura e que deveriam ser abolidas.