Mangá Aberto: “Contos Macabros”

Veja como está o mangá

Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.

A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrar fotos do mangá acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre a edição brasileira de Contos Macabros, mangá lançado em março de 2023 pela editora JBC


DETALHES SOBRE A OBRA


Contos Macabros é de autoria de Kanako Inuki, conhecida no Japão como a rainha do horror. A obra é uma coletânea de contos lançados pela autora em diversas obras distintas, trazendo alguns comentários dela sobre a criação deles ou sobre os personagens.

Contos Macabros possui apenas um volume e foi lançado originalmente em 1997 pela Kodansha. Vinte anos depois, em 2017, foi relançado pela mesma editora. No Brasil, o mangá foi anunciado pela editora JBC no dia 27 de outubro de 2022 e tinha previsão inicial de ser lançado ainda naquele ano. Ele, entretanto, acabou ficando para os primeiros meses de 2023 e foi lançado no começo de março.


FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA


A edição brasileira de Contos Macabros veio no formato 15 x 21 cm. Esse tamanho é maior que os mangás em formato padrão da JBC e da Panini, mas é das mesmas dimensões de algumas obras especiais como as novas edições de Neon Genesis Evangelion, Soul Eater, Shaman King, Paradise Kiss e A Princesa e o Cavaleiro.

O mangá veio em capa cartão com orelhas e verniz localizado e o miolo foi impresso em papel pólen bold. Ao todo são 168 páginas, todas em preto e branco.


CAPA, QUARTA-CAPA E LOMBADA


A edição brasileira de Contos Macabros utiliza a mesma capa da segunda edição japonesa da obra, lançada pela Kodansha em 2017. Ela apresenta uma ilustração de uma pessoa cercada de flores (talvez um caixão?). A única diferença da versão nipônica para a brasileira são os textos e o logo da editora, obviamente.

A escolha do logo, diga-se de passagem, foi bastante acertada, com as letras “derretendo”, lembrando bastante a estética utilizada em obras de terror e horror.

Em termos de acabamento, o material da capa parece ser o mesmo dos demais mangás da editora e da concorrência. Entretanto Contos Macabros não faz parte da linha de mangás básicos, possuindo alguns detalhes adicionais.

Para começar a capa possui verniz localizado nos olhos da personagem e nas mãos, dando um charme extra na edição. Verniz localizado é uma camada de tinta brilhosa e que traz uma diferença às partes com ele. Quando você passa a mão, você sente que o local é diferente, mais liso que o restante da capa. Além disso, quando você movimenta o mangá perante a luz há um reflexo brilhoso nele.

Fora isso, o mangá também possui orelhas (um “prolongamento da capa” de alguns livros e quadrinhos e que é dobrado, ficando por dentro da capa). É um item que dá uma espécie de reforço à capa, evitando mais amassados e dobras. É comum que nas orelhas se coloque alguma informação sobre a obra ou sobre a autora (que é o caso de Contos Macabros).

A quarta-capa (a parte de trás do mangá) é quase uma repetição da capa, mas no lugar de um rosto há um buraco negro. Fora isso, ela só tem o logo da editora, o código de barras e uma sinopse, algo muito importante para quem consome mangás em lojas físicas.

Já na orelha da quarta-capa não há nada senão um pouco mais do desenho com flores.

A lombada, por sua vez, tem todos os elementos bem harmônicos, dando um aspecto bem bonito a ela e que se destaca na estante.


CAPAS INTERNAS


No Japão, fora casos excepcionais, os mangás não possuem capas internas coloridas. Entretanto, aqui no Brasil, isso é comum em várias obras, tendo em vista que por aqui poucos mangás utilizam sobrecapa.

Em muitas obras, as colorações não fazem sentido, parecem arbitrárias, mas em Contos Macabros a inserção das flores combinou bem com o projeto, com mais uma ilustração das flores, dando um grande destaque e ficando bem bonito. Vale mais um elogio para o fato não haver nenhum texto ali, dando mais sobriedade ao projeto gráfico.


PAPEL


O papel usado no miolo é o pólen bold. Trata-se de um papel de cor creme, muito utilizado em livros por sua coloração e por não cansar a vista. De uns tempos para cá vem sendo usado constantemente em mangás, especialmente das editoras JBC e Pipoca & Nanquim.

Existe um pólen bold mais fino (o 70g) e um mais grosso (o 90g). A editora não divulgou a gramatura do papel, mas pelo aspecto faz parte dos mais grossos, o 90g. É um papel muito bom, praticamente sem transparência nenhuma e que eu gosto bastante. É o tipo que eu diria que poderia ser usado em todos os mangás do Brasil, então aprovo.


ACABAMENTO GERAL


O acabamento geral do mangá é muito bom. A encadernação é excelente (daquelas que permitem ler e folhear o mangá sem qualquer engasgo) e a capa e seus detalhes (orelhas e verniz localizado) fazem do mangá um produto muito bom. Contribui para isso também o papel utilizado fazendo o mangá ficar mais “gordinho” e com uma cara de livro.

Daí que Contos Macabros consegue se destacar em meio aos mangás da JBC e da concorrência. Não faz parte da linha mais premium da editora, mas também não faz parte dos básicos, tendo um meio termo que muitos gostariam que fosse o padrão (não fosse o preço).


PARATEXTOS


Paratextos são os elementos que são “fora do texto”. Ou seja, eles acompanham o texto principal. No caso de mangás paratextos podem ser mensagens do autor, glossários, etc.

Em Contos Macabros há alguns paratextos interessantes. Temos uma entrevista da autora em que ela relata sua vida e como seu tornou autora de mangá, tem listas de obras favoritas dela e tem, também, uma enciclopédia (ou galeria) de personagens, explicando cada um deles. Além disso, antes de cada conto há uma mensagem da autora falando da concepção da obra, dos personagens, etc.


TEXTO


De uma maneira geral, eu adoro o texto dos mangás da JBC. Costumam ser bem traduzidos e adaptados, com texto bastante coeso e coerente, de modo que pode ser lido sem problemas por todos. Existem algumas exceções, obviamente, mas no todo eu gosto do texto dos mangás da empresa.

Contos Macabros faz parte da ala boa da JBC, com um texto muito bem adaptado, coerente, existindo até personagens falando de jeito específico (uma criança falando tudo errado), etc. ENTRETANTO, não se pode deixar de notar que houve dois erros de revisão durante o mangá que não deveriam ter passado.

O primeiro é um erro bobo, logo no começo do mangá em que faltou um “que” numa frase. O segundo é um erro grave, em que uma palavra importante virou outra. No caso, em vez de “Médico” a palavra que foi impressa foi “Médio”.

O correto seria: “Por mais rica e bela QUE você seja”
Era para ser “MÉDICO” no lugar de “MÉDIO”.

Esses dois erros podiam ser relevados fosse algo ocasional (afinal, uma coisa ou outra passar em meio a dezenas de publicações é normal. Não deveria acontecer, mas é normal), mas tem se repetindo em algumas publicações regulares da editora (sendo InuYasha Wideban #06, o caso mais marcante), de modo que é necessário que a editora reveja seu processo de produção para que isso seja minimizado e não ocorra mais o quanto antes.

Sim, pois, já houve tempos em que a editora sofria de erros constantes e, após vários apontamentos (leia-se: xingamentos) dos leitores, a editora conseguiu resolver. Então é melhor para a editora tentar averiguar o que está acontecendo o quanto antes, pois os consumidores sabem fazer barulho e a editora sabe bem disso…


A HISTÓRIA E UMA CONCLUSÃO


Contos Macabros é uma coletânea de histórias de Kanako Inuki e que reúne seis contos publicados pela autora em diversas revistas, de diversas editoras japonesas. Trata-se de uma amostra do trabalho de Inuki, com cada conto advindo de um mangá, apresentando-nos um pouco sobre cada um deles. Antes de cada conto, inclusive, Inuki tece algumas palavras sobre as personagens ou sobre o surgimento da história e da obra.

Um dado importante é que a obra também possui uma galeria de personagens, mostrando seus nomes, suas preferências, o que fazem, etc. Isso é interessante, pois os personagens fazem parte do séquito de obras da autora, de modo que eles se repetem no catálogo de Inuki, mas vemos muito pouco deles em Contos Macabros.

É preciso salientar, nesse sentido, que antes do conto em si existe também o nome do mangá da qual ele faz parte. Assim, por exemplo, o conto “Lolita” vem de uma obra chamada Bukita, na qual o personagem Bukita é o protagonista de diversos contos.

Sobre a história dos contos em si, eles possuem uma atmosfera que poderíamos dizer de “comum”, do mundo normal, com personagens e situações credíveis (o bullying exagerado e sem sentido para com uma pessoa, o desejo de querer ser adulto logo, um amor platônico, etc, etc), mas só até certo ponto. Em um momento estamos lendo uma história que não parece de horror ou de terror e, de repente, já estamos no meio de uma^^.

Não existem elementos grotescos (talvez apenas um, na verdade), e nem que causem medo exacerbado, de modo que é um título que pode ser lido por todos, mesmo por aqueles que não gostam de histórias de terror. Claro, os personagens, podem parecer assustadores, com olhos ou perfis estranhos, mas no geral isso é apenas a montagem do ambiente para o tipo de história, mas não causam medo de verdade.

Os “Contos Macabros” acabam sendo macabros por mostrarem um pouco da natureza má humana com personagens desejando coisas impossíveis e com outros agindo contra as pessoas que sempre os ajudaram. Nesse sentido, o conto “A Felicidade Oculta na Escuridão” é exemplar, apresentando uma princesa cega que deseja enxergar e descobrir a verdade por trás de sua suposta beleza e, quando consegue, termina por agir de uma maneira cruel e desumana.

Contos Macabros é realmente uma amostra do trabalho de Kanako Inuki, mas é uma amostra que faz com a gente queira mais, com que a gente queira que a JBC (e outras editoras) tragam mais e mais trabalhos da autora, pois a gente precisa conhecer mais de suas histórias e de seus personagens… Realmente recomendo o mangá.


Ficha Técnica


Título Original: 犬木加奈子の大恐怖!
TítuloContos Macabros
Autor
: Kanako Inuki
Tradutor: Edward Condo
Editora: JBC
Número de volumes no Japão: 1 (completo)
Número de volumes no Brasil: 1 (completo)
Dimensões: 15 x 21 cm
Miolo: Papel pólen bold 90g
Acabamento: Capa cartão com orelhas
Páginas: 168
Classificação indicativa: 16 anos
Preço: R$ 39,90
Onde comprar: Amazon / Comix

Sinopse: Uma coletânea com seis histórias curtas cheias de suspense, elementos surpresa e momentos horripilantes a cada virada de página. Os contos passeiam por histórias do folclore japonês, com ensinamentos de moral aterrorizantes mesclados com tons de humor e ironia. 


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1 Comment

  • Eddy

    Nossa. Não tinha reparado nesse erro do Inu Yasha! E engraçado que esse post do Inu Yasha é de uma conhecida minha. Hehehe q mundo pequeno!! XD a JBC precisa melhorar essa revisão, tá tenso. 😑😪

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