Veja como está o mangá
Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.
A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrar fotos do mangá acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre a edição brasileira de Batman – A Criança dos Sonhos, mangá lançado no Brasil em maio de 2023 pela editora Panini.
DETALHES SOBRE A OBRA
Batman – A Criança dos Sonhos é um mangá de autoria de Kia Asamiya e foi publicado originalmente no Japão na revista Magazine Z, da editora Kodansha, entre 2000 e 2001. Seus capítulos foram compilados em um total de dois volumes. Posteriormente, a obra foi relançada em volume único pela editora Takeshobo.
No Brasil, o mangá foi lançado originalmente pela editora Mythos entre 2001 e 2002 com o título de Batman Mangá e essa versão foi completa em 4 volumes. A Panini anunciou o relançamento do mangá em 2015, mas ele não saiu na época, ficando no limbo por longos anos. No dia 31 de janeiro de 2023, a editora re-anunciou a obra durante uma live em seu canal no Youtube e ele foi lançado em volume único em maio de 2023.
A nova edição brasileira, ENTRETANTO, não foi baseada na versão japonesa e sim na edição americana, edição essa adaptada por Max Allan Collins. Isso significa que a obra possui sentido de leitura e onomatopeias ocidentais.
FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
A edição brasileira de Batman – A Criança dos Sonhos veio no formato 15 x 21 cm. Esse é um tamanho diferenciado, maior que a grande parte dos mangás da editora Panini. Trata-se do mesmo tamanho de Banana Fish, Jovens Sagrados e das novas edições de Neon Genesis Evangelion, Soul Eater, Paradise Kiss, dentre outros.
A obra vem em capa cartão com orelhas e verniz localizado. Já o papel utilizado no miolo é o offset 90g. Ao todo são 352 páginas, todas em preto e branco.
CAPA, QUARTA-CAPA E LOMBADA
A capa da nova edição brasileira segue a mesma ilustração usada internacionalmente (EUA, Alemanha, Itália, dentre outros) com o Homem Morcego pensativo. É uma capa bem sombria, ao estilo do cavaleiro das trevas.
Em termos de acabamento, a capa é cartão comum (mesmo material usado na maioria dos mangás brasileiros), mas com orelhas e verniz localizado. O verniz localizado é um tipo de acabamento que dá um destaque a certas partes da capa e você consegue sentir que é diferente do restante quando passa a mão, e tem um brilho/reflexo quando você movimenta perante a luz. Nesse mangá, o verniz foi colocado no título, nome do autor e nos logos da DC e da Panini.
Já orelha é o nome que se dá a um prolongamento da capa e que fica abaixo dela, dando mais proteção ao livro. Geralmente nas orelhas há alguma informação sobre o autor ou a obra. Nesse mangá, na orelha da capa temos uma extensa sinopse, enquanto na orelha da quarta-capa tem uma biografia do autor e do adaptador estadunidense.
Quarta-capa é como se chama a parte de trás de um mangá. Nela temos mais uma ilustração do Homem Morcego e uma boa sinopse.
Um detalhe interessante é que não tem o preço no mangá. Isso deve indicar que provavelmente esse mangá não foi para bancas de revista tradicionais. A Panini é a única editora a ainda mandar mangá para bancas de revistas e, por conseguinte, é ainda a única a colocar preço estampado nos mangás. Se esse mangá não tem preço estampado, logo…
Sobre a lombada, embora seja bastante simples acho-a bem bonita, principalmente com o “Batman” em destaque. Além disso, há verniz localizado em todos os elementos da lombada (menos na cor preta, obviamente).
CAPAS INTERNAS
As capas internas são brancas. Como eu já disse em outros posts dessa coluna, eu prefiro que seja assim. Acho que a maioria das vezes em que colocam algo nas capas internas é sem graça e sem sentido, então as capas internas nesse mangá não são um demérito, na minha opinião.
EXTRAS E PARATEXTOS
Após o final do mangá temos extras e paratextos. No caso, temos uma galeria de imagens do Batman, algumas informação sobre a publicação da obra no Japão e a adaptação dos Estados Unidos, uma entrevista com Kia Asamiya e as biografias do autor e do adaptador norte-americano (estes últimos também presentes em uma das orelhas do mangá).
PAPEL E ACABAMENTO
O papel utilizado no miolo é o offset. Esse é o nome pelo qual chamamos um papel branco comumente usado em cadernos e em alguns livros e quadrinhos. Existem offsets mais grossos e mais finos e o de Batman – A Criança dos Sonhos é dos mais grossos, o 90g (o mesmo usado em Vagabond, One-Punch Man, Neon Genesis Evangelion Collector’s Edition, Banana Fish e em mangás da NewPOP).
Embora a gente prefira um papel de cor mais creme (pois é melhor para a leitura e porque os mangás japoneses não são lançados em papeis brancos), o desse mangá é dos bons, destacando bem a arte do autor e não tendo nenhuma transparência das páginas.
Sobre o acabamento, acho ele muito bom. Ele é um pouco mais pesado do que a média (porque usa o papel offset 90g e tem mais de 300 páginas), mas tem uma boa encadernação, permitindo que você abra bastante o mangá sem correr o risco de estragá-lo, além de poder folhear e ler sem problemas.
As orelhas também dão um toque a mais, fazendo o acabamento ficar mais primoroso e dando um melhor aspecto. Para ficar melhor, só faltou ter miolo colado e costurado.
TEXTO
Como um todo, eu gostei do texto de Batman – A Criança dos Sonhos. Acho que está bem traduzido e adaptado, de modo que a leitura flui muito bem e é acessível a todos os leitores, sejam eles acostumados ou não a mangás.
Entretanto, notei alguns erros de revisão que precisavam ser evitados. Um dos mais claros ocasiona um problema de coerência textual em uma passagem em que deveria ser dito que “eram impostores” foi escrito “nem impostores” (abaixo).
Não encontrei outros erros tão profundos como esse, mas de qualquer modo é preciso que a editora tenha mais atenção nesse quesito. Fora isso, há erros de revisão nos paratextos também.


SENTIDO DE LEITURA
Como dissemos no início do texto, a nova versão brasileira de Batman – A Criança dos Sonhos é baseada na versão americana da obra. Tal versão pegou a edição japonesa e fez um espelhamento dos quadrinhos, de modo que a leitura tradicional japonesa fosse mudada para a leitura comum ocidental, tornando mais fácil para o povo norte-americano o acompanhamento da obra.
Essa não foi a única mudança, porém. Além do sentido de leitura, a versão americana também ocidentalizou as onomatopeias. Assim as onomatopeias originais japonesas foram apagadas e, em seu lugar, foram colocadas onomatopeias em alfabeto latino. A edição brasileira então é exatamente dessa forma, com sentido de leitura ocidental e onomatopeias ocidentais.



A HISTÓRIA E UMA CONCLUSÃO
Embora a ideia de mangás baseados em personagens norte-americanos possa parecer ruim em um primeiro momento, a grande verdade é que depende bastante do tipo de obra que se fará, pois existem tanto obras boas, quanto ruins. Para ficar só no Homem Morcedo, o Batmangá, do Jiro Kuwata, também lançado pela Panini, é um título bastante simples e que cada capítulo ou grupo de capítulos parece um grande episódio de uma série de televisão juvenil. E não deixa de ser isso mesmo, é bem juvenil e sem muita coisa a mais a oferecer.
Já Batman – A Criança dos Sonhos é uma outra coisa. É uma história mais elaborada e que cria uma trama muito coesa e coerente, com identidade própria e que não se resume a algo bobo e sem sentido. Kia Asamiya utiliza bem os elementos narrativos e consegue fazer uma história muito boa, apresentando personagens clássicos e um vilão novo, que faz jus ao herói.
Embora o final possa parecer meio forçado (como costumam ser histórias de heróis), a trama como um todo é realmente boa e acho que vale a pena a leitura. E digo isso não apenas para quem conhece o Batman, mas todos os que gostam de uma boa história, pois conhecer ou não os personagens clássicos não fará muita diferença na compreensão da narrativa.
Ficha Técnica
Título Original: バットマンチャイルドオブドリームス
Título: Batman – A Criança dos Sonhos
Autor: Kia Asamiya
Tradutor: Rodrigo Guerrino
Editora: Panini
Número de volumes no Japão: 2
Número de volumes no Brasil: 1
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel offset 90g
Acabamento: Capa cartão com orelhas
Páginas: 352
Classificação indicativa: 12 anos
Preço: R$ 54,90
Onde comprar: Amazon / Loja da Panini
Sinopse: Com o auxílio de uma repórter de televisão japonesa Yuko Yagi, Batman viaja de Gotham City até Tóquio para investigar uma nova droga que está sendo vendida nas ruas – que altera fisicamente o usuário – transformando-o em uma encarnação física de um dos inimigos do Batman…
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