Mangá Aberto: “Contos Esmagadores”

Veja como está o mangá

Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.

A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrar fotos do mangá acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre a edição brasileira de Contos Esmagadores, mangá publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim em abril de 2023.

A presente postagem foi feita graças a um exemplar cedido ao blog pela editora, a quem agradecemos à parceria. As opiniões contidas no texto, porém, seguem a mesma premissa dos demais posts da coluna, elogiando o que é para elogiar e criticando o que é para criticar, então os leitores podem ficar tranquilos que a análise será sincera^^.


DETALHES SOBRE A OBRA


Contos Esgamadores é um mangá de autoria de Junji Ito e se trata do decimo primeiro volume da coleção Masterpiece Collection, tendo sida lançada no Japão em 2013. Seus contos foram pré-publicados originalmente entre 2002 e 2006 na revista de mangás shoujos Nemuki, da editora Asahi Sonorama.

No Brasil, o mangá foi anunciado pela editora Pipoca & Nanquim no dia 31 de dezembro de 2021 e foi lançado em meados de abril de 2023.


FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA


A edição brasileira veio no formato 15 x 22 cm. Para quem não conhece, esse é o tamanho padrão da maioria dos mangás da editora Pipoca & Nanquim (excetuando-se os publicados em capa dura), sendo maior que os títulos comuns da JBC e da Panini, por exemplo.

O acabamento é em capa cartão com sobrecapa e o miolo é em papel pólen bold (falaremos mais disso adiante). Ao todo são 452 páginas, todas em preto e branco.


SOBRECAPA


No Japão (e em alguns outros países em que se lançam mangás) todos os mangás são publicados com sobrecapa. Trata-se de um item removível que fica acima da capa. No Brasil, a maioria dos mangás são publicados sem elas, de modo que as imagens que ficam na sobrecapa original japonesa são colocadas nas capas brasileiras.

A editora Pipoca & Nanquim (à exceção dos mangás em capa dura) lança todos os quadrinhos japoneses com sobrecapa, igual ao original. Assim, Contos Esmagadores também tem sobrecapa. Vejam a seguir a imagem dela aberta:

A sobrecapa da edição brasileira segue a mesma ilustração da versão japonesa, com a personagem do conto “A Canção das Trevas”.

Em termos de acabamento, a sobrecapa é feita com um bom material e possui verniz localizado no título, nome do autor e logotipo da editora. De maneira simplificada, verniz localizado é um tipo de acabamento que dá um destaque às partes em que é utilizado. Quando você passa a mão você sente algo diferente, quase em alto relevo. Além disso, quando movimentado contra a luz você percebe um reflexo nessas partes, dando uma característica aprimorada ao produto.

O verniz localizado também está presente na parte de trás da sobrecapa, tanto nos caracteres japoneses, quanto nas inscrições em nosso alfabeto. A lombada, por seu turno, também possui verniz nos mesmos elementos da parte da frente da sobrecapa.

No todo, é uma sobrecapa muito bonita, muito bem feita. Assim como nos outros mangás do Junji Ito dessa coleção, o único demérito é não ter uma sinopse na parte de trás para os consumidores de lojas físicas.


CAPA


A sobrecapa fica acima da capa, então é necessário mostrar a capa também. O material é o mesmo utilizado nas capas da maioria dos mangás e não há verniz localizado e nem nada do tipo nela. O mesmo vale para a quarta-capa (parte de trás) e lombada.

Nelas, a editora usou ilustrações dos contos “Não Quero Ser Fantasma” e “Glicerídeos” (este último sendo o único conto “mais ruim” para quem tem “estomago fraco”.

Sobre a lombada, a minha opinião é a mesma que emiti nos outros mangás do Junji Ito. Acho que ficaria melhor sem os caracteres japoneses, mas como não ficará exposto, tudo certo.


CAPAS INTERNAS


As capas internas de Contos Esmagadores são brancas. Prefiro que sejam assim, afinal é o normal dos mangás e livros mundo à fora (com exceção de edições especiais).


PAPEL


O papel utilizado no miolo é o pólen bold. Para quem não conhece trata-se de um papel fabricado no Brasil pela Suzano de cor creme bastante utilizado em livros por ser bom para a leitura e não afetar os olhos. Também tem sido bastante utilizado em mangás de uns anos para cá. O pólen pode ser mais fino ou mais grosso, e o utilizado pela Pipoca & Nanquim faz parte dos mais grossos.

De modo geral, acho o papel usado pela editora muito bom e considero esse um dos melhores papeis nos mangás da atualidade, pois ele tem realmente uma tonalidade melhor, assemelha-se aos mangás originais e dá grande qualidade na impressão, destacando a arte do autor.


ACABAMENTO


Como todos os mangás da editora Pipoca & Nanquim, o acabamento geral do mangá é muito bom, dignos de elogios sempre. Além de usar um bom papel e ter capa cartão com sobrecapa e verniz localizado, a Pipoca & Nanquim utiliza costura em seus mangás, de modo que é possível abrir, ler e folhear o mangá muito mais do que os da concorrência em geral.

É um produto realmente bem feito e que vale cada centavo, daqueles que a gente olha e pensa que todos os mangás, de todas as editoras, poderiam ser assim^^.


TEXTO


A tradução de Contos Esmagadores ficou a cargo de Drik Sada e, como é de conhecimento corrente, os trabalhos dela são muito bem feitos e nesse mangá não é diferente (aliado, claro, à escolha editorial da Pipoca & Nanquim).

Assim como Mortos de Amor e Morada do Desertor (que fizemos postagens recentemente), também achei Contos Esmagadores com tradução e adaptação muito boas, com um texto bem fluído, em um bom português, coeso e coerente, e que faz com que qualquer leitor que pegue o quadrinho para ler não se sinta perdido, mesmo que nunca tenha lido um mangá antes. Ou seja, é um texto em que o leitor não precisa conhecer convenções (fora convenções dos quadrinhos, obviamente) e não tem estrangeirismos desnecessários.

Ao contrário dos dois mangás anteriores, entretanto, notei um erro de revisão no mangá, um problema de concordância. No quadrinho abaixo o pronome “esse” está se referindo a “tipo”, mas o correto seria se referir à “planta”, então o pronome correto deveria ser “essa”.

Para além disso, o único ponto negativo é o mesmo dos outros mangás do Junji Ito, a abertura de capítulos.  A editora deixa o título original (em caracteres japoneses mesmo) e coloca a tradução em baixo. No meu entender, ficaria melhor apenas com o nome em português.

Não sei se é uma escolha da editora deixar assim ou uma recomendação dos japoneses.


 A HISTÓRIA E UMA CONCLUSÃO


Contos Esmagadores é mais uma coletânea de contos de Junji Ito. Todas as coletâneas de contos (independente do autor) podem ser de duas naturezas, aqueles que têm ligação entre si (apresentando ou não uma história contínua), e aqueles que todos os contos são independentes. Contos Esmagadores faz parte da segunda categoria, com contos próprios independentes, à exceção de três, que se ligam por meio do conhecido personagem Souichi.

De uma maneira geral, eu adorei as histórias presentes em Contos Esmagadores. Os únicos que eu genuinamente não gostei foram os com o Souichi, não pelos contos em si, mas sim pelo personagem que, para mim, é intragável.

Fora isso, acho as histórias muito bem escritas e desenvolvidas, novamente colocando personagens em um estado de obsessão profunda por alguma coisa (seja uma coleção de livros, um pedido de desculpas, uma canção ou diversas outras coisas), que pode começar  de maneira leve, mas vai escalonando e escalonando ao ponto de não ter mais volta.

Apesar de ser um mangá de terror, nenhuma das histórias chega a dar medo de verdade e o máximo que pode acontecer é a gente se sentir incomodado com alguma cena, com alguma situações mostrada. Isso não é um problema propriamente dito, é mais uma característica do gênero que visa mostrar algo terrorífico para os personagens, mas não necessariamente para o leitor.

No todo, acho Contos Esmagadores um mangá muito bom. Não chega a ser melhor que Mortos de Amor, mas é um título que gostei de ler e recomendo, tanto para fãs do gênero e do autor, quanto para os não fãs.


Ficha Técnica


Título Original: 潰談
Título: Contos Esmagadores
Autor
: Junji Ito
Tradutor: Drik Sada
Editora: Pipoca & Nanquim
Número de volumes no Japão: 1
Número de volumes no Brasil: 1
Dimensões: 15 x 22 cm
Miolo: Papel Pólen Bold 90g
Acabamento: Capa cartão com sobrecapa
Páginas: 452
Classificação indicativa: Não divulgado
Preço: R$ 85,90
Onde comprar: Amazon

Sinopse: Contos Esmagadores é a mais nova amostra da mente criativa e macabra de Junji Ito, que tem conquistado o mundo com suas obras de suspense e terror! São diversas histórias que abordam pessoas esmagadas metaforica ou literalmente por obsessões e entidades sobrenaturais, como a de uma garota que desenvolve distúrbios alimentares até começar a sonhar com chuvas de sangue e receber uma ajuda sinistra; de uma dupla de jovens que testemunha a catástrofe de um vilarejo durante uma trilha pela floresta; de um estranho fenômeno de indivíduos que se paralisam de pé por todos os lugares; da herança de uma biblioteca admirável, que faz seu dono perder a sanidade lentamente; de uma iguaria de origem misteriosa que pode matar quem a consome, de maneira horripilante; e muitas outras! Lançada no Japão em 2013, esta coletânea reúne 14 contos originais publicados inicialmente na revista Nemuki, da antiga editora Asahi Sonorama, atualmente Asahi Shimbun, entre 2002 e 2006. Em meio a eles, ainda poderemos rir com as desventuras inéditas protagonizadas por Souichi, um dos personagens mais detestavelmente amados do autor!


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