Sempre que lemos um mangá, seja qual for, estamos submetidos e expostos à cultura japonesa de alguma forma, sua lógica e sociedade, etc. Mas, mesmo assim, há várias coisas que são adaptadas e acabam passando despercebidas pela maioria dos leitores.
Se você gostaria de realmente ler mangá para conhecer um pedacinho específico do Japão, então temos algumas sugestões para você! Lembrando que só citaremos obras lançadas no Brasil!
Vagabond
Se você deseja conhecer uma visão um pouco mais séria do período dos samurais no século XVI, Vagabond é uma das melhores opções. Baseado na história de Miyamoto Musashi, um samurai dos mais famosos, a obra lhe leva a um Japão diferente, mais rural e desorganizado.
É claro que a história toma certas liberdades literárias, mas apresenta ao leitor em traços maravilhosos o Japão feudal e seus muitos aspectos.
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Vagabond é um obra adulta do gênero seinen do autor Takehiko Inoue, que no Brasil teve uma história conturbada, tendo passado pelas mãos de três editoras: Conrad, que lançou em formato de poucas páginas até o volume 22 japonês, depois cancelado e lançado em uma versão maior até o volume 14. Com a falência os direitos de série foi parar na mão da Nova Sampa que chegou a lançar quatro volumes antes de mais uma vez ser cancelado. Os direitos exclusivos do autor passaram então para a editora Panini que começou a publicar o título em fevereiro.
No Japão a obra ainda está sendo publicada e possui até o momento 37 volumes.
Lobo Solitário
Agora, se você talvez quisesse conhecer melhor a decadência dessa época feudal e todas a suas intrigas de assassinatos e lutas de poder, está na hora de conhecer Lobo Solitário.
Em Lobo Solitário você acompanha a história de Itto Ogami, um ex-executor do xogum no período Edo. Ele caminha por todo o Japão como mercenário e assassino de aluguel, aceitando qualquer trabalho desde que fosse pago, tudo isso para poder bancar sua vingança contra aqueles que o traíram.
Durante sua longa trajetória por vingança, você conhece várias famílias e várias histórias, expondo a decadência e intrigas do período Edo com ilustrações à pincel japonês.
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A obra de Kazuo Koike e Goseki Kojima também conheceu desventuras no Brasil. O título foi primeiramente publicado no ano 1988 pela editora Cedibra, em formato americano e com poucas páginas por edição, mas só durou 9 das 49 edições previstas. No início dos anos 1990, o mangá migrou para a Sampa, mas foi também cancelado após nove edições. Um tempo depois a mesma editora resolveu dar mais uma chance ao título, mas somente cinco volumes foram lançados.
Por fim, uma década depois a editora Panini adquiriu os direitos da obra e o publicou de forma completa, lançando os 28 volumes originais. Atualmente, existe a possibilidade de que o título volte ao país, segundo informações dadas por um dos editores da Panini, mas as negociações ainda não foram concluídas, pois, aparentemente, há outras editoras interessadas no mangá.
Samurai Executor
Se ainda não cansou desse período feudal cheios de samurais, pode ser que te interesse conhecer Samurai Executor, dos mesmo autores de Lobo Solitário.
Nesta obra você acompanha um executor do governo, o cara responsável por dar cabo àqueles que ganharam a pena de morte. E a cada “serviço” você conhece a história e como aquela pessoa foi parar a mercê de sua espada.
Uma viagem belíssima e mais que interessante ao dia a dia da cidade e sua população.
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Samurai Executor foi lançado pela Panini em 10 volumes, já concluído no Japão. Embora a história esteja conectada à de Lobo Solitário, ambas podem ser lidas separadamente.
Na Prisão
A temática de criminosos interessou? Que tal conhecer então a vida de um preso numa penitenciaria japonesa? Em Na Prisão o autor conta com detalhes riquíssimos sua experiência pessoal após ser condenado por porte ilegal de arma de fogo.
O mais interessante da obra não é o tema em si ou os vários personagens e suas histórias, mas sim o choque cultural de se conhecer como são as prisões em outros lugares do mundo, que tipo de direitos os prisioneiros têm e a que tipo de atividades são submetidos. Uma leitura que vai abrir os seus olhos e te fazer pensar sobre as muitas formas de punição.
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Na prisão de Kazuichi Hanawa foi lançado pela editora Conrad em formato especial e possui apenas um volume.
Gourmet
Vamos sair um pouco da temática de criminoso e história japonesa e passar para a atualidade da terra do sushi, aliás, terra de muitas outras comidas também. E é aí que entre Gourmet!
O livro de volume único do renomado Jiroh Taniguchi e Kusumi Masayuki leva você a lugares e restaurantes reais no Japão, onde descreve suas experiências, expectativas e, é claro, refeições. O que de primeira pode parecer um tema tedioso, torna-se uma jornada pelos pratos e culinária japoneses, com detalhes riquíssimos e análise profunda dos hábitos alimentares de lá.
Você vai com certeza descobrir uma “comida japonesa” inédita que vai te deixar com vontade de pegar o primeiro avião e ir você mesmo visitar os vários restaurantes.
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Gourmet teve seu volume único lançado no Brasil pela Conrad em formato especial. Mas em 2008 no Japão a série teve um capítulo inédito lançado em comemoração ao aniversário de 10 anos, o que fez sucesso e alavancou vários novos capítulos e finalmente em 2015 foi publicado um volume novo da série, que infelizmente nunca virá ao Brasil.
Hiroshima – a cidade da calmaria
Não dava para deixar de falar da história de Fumiyo Kouno, Hiroshima, baseado nos eventos do final da Segunda Guerra quando duas bombas atômicas foram jogadas nas cidade de Hiroshima e Nagasaki.
O mangá conta de forma dolorosa a vida de uma sobrevivente e os acontecimentos após o bombardeamento. Um relato sobre as consequências e perdas de milhares de vidas que, embora desenhado com leveza, não esconde a feiura da guerra.
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Hiroshima foi lançado em formato diferenciado com apenas um volume pela editora JBC.
E você leitor? Que outras sugestões vocês dariam para alguém que quer aprender sobre o Japão através dos mangás?
[…] de Jiro Taniguchi. Foi publicado pela Conrad em 2008. É um dos melhores mangás para conhecer o Japão já publicados no Brasil. Foi o quarto mangá mais vendido em setembro, 45º título na lista geral […]
Interessante.
[…] O título teve a reimpressão do seu primeiro volume e terá o lançamento do segundo tomo. Como foi comentado em uma matéria, o título havia sido concluído em apenas 1 volume no Japão, mas depois foi ganhando capítulos […]
Já li Na Prisão (tinha na biblioteca da escola onde cursei o Ensino Médio) e tenho Hiroshima e Vagabond. E são mangás ótimos. Hiroshima fala sobre os reflexos da bomba atômica de forma simplista, mas sem deixar de lado a carga dramática do contexto. Na Prisão vale pela temática diferenciada do mangá, uma ótima leitura. Vagabond dispensa comentários.
Esse Hiroshima parece ser totalmente chorável, né né, esqueci o nome de uns mangás de bolso que acho que é uma editora L&M ou algo assim vai trazer um mangá bonitinho, vocês poderiam encaminhar essa matéria ou me falarem. (Eu esqueci tudo, quero anotar o nome.)
Não sei qual você está tentando lembrar, mas dê uma olhada aqui: https://bibliotecabrasileirademangas.wordpress.com/editoras/lpm/
É essa mesma Roses! :3 Parece que os volumes de Solanin estão 19,90 atualmente.
Rurouni Kenshin, embora seja mais porradaria, ensina bastante sobre aquele período (Era Meiji? Não lembro), Gen pés descalços também retrata bem essa faceta da 2ª Guerra e por fim, xxxHolic (e também Mushishi) aborda muitos aspectos do folclore japonês. Nesse caso não existem muitas explicações no próprio mangá, cabe ao leitor, se quiser saber melhor, buscar em outras fontes, as referências às lendas citadas no mangá.
Muito interessante esse texto, vou procurar esse Na Prisão, fiquei curioso.