Resenha: O homem que foge – Nigeru Otoko

O “eu” contra o “mundo”…

Quem consome mangás com frequência, ou pelo menos acompanha de perto esse mercado, deve já ter percebido que a maioria das obras publicadas no Brasil são muito parecidas entre si, focando-se em ação, com batalhas, aventuras, e/ou competições. Se formos olhar o catálogo atual da editora JBC veremos que ele é inteiramente formado por mangás shonens e seinens que seguem absolutamente essa “fórmula”. O único que destoa um pouco mais disso é To love-Ru, mas ainda assim tem aquele quê de ação. O catálogo da Panini, por sua vez, é um pouco mais variado (comédias, shoujos, romance e slice of life), entretanto a grande maioria também é formado de mangás que focam em luta, aventuras e/ou competições.

Ainda que se discuta que, por exemplo, Blame! e Lobo solitário sejam obras mais adultas e maduras do que títulos como One-Punch Man e Terra Formars a verdade é que a grande maioria dos mangás lançados no Brasil irá agradar uma parcela muito parecida de consumidores. Obviamente, cada um deles têm estilos diferentes, jeitos de contar uma história diferente (e uma história em si diferente) e isso fará com que uma obra desagrade alguns e outra seja considerada obra-prima por outros (ao ponto de certamente haver leitores que acharão ridículo colocarmos os títulos dentro do mesmo barco^^), mas olhando de um modo geral é fácil perceber que os mangás foram produzidos e pensados para chamar aquele público que, na mais estrita teoria, gosta de filmes de ação e histórias de aventura.

Em virtude dessa “igualdade”, quando surge um mangá diferente imediatamente ele desperta interesse, curiosidade e se destaca com uma experiência única. Esse é o caso de O homem que foge – Nigeru otoko.

Serializado entre 2010 e 2011 na revista Manga Erotics F (mesma de Suicide Club), O homem que foge foi escrito e desenhado por Natsume Ono (autora do conhecido Ristorante Paradiso, ainda inédito no Brasil) e apresenta uma história única, pouco usual e reflexiva.

Concluído em 1 volume, a obra foi anunciada pela editora JBC em 2016 e lançada apenas em janeiro de 2017. Hoje o blog BBM apresenta a vocês um pouco dessa obra…

 


Sinopse oficial


Conta-se que em uma certa floresta vive um urso o qual apenas crianças conseguem vê-lo. Dizem ainda que a pessoa que encontrar a fera, passar um dia inteiro em sua companhia e cativar a sua confiança terá um desejo atendido por ela. Desiludida e cansada dos problemas que chegam com a vida adulta, uma jovem decide se embrenhar na floresta e tirar o mistério a limpo. Uma vez sozinha entre as árvores, ela terá um encontro que mudará o modo como enxerga a vida. Mais do que isso, descobrirá se a lenda é real ou não.

Em meio a um grande suspense, o mangá convida o leitor a uma reflexão sobre as consequências das decisões que são tomadas ao longo da vida. Com seu traço delicado e uma narrativa densa, Natsume Ono leva seus protagonistas a enfrentarem seus medos e temores ao mesmo tempo que surpreende o leitor com uma fábula moderna e introspectiva.


História e desenvolvimento


O título do mangá é um spoiler. Ou dito de outro modo, ele é um dos raros títulos que contam exatamente o que é a história e prenunciam todas as discussões e questionamentos que serão levantados durante a obra. O mangá nos apresenta personagens que querem fugir, fugir deles mesmos, dos seus desgostos, fugir da sociedade como um todo. A história foca-se especialmente em um homem que, com receio de uma certa coisa, acaba entrando em uma floresta onde passa a viver com um urso.

A história do mangá é um pretenso conto de fadas para adultos e, justamente por ser voltado aos adultos, ele surpreende e massacra, de uma forma cruel. Ele não deixa espaço para esperanças e para aquela alegria juvenil que todas as crianças têm. Ao menos não no começo, não antes de amadurecermos. A história inicia com uma jovem que, por conta de um relacionamento desastroso, queria fugir e, em sua inocência, acabou se apegando a uma lenda de que existiria um urso na floresta que vivia em uma cabana e que, à noite, se transformaria em um homem. A lenda era uma esperança, era uma tábua de salvação para a garota que se apegou a ela e se embrenhou pela floresta. De uma certa forma, ela conseguiu o que queria, ainda que tenha culminado com uma decepção.

Esse momento ocorre só no primeiro capítulo. Ele é uma introdução ao que é o mangá e ao verdadeiro protagonista da história, ao homem que vivia com um urso manso na floresta. Mesmo sendo apenas uma introdução, ele já começa a mostrar toda a verve de Natsume Ono, com sua linguagem intimista que separa o “eu” do resto do mundo. O “eu” faz diversas escolhas (certas e erradas) e o “mundo” reage de modo que o “eu” se abala também reagindo de alguma forma. A moça do primeiro capítulo viu-se perdida no “mundo dos adultos” e buscou refugio no “mundo das crianças”, em seu interior, mas logo esse novo mundo mostrou-se que também não era tão receptivo assim e ela precisa amadurecer e reconciliar o seu “eu” com o “mundo”.

Os demais capítulos do mangá continuam com essa dualidade (eu x mundo) e apresenta um protagonista que também após um certo infortúnio buscou abrigo na floresta, longe da sociedade. Suas ações como pessoa, suas decisões (a incapacidade de delatar o seu pai), fizeram com que o “mundo” abalasse o seu “eu” interior e ele decidisse se refugiar. Esse embate “eu x mundo” que Natsume Ono faz no mangá pode ser expresso de uma forma diferente, como um combate entre a vida infantil e da vida adulta, ou da responsabilidade e da falta dela.

Os medos infantis afastam as pessoas de pensar racionalmente, de fazer o que é certo e o mundo cobrará a sua parte posteriormente. As reflexões durante a obra são constantes – passando muito pela falta de palavras – e o final é espetacular, mostrando de uma forma até certo ponto dolorosa toda a síntese do mangá e que já tinha sido mostrada anteriormente: por mais que a fuga dos problemas seja algo que nos passe pela cabeça o tempo todo, fugir nunca é a melhor solução, mesmo que durante muito tempo a fuga tenha se mostrado uma decisão acertada. Às vezes pensamos estar fazendo um bem, tanto para nós, quanto para outra pessoa, porém a nossa decisão pode ser equivocada e gerar consequências desastrosas, se ela não é feita de forma pensada e madura.

Está claro que a fuga dos personagens não é outra coisa senão um sinônimo da vida infantil e da falta de maturidade deles em enfrentarem problemas. E, por causa disso, outros problemas tendem a acontecer. Apesar de dolorosa, a mensagem final é positiva e mostra que mesmo que você fuja de alguma coisa, você ainda tem tempo de reconciliar-se com o mundo e viver de forma plena. O homem que foge nos apresenta o processo de maturidade dos personagens, da infantilidade da fuga inicial até a reconciliação com a sociedade, com o mundo e, também, consigo mesmo. Mesmo a moça do primeiro capítulo amadurece. Em apenas uma cena em que ela volta a aparecer, fica nítido que a garota deixou de lado o seu espírito de fuga e amadureceu, tornando-se uma pessoa mais centrada e pensativa…

Sem dúvidas, O homem que foge é um mangá único, raro de se ver no Brasil e que apresenta questionamentos bastante pertinentes, ainda que boa parte deles sejam apenas sugeridos e não expressos em palavras.


A arte de contar uma história por meio dos desenhos


O homem que foge é, em certo sentido, muito parecido com Blame!. Ambos os mangás utilizam-se muito pouco de texto e a história é contada quase que inteiramente por meio dos desenhos e você precisa lê-los para ir compreendendo o que está se passando. A principal diferença é que Blame! é um “mangá de lutinha”. Ele é uma narrativa de ficção pós-apocalíptica em que o protagonista irá lutar contra diversos inimigos, enquanto busca uma forma de salvar a humanidade, já quase toda dizimada. Assim os desenhos servem para você acompanhar a ação, as batalhas e tentar desvendar o que está acontecendo, já que pouca coisa é explicada. O homem que foge, por outro lado, é uma narrativa contemplativa, de reflexão, e os desenhos são utilizados para dar um ar um tanto quanto melancólico, como se a vida fosse uma sucessão de quadros em branco, sem fala, sem brilho, sem beleza, ao mesmo tempo em que demonstra a solidão dos personagens.

Esse tipo de narrativa, tanto em O homem que foge, quanto em Blame! tende a afastar as pessoas. As pessoas foram acostumadas a ler textos e quase ninguém sabe ler imagens.  Daí que uma narrativa quase sem texto causa aversão. Mas existe uma diferença básica entre entre os dois títulos. Em Blame!, Tsutomu Nihei utiliza todos os seus conhecimentos arquitetônicos para criar cenários incrivelmente bem desenhados e realistas mesmo para uma obra que se passa em um mundo pós-apocalíptico. A gente se impressiona ao ver os desenhos e não é incomum que as pessoas não abandonem o título justamente por essa capacidade do autor. Em O homem que foge, Natsume Ono faz quase que exatamente o oposto. Ela utiliza-se de uma arte extremamente simples, de difícil compreensão em alguns momentos,  e que soa para os leitores como feia, ruim, tornando a aversão a esse tipo de obra maior ainda. O que nos leva ao próximo ponto.


A arte?


Mas a arte que O homem que foge é mesmo muito ruim? Se você já leu alguma outra obra da autora, assim que você abre o mangá, você já reconhece o traço de Natsume Ono. O modo como ela desenha o rosto dos personagens, por exemplo, é inconfundível, bastando olhar para perceber esse estilo até certo ponto único.

Façam uma comparação abaixo. Olhem o rosto de um personagem de Ristorante Paradiso e comparem com o de O homem que foge. Não dá para não perceber a semelhança, no modo como Ono desenha os olhos, o nariz e demais feições dos personagens, ainda que eles sejam muito diferentes entre si.

Ristorante Paradiso (versão espanhola)
O homem que foge

O próprio modo como o olhar dos personagens é desenhado é meio único. Em vários momentos, Ono faz com que os personagens pareçam estar olhando para o infinito, pensando em outra coisa, mesmo estando em uma situação de interação. Tanto em Ristorante Paradiso, quanto em O homem que foge isso acontece, mas neste último acontece de forma mais acentuada, dada à temática reflexiva da obra, que exige esse tipo de olhar nos personagens.

O traço de Ono não é ruim. Ele é apenas diferente do que estamos acostumados. O problema é que o traço de O homem que foge é mais diferente ainda O_o. A autora utiliza-se de traços que para muitos parecerá simples rabiscos de criança, ao ponto de certas cenas serem irreconhecíveis e você desconfiar que a editora recebeu apenas os esboços e não o mangá em si. Em Ristorante Paradiso, os traços são parecidos, mas pode-se dizer que eles são melhor finalizados. As roupas, por exemplo, são todas preenchidas e bem definidas. Os óculos dos personagens igualmente são bem trabalhados, finalizados, realistas até. Em O homem que foge, por outro lado, os desenhos são mais despojados. Tanto nas roupas, quanto nos óculos ou qualquer outra passagem do mangá, você vê os “rabiscos” que a autora fez.

Estilo de Natsume Ono

Inevitavelmente a sua primeira reação é achar muito ruim, o pior traço de mangá que você já deve ter visto na vida. Contudo, após ler e reler você já começa a perceber de que não poderia haver outro. Nitidamente trata-se do estilo pessoal da autora, adaptado para uma obra de temática mais reflexiva. Se as roupas dos personagens, as paisagens, a casa e mesmo o urso fossem bem desenhados (no sentido de mostrarem uma beleza ao leitor), o mangá perderia grande parte do impacto e da mensagem.

Ristorante paradiso, por exemplo, passa-se na Itália e em um restaurante elegante, exige-se uma arte melhor e Ono a faz. O homem que foge, por outro lado, é uma narrativa introspectiva e a arte mais despojada de Ono ajuda na reflexão e a mostrar o embate (e também a semelhança) entre o “eu” e o “mundo”, sempre sujo e bagunçado, ao mesmo tempo que é simples, sutil e leve.


A edição nacional


A edição brasileira veio no formato 13,5 x 20,5 cm com miolo em papel offset e capa cartonada com orelhas. O volume foi distribuído exclusivamente para livrarias e lojas especializadas e custa R$ 19,90.

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Regra geral a edição está muito boa, sem qualquer problema de encadernação e maleabilidade. Além disso as orelhas dão um charme a mais no acabamento. O papel do miolo, porém, é aquele padrão da JBC de títulos como Fullmetal Alchemist, fino e com transparências nas páginas em que há mais espaços brancos.

Não é algo que tenha me incomodado durante a leitura, mas se você for um leitor muito exigente provavelmente não irá gostar muito. Dê uma olhada no exemplo.

Páginas com leve transparência…

Veredicto


O homem que foge é uma obra diferente. O título é uma experiência contemplativa e de reflexão. É uma obra para você observar, pensar e raciocinar sobre o funcionamento do mundo à sua volta e de como você lida com ele. Igualmente é uma obra para você pensar sobre as consequências de suas escolhas.

Se você está buscando uma leitura diferente de tudo o que se publica no Brasil, esse mangá é para você. Se, por outro lado, você está acostumado a acompanhar apenas battle shonens ou seines de lutinha e nunca dá espaço a outros gêneros, dificilmente você conseguirá gostar desse mangá.

Ainda assim é uma obra que todos deveriam dar uma chance…


Ficha Técnica

Título: O homem que foge – Nigeru Otoko

Autor: Natsume Ono

Editora: JBC

Acabamento: Papel offset + capa com orelha

Número de volumes: 1

Preço: R$ 19,90

Onde comprar: Amazon / Saraiva

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14 Comments

  • Comprei na pré-venda e quando chegou eu peguei e li na mesma hora. Fiquei tão imersa na história que fiquei “relendo” as imagens por um bom tempo para poder absorver tudo aquilo.

    Eu vi muitas pessoas falando mal do traço da Natsume Ono não só em Nigeru Otoko mas também no anime de ACCA, mas eu nunca me incomodei com isso, pelo contrário, desde a primeira vez que eu vi fiquei completamente apaixonada. Amo esse estilo de traço, sem falar que ele fica perfeito para história que está sendo contada em Nigeru Otoko. Em nenhum momento achei que ele estava mal feito ou algo assim.

    Ótima resenha, Kyon_45!

  • Urashima

    Li e gostei muito da obra. A primeira parte é realmente boa, mas a partir a coisa fica muito melhor. Curti muito a arte dela. Ela mostra que realmente sabe contar uma estória em quadrinhos. O traço que alguns não curtiram, eu achei ótimo, combina muito bem com a proposta da obra. Uma das melhores leituras que tive no ano.

  • anon

    Estava esperando uma resenha dessas para me ajudar a entender melhor a obra rsss aliás, agora fiquei com vontade de reler!
    Sobre a arte, concordo que ela combina com o “clima” do mangá, mas tem alguns quadros que eu realmente não consegui entender nada do que estava acontecendo… eu gosto de traços mais diferentes do que estamos acostumados, mas neste caso em específico acho que a autora poderia ter trabalhado um pouco mais algumas partes.

  • Um belo post @Kyon.
    Agora, tem uma coisa que me chamou bastante a atenção:
    “Esse tipo de narrativa, tanto em O homem que foge, quanto em Blame! tende a afastar as pessoas. As pessoas foram acostumadas a ler textos e quase ninguém sabe ler imagens. Daí que uma narrativa quase sem texto causa aversão.” -> eu diria que em se tratando de brasileiros, acho que é justamente o oposto. As pessoas não foram acostumadas a ler textos e são um verdadeiro poço de preguiça para qualquer leitura de 3 minutos ou mais… Ler uma resenha com esta sua é algo muito peculiar de algumas poucas pessoas, mesmo entre os que gostam de ler livros…
    Hoje em dia também, a facilidade em se criar posts, de vídeos ou com textos de duas dúzias de palavras, apenas com besteirol, ajuda e muito a mesmo quem gosta de ler livros, não conseguir ler uma resenha como esta, e portanto, de maneira inversamente proporcional, facilitando a leitura de um mangá com mais imagens e menos texto.

    Entendi perfeitamente o seu ponto de vista quando diz que “As pessoas foram acostumadas a ler textos e quase ninguém sabe ler imagens”, mas creio eu que no caso de Nigeru Otoko, o problema maior para muitas destas pessoas acima citadas e um monte de outras mais, está justamente na arte, e não exatamente no tipo de narrativa.

  • Olha, por trabalhar com ilustração e do ponto de vista de um ilustrador que ja viu de tudo, dizer que “O traço de Ono não é ruim. Ele é apenas diferente do que estamos acostumados” é quase um insulto, porque os traços são basicamente o que usaríamos num storyboard mediano (mais detalhado que o normal, e olha que nem é um manga detalhado). É algo comum evoluir o traço, mesmo o simplificando (tipo Oh Great em comparação de sua ultima obra com Air Gear). Dizer que o traço foi correto para o tipo de historia é um erro, pois somente se tivesse a mesma historia redesenhada em um estilo melhor trabalhado seria possivel realmente ver se esse original realmente funciona melhor. E não me leve a mal, curto desde ilustrações simples a mais complexas, mas neste manga não dá pra engolir.

    • “dizer que o traço foi correto para o tipo de historia é um erro, pois somente se tivesse a mesma historia redesenhada em um estilo melhor trabalhado seria possivel realmente ver se esse original realmente funciona melhor. ”

      Uma interpretação nunca pode ser questionada usando esse tipo de argumento. Se uma pessoa interpreta o uso de cores em vermelho em uma pintura de forma X, você não pode questionar a interpretação dizendo que essa pessoa só poderia afirmar isso se tivéssemos o mesmo quadro usando outras cores. Você só pode questionar a afirmação se para você o uso de cores em vermelho naquela pintura tem outro significado (ou mesmo nenhum^^. Talvez o artista só tenha usado o vermelho por que não tinha outra cor. rs)

      Além disso, “funcionar melhor” não se aplica a esse caso. Estamos falando de uma interpretação pessoal e em minha interpretação o estilo empregado pela autora não poderia ser outro porque ele ajuda na construção do significado da obra. O estilo dos desenhos faz parte da interpretação “profunda” e seria diferente se fosse outro.

      Segundo a minha interpretação, a autora utilizou-se propositalmente desse tipo de desenho com vistas a passar uma mensagem especifica. Com esses desenhos o mangá evoca um modo de ver o mundo e da relação entre ele e os personagens, mais precisamente o interior deles. Se a arte fosse outra, seria outro modo de ver o mundo. Simples assim. Não tem nada a ver com funcionar melhor ou deixar de funcionar.

    • Roses

      STX, e quem definiu que o traço de um “storyboard mediano” é ruim? Você pode ser ilustrador, pintor, desenhista, mas você está preso a uma estética e forma de pensar que o mercado aceite. O ponto é que da visão artística não existe um traço bom e ruim, apenas diferentes estilos e técnicas. Você gostar ou ser um traço bem visto pela sociedade não o torna melhor que o de um autor mal visto. Dentro do que a autora se propôs a fazer, aquele é o traço que ela julgou mais pertinente, e sinceramente é um dos estilos que mais gosto atualmente, o “cru” da imagem se reflete no enredo, algumas ilustrações são quase abstratas.
      Fora isso, em questões como anatomia, angulações, sombras, etc, a autora trabalha direitinho. A única coisa ali “estranha” é o próprio estilo dela. E achar isso ruim ou não vira uma mera questão subjetiva.

  • Fernando

    Kyon gostei muito da resenha =)

    No meu caso foi totalmente o oposto hahahah..

    O começo da historia é tão legal, mas após o primeiro capitulo não consegui mais me conectar com os personagens e achei tão desnecessário o drama do personagem, no final da leitura achei ele um tremendo bunda mole kkkkkkkkkkkkk..

    Foi uma das minhas principais decepções esse ano, junto com Pokemon RGB.

    Sobre a arte achei ela muito parecida com Helter Skelter, não é uma maravilha, mas também não é ruim, ela fica no meio termo =P

    • Alex Kuhn

      Mesma impressão. Começo ruim e do meio pro fim foi péssimo. Não gostei do mangá. E ele nem tem uma nota boa no My Anime List… portanto não estamos sozinhos.

      • Alex Kuhn

        Ops… eu quis dizer “começo bom”, pq o mangá inicia bem.

  • Diego Lopes

    Eu tinha deixado este passar em seu lançamento, mas lendo a sua resenha Kyon achei a história incrível, hoje dou um jeito de comprar rs. Um mangá da Natsume Ono que eu gostaria que lançasse no Brasil é o Acca 13, nele o traço é característico da autora como vc citou mas com ótimas definições, além de um roteiro sólido.

  • Roses

    A primeira vez que vi um traço desses foi com a Erika Sakurazawa e Maki Kusumoto, quase tive um treco. Mas é uma questão pura de costume e entender o ambiente em que é produzido. Você vê algo parecido em Helter Skelter também. São todos joseis, a própria Ono também trabalha bastante com essa vertente. São em geral histórias com conteúdo forte, reflexivas ou de crítica social, a ideia não é causar orgasmos visuais, é chocar, arranhar seus olhos com a feiura da realidade. É um grito silencioso de uma autora.
    Há quem ache que quadrinho é somente um produto comercial, mas são obras assim, alternativos de uma demografia minúscula e sem apelo comercial, que você encontra alma e mensagem nas histórias, não um produto de entretenimento. E dentro de toda essa feiúra são obras belíssimas, afinal a beleza está nos olhos de quem vê.

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