O primeiro Mythos Mangá
No final de 2022, a editora Mythos surpreendeu o público com o anúncio de um novo selo de publicações, o Mythos Mangá., destinado ao lançamento de quadrinhos japoneses. E o primeiro título da empresa foi A Feiticeira do Castelo, de John Tarachine.
A obra foi publicada no Japão entre 2019 e 2020 na revista de mangás joseis Comic Tatan, da Coamix, sendo compilados em um total de 4 volumes. No Brasil, o anúncio ocorreu em dezembro de 2022 e o primeiro volume foi publicado em janeiro de 2023. A partir daí, a editora lançará um número novo por mês até completar a coleção.
A editora Mythos gentilmente nos enviou o primeiro volume e agora viemos falar um pouquinho sobre essa obra, contando um pouco da história e nossas opiniões.
A Feiticeira do Castelo se passa na Escócia e tem como protagonista Marie Blackwood, uma bruxa com um passado um tanto quanto trágico e que odeia conviver com pessoas. Entretanto, um dia a Igreja lhe pede para que ela cuide e tenha como aprendiz um rapaz de 13 anos chamado Theo, um jovem que é portador do chamado “Sangue da Justa Indignação”, uma espécie de energia mágica poderosa e descontrolada que atrai todo tipo de espíritos. Marie – que é dona de uma personalidade um tanto quanto problemática – aceita a contragosto e somente os acontecimentos fortuitos do primeiro dia de convívio a fazem acolher o menino de maneira mais sincera.
A obra, então, é um daqueles mangás de fantasia em que reimaginam o nosso mundo como se a magia existisse de verdade, bem ao estilo The Ancient Magus Bride, apresentando personagens que se utilizam de habilidades mágicas, além do sempre corriqueiro envolvimento da Igreja, relembrando a tradição histórica da rivalidade dela (a Igreja) com as bruxas.
O mangá, então, pega diversos desses elementos comuns da ficção de fantasia e os trabalha em torno da relação entre a bruxa e o jovem aprendiz, buscando apresentar um clima de ternura e fraternidade em contraposição ao colapso que é vida deles. Sim, pois, se Marie possui um passado trágico envolvendo a sua família, Theo também possui em razão de seu poder descontrolado e a privação que ele havia sofrido até então por causa deles. Os dois são pessoas com um passado de sofrimento e juntos parecem se acolher, de um jeito ou de outro.
A citação que fizemos a The Ancient Magus Bride (mais acima) não é gratuita, pois há diversos elementos em comum entre as duas obras (os protagonistas moram no Reino Unido, um é mais velho e outro é adolescente, um dos personagens atrai seres com seus poderes, etc), mas o que mais destaca é essa fraternidade, esse acolhimento que existe entre duas pessoas que acabaram de se conhecer. A relação entre Marie e Theo lembra bastante a de Chise e Elias (personagens de Magus Bride), ainda que de maneira bem diversa.
Embora a trama do primeiro volume não se detenha exclusivamente a questão dos sentimentos, inquietações e angústias (há uma missão e um “convite” também), é nítido em pequenos detalhes que existe uma enorme preocupação zelosa, pelo menos de Marie em relação a Theo (mesmo ela não querendo ter um aprendiz no começo^^).
Mas se estamos falando de uma obra em que existe magia, como ela é feita neste mundo? A Feiticeira do Castelo não inventa a roda e segue aquele programa comum da existência de espíritos (que apenas alguns podem ver) e de que um contrato com eles é que gera os efeitos. De igual modo, o mangá segue a mesma ideia de que hoje em dia a existência de bruxas e de magia está diminuindo, pois já não existe mais tanto a necessidade delas.
Ou seja, A Feiticeira do Castelo trabalha com diversos clichês de histórias de fantasia, amontoando os elementos para criar uma história própria que, ainda que não seja única, é bem agradável. Ele é um mangá que consegue divertir e instigar bastante nesse volume inicial, ainda que não saibamos quais desenvolvimentos a trama seguirá em relação ao rapaz e a bruxa. Então, para quem gosta de obras de fantasia, com bruxas e magia, esse título é um prato cheio.
O único, porém, é justamente seu elemento mais marcante, a relação entre os protagonistas. Pelo fato de Marie ser uma adulta e Theo ser um adolescente de apenas treze anos, sempre existe o medo de o amor fraternal se transformar em uma outra coisa, como já vimos várias vezes em obras japonesas. Aí fica essa tensão… e quando a gente olha a capa do quarto volume… Pode não ser nada, pode ser apenas a demonstração da felicidade, mas fica o alerta.
De todo modo, independente do desenvolvimento futuro que a obra terá, A Feiticeira do Castelo possui uma história que agradará bastante a todos os que gostam de obras de fantasia.
Você quer saber como está a edição física? Tradução, revisão, etc? Fizemos uma resenha exclusiva para isso (clique aqui).
Ficha Técnica
Título Original: アザミの城の魔女
Título: A Feiticeira do Castelo
Autor: John Tarachine
Tradutor: Natália Rosa e Hélcio de Carvalho
Editora: Mythos
Número de volumes no Japão: 4 (completo)
Número de volumes no Brasil: 1 (ainda em publicação)
Dimensões: 14,5 x 21 cm
Miolo: Papel offset
Acabamento: Capa cartão
Páginas: 176
Classificação indicativa: 16 anos
Preço: R$ 37,90
Onde comprar: Amazon
Sinopse: A bruxa Marie Blackwood é incumbida pela igreja de uma missão um tanto ingrata: tutelar o jovem de 13 anos Theo Edison no mundo da magia. Theo é portador do “Sangue da Justa Indignação”, um poder fantástico que o torna extremamente ligado aos espíritos que emprestam suas forças aos magos do mundo. Com esse poder, Theo é alguém pode trazer muito perigo ao mundo, e caberá a Marie lhe mostrar que o que todos veem como uma maldição pode muito mais ser uma bênção. Aventure-se no mundo místico e belo dessa estupenda história, trazida pelo selo Mythos Mangá, de mistérios, seres sobrenaturais e personagens encantadores…
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Quando comecei a ler esse mangá a primeira coisa que me veio à cabeça foi Magus Bride. Achei muito similar. Muito mesmo. Mas eu gostei da história e achei os espíritos que apareceram bem bonitos. Vou continuar comprando pois quero saber como a história vai se desenrolar.