Mangá Aberto: “A Feiticeira do Castelo”

Veja como está o mangá

Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.

A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrar fotos do mangá acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre A Feiticeira do Castelo, mangá lançado em janeiro de 2023 por uma das novas editoras a publicar mangás no Brasil, a Mythos.

A editora nos enviou o primeiro volume e, por meio dele analisaremos a obra, destacando como está o mangá e falando dos pontos positivos e negativos da edição.


DETALHES SOBRE A OBRA


A Feiticeira do Castelo é um mangá de autoria de John Tarachine e foi publicado no Japão entre 2019 e 2020 na revista de mangás joseis Comic Tatan, da Coamix, tendo seus capítulos compilados em quatro volumes. Apesar do nome, John Tarachine é uma mulher e ela é mais conhecida por seus BL’s. Atualmente ela publica o muito clamado shoujo Umi ga Hashiru End Roll, além de Sex Education, adaptação em mangá da famosa série da Netflix de mesmo nome.

No Brasil, o mangá foi anunciado pela editora Mythos no dia 2 de dezembro de 2022 e começou a ser publicado em janeiro de 2023 com o lançamento do primeiro volume. A obra inaugura o selo Mythos Mangá da editora e será lançado um volume novo por mês, até sua conclusão.


FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA


A edição brasileira veio no formato 14,5 x 21 cm. Trata-se de um tamanho diferente dentre os mangás publicados: em termos de altura, o mangá mede o mesmo que Diário dos Gatos Yon & Mu, My Broken Mariko, Banana Fish, Soul Eater Perfect Edition, BEASTARS, Neon Genesis Collector’s Edition, e a nova edição de Paradise Kiss, dentre outros. Para quem não conhece, é aquela altura um pouquinho maior que a maioria dos mangás da Panini e da JBC.

A diferença de A Feiticeira do Castelo para os mangás citados é a largura. Geralmente, esses mangás com tamanho de 21cm, possuem largura de 14,8 ou 15 cm, então como o mangá da Mythos é 14,5 cm, a largura dele é levemente menor do que esses mangás do parágrafo acima. Abaixo, há algumas imagens para comparar.

Imagem 1.
Imagem 2.

O acabamento do mangá é em capa cartão simples (sem orelhas, sem sobrecapa) e o papel do miolo é o offset (aquele papel branco usado em cadernos e em alguns livros e mangás). Ao todo são 176 páginas, todas em preto e branco.

Imagem 3.

CAPA, QUARTA-CAPA E LOMBADA


A capa nacional utiliza a mesma ilustração da versão japonesa e desde a sua divulgação foi alvo de bastante críticas pelo excesso de informações na capa (como título em japonês, título romanizado, título nacional, o nome do autor duas vezes), além da escolha da fonte para o título.

No meu entender, as críticas são justas em sua maioria. Embora a capa original japonesa também seja bastante poluída, seria bastante desejável que a nossa fosse mais limpa, deixando a ilustração mais apresentável e fazendo-a “””brilhar”””. A fonte usada no título eu acho de boa, mas o excesso de informações da capa realmente é uma pequena nódoa na capa da edição.

Imagem 4.

Em termos de acabamento, ela é uma capa padrão de mangás em capa cartonada, não tendo nada de especial ou relevante que mereça menção, o que – como temos dito em todas as postagens dessa coluna – não é nenhum desmerecimento, é apenas uma característica para esses mangás de acabamento mais simples (sem orelhas, sem sobrecapa, sem verniz localizado, etc).

Imagem 5.

Em relação à quarta-capa (esse é o nome da parte de trás do mangá e que você vê acima) eu também não achei bom a disposição do título perante a imagem central. Achei que ficou confuso, dá um aspecto meio estranho, sei lá. Não me agradou. De ponto positivo, elogio a editora por colocar uma sinopse no mangá, pois é algo importante para os consumidores saberem do que se trata a obra. Pode parecer algo banal, mas ainda hoje saem alguns mangás no Brasil sem que tenha sinopse, então sempre é bom elogiar quando tem^^.

Um detalhe que é legal de mencionar é que a quarta-capa possui o preço do mangá junto ao código de barras. Hoje em dia, não é comum que se tenha isso, apenas os mangás da Panini ainda utilizam, pois são os únicos a ainda serem distribuídos regularmente em bancas de revistas. Não sei se a Mythos o está distribuindo em bancas, mas por ter o preço estampado, talvez sim.

Imagem 6.

Diferente da capa e da quarta-capa, a lombada eu não tenho qualquer crítica, eu acho bastante simples e bonita esteticamente. Os elementos estão bem dispostos e formam uma boa harmonia.

Por fim, uma coisa que eu acho também importante comentar é que a orientação do texto da lombada é no estilo americano (o mesmo usado pela JBC na maioria de seus mangás). Isto é, quando o mangá fica “em pé” o texto da lombada fica inclinado para a direita (vide imagem 1). A Panini usa o estilo europeu, em que a texto da lombada fica inclinado para a esquerda. Não existe certo e errado nisso, é apenas uma escolha de cada empresa. Achei importante comentar isso, pois a Mythos é uma editora nova no ramo de mangás e alguns dos leitores podem ficar criticando à toa (sim, há pessoas que criticam a orientação do texto na lombada desta ou daquela editora O_o).


CAPAS INTERNAS


As capas internas (a parte de trás da capa e da quarta-capa) possuem ilustrações em preto e branco mostrando alguns espíritos (o mangá é sobre feiticeiros e que se utilizam de magias por meio deles). Na primeira mostram-se três e na segunda mostram-se mais dois.

Imagem 7.
Imagem 8.

Um dado interessante que é possível ver na imagem acima é que a editora coloca o tradicional aviso de que a obra começa do outro lado. Além disso, há também uma ficha catalográfica que todas as boas editoras colocam nos dias atuais.  São coisas mínimas, mas acho importante destacar, novamente, por ser o primeiro mangá do novo selo da Mythos.


OUTROS TÓPICOS


Falando agora de uma maneira geral, eu considero o acabamento do mangá bom. A capa cartonada é consistente, bem ao estilo das três principais editoras do mercado. A encadernação também é muito boa, permitindo ler a folhear o mangá sem qualquer problema.

O único problema visível ocorre logo na primeira página (vide imagem 7) quando o título do mangá, no meu exemplar, acaba tendo a letra “a” final cortada pela capa. Além disso, há toda uma apresentação estranha nessa página, com o mesmo excesso de textos da capa. Não sei o que houve ali.

Acerca do papel, a utilização do offset é ir no ponto de certeiro para agradar a maioria dos consumidores. Embora os papeis de cor creme (Pólen, Lux Cream, Avena, offwhite ou os papeis usados nos mangás do Japão) sejam melhores para a leitura, boa parte do público brasileiro de mangás prefere o papel branco do offset. Muitos, inclusive, confundem o offwhite, usado pela Panini, com papel jornal e criticam o seu uso. Então utilizar o offset acaba sendo um boa jogada, servindo para agradar a maioria, pois apenas meia dúzia de pessoas não gostam muito de sua utilização.

Em relação às onomatopeias, a editora segue o mesmo padrão das demais empresas brasileiras, mantendo a onomatopeia original e colocando uma legendinha em algum lugar. Também é ir no porto seguro, já que no mercado temos uma editora que traduz as onomatopeias e sempre é algo de muitas críticas pelos consumidores. Então manter as originais, como o público gosta, é uma decisão bem acertada.

Imagem 9.
Imagem 10.

Em relação ao texto, eu achei ele bem razoável e com um português bastante fluído. Além disso, não notei nenhum erros de revisão. O texto só não é perfeito pelo uso de honoríficos. Particularmente, não vejo sentido no uso de tais termos já que usá-los não faz diferença no entendimento da história e da relação dos personagens, se o texto for bem adaptado.

O pior é que a obra se passa na Escócia e nenhum dos personagens são japoneses (até onde sei), então usar honorífico acaba sendo um contrassenso até no âmbito da ficção (por que personagens do Reino Unido estariam falando com honoríficos japoneses e não com honoríficos ingleses?). Para completar, também não houve notas de rodapés explicando os termos. Isso é algo que a editora precisa melhorar para os próximos mangás.

Imagem 11.

Agora voltando a falar de coisas positivas, um detalhe muito interessante é que ao final do mangá, a editora colocou uma “prévia” do próximo volume, inserindo a informação de que segundo número sairá em fevereiro de 2023. Eu considero esse tipo de coisa muito boa para o consumidor fiel, que sempre adquire no lançamento, pois assim ele pode saber quando o próximo volume sairá sem nenhuma dificuldade.

Isso é algo bastante raro no mercado brasileiro de mangás. A última vez que eu lembro de ter acontecido algo assim foi em 2015 nos primeiros volumes do mangá Ultraman.

Imagem 12.

E UMA CONCLUSÃO


Eu achei a edição de editora Mythos boa mesmo. Ainda tem coisas a melhorar como a capa e a questão dos honoríficos, mas para uma primeira impressão o saldo foi bastante positivo. Infelizmente, o preço não é convidativo, saindo por R$ 37,90, mesmo preço praticado pela Panini em alguns de seus mangás. Como o salário das pessoas ainda não subiu adequadamente (ainda sofrendo o problema dos últimos quatro anos) acaba que só os descontos de pré-venda e promoções ajudam a maior parte do público.

De todo modo, eu acho que vale a pena, pois só são 4 volumes e não creio que se esgotem rápido, então dá para ir pegando aos poucos. E a história? Achei boa,  fiz uma resenha apenas sobre ela (clique aqui)…


Ficha Técnica


Título Original: アザミの城の魔女
Título: A Feiticeira do Castelo
Autor
: John Tarachine
Tradutor: Natália Rosa e Hélcio de Carvalho
Editora: Mythos
Número de volumes no Japão: 4 (completo)
Número de volumes no Brasil: 1 (ainda em publicação)
Dimensões: 14,5 x 21 cm
Miolo: Papel offset
Acabamento: Capa cartão
Páginas: 176
Classificação indicativa: 16 anos
Preço: R$ 37,90
Onde comprar: Amazon

SinopseA bruxa Marie Blackwood é incumbida pela igreja de uma missão um tanto ingrata: tutelar o jovem de 13 anos Theo Edison no mundo da magia. Theo é portador do “Sangue da Justa Indignação”, um poder fantástico que o torna extremamente ligado aos espíritos que emprestam suas forças aos magos do mundo. Com esse poder, Theo é alguém pode trazer muito perigo ao mundo, e caberá a Marie lhe mostrar que o que todos veem como uma maldição pode muito mais ser uma bênção. Aventure-se no mundo místico e belo dessa estupenda história, trazida pelo selo Mythos Mangá, de mistérios, seres sobrenaturais e personagens encantadores…


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3 Comments

  • Kenpa

    Ótima matéria, vou esperar finalizar para pegar de segunda mão xD

  • Anônimo

    achei uma gracinha o mangá, mas tive a mesma crítica – o uso de honoríficos japoneses. foi tão fora de lugar, não entendi a decisão de manter. não me incomodaria se mudassem pros próximos volumes…

  • Lucas

    Achei o offset de uma gramatura menor, ou talvez seja porque ele eh mais maleável sei lá. Mas eh um offset diferente dos da NewPOP por exemplo. Vou terminar essa coleção, espero que a Mythos lance mais coisas em breve…

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