Resenha: Ore monogatari – volume 01

Volume_01Os gorilas também podem amar…

Ore Monogatari é um mangá escrito por Kazune Kawahara e desenhado por Aruko. A obra foi serializadas nas páginas da revista Betsuma entre 2011 e 2016, sendo concluído dias atrás. A obra ganhou muita notoriedade no Brasil após a exibição de sua adaptação em animê, que mostrava uma história de amor diferente, em que o protagonista não era um “príncipe azul” e sim um cara grandalhão, assustador, mas super gente fina.

O mangá foi anunciado no dia de São Valentim pela editora Panini e teve seu lançamento em meados de junho. O problema é que com tanto hype em cima do título, as exigências sobre ele crescem muito. Será que é uma obra agradável como Lovely Complex ou uma completa decepção como Aoharaido? É isso o que iremos ver agora…

Ore Monogatari 01

Sinopse oficial

Takeo Gouda, estudante do primeiro ano do colegial. Altura aproximada, dois metros; peso aproximado, 120 quilos. Todas as garotas de quem ele já gostou até hoje acabaram apaixonadas por Sunakawa, o seu amigo de infância bonitão. Mas Takeo é íntegro, honesto, meio bronco e um pouco desligado, enfim, o homem que todo homem gostaria de ter como amigo! Um belo dia, ele salva uma garota que está sendo assediada dentro do trem e esse é o presságio da primavera do amor chegando para o Takeo… ou não?! Venham nos acompanhar nesta comédia ingênua e hilária, repleta de risos, lágrimas e muitos corações palpitando!

História e desenvolvimento

Mais do que uma história de amor, Ore monogatari é uma história de pequenos enganos e conflitos que são logo revelados e resolvidos. A narrativa nos apresenta uma base para nos guiar e, logo em seguida, subverte essa base, mostrando que os personagens (ou mesmo nós, leitores) estavam errados em suas elucubrações.

Takeo se apaixona por Yamato (a garota que ele salva no trem) e logo em seguida ele acha que ela gosta de seu amigo Sunakawa, assim como aconteceu com todas as meninas que ele gostou. Natural que Takeo pense dessa forma, afinal Suna é um “boa pinta” e conquista os olhares de todas as garotas. Mas a verdade é que Yamato se apaixonou por Takeo e, ao contrário de outras comédias-românticas, a coisa se resolve muito rápido e em metade do volume os dois já estão namorando.

Não é apenas essa base que é subvertida. Toda história parece feita para quebrar com lugares comuns. O clichê desse tipo de história diria que Yamato seria a primeira e única garota a se apaixonar por Takeo, mas logo em seguida esse clichê é desfeito. Outro lugar comum diz respeito à aparência pura e ingênua de Yamato e que qualquer um diria ser uma marca da série, mas logo no primeiro volume já vemos que a realidade não é exatamente essa, ainda que ela não seja o extremo oposto e sua imagem “moe” permaneça inalterada e inabalada.

É evidente que nada disso é uma inovação das autoras da série, mas o modo como é conduzida a narrativa, com um ritmo bem dinâmico, faz a história não parecer monótona e nem clichê em momento nenhum e acaba nos cativando a cada página lida. O final do primeiro volume é sensacionalmente engraçado e a subversão de expectativas é bem maior nelas do que no restante do tomo. Como consequência, o volume termina nos deixando aquele gostinho característico de quero mais e mais e mais ainda… mesmo sem um cliffhanger de gancho.

Outros comentários

Takeo é aquele personagem enigmático e boa parte da subversão da expectativa do volume parte dele. Um exemplo claro acontece quando lhe dizem que Yamato (que parecia estar escondendo algo de Takeo) poderia estar lhe traindo ou gostando de outra pessoa e ele não se importa, dizendo que se fosse isso seria melhor do que ela estar infeliz.

Mas se é para falar de personagem enigmático, esse é o Suna. É difícil saber exatamente o que acontecerá com ele nos próximos volumes. Quando estava assistindo ao animê, me parecia claro que ele acabaria apaixonado pela Yamato também. No mangá essa sensação não esteve tão presente, muito embora ainda dê para imaginar esse futuro.

Vale comentar que eu não assisti ao animê por completo. Parei nos primeiros capítulos logo após Takeo e Yamato se entenderem, então boa parte do volume 1 foi conteúdo inédito para mim e um conteúdo bem divertido até.

A edição nacional

Praticamente só falamos bem do mangá até agora, então chegou o momento de falar mal. Ore monogatari veio no formato padrão da Panini (13,7 x 20 cm), miolo em papel jornal e sem qualquer página colorida (o que é bastante natural em quase todas as obras da Shueisha), ao preço de R$ 13,90. O aspecto geral do mangá está bom, mas a editora parece ter cometido um erro de cálculo de lombada. As laterais invadiram tanto a capa, quanto a quarta-capa, mas foram milímetros e não chega a atrapalhar o aspecto visual delas.

Em termos de tradução, a editora mais uma vez deu a mancada de se utilizar honoríficos sem qualquer sentido prático de fazer isso. Se em Arakawa Under The Bridge você percebe que havia um motivo claro para colocar (a formação do nome de uma das personagens principais exigia isso), aqui você nota que nada justifica o uso. Para piorar, mais uma vez a empresa sequer colocou glossário ou notas de rodapé para explicar, indicando que não se importa com o público novo e apenas quer vender para quem já é fã de mangá. A editora apenas dispôs uma nota para explicar o termo “senpai”, uma nota tão boba quanto aquelas que a JBC colocava nos primórdios de sua existência, nos levando a perguntar o porquê de a empresa não ter simplesmente traduzido.

Bem, não custa sonhar que um dia isso acabe. JBC e NewPOP já perceberam que não é nada produtivo a presença de honoríficos nos mangás e não usam mais honoríficos, apenas a Panini ainda os mantém sei lá por qual razão.

Veredicto

Mesmo com os problemas editoriais, eu digo que Ore monogatari é uma leitura indispensável, mesmo para você que passa longe de comédias românticas. O título tem uma pitada de inovação e um jeito muito característico que fará você se afeiçoar ao mangá. Em resumo: comprem Ore monogatari e vocês não irão se arrepender…

***

Em tempo: mais cedo publiquei aqui no blog a resenha do terceiro volume de Lovely Complex e nele eu disse mais ou menos o seguinte e repito aqui: esse é provavelmente a melhor comédia romântica atualmente em publicação no Brasil. Não importa a incoerência^^.

BBM

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