Uma adaptação bem-feita
I
No mês de outubro começou a chegar nas bancas de revistas, livrarias e lojas especializadas o terceiro e último volume do mangá Anohana, de Mitsu Izumi. Aos que não sabem, Ano Hi Mita Hana no Namae o Boku-tachi wa Mada Shiranai (Ainda não sabemos o nome da flor que vimos naquele dia), abreviadamente, Anohana, nasceu como um desenho animado de 11 episódios para a televisão japonesa e, posteriormente, ganhou uma versão em light novel (livro) e mangá (história em quadrinhos). O título ainda recebeu um filme animado (readaptando a história) e um filme live action.
Na obra acompanhamos a história de um grupo de amigos (Jintan, Anaru, Yukiatsu, Tsuruko, Poppo e Menma) que acabou se separando após a morte de um deles, a garota Menma. Anos depois, o espírito de Menma aparece a Jintan, um rapaz problemático que pouco vai à escola, dizendo que precisa realizar um desejo. Jintan acaba se reunindo novamente com o antigo de grupo de amigos a fim de realizar o desejo da falecida garota, para que ela possa “voltar para a luz”. Em meio às amarguras do passado, cada um deles vai superando os seus ressentimentos pelo fatídico acidente que resultou na morte de Menma e, no fim, acabam voltando a ser o mesmo unido grupo de amigos que eram.
II
Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Anohana é um mangá muito bem construído. Nada é gratuito na trama e mesmo uma pequena cena que não significa nada à primeira vista pode estar relacionada com o desfecho da história. Nas resenhas que fiz do volume 1 e do volume 2 comentei exatamente que o desejo que Menma queria realizar já estava sugerido lá. Bastava a pessoa ir juntando os pontos e compreenderia exatamente o que a garota queria realizar.
A obra também não deixa furos, pois o roteiro sabe muito bem até onde pode ir. Em Anohana não temos qualquer explicação para o fato de Menma ter voltado à vida. Fica subentendido que a garota havia prometido uma coisa à mãe de Jintan e precisava voltar para realizá-lo, mas a obra não nos mostra o como ela voltou e nem o porquê de ter demorado tantos anos para isso. Não há a menor necessidade de isso ser explicado, pois não é o objetivo da obra discutir a vida após a morte e sim nos apresentar os dramas dos personagens, o que cada um sentia e guardava para si, perante o falecimento da garota. E esse é um ponto que Anohana se destaca como poucos.
O modo como cada personagem reagiu durante tantos anos à morte da Menma é muito bem trabalhado, seja os personagens principais, seja os secundários. Jintan se afastou do mundo, Yukiatsu passou a se vestir de Menma, a mãe da garota ficou presa ao passado, etc, etc. Uma perda é algo extremamente dolorosa e Anohana nos mostra como é difícil, tanto para crianças, quando para os adultos aceitar uma morte tão prematura.
O mangá passa bem a sua mensagem de que o luto é algo único e individual e que precisa ser superado em algum momento para que o relógio da vida continue a andar, para que não se perca bons momentos com a família e com os amigos. A mãe da Menma perdeu muitos deles com o seu filho mais novo, e Jintan e seus amigos perderam anos de separação, ambos os casos por não conseguirem lidar bem com a perdas.
III
Anohana não é uma obra perfeita. Apesar de bem construído tem seus problemas também, como o incompreensível amor que parecia existir em crianças tão pequenas. Entretanto, os deméritos da obra não fazem o mangá perder qualidade e a mensagem que o título deseja passar é feita de forma convincente.
Em outras palavras, Anohana é uma obra bem simpática e feita para ler e reler sempre e sempre.
***
-Ficha técnica:
Título: Anohana
Autora: Mitsu Izumi
Editora: JBC
Formato: 13,5 x 20,5 cm
Miolo: papel jornal.
Preço: R$ 14,90
-Onde Comprar: Amazon / Saraiva / Fnac
BBM
Assumo que também estranhei como crianças tão pequenas já sentiam um sentimento tão peculiar, mas ao mesmo tempo esse fator não conseguiu tornar obra desagradável, me prendi bem rápido e gostei bastante, me emocionei junto. Bela resenha
https://somaisumaleatorio.wordpress.com
Foi uma das melhores adaptações pra mangá que já li, não cortou demais, nem introduziu coisas desnecessárias. Stein;Gates, por exemplo; se comprimiu demais e perdeu parte do seu charme, o mesmo com Madoka Magika (sem contar os spin-offs, só o que seguiu a história original. o spin-off The Different Story é muito bom, Oriko é beeeem mais ou menos, apesar do traço sofrível, Kazumi só li um volume, então não posso falar sobre), Kill la Kill é bem inferior e para baixo metade (?)
Me pergunto quanto mangás adaptados de outras mídias(animação, livro, etc) tem no Brasil, você já fez algum post/top 10 sobre, Kyon?
Está nos planos futuros.
Atualmente só temos uma lista com os mangás baseados em filmes:
https://bibliotecabrasileirademangas.wordpress.com/2016/01/25/o-guia-dos-mangas-adaptados-de-filmes/
e com os mangás baseados em livros / light novels lançados em 2015:
https://bibliotecabrasileirademangas.wordpress.com/2016/03/21/guia-mangas-adaptados-de-livros-e-light-novels-2015/