Resenha: Shakugan no Shana – Livro 1 (Light Novel)

O que você faria se descobrisse que já está morto?

O mês era abril, o ano era 2017. Nessa data, especificamente no dia 11, a editora NewPOP realizava uma tríade de anúncios para lá de impactantes para os fãs de animês, tanto novos, quanto antigos. A empresa anunciou que publicaria as light novels Re: Zero, Toradora! e Shakugan no Shana que deram origens aos desenhos animados de mesmo nome.

Re: Zero era aquela obra popular devido a um animê recente e o anúncio foi bastante comemorado; Toradora! era uma obra que se manteve sempre em foco mesmo passados vários anos de sua exibição, e também foi bastante comemorado; Por último, Shakugan no Shana era a grande surpresa, ou antes o mais inesperado dos anúncios. Houve comemoração, mas também houve muitos que ficaram de boca aberta porque realmente não era algo que alguém imaginasse que fosse publicado por aqui, ainda mais tantos anos após o auge do sucesso.

Shakugan no Shana começou a se tornar uma obra conhecida entre 2005 e 2006, quando foi ao ar a primeira temporada do animê. Se, na época, pouca gente tinha acesso à internet, o tempo, as novas temporadas e os OVAS fizeram a obra tornar-se bem conhecida, ainda que muita gente saiba de sua existência apenas pela piadinha infantil com o nome da personagem. Só que o tempo passou, daí que em 2017 parecia pouco provável a vinda da light novel, ainda mais tendo mais de 20 volumes. No entanto, eis que ela apareceu.

A obra original começou a ser publicada no Japão em novembro de 2002 e se estendeu por dez anos, até novembro de 2012, quando foi publicado o terceiro e último volume do especial Shakugan no Shana S. Ao todo, a light novel teve 26 livros, sendo 22 que compõem a obra principal, além do volume 0 e dos três tomos do S.

Anunciada em 2017, a obra começou a sair apenas agora em abril de 2019, meses após o início da publicação da adaptação em mangá, também pela NewPOP. Lemos o primeiro volume da light novel e viemos dar nossa opinião sobre o título.

  • Sinopse Oficial

Yuji Sakai, um garoto que tinha acabado de iniciar a sua vida colegial, estava vivendo o seu “cotidiano” como sempre. Até que, certo dia, ele foi assolado por uma “anomalia”. Era o ataque de Friagne, um homem misterioso que transformava humanos em chamas e os devorava. O “cotidiano” do Yuji havia sido arruinado. Porém, ao mesmo tempo, uma garota se postou na frente dele. Ela, para protegê-lo da ameaça de Friagne, decide passar os dias ao lado do garoto. Yuji a agradece, mas eis o que a garota lhe responde: “Você já não existe mais”. Quer dizer que o Yuji já estava morto?! O que esse garoto que não tinha mais a sua “existência” vai pensar e sentir…?! Confira a história escolar um tanto peculiar, contada pelo singular Yashichiro Takahashi!

  • História e Desenvolvimento

O que você faria se, de repente, você descobrisse que estava morto? Pior, você não era você e sim um substituto colocado ali e que logo sumiria? O que você faria se soubesse que quando sumisse ninguém se lembraria de sua existência?  Foi exatamente isso que aconteceu com Yuji Sakai, o protagonista de Shakugan no Shana.

Do nada, o rapaz se vê em uma situação inusitada em que é atacado por monstros (que depois ele depois descobrirá chamar-se “Flamas” criado pelos “Habitantes” da Realidade Escarlate) e ele acaba salvo por uma garota de cabelos flamejantes (a quem ele dará posteriormente o nome de Shana). Ao ser salvo, Yuji saberá por meio dessa garota que ele agora era apenas um objeto (chamado de “tocha”), pois o verdadeiro Yuji Sakai já estava morto há muito tempo devido ao ataque de um Habitante. Entretanto, havia algo de especial nele, mais do que uma simples tocha, ele era um “Mystes” e possuía dentro de si uma relíquia que poderia ser muito poderosa. Shana, então, passará a proteger Yuji para que o Mystes não caísse em mãos erradas.

“Mãos Erradas”

Se você está lendo esta resenha e não conhece o background de Shakugan no Shana, a gente explica, de forma resumida. Basicamente, a obra se passa em um local igual ao nosso planeta, mas que possui a existência de um mundo paralelo, chamado de Realidade Escarlate, mas nenhum humano sabe da existência disso. Os Habitantes dessa Realidade, porém, muitas vezes acabam vindo para o nosso mundo e devoram a “Força da Existência” (algo como energia vital) das pessoas para conseguirem se manter aqui, fazendo com que elas (as pessoas) morram e desapareçam da face da terra, como se nunca tivessem existido. Entretanto, para corrigir a anomalia que esse sumiço causaria, os mortos ganham um substituto temporário chamados de “tochas” que ficam na terra até suas chamas serem apagados e eles esquecidos por completo.

Ainda assim, esses Habitantes causavam bastante desordem no mundo humano e isso poderia abalar até mesmo a Realidade Escarlate. Por tal razão, outros Habitantes começaram a tentar aniquilá-los. Para tanto, estes faziam um pacto com um humano, transformando-os em seres conhecidos como “Flame Hazes”. Shana é apenas mais uma dessas Flame Hazes e ela fez um pacto com Alastor, um dos grandes soberanos dentre os Habitantes. A garota só “salvou” Yuji por mero acaso, ao ver um ataque das Flamas criado por algum Habitante da Realidade Escarlate.

O primeiro livro de Shakugan no Shana apresenta esse conceito inicial e mostra o começo da interação entre Yuji e Shana. A garota “se transforma” em uma colega de classe de Yuji e passa a estudar na classe do rapaz, com o objetivo de protegê-lo do ataque de algum Habitante. Afinal, se ele era um Mystes, o natural era ele ser atacado e Shana precisava impedir.

Shana na classe de Yuji

A obra se desenvolve em cerca de 4 dias, com a apresentação de algumas lutas esparsas, além de muitas explicações para que Yuji (e também nós, leitores) ficasse conhecendo mais sobre a Verdade acerca do mundo e as lutas das Flame Hazes contra os Habitantes. O inimigo desse volume inicial é Friagne, conhecido como caçador por exterminar Flame Hazes e ter muitas relíquias em seu poder. Trata-se de um ser bastante excêntrico que nutre um amor estranho por Marianne, uma flama em forma de uma pequena boneca. É para ela e por ela que Friagne encontra-se na cidade de Yuji e a aparição de Shana, como vocês devem esperar, vem para acabar com os planos do Habitante.

Friagne e Marianne

Em meio a toda a essa história de luta há dois pontos para se destacar na light novel. O primeiro é a reação de Yuji perante à sua nova realidade. Ao saber que ele desaparecia, sua primeira reação foi de medo e incredulidade, mas com o passar do tempo, ele começou a raciocinar e a se questionar mais sobre a sua própria natureza. Se ele não era mesmo Yuji e que logo iria sumir o que eram seus pensamentos, suas ações, seus desejos? O rapaz pensou sobre essa e várias outras coisas até aceitar a situação e ficar tranquilo. No fim, ele ainda estava vivo não é mesmo? Ainda que essa vida não fosse a “vida de verdade”.

Uma briguinha entre Yuji e Shana

O segundo ponto de destaque é a natureza da obra. Se a obra é uma light novel de ação, aventura e fantasia, ela também tem bastante toques de vida cotidiana e escolar, com bastante humor. Sim, pois, a personalidade de Shana (dura, raivosa, sincera) causa riso em vários momentos, assim como diversas situações que acontecem envolvendo ela, Yuji e outros personagens da escola. Seus colegas, por exemplo, começam a ver um provável relacionamento amoroso entre os dois e até um triângulo começa a aparecer, muito embora Shana nem imagine que faça parte dele^^.

A garota do triângulo amoroso

Yashichiro Takahashi consegue fazer uma mescla muito boa dos gêneros e desenvolve a light novel muito bem, com o humor na medida certa, passagens de ação aqui e ali e reviravoltas sempre que necessário. É uma obra que faz o simples, o básico, mas que consegue cativar exatamente por isso mesmo. Os personagens são bem apresentados, tem personalidade própria e nos fazem nos importar e torcer por eles. Sem dúvida, é uma obra para se apreciar com gosto e continuar a acompanhar pelos próximos volumes.

Se você acompanhou o animê, ele misturou o conteúdo das duas primeiras light novels, além de inserir partes extras, resultando nos dez primeiros episódios. Ou seja, a adaptação em animê não é totalmente fiel na ordem dos acontecimentos. 

  • A edição nacional

A light novel veio no formato 10,6 x 14,8 cm (padrão da maioria das novels da editora), com miolo em papel Avena, algumas páginas coloridas em couchê e capa cartonada com orelhas. O preço da obra é R$ 26,90. É uma edição padrão da NewPOP, bem acabada, totalmente maleável, permitindo o folheamento e a leitura sem qualquer problema.

Como detalhe, a editora colocou o número na capa (coisa rara nas novels da empresa), e na quarta-capa a já costumeira sinopse, com a classificação indicativa e os gêneros da obra.

Em termos de texto, ele está bem adaptado e o único estranhamento foi a editora usar “oniguiri” em vez de “onigiri” para se referir aqueles bolinhos de arroz. Aparentemente não está errado, só é pouco usual se escrever assim. No mais, o texto possui uma leitura bem fluída e dinâmica e você quase não encontrará entraves linguísticos que costumamos ver em algumas adaptações mal feitas (tipo aquelas encontradas em Morte e Sword Art Online).

Sobre revisão de texto, de modo geral a NewPOP continua a cometer menos erros a cada novo livro publicado, mas você ainda nota uma palavra faltando aqui e ali, uma inversão de gênero de palavra e coisas do tipo. Ou seja, ainda precisa melhorar mais, porém a revisão está bem satisfatória e foram pouquíssimos erros que notamos.

  • Conclusão

Quando eu li o primeiro volume do mangá, ele se mostrou como nada proveitoso, pois ele falhava tanto em dar explicações, quando no excesso dela (e falhar em coisas completamente opostas é algo para poucos). Além disso, os personagens pareciam totalmente vazios e não faziam com que nos importássemos com eles. Era um mangá que a gente só conseguia achar que coisas aleatórias foram colocadas uma do lado da outra, sem que houvesse a pretensão de fazer sentido.

A light novel é totalmente diferente. Embora a sequência dos acontecimentos ocorra de forma idêntica, o nível das explicações é mais alto e os esclarecimentos são muito mais bem feitos, de modo que aos poucos você vai entendendo aquele mundo e tudo fica bastante claro. Essa é a diferença que faz você ler um livro, ler o original. A quantidade de texto ajuda a situar melhor o leitor. Fora que temos mais contato com os personagens e conseguimos “sentir” melhor eles.

A obra como um todo é bastante divertida. A ação é bem feita, seguindo muito bem a cartilha desse tipo de obra, com o plano se sobrepondo a outro plano, as mudanças inesperadas nas batalhas, etc. O humor da obra também se sobressai, principalmente nos momentos na escola ou na casa de Yuji. É legal ver os mal entendidos, as situações embaraçosas, etc.

Em outras palavras, o livro inicial de Shakugan no Shana é muito bom, nos permitindo ter uma leitura bastante prazerosa, nos fazendo torcer e nos importar com os personagens, bem como querer saber o que acontecerá dali em diante. Sem dúvida, vale muito a pena.

  • Ficha Técnica

TítuloShakugan no Shana
Autor: Yashichiro Takahashi
Ilustrador: Noizi Ito
Tradutor: Thiago Nojiri
EditoraNewPOP
Dimensões: 10,6 x 14,8 cm
Miolo: Papel Avena, com algumas páginas coloridas em couchê.
Acabamento: Capa cartonada com orelhas
Classificação indicativa: 16 anos
Número de volumes no Japão: 26 (completo)
Número de volumes já lançados: 1 (ainda em publicação)
Preço: R$ 26,90
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6 Comments

  • MaouHero

    Ótima resenha, como sempre. Estou muito ansioso para ler essa obra completa, principalmente depois da 2 temp. A 3 temporada é a minha favorita, mas tem muita coisa não explicada(muita mesmo).

  • Boa noite, concordo com a maior parte do que foi dito, realmente Shakugan no Shana é uma leitura muito mais agradável na versão light novel do ponto de vista da história e dos personagens. Porém quanto a parte da revisão eu diria que houveram erros um tanto quanto graves, como o uso excessivo de artigos. Em diversos momentos temos “O Yuji, A Shana” para se referir aos personagens em momentos que não é necessário o emprego dos artigos. Temos também erros de concordância em “As chamas não queimaram nem fez Yuji” e em uma das ilustrações das primeiras páginas “Eu não sabia que vocês FOSSEM tão amigos”. Na minha opinião a revisão da new pop tem bastante a melhorar ainda para as edições futuras.

  • Alexsander Luiz

    Hey Kyon, um comentário nada a ver com o tema do post, eu queria saber uma opinião sua… Vc acha q “Lucifer e o Martelo” vendeu bem? Por mais q não tenha muito como saber disso, é uma duvida q eu e um amigo meu temos, sei q vc ama muito Lucifer e o Martelo, então as vezes vc tem alguma ideia relacionada à isso, ou saiba de alguma informação q a JBC deu alguma vez…. Agreço desde já! ^^

    • Alexsander Luiz

      Um complemento, queremos saber disso pq esse meu amigo também ama Lucifer e o Martelo e as obras do autor
      E ele queria saber se tem uma chance de Planet With vir para o Brasil daí veio essa duvida…

      • Não tenho ideia.
        Não lembro de nenhuma declaração da editora nesse sentido.

        Mas já tem 3 anos que Spirit Circle acabou no Japão e nem sinal de aparecer…

      • Alexsander Luiz

        Ok, obrigado por responder, vou dar a notícia (nada animadora) pro meu amigo
        Mais uma vez, obrigado! ^^

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