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Nesta quinta-feira, 05 de agosto de 2021, começou a Virtual Crunchyroll Expo 2021 e a Mesa Redonda com as Editoras Brasileiras de Mangás já está no ar para as pessoas poderem conferir. Estiveram presentes Paulo Roberto (Devir), Marcelo del Greco (JBC), Junior Fonseca (NewPOP), Bianca Sakai (Panini) e Bruno Zago (Pipoca & Nanquim). A mediação foi de Thaís Spierr (@thai_spierr) do site O Megascópio. Ao todo são 70 minutos de conversa.
Eles falaram do impacto da pandemia, da chegada do Manga Plus e os mangás digitais, dentre outras coisas. A seguir resumiremos o que de mais importante foi falado na opinião do blog BBM.
IMPACTOS DA PANDEMIA
Dado todo o contexto existente no país, a Mesa Redonda não poderia deixar de falar sobre os impactos da pandemia. As empresas falaram de toda a incerteza do início, de acharem que a quarentena duraria pouco tempo e as diversas mudanças que isso acarretou. As editoras falaram que ainda hoje elas estão se adaptando e se remodelando para continuarem a sua publicação continuamente.
Foi dito ainda que cada etapa da produção sofreu um impacto em tempos diferentes (editorial, gráfica, insumos, etc) e tudo precisou ser resolvido aqui e ali. O Home Office era um problema de início, pois não era só trabalhar em casa, visto que precisavam trocar arquivos entre funcionários, enviá-los para o Japão, etc.
As gráficas, por sua vez, tiveram seus próprios problemas com a pandemia, diminuiu de carga horária, diminuição de pessoal, etc. Algumas gráficas – que já andavam cambaleantes – terminaram por sumir de vez, diminuindo a concorrência.
Também nesse sentido, alguns papeis ficaram raros no mercado, deixaram de ser importados e, alguns, até de ser fabricados.
Tudo isso tem impacto também no preço das coisas e as perspectivas, não somente para o mercado de mangás, mas para o Brasil como um todo, é que as coisas não melhorem rapidamente e a gente tenha um grande problema de agora em diante, com aumento da inflação e tudo mais…
Aumento das vendas?
Apesar do cenário preocupante, temos visto um grande aumento do número de publicações, o que pode significar um aumento das vendas. O Bruno Zago – da Pipoca & Nanquim – comentou a sua visão sobre o ocorrido.
Segundo ele, como a pandemia fez as coisas ficarem fechadas e o número de eventos (Shows, cinema, etc) diminuírem, as pessoas passaram a ficar mais em casa e a gastar com um serviço de streaming novo, comprando um mangá, etc.
IMPACTO DA INTERNET
Dentre outras coisas, as editoras debateram sobre os impactos das redes sociais na escolha ou não de um título. As editoras disseram o de costume, falando que era realmente importante, que anotam tudo, mas que existem outros fatores para a aquisição de um título (como ter anime, ter sido lançado em outro país, etc, etc), ocasionando em um amplo estudo de viabilidade. Slime, por exemplo, veio – dentre outras coisas – por conta do sucesso do anime na Crunchyroll.
A opinião do leitor é tida como importante, sim, e a JBC cita o caso de Haikyu!!, que tinha um número de pedidos absurdo. Hoje, a empresa diz que ele já é um sucesso mesmo antes de lançar.
QUADRINHOS NACIONAIS
Quando entraram no tema de quadrinhos brasileiros, as editoras NewPOP e JBC falaram que seus mangás (respectivamente) Rei de Lata e The Flower Pot, foram muito bem recebidos e a ideia é continuar a apostar em quadrinhos nacionais. A mesma coisa disse a Pipoca & Nanquim.
A Devir, por seu turno, foi mais enfática nesse sentido. Ela tem planos de voltar a publicar quadrinhos nacionais no segundo semestre de 2022, mas a empresa acha que falta de verdade é criar um mercado brasileiro. Para ele se produz muito quadrinho no Brasil, mas ainda não dá para se chamar de um mercado nacional, pois ainda falta esse produto chegar e ser comprado em todos os cantos.
Hoje, as coisas podem mudar, pois além da produção, tem-se a ajuda, em grande medida, de uma parceira de distribuição que chega a todos os cantos do país, a Amazon.
Distribuição
No meio de todo o tema sobre quadrinhos nacionais, houve um momento em que falaram da questão da distribuição e citaram a grande varejista norte-americana. A chegada dela no Brasil mudou a cena dos quadrinhos por aqui (seja para o bem, seja para o mal), pois agora há uma distribuição para todo o país, com frete grátis, chegando em lugares em que as bancas de revista nunca atenderam.
Nesse sentido – assim como em outras mesas redondas do passado – falaram do antigo modelo ruim de distribuição da época das bancas de revista, comentando os problemas que existiam e a deterioração do sistema que aconteceu ao longo dos anos, com a questão da consignação (em que os produtos eram vendidos e só depois as editoras recebiam), dificuldade de exposição, perda de material, etc, etc, etc.
Marcelo del Greco (da JBC) comentou, inclusive, um fato que acontecia muito nessa época. Basicamente, a editora recebia da distribuidora de bancas um mapa com os locais que receberam os produtos (por exemplo, banca tal, na cidade tal, bairro tal), mas costumeiramente a empresa era avisada de que nunca tinham chegado O_o.
Assim, a saída das bancas e as vendas exclusivas para livrarias, lojas especializadas e grandes lojas online foi vista como algo bem positivo.
MANGÁ PLUS E MANGÁS DIGITAIS
O último grande ponto de debate foi sobre o impacto da chegada do aplicativo Manga Plus em língua portuguesa (atualmente com 4 obras em nosso idioma) e se as editoras estão preparadas para os possíveis impactos.
De um modo geral, as editoras disseram que não haverá um impacto na publicação brasileira. A investida digital dos japoneses e a chegada do aplicativo já era esperada, então as empresas já estavam se preparando antes.
Além disso, a oferta de algo licenciado digitalmente também não afetaria muito, pois já existia a pirataria e, querendo ou não, as pessoas já liam por ela e depois iam pedir para as editoras a publicação da obra impressa.
Então o Manga Plus só afetaria mesmo a pirataria, pois com uma opção legalizada de leitura (gratuita ou por um baixo preço) tenderia a fazer muita gente migrar para esse serviço oficial.
***
Falando de mangás digitais de modo geral, o Bruno Zago (da editora Pipoca & Nanquim) comentou que a Amazon possui estatísticas que mostram que os mangás impressos possuem uma melhor performance se ele possui também uma versão digital. Então, seguindo o conselho da Amazon, desde o início a PN quis ter obras em formato digital
O Paulo, da Devir, também comentou que por influencia da Amazon algumas obras do catálogo da empresa estão ganhando versão digital, quando os autores permitem. Ainda não há nenhum mangá na lista de digitais da empresa.
Por fim, O Junior, da NewPOP, também falou que por influência da grande rede norte-americana está correndo nos bastidos para ter mangás em formato digital dentro em breve. Segundo ele, a NP decidiu que em vez de colocar título a título, a empresa quer colocar os digitais quase tudo de uma vez.
Vale recordar que a JBC já publica mangás digitais há algum tempo
, inclusive com simulpubs.
Panini também tem alguns mangás digitais,
mas estão parados há alguns meses.
Caso você queira ver a palestra inteira, a Virtual Crunchyroll Expo 2021 acontece até o dia 7 de agosto. O link para a Mesa Redonda você vê a seguir: https://expo.crunchyroll.com/en-us/new-crunchy-city/districts/theater-district/vod/mesa-redonda-de-editoras-de-manga.html
Um belo resumo dos ocorridos. Obrigado pela dedicação de sempre e, continuem com o bom trabalho! Discorrendo sobre as versões digitais dos mangás, tem seus pontos positivos e negativos. Os positivos, obviamente, são os baixos custos para os compradores (E acredito que precise do Kindle para ler as obras. Uma pequena desvantagem) e não precisar se preocupar com frete, erros de gráfica, etc.. O negativo é que a pirataria das versões oficiais se tornaria algo muito mais simples. Já que não precisaria sacrificar seu mangá para escaneá-lo e, assim, as empresas poderiam perder uma porcentagem das vendas por conta de grupos dedicados ao compartilhamentos dos mangás.
Existe app do Kindle para Android e iOS, então você não precisa de maneira alguma ter o aparelho da Amazon.
Pois. Só me lembrei depois desse app. Tem pra PC também.
Legais os apontamentos do pessoal das editoras. Fico meio preocupado com essa distribuição maciça da Amazon, afinal de contas estamos trocando a Dinap / Treelog por outro monopólio, mas enfim, se está funcionando, deixa rolar.
E como o STX postou, corrige o texto aí Kyon! xD
Corrigi
“uma mulher perfomance”
( ͡° ͜ʖ ͡°)
Nossa… Corrigi, obrigado 🙂