Mas não para todos
Na última semana, a editora Panini publicou no Brasil o décimo primeiro e último volume do mangá Wotakoi – O Amor é difícil para Otakus. De autoria de Fujita, a obra ganhou um extremo carinho de todos por mostrar o dia a dia de otakus adultos japoneses, apresentando seus gostos, suas atividades laborais, seu fanatismo e, é claro, suas relações interpessoais.
Longe de mostrar o otaku como aquele estereótipo de ser totalmente estranho e alheio à sociedade, a obra expõe pessoas comuns que, embora tenham suas excentricidades, são membros ativos da comunidade e que contribuem para o desenvolvimento coletivo e social.
Claro que o que importa na obra é justamente o fato de todos os protagonistas serem otakus e terem seus gostos próprios (e é isso o que veremos durante os onze volumes da obra, personagens fanáticos por jogos, ou que amam cosplay, fujoshis, criadores de doujinshis, que adoram anime, que leem mangás, etc, etc, etc) só que isso em si não é suficiente para caracterizar os personagens como amáveis e lembráveis. Seus jeitos e suas personalidades afloram para além da esfera otaku, adentrando na esfera do pessoal e mostrando eles como pessoas comuns e normais, com todos os dilemas do cotidiano.
Vemos, por exemplo, um casal brigando quase o tempo inteiro (mas se amando mesmo assim), vemos uma moça bastante tímida tentando se enturmar com alguém um tanto quanto diferente, e, claro, vemos os protagonistas, Narumi e Hirotaka, em um relacionamento que começou de súbito, mas que – ainda que com certos entreveros – manteve-se calmo e firme durante o tempo todo. Todos os personagens são humanos, são comuns, que amam, trabalham e que, no meio disso tudo, ainda são otakus de carteirinha^^.
Se o amor realmente é difícil para os otakus, Wotakoi mostra, na verdade, que o amor é difícil para todas as pessoas, mostra que as relações interpessoais são difíceis em qualquer esfera e mostra que é preciso bastante paciência e persistência para tudo dar certo, independente de você ser um otaku ou não.
O volume final foi um verdadeiro prato cheio para os fãs que acompanharam os dez volumes anteriores. Vimos o verdadeiro desfecho de Narumi e Hirotaka, vimos um passo além de um outro casal e assim por diante, tudo bonitinho, tudo arrumadinho.
Muito se diz que o final das obras não importa muito, mas sim a jornada, e isso (em certo sentido) é bem verdade, porém Wotakoi vai além e consegue entregar um ótimo final (ainda que com um gostinho de quero mais…).
Tal qual Genshiken em sua época, Wotakoi é um mangá para ser amado por todos os que gostam da cultura pop japonesa, por mostrar bem a alma otaku e nos fazer sentir representados em uma obra que não nos trata como ralé. Em outras palavras, um excelente mangá para ser lembrado para todo o sempre, para mostrar a todos o que somos e o que queremos ser, adultos responsáveis, mas com os gostos imutáveis…
PS: o volume 11 foi lançado em duas versões, uma com a capa comum (com os personagens adultos) e outra com uma capa variante (com os personagens crianças). A história presente em ambos os volumes é a mesma, MAS o posfácio, não. Na edição normal, a autora escreve como seria o futuro de Narumi e Hirotaka e na versão variante ela escreve como seria o futuro dos outros personagens. Não é algo que faça diferença na história, mas para quem é fã, o ideal, então, é comprar os dois volumes. (Veja o posfácio da edição normal / veja o posfácio da edição variante)
Ficha Técnica Título Original: ヲタクに恋は難しい Título: Wotakoi - O amor é difícil para otakus Autor: Fujita Tradutor: Karen Hayashida Editora: Panini Número de volumes no Japão: 11 (completo) Número de volumes no Brasil: 11 (completo) Dimensões: 13,7 x 20 cm Miolo: papel offwhite Acabamento: Capa cartão Classificação indicativa: 16 anos Preço: R$ 24,90 Onde comprar: Amazon / Comix / Loja da Panini
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Eu até começaria a comprar essa série se o volume 2 não estivesse esgotado