Veja como está o mangá
Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.
A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrando fotos do mangá e acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre a edição brasileira de Gash Bell!!, mangá publicado no Brasil pela editora MPEG em junho de 2023.
DETALHES SOBRE A OBRA
Gash Bell!! é um mangá de autoria de Makoto Raiku e foi publicado originalmente no Japão entre 2001 e 2007 na revista Shonen Sunday, da editora Shogakukan, sendo concluído em um total de 33 volumes. Um tempo depois, o autor entrou em litígio com a Shogakukan por conta de perdas de artes originais e parou de publicar por essa empresa, processando-a em seguida.
Então, entre 2011 e 2012 foi feita uma nova edição da obra, dessa vez pela editora Kodansha, compilando os 33 números em apenas 16. Mais recentemente, entre 2019 e 2020, Gash Bell!! ganhou mais uma nova edição no Japão, também em 16 volumes, dessa vez pela editora Craken Comics.
No Brasil, o mangá foi anunciado pela nova editora brasileira MPEG – por meio de suas redes sociais – no dia 11 de janeiro de 2023. A versão brasileira segue a mais recente edição japonesa da Craken Comics e ele começou a ser lançado em junho. A previsão da empresa é que ganhe um volume novo a cada dois meses.
FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
A edição brasileira de Gash Bell!! veio no formato 13,7 x 20 cm. Esse é o mesmo tamanho do quadrinho espanhol Alter Ego, publicado anteriormente pela MPEG. Também é o mesmo tamanho da maioria dos mangás da editora Panini, então se você tem um mangá da multinacional italiana você saberá como é o mangá da novata editora brasileira.
O acabamento é em capa cartão com sobrecapa e o miolo é em papel offset 90g (falaremos mais disso adiante). Ao todo são 384 páginas, sendo que dez delas são coloridas.
SOBRECAPA
Para quem não sabe, todos os mangás no Japão (e em alguns outros países em que se lançam mangás como Espanha e França) são publicados com sobrecapa. Trata-se de uma peça de papel fino que fica acima da capa e que é removível. No Brasil, a maioria dos mangás são publicados sem elas, de modo que as imagens que ficam na sobrecapa original japonesa são colocadas nas capas brasileiras.
A editora MPEG até o momento tem lançado todas as suas publicações (no caso, as já publicadas e as anunciadas) com sobrecapa. Então, a publicação brasileira de Gash Bell!! vem com uma sobrecapa, igual ao original japonês. Vejam a seguir a imagem da sobrecapa aberta.
A sobrecapa da edição brasileira segue a mesma ilustração da mais recente versão japonesa, possuindo, nas orelhas, uma biografia do autor e uma informação sobre a edição brasileira (em uma delas), e uma ilustração do protagonista (em outra).
Já a quarta-capa (parte de trás) possui uma nova imagem da série, a repetição do título e do nome do autor, além de uma sinopse da obra (que, como sempre, achamos muito necessário para os consumidores de lojas físicas poderem decidir com maior precisão). Na parte de baixo da quarta-capa há ainda o código de barras com o ISBN, além do site da editora e a classificação indicativa da obra (14 anos).
Em termos de acabamento, a sobrecapa é feita com um bom material e possui verniz localizado no nome do autor, no título e na ilustração central (os dois personagens). Em minha opinião, o aspecto da capa com o verniz é lindíssimo e impecável.
Para quem não conhece o termo, verniz localizado é um tipo de acabamento que dá um destaque nas partes em que é utilizado. Quando você passa a mão você sente algo diferente, quase em alto relevo. Além disso, quando movimentado contra a luz você percebe um reflexo nessas partes, dando uma característica aprimorada ao produto. É esse reflexo que dá um aspecto bonito ao Gash Bell!!, além de uma boa sensação ao passarmos a mão pela capa.
O verniz localizado também está presente na parte de trás da sobrecapa, dessa vez apenas no título e na ilustração, mas novamente dá uma aspecto muito bonito ao produto. O mesmo vale para a orelha da quarta-capa em que a ilustração do personagem e o título do mangá possuem o verniz.
A lombada do mangá, por sua vez, é bem simples e bonita por si só, mas também tem verniz localizado (aqui no título e no logotipo da editora) e igualmente ele dá um up ao local. Tudo muito bem feito, tudo muito bonito realmente. Um excelente trabalho da editora MPEG e da gráfica contratada pela empresa.
O vídeo a seguir não ficou com uma qualidade adequada, mas creio que dá para ver um pouco da beleza que está o produto. Também fizemos um vídeo no Tiktok (clique aqui).
CAPA
A sobrecapa fica acima da capa, então precisamos mostrar a capa também, correto? O material utilizado é o mesmo da maioria dos mangás, sendo uma capa cartão comum com acabamento brilho.
Assim como costumam ser boa parte dos mangás japoneses, a capa possui uma ilustração toda em uma única cor (no caso o vermelho e outros tons dele), além do título, o número do volume, o nome do autor e o logotipo da editora.
A quarta-capa possui duas tirinhas (chamadas no Japão de 4-koma) novamente em tons de vermelho, como na capa. Igualmente, a maioria dos mangás japoneses são assim.
Já a lombada é a repetição da sobrecapa, mas agora toda em vermelho e branco (à exceção da ilustração do protagonista). Também é uma lombada muito bonita, ao meu gosto.
CAPAS INTERNAS
As capas internas de Gash Bell!! são brancas, assim como costumam ser as japonesas. Aqui no Brasil a maioria das editoras costuma colocar algo ali, mas particularmente acho desnecessário e sem sentido (fora edições especiais), então para mim está ótimo ser assim, já que esse é o normal dos mangás e livros mundo à fora.
PAPEL
O papel utilizado no miolo é o Offset 90g. Offset é o nome pelo qual é chamado aquele papel branco comumente usado em cadernos e alguns livros e quadrinhos. Existem offsets de diversas gramaturas e, embora existam maiores, o usado pela MPEG (90g) é um dos mais grossos, sendo o mesmo usado pela NewPOP na maioria de seus mangás, pela Panini em títulos como Banana Fish e Paradise Kiss e pela JBC em obras como A Princesa e o Cavaleiro, Buda, InuYasha, dentre outros.
É um papel bem bonito visualmente e que costuma agradar boa parte dos consumidores. Então o uso dele pela editora MPEG é um acerto, pois evita críticas desnecessárias. De minha parte, como já disse em outras postagens, eu prefiro os papeis de cor mais creme, que são melhores para a leitura, mas não desgosto do offset.
Então achei o papel bem bom nesse mangá, tanto nas páginas em preto e branco, quanto nas coloridas (que são no mesmo papel), sendo bonitinho, sem transparência, etc, etc, etc.
ACABAMENTO
Pelo que foi visto até aqui, o acabamento geral do mangá está muito bom. Uma excelente sobrecapa com verniz localizado, uma boa capa cartão em baixo e um bom papel. Resta ver alguns outros detalhes para termos certeza de que o produto está aprovado.
Pois bem, o mangá possui miolo apenas colado (como costumam ser os mangás da JBC e Panini, por exemplo), mas a encadernação está muito boa, permitindo que você folheie e leia à vontade, sem quaisquer problemas. Por usar papel offset 90g e ter quase 400 páginas, o mangá é um pouco pesado (em comparação com Haikyu!!, por exemplo), mas isso não chega a incomodar a tanto
Dito isso, podemos dizer que o acabamento geral do primeiro quadrinho japonês da editora MPEG está aprovado. Não é o melhor acabamento que poderia ter (costura e papel cor creme seriam ideais), mas não há o que reclamar, está excelente mesmo.
TEXTO: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO E REVISÃO
A tradução de Gash Bell!! ficou a cargo de Renata Leitão, mesma responsável por Haikyu!!, Bus Hashiru: Os Passageiros do Amor, dentre outros. De uma maneira geral, achei a tradução e a adaptação da obra muito boa, com um bom texto, mesclando bem o português padrão e expressões populares (como um incrível “torta de climão” que eu espero conseguir usar em um texto algum dia), deixando a obra muito fácil de ler.
É um texto feito para todo, pois tem notas de rodapé explicando determinadas coisas e não tem estrangeirismos sem necessidade, fazendo com que tudo fique realmente mais acessível. Ou seja, é um texto sem aquelas convenções que só o otaku chato se importa, mas ao mesmo tempo tem expressões imprescindíveis, como os feitiços. Aliado a isso, a editora também manteve um pé no clássico, deixando um termo que foi utilizado na dublagem brasileira, o mamodo. Ou seja, essa parte de tradução e adaptação está excelente ao meu ver.
Apesar disso, eu notei alguns problemas de revisão no texto: em duas passagens eu achei que faltou um pouco de coesão entre os textos dos quadrinhos. Para quem não lembra das aulas de português, coesão é o nome que se dá aos diversos mecanismos que fazem a ligação entre os elementos linguísticos, de forma que um esteja em confluência com o outro.
No caso de Gash Bell!! eu notei algumas frases que não faziam sentido estarem interligadas. Daí que ou faltaram conectores, ou escolheram as palavras erradas, dentre outras coisas. Vejam a sequência de quadrinhos de abaixo. Após uma luta dois ataques se encontram, aí chega no penúltimo quadrinho e o “Como há algo do nível do meu feitiço…” não faz sentido. Um “pode haver” no lugar do “há” seria uma das opções mais coerentes com o que foi dito.
Reitero que a tradução e adaptação está muito boa e problemas como esse foram pontuais e mínimos ao ponto de não chegarem a atrapalhar muitos leitores. Não é nada grave como a gente vê nos mangás da NewPOP ou no Solanin, da L&PM.
Em minha opinião, o trabalho da editora em Gash Bell!! está bem melhor do que em Alter Ego (já falamos deles aqui), mas mesmo assim fica aqui o aviso para a editora tomar mais um pouco de cuidado e não deixar passar nada nos próximos volumes e nas demais obras da empresa.
TEXTO: LETREIRAMENTO E ONOMATOPEIAS
O trabalho da MPEG no mangá está muito bom. O letreiramento dos quadrinhos está bem feito (você não vê diferença de títulos da Panini e da JBC, por exemplo), com tamanho de fontes bem escolhidas e perfeitamente centralizadas nos balões. Não vi nenhum problema nesse aspecto em todo o mangá, está bastante profissional.
Ainda nesse sentido, o tratamento das onomatopeias pela editora MPEG segue o mesmo padrão da maioria das editoras brasileiras. Ela mantém a onomatopeia original japonesa e coloca uma legendinha discreta, em nosso idioma, ao lado. Se você já está acostumado com o padrão da JBC, Panini e Pipoca & Nanquim não sentirá diferença nenhuma. Eis alguns exemplos:
Onomatopeia, para quem não sabe, é uma figura de linguagem que visa reproduzir o som de alguma coisa (como um miado de um gato, a chuva caindo, uma explosão) por meio de fonemas. É bastante utilizado em quadrinhos em geral, podendo ser usado em mangás também para expressar sentimentos e outras coisas, além de sons.
DETALHES ADICIONAIS
Pelo fato de a MPEG ser uma editora nova, demos uma atenção extra a algumas coisas que não costumamos falar em demais posts dessa coluna, como a questão das onomatopeias do tópico anterior. Agora falaremos de algumas coisas a mais.
Na última página do mangá, a editora colocou o tradicional aviso de “Pare!!” para deixar claro aos novos leitores que aquela publicação começa do outro lado. Apesar de hoje em dia o mangá já ser mais conhecido, essa informação ainda é importante, pois sempre podem surgir novos leitores que não estão acostumados com o estilo e começam o mangá pelo final.
Nas mesma página (imagem acima) tem as informações de Copyright, gráfica (a Corprint) e o expediente (as pessoas que trabalharam no mangá (ou na editora). Nele podemos ver nomes conhecidos do mercado como Matheus Chami (Ex-JBC), Diógenes Diogo (Ex-Panini e Ex-Nova Sampa, e NewPOP) e Iara Rivelli (NewPOP).
Outro elemento que tem no mangá é a ficha catalográfica (imagem acima). Esse é um item obrigatório em todos os livros no Brasil e deve ser feito por um bibliotecário com um registro no Conselho Regional da categoria.
Atualmente todas as boas editoras de mangás colocam esse item nos quadrinhos japoneses. Se você pegar qualquer mangá atual, de qualquer boa editora brasileira, você verá a ficha em algum lugar, geralmente na última ou nas últimas páginas. No caso de Gash Bell!!, a ficha – por questão de espaço – fica após o final do mangá, mas antes de um capítulo extra.
Ainda falando sobre isso, considero muito bom que a editora tenha colocado a ficha, pois em Alter Ego, o primeiro quadrinho da editora, não tinha e alertamos isso em nosso post. É mais uma melhoria que vemos e que continue assim^^.
A HISTÓRIA E UMA CONCLUSÃO
Gash Bell!! segue Kiyomaro, um jovem que está enfadado com a vida, mas que, de repente, recebe a visita de Gash, um menino desmemoriado e que foi mandado por seu pai para treiná-lo. Gash, então, tenta fazer com que Kiyomaro faça amigos, mas – no meio disso – este último descobre que Gash possui algo diferente, possui algum tipo de poder e que está relacionado a um certo livro, com uma escrita estranha, que o jovenzinho trouxe com ele.
Não tarda e descobrimos a verdade sobre Gash, ele é um dos cem mamodos que foram enviados à terra para duelarem entre si, junto a um humano, para decidir quem será o novo rei do Makai, o mundo dos demônios.
A obra é um daqueles battle shonens de primeira, que nos prendem em um piscar de olhos. Há amizade, lutas, amizade, superação e mais superação, mais amizade e, também, muita comédia hilariante.
O protagonista, Gash, é o grande responsável por tudo isso, sendo um daqueles personagens bem fofinhos, como se fosse um mascote (um Mokona, um Pikachu, etc) e que traz a ação e o humor para a obra. Os outros personagens também são importantes nesse sentido, como a garota Suzume, que está sempre em alguma situação inusitadas (sendo ignorada, se perdendo, etc).
O mangá trabalha muito com a questão da amizade, da bondade, em contraposição ao mal, além de levar em conta a estranheza que é essa “guerra” para se tornar o novo rei do Makai.
No todo, o primeiro volume do mangá ainda é uma grande introdução, mas já apresenta o que precisamos saber e as motivações principais que terão Kiyomaro e Gash Bell!!. Achei realmente muito bom e recomendo para todos que gostam de um shonen de batalha clássico.
Ficha Técnica
Título Original: 金色のガッシュ!!
Título: Gash Bell!!
Autor: Makoto Raiku
Tradutor: Renata Leitão
Editora: MPEG
Número de volumes no Japão: 16 (completo)
Número de volumes no Brasil: 1 (ainda em publicação)
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel Offset 90g.
Acabamento: Capa cartão com sobrecapa
Páginas: 386
Classificação indicativa: 14 anos
Preço: R$ 64,90
Onde comprar: Amazon
Sinopse: Kiyomaro é um jovem talentoso. Ele fica entediado nas aulas e devido a um forte sentimento de superioridade, não é o mais popular entre os colegas. Um dia, ele conhece um garoto de nome Gash Bell. Kiyomaro descobrirá rapidamente que esse pequeno garoto vem de um mundo paralelo habitado por “demônios”. Gash possui poderes: ele pode, em particular, lançar descargas elétricas pela boca! Mas ele precisa da ajuda de um humano para acioná-los.
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Se meu bolso melhorar, o pegarei.
Feliz de ver que pelo menos uma editora aprende com os erros
Espero que ela vá se consolidando no mercado, quanto mais editoras, melhor
Faltou o I do ‘Diretora’ de Diretora Administrativa e Financeira.
Será que vão conseguir reparar? Porque normalmente essa parte é ctrl+c ctrl+v kkk
Ótimo trabalho geral da editora. Mas pode melhorar na adaptação. Algo que me chamou atenção foi no 1º capítulo, no momento em que o protagonista faz com que Gash use seu feitiço acidentalmente. Parece aleatório, mas no original ele diz “fuzakerunda” e por isso sai o 1º feitiço (zakeru). Nesse ponto, faltou uma melhor adaptação ou pelo menos uma nota de tradução.
O foda é que já comprei ele duas vezes e cancelaram o pedido…
Gostei demais dessa edição da MPEG, só pó ela manter a sobrecapa já é uma uma atitude q eu gostei(toda as editoras eram para usar sobrecapa em qualquer títulos)…Tirando isso, vou torcer para MPEG pegar City Hunter(versão XYZ) e Ah Megami-sama 🙏🏼