Veja como está o mangá
Mangá Aberto é uma nova coluna de resenhas aqui do blog em que mostraremos a edição física de um mangá, geralmente um lançamento. O nome advém de um antigo blog em língua espanhola que fazia exatamente isso^^.
A ideia é apresentar aos leitores exclusivos do blog o que já fazemos em nossas redes sociais, mostrar fotos do mangá acrescentando alguns detalhes sobre as obras e opiniões. A postagem de hoje será sobre a edição brasileira de O Novo Preço da Desonra, mangá publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim em junho de 2023.
A presente postagem foi feita graças a um exemplar cedido ao blog pela editora, a quem agradecemos à parceria. As opiniões contidas no texto, porém, seguem a mesma premissa dos demais posts da coluna, elogiando o que é para elogiar e criticando o que é para criticar, então os leitores podem ficar tranquilos que a análise será sincera^^.
DETALHES SOBRE A OBRA
O Novo Preço da Desonra é um mangá de autoria de Hiroshi Hirata e foi publicado no Japão no final dos anos 1990 na revista Afternoon, da editora Kodansha, sendo concluído em um único volume, este lançado em 1999. A obra é uma continuação do mangá O Preço da Desonra, feito pelo autor nos anos 1970 (e já publicado no Brasil pela Pipoca & Nanquim). O título revisita o personagem principal, mas não há necessidade de ter lido o original para apreende-lo e compreende-lo.
No Brasil, o mangá foi anunciado pela editora Pipoca & Nanquim no dia 30 de dezembro de 2022 e foi lançado no finalzinho de junho de 2023. A edição brasileira, importante dizer, é uma versão especialíssima da obra, pois compila um capítulo extra que não tem na edição japonesa do mangá e que só havia sido publicado na revista até então!!
FORMATO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
A edição brasileira de O Novo Preço da Desonra veio no formato 15 x 22 cm. Esse é o tamanho padrão da maioria dos mangás da editora Pipoca & Nanquim (excetuando-se os publicados em capa dura), sendo maior que os títulos comuns da JBC e da Panini.
O acabamento é em capa cartão com sobrecapa e o miolo é em papel pólen bold (falaremos mais disso adiante). Ao todo são 362 páginas, sendo que vinte e três delas são coloridas.
SOBRECAPA
Para quem não sabe, no Japão (e em alguns outros países em que se lançam mangás) todos os mangás são publicados com sobrecapa. Então todas as imagens que a vê das capas japonesas, na verdade, são imagens das sobrecapas. Para quem não conhece e nunca pegou um mangá japonês ou da Pipoca & Nanquim, trata-se de um item removível que fica acima da capa, daí o nome. No Brasil, a maioria dos mangás são publicados sem elas, de modo que as imagens que ficam na sobrecapa original japonesa são colocadas nas capas brasileiras.
A editora Pipoca & Nanquim (à exceção dos mangás em capa dura), porém, lança todos os quadrinhos japoneses com sobrecapa, igual ao original. Assim, O Novo Preço da Desonra também tem sobrecapa. Vejam a imagem a seguir:
A sobrecapa da edição brasileira possui uma ilustração inédita, de modo que ela é diversa da versão japonesa. Segundo a editora, o editor japonês Mitsuhiro Asakawa foi quem conseguiu recuperar todos os arquivos desse mangá e, por conseguinte, a arte inédita.
Já a Pipoca & Nanquim trabalhou a arte fazendo uma capa no mesmo estilo dos outros mangás do autor publicados pela empresa, mantendo um padrão. Além disso, a editora colocou, nas orelhas da sobrecapa, uma extensa biografia do autor e detalhes sobre a obra.
Em termos de acabamento, a sobrecapa é feita com um bom material, como todas as sobrecapas dos mangás pela Pipoca & Nanquim, possuindo verniz localizado no título e nos caracteres japoneses. Ressalta-se que a beleza do verniz e o grande destaque nessa capa é justamente essa parte dos caracteres.
Já a lombada possui o verniz localizado nos caracteres japoneses, na mão em vermelho (que representa uma promissória dentro da obra) e no logo da editora, dando uma impressão muito linda também.
Já a quarta-capa (a parte de trás do mangá) possui apenas uma nova ilustração colorida e o código de barras, sendo totalmente limpa e não tendo verniz.
Em termos de estética, não se pode dizer que não é uma quarta-capa bonita, pois é belíssima, mas como sempre toco na tecla de que seria necessário ter ao menos uma pequena sinopse nela, pois em lojas físicas os produtos da empresa ficam lacrados e os consumidores desses locais não têm como ver a sinopse nas orelhas da sobrecapa.
Falamos bastante de verniz localizado acima, mas imagino que nem todos os leitores saibam o que é isso. Pois bem, de maneira simplificada, verniz localizado é um tipo de acabamento que dá um destaque às partes em que é utilizado. Quando você passa a mão você sente algo diferente, quase em alto relevo. Além disso, quando movimentado contra a luz você percebe um reflexo nessas partes, dando uma característica aprimorada ao produto.
Então quando falamos acima da beleza do verniz, falamos disso do movimento contra a luz e do passar das mãos. Fica tudo muito bonito, tudo com uma impressão de ser algo superior aos títulos comuns.
CAPA
A sobrecapa fica acima da capa, então é necessário mostrar a capa também, correto? Nas capas (parte da frente e de trás) a editora utilizou duas imagens presentes logo do início do mangá, mas em um tom mais acinzentado e com uma qualidade de imagem sensacional.
Em termos de acabamento, o material utilizado nelas é o mesmo da maioria das capas dos mangás no Brasil, sendo uma capa cartão bem resistente. Não há verniz localizado nelas.
Já a lombada segue rigorosamente o mesmo design da sobrecapa, mas sem o verniz localizado, visto que aqui não é necessário.
CAPAS INTERNAS
As capas internas de O Novo Preço da Desonra são brancas. Como eu costumo dizer em todas as postagens, eu prefiro que sejam assim, afinal é o normal dos mangás e livros mundo à fora (com exceção de edições especiais).
PAPEL
O papel utilizado no miolo é o pólen bold. Se você não conhece o nome, ele é um papel feito pela empresa brasileira Suzano e tem uma cor creme, sendo bastante utilizado em livros por ser bom para a leitura e não afetar os olhos. Também tem sido bastante utilizado em mangás de uns anos para cá.
O pólen bold utilizado pela Pipoca & Nanquim em todos os seus mangás é dos mais grossos e realmente é um papel muito bom para a leitura, praticamente sem transparência nas páginas, destacando a arte do autor e tendo uma boa qualidade de impressão. Tudo isso vale também para O Novo Preço da Desonra.
Os mesmos elogios também servem para as páginas coloridas, que são publicadas no mesmo papel (algumas editoras lançam as páginas coloridas em um papel diferente, o couchê).
Se você reparar bem, as páginas coloridas desse mangá têm um aspecto meio diferente do normal, pois foram feitas digitalmente ainda nos anos 1990, então se tem uma estranheza para os padrões atuais. Entretanto, quando falamos da qualidade do papel e da impressão, podemos ver que ficou tudo muito bonito e só há elogios. Então, o uso do pólen bold pela editora continua bastante acertado.
ACABAMENTO
O acabamento geral dos mangás da Pipoca & Nanquim são impecáveis e, com tudo o que dissemos aqui sobre esse mangá, isso não é diferente com O Novo Preço da Desonra. A encadernação está excelente (a editora usa miolo colado e costurado), permitindo ler, folhear e abrir o mangá sem qualquer espécie de problema.
Então, se trata de um produto muito bem feito, muito bem acabado e que agradará demais a todos os colecionadores de mangás que prezam por um bom material.
TEXTO
A tradução de O Novo Preço da Desonra ficou a cargo de Drik Sada, a mesma tradutora da maioria dos mangás da Pipoca & Nanquim e, como sempre, sua tradução, aliado ao trabalho da Pipoca & Nanquim, fez com que o texto e a adaptação em português ficassem muito bons.
No geral, os mangás da editora tendem a ter uma adaptação para todo mundo (para todo o leitor de quadrinhos, mesmo aqueles que não leem mangás costumeiramente), de modo que a empresa traduz e adapta tudo o que pode, e o que não pode ela coloca notas explicativas.
Normalmente isso faz com que os mangás tenham uma leitura muito dinâmica e prazerosa. Nesse mangá isso também se mantém, mas, como se trata de um título “de época”, o número de elementos linguísticos do japonês que não podem ser traduzidos (pois não têm uma tradução, são elementos próprios de uma época, de um outro país) acabam sendo muito maiores do que normal, o que pode deixar alguns leitores confusos em alguns momentos (como os nomes do moedas diferentes que existiam, por exemplo), entretanto as notas de rodapé estão sempre lá explicando coisas e o contexto ajuda a entender outras.
Para além disso, não notei erros de revisão, e os demais trabalhos editoriais (como letreiramento dos quadrinhos, disposição das onomatopeias) também foram bastante profissionais, como nos demais títulos da empresa. Então, no todo, o trabalho da editora é realmente dos bons e todos (ou a maioria dos leitores) vai conseguir ler e compreender bem o mangá sem maiores entraves.
PARATEXTOS
Ainda a falar do trabalho de texto da editora, é preciso citar os paratextos. No caso, o único paratexto de O Novo Preço da Desonra é um glossário explicativo. Ele é muito importante, pois ajuda a compreender muito melhor o contexto da época retratada, dentre diversas outras coisas.
Diria até que é algo essencial e que deve ser lido por todos os que comprarem o mangá. O glossário é um cuidado que a Pipoca & Nanquim teve e que devemos elogiar bastante, pois nem sempre temos explicações tão detalhadas em mangás “de época”.
A HISTÓRIA E UMA CONCLUSÃO
Como dissemos durante o texto, o trabalho da editora Pipoca & Nanquim é feito pensando em todos os leitores, sejam eles acostumados ou não aos mangás. De igual modo, dissemos também que O Novo Preço da Desonra, apesar de ser continuação de um outro mangá, não prescinde do primeiro para ser entendido. Isso acontece por dois motivos:
1) Logo no início da obra tem um texto explicando o que seria a profissão “Tomador de Promissórias” e como as promissórias foram geradas. Desse modo, a gente já sabe uma parte importante do contexto da época retratada e da profissão do protagonista. 2) O mangá é feito com histórias distintas, geralmente tendo como foco a pessoa e/ou a família de quem fez a promissória e não pagou. Assim, cada capítulo tem uma narrativa girando em torno daquelas pessoas ali e o protagonista do mangá (o tomador de promissória) é quase um coadjuvante.
Assim, nós podemos ler e compreender esse mangá mesmo não tendo lido O Preço da Desonra original e nem nenhum outro mangá do autor.

Dito isso, o mangá segue Kubidai Hanshiro, um tomador de promissórias, que anda por todo o Japão aceitando serviços e indo atrás dos devedores. Ele é um exímio espadachim, conseguindo lutar com maestria e acabando com seus oponentes sem muitos problemas. Claro que ele não é invencível e guarda no corpo diversas marcas de suas lutas, mas isso é mais um símbolo da sua força.
Falar sobre lutas e as cicatrizes no corpo do protagonista podem dar a entender que ele usa sua profissão como forma de mostrar sua força sobre os outros, mas a verdade é que ele deseja a paz e sempre vai cobrar a dívida buscando uma conversa amigável e que as pessoas entendam a sua obrigação. Infelizmente, isso nem sempre é possível e lutas e mortes acabam sendo inevitáveis, para a tristeza do próprio Hanshiro, que mais de uma vez reitera a falha humana em não cumprir a palavra e fazer as coisas na serenidade.
Todas as histórias são um espetáculo e não tenha uma que não seja boa de verdade. As histórias falam sobre honra, sobre lealdade e diversos outros temas, tudo de uma maneira sublime. O melhor conto, na minha opinião, é o final, pois ele dá um retrato mais magnânimo e amplo da vida sofrida de muitos ronins em uma época geralmente retratada como gloriosa. Trata-se de uma narrativa que coloca o dedo na ferida de coisas na época e que ainda é muito atual, como o desejo pelo lucro exacerbado que faz com que outros fiquem na mais completa miséria.
O Novo Preço da Desonra realmente um mangá daqueles muito bons e eu recomendo mesmo para aqueles que não gostam de obras históricas, de lutas, de samurais, etc. E eu posso dizer isso com toda a convicção e propriedade, pois eu era um deles e me surpreendi bastante com o mangá, tendo gostado muito mais do que eu esperava.
Ficha Técnica
Título Original: 新 首代引受人
Título: O Novo Preço da Desonra
Autor: Hiroshi Hirata
Tradutor: Drik Sada
Editora: Pipoca & Nanquim
Número de volumes no Japão: 1
Número de volumes no Brasil: 1
Dimensões: 15 x 22 cm
Miolo: Papel Pólen Bold
Acabamento: Capa cartão com sobrecapa
Páginas: 362
Classificação indicativa: Não divulgado
Preço: R$ 89,90
Onde comprar: Amazon
Sinopse: Com O Preço da Desonra: Kubidai Hikiukenin, Hiroshi Hirata, o mestre do jidaigeki — como é conhecido o gênero que lida com dramas de época no Japão —, impressionou os leitores brasileiros com seu traço preciso e dinâmico, e histórias sobre samurais ao mesmo tempo fascinantes e cruéis, capazes de transformar nossas percepções a respeito dessa mítica figura. E esse foi apenas seu primeiro trabalho a chegar ao Brasil! Logo, se seguiram duas de suas maiores obras-primas: Satsuma Gishiden: Crônicas dos Leais Guerreiros de Satsuma (3 volumes) e Mais Forte que a Espada (2 volumes). Agora, é hora de retornarmos ao primeiro trabalho do mestre lançado aqui e conhecermos a continuação da saga de Hanshiro, o tomador de promissórias, com O Novo Preço da Desonra: Shin Kubidai Hikiukenin! Em 1997, Hirata revisitou seu famoso personagem e o publicou em uma nova serialização na revista mensal Afternoon, da Editora Kodansha. Foi com os capítulos desta obra que ele se aventurou, pela primeira vez, no meio digital de desenhar páginas de mangás, alcançando resultados inimagináveis para o período. E, em 1999, saiu no Japão a edição encadernada deste clássico, contudo, em tal volume de 270 páginas, um dos capítulos serializados acabou ficando de fora, de modo que nunca se viu um álbum completo de Shin Kubidai Hikiukenin… até agora!!! Pela primeira vez no mundo, o volume encadernado completo deste mangá está lançado! O editor e pesquisador japonês, Mitsuhiro Asakawa, recuperou todos os capítulos, todas as artes coloridas e ainda uma arte de capa inédita! Este lançamento é uma homenagem de Asakawa e da Pipoca & Nanquim a Koichi Yuri, lendário editor que cuidava das obras de Hirata e outros grandes autores, que faleceu em 2018 sem poder ver O Novo Preço da Desonra: Shin Kubidai Hikiukenin lançado de forma completa.
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Vejo que em todos as análises há esse cuidado de explicar todos os termos usados em questão de acabamento e tudo mais, o que é bom, mas torna os textos repetitivos, pra quem costuma acompanhar aqui, deixo a sugestão de criarem um artigo explicando todos essas questões de acabamento, e na hora de analisar os volumes referenciar o link do artigo, e assim deixar o texto mais fluido, sem precisar ficar parando para explicar cada termo como capa, sobrecapa, orelha, verniz, tipo de papel etc…