No Brasil, sem dúvidas, é sim…
Recentemente, o gerente de conteúdo da JBC, Cassius Medauar, ao falar sobre um futuro anúncio da editora colocou no ar a seguinte pergunta: “vocês querem um mangá longo ou um mangá curto?”. Uma semana depois, Medauar anunciou um título longo, Knights of Sidonia, de 15 volumes.
O problema disso é que para muita gente “15” não é um número grande de volumes. Pelo contrário para essas pessoas 15 é um número “normal”, razoável, mediano apenas. Para elas, títulos grandes têm de 20 ou de 30 volumes para cima e não entendem como 15 pode ser considerado longo…
A verdade é que boa parte do público consumidor sonha com vários títulos gigantes, como Gintama e seus mais de 60 volumes, Kingdom e seus mais de 40, ou Beck, Zatch bell e Rave Master e seus 30 e tantos cada um, mas as chances desses sonhos virarem realidade são mínimos, quase impossíveis em alguns casos.
Há, claro, os desejos mais modestos como Prison School e Haikyuu que possuem em média 20 volumes, mas todos eles têm um número de tomos bem maior do que os 15 de Sidonia.
Porém, ao contrário do que as pessoas possam costumam pensar, 15 volumes é um número grande, pelo menos para o mercado brasileiro de mangás atual. Por mais que as pessoas tenham tendência a comparar com Naruto, One Piece e Fairy Tail, título grandes são a exceção da exceção como já mostramos uma postagem passada.
Na verdade, se um mangá já tiver 15 volumes no Japão a probabilidade de ele ser lançado no Brasil atualmente é bem baixa e quanto mais volumes eles vão ganhando, menores são as chances de aparecerem por aqui. Se o título não for um sucesso absoluto no Japão e em outros países do mundo, as chances são mais remotas ainda.
Como podemos ter certeza disso? Analisando os números recentes, os últimos seis anos de nosso mercado. No período que compreende os anos de 2010 a 2015 começaram a ser lançadas no Brasil cerca de 300 obras diferentes, divididas nas mais diversas editoras. Só que a grande maioria dessas obras eram curtas, com pouquíssimos volumes. No período analisado, apenas 33 mangás já tinham 15 volumes no Japão quando começaram a sair por aqui, divididos conforme mostra a tabela abaixo:
Número de títulos lançados no Brasil que já possuíam 15 volumes no Japão | ||||||
Editora | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 |
Panini | 3 | 1 | 5 | 2 | 3 | 2 |
JBC | 4 | 0 | 4 | 0 | 2 | 4 |
Sampa | 0 | 0 | 1 | 1 | 1 | 0 |
Nessa tabela estão incluídos Golgo 13 e Pokémon, porém apesar de terem mais de 15 volumes no Japão foram publicados por aqui de forma fragmentada. O ideal seria não contabilizá-los e diminuir de 33 para 31 o número de títulos publicados, porém seria errado fazer isso, pois, embora incompletos, foram lançados em nosso país.
De todo modo, com eles ou sem eles não muda muita coisa em nossa conta: somente cerca de 10% das obras lançadas no Brasil nesse período tinham pelo menos 15 volumes no Japão. Tanto percentualmente, quanto quantitativamente o número de mangás lançados no país foi bem pequeno, uma média de pouco mais de 5 mangás por ano. Se quase nada com essa quantidade de volumes é lançado em nosso país, não há razão para não considerarmos que um mangá de 15 volumes é longo.
Veja que nem mesmo a rainha dos títulos grandes, a Panini, pode ser considerada como a salvadora da pátria. Ao tomar como base o número mágico de 15 volumes vemos que JBC e Panini começaram a publicar quase o mesmo número de obras, com uma ligeira vantagem para a Panini (16 a 14). E se pensarmos que a editora italiana relançou duas vezes o mesmo mangá nesse período, a vantagem é inexistente.
A grande diferença é que a Panini costuma realmente lançar obras bem mais longas que a JBC e ainda se utiliza da periodicidade bimestral para vários títulos, o que faz com que ela demore mais para concluí-los e tenha que limitar um pouco os seus lançamentos para não sobrecarregar as bancas. Isso explica 2012, um ano completamente atípico, com 5 lançamentos de obras longas pela Panini e uma sequência de poucos lançamentos nos anos posteriores.
Já a JBC costuma lançar obras mais curtas e publica quase tudo em periodicidade mensal. Vê-se na tabela que ela alterna anos com muitos lançamentos, com anos em que quase nada grande é lançado. Isso é um nítido sintoma da periodicidade mensal, pois como ela lança tudo mensalmente é preciso esperar os títulos irem terminando para anunciar outros de mesmo porte. Já sobre a Nova Sampa não tem muito o que comentar, pois seus títulos andam a passos muito lentos.
O resumo disso tudo é bem claro e já dito anteriormente: não é só aquele mangá que tem mais de 40 volumes no Japão que será difícil vir ao país. Aquele que já tem 30 ou 20 também não irá aparecer facilmente por aqui. Não estou dizendo que essas obras não virão, estou dizendo que é muito difícil devido à limitação de lançamentos de cada uma das editoras (JBC e Panini costumam manter uma média de 15 publicações por mês, então não dá para ir colocando mais e mais títulos longos a torto e a direito. Enquanto isso, nenhuma outra editora parece interessada em lançar obras grandes).
Mas há motivo de esperança em 2016. Este ano parece que repetirá 2012 com vários lançamentos de obras grandes. Ainda estamos no início de março e já temos em publicação ou anunciadas cinco obras que contenham pelo menos 15 volumes no Japão, 1 pela JBC e 4 pela Panini. A tendência é que outras obras grandinhas também sejam anunciadas ao longo do ano e possam incrementar o leque de obras grandes em nosso país…
Porém, mesmo assim, o leitor de mangás deve continuar a ter em mente que um mangá de 15 volumes é um mangá longo, ao menos no Brasil, ao menos por enquanto…
***
Em tempo: Os dados apresentados nesta postagem mostram apenas os mangás publicados no Brasil quando já tinham 15 volumes no Japão. Nesse período (2010 a 2015) outros mangás começaram a ser publicados antes de ter esse número de volumes e, com o tempo, ultrapassaram essa marca, como Blue Exorcist e Black Butler. Ao todo, foram 7 obras da JBC e 10 da Panini que ultrapassaram os quinze volumes. Mesmo assim, continua sendo um número bem pequeno, frente a tudo que é lançado no Brasil, não chegando a representar nem 20% de tudo o que é lançado no país…
Em tempo (2): Super Onze foi publicado em 34 volumes no Brasil, mas no original são apenas 10. Não contabilizamos ele, ok?
Em tempo (3): Mangás em formato BIG foram contabilizados com seus números originais e não com a quantidade que terão no Brasil.
***
BBM
Eu fiquei surpreso com alguns comentários criticando e até xingando (é a JBC, o que eu esperava?) a afirmação da JBC ao dizer que era um título longo. Se for mensal, já é um ano e 3 meses de publicação. Tempo pra caralho. MUITA coisa pode acontecer em um ano. Muita mesmo. Se fosse bimestral seria o dobro de tempo, onde ainda mais coisa poderia acontecer. Acho que qualquer coisa acima de 12 volumes já é um tanto longo. Passou ou chegou a 20 então já entra na área de perigo. Acima disso só se for extremamente popular e olhe lá (também conhecido como o motivo de não termos Jojo no Brasil).
Olha, eu acho que só estão investindo mais em títulos curtos por uma questão de grana mesmo.
E o mercado não anda fácil pra gibi em geral, quem dirá mangás!
Só ver que, por exemplo, a New Pop tá publicando Usagi Drop, que são 10 volumes, e entre idas e vindas, problemas diversos, o lance já tá no volume 7.
Quer dizer, demora pra finalizar, mas abre uma possibilidade de títulos com a mesma quantidade de volumes chegarem por aqui.
Claro que a Panini por ter mais grana pode trazer mais coisas, a JBC rebola um pouco, mas consegue algumas coisas também. Até a Newpop consegue ( será que um dia a Newpop passa a JBC?) agora a Nova Sampa ficou um treco meio…incerto, pelo menos pra mim.
Mas sim, concordo com o post ao afirmar que 15 volumes é algo longo pro mercado brasileiro.
A tendência provavelmente vai ser pegar Mangás que sabe-se que serão longos, enquanto ainda são curtos, por exemplo Nanatsu, quando veio tava com uns 14 volumes, e pela previsão do autor ele quer terminar em 30 (o que provavelmente significa 40 😀 )
Boku no hero com certeza vai ser longo, e com certeza vai chegar logo logo