Saiba por onde começar a explorar o horror japonês!

É fato de que terror (ou horror) é um dos gêneros de maior sucesso no mundo, com vários filmes, games, séries e livros devotados ao assunto. Não poderia ser diferente nos mangás, claro. Na verdade, o Japão adora esse tipo de história, isso não deve ser novidade, basta olhar a quantidade de filmes hollywoodianos que se baseiam ou usam técnicas japonesas.

De fato, um dos grandes pilares desse gênero e que o destaca é o fato do Japão usar muito mais o “horror” do que o “terror”. Pegue filmes como Kill Bill de Quentin Tarantino que, embora não seja um filme de terror em si, usa vários elementos de horror, todo aquele sangue e exagero de carnificina. Essa diferença entre os dois, entre o horror e o terror, passa a ser importante para entender como são os mangás desse gênero.

Terror e horror podem muito bem ser a mesma coisa ou andar de mãos juntas, mas podem também ser totalmente diferentes. O terror seria algo que aterroriza, que seja terrível, que surpreende, aquela sensação de perigo, que traz ansiedade e preocupação. O horror seria algo que horroriza, algo horrível, que causa asco, nojo, aversão, que denota crueldade. Ambos são coisas que causam medo e aflição, o pavor e susto, mas de formas diferentes. Naquelas cenas que você começa a passar mal de aflição, prevendo o que está para acontecer, isso é terror. A cena da personagem sendo cortada em pedaços em gritos, isso é horror.

Além do horror e terror, também é muito comum que haja suspense, mistério, sobrenatural e psicológico no meio, outros com forte conteúdo erótico ou pornográfico, ou que esses dois sejam gêneros secundários, como aqueles filmes de ação com terror a la Resident Evil.

Tendo em mente essa diferença, aqui vai a lista de grandes nomes já publicados no Brasil e que você deveria conhecer se tem interesse no gênero!

Hideshi Hino

Um dos fenômenos das histórias de horror japonesas, com leves pitadas de terror, filho de imigrantes japoneses, nasceu na China e acabou testemunhando o final da guerra Sino-Japonesa (1937-1945) e perseguição dos japoneses restantes no país, tendo sido quase morto enquanto fugia do país. Todo esse passado o autor retrata em seus trabalhos.

Seu último trabalho foi em 2014, atualmente está aposentado, mas possui um vasto catálogo com mais de 100 trabalhos, entre séries e coletâneas de histórias. Alguns dos seus trabalhos de maior sucesso foram lançados aqui no Brasil, por duas empresas, a Conrad, que lançou Panorama do Inferno (volume único), e a Zarabatana, que lançou quatro volumes da coleção “Hino Horror”, a coleção de maior sucesso do autor: A Serpente Vermelha, O Garoto Verme e Oninbo e os Vermes do Inferno (volumes 1 e 2).

Junji Ito

Mais um autor de peso do mundo do horror japonês, que está completando 30 anos de carreira. Conhecido por sua enorme criatividade, costuma envolver o sobrenatural, sci-fi, terror e drama em suas histórias. Outro gênero muito usado pelo autor é o “body horror”, histórias focadas na destruição ou degradação do corpo.

Todos esses elementos podem ser vistos em Uzumaki (3 volumes), a história de uma cidade que é atingida pela “maldição das espirais”.

Em geral o autor tem a capacidade de pegar situações “banais” e desenvolver aos poucos uma situação horrível, como em Tomie, onde uma moça leva seus admiradores à loucura, ou Gyo, uma história em que peixes sofrem “mutações” bizarras. Ambos ainda não publicados no Brasil.

No Brasil foram lançados Uzumaki (Conrad) e Fragmentos do Horror (Darkside Books). Uzumaki será relançado pela editora Devir.

Suehiro Maruo

Um autor de eroguro (erotic grotesque) focado no horror, seus trabalhos são focados em violência gráfica extrema em situações eróticas e até pornográficas. Embora não seja sucesso de vendas, o autor é um grande nome do underground.

No Brasil três de suas obras foram publicadas pela Conrad: O Vampiro que Ri, Ero-Goru: o Erótico Grotesco e Paraíso – O Sorriso do Vampiro, todos volumes únicos. Novamente, vale avisar que todos os três são pornográficos.

Outros destaques

Além das obras dos autores acima, no Brasil também tivemos os lançamentos de alguns volumes de horror e terror de autores que se aventuraram pelo gênero, como: Hideout, de Masasumi Kakizaki; Suicide Club, de Usamaru Furuya (a sair este mês); Cinderalla, de Junko Mizuno; Ring, de Koji Suzuki, Hiroshi Takahashi e Misao Inagaki; a coleção de Corpse Party (um deles sendo um clássico terror erótico, o Musume) e Resident Evil; sem contar o anunciado Happiness, de Shuzo Oshimi.

Isso sem incluir os diversos mangás que apresentam horror e terror como gênero secundário, como MPD Psycho, os vários mangás de zumbis (o mais recente sendo Fort of Apocalypse que será lançado em breve) os vários mangás de ação e aventura, como Ataque dos Titãs, Berserk, Hellsing e Blame!, e até em shoujos como Conde Cain e O Maestro. Listar todos seria difícil, além de vários casos envolver a subjetividade, como pessoas que consideram Homunculus um mangá de terror.

Entendendo a diferença entre os dois, dá para notar facilmente como você vai ter o horror fortemente usado em mangás de todos os gêneros. Em Gantz e Ajin, por exemplo, é difícil defini-lo como assustador ou terrível, mas ninguém questionará o lado “horrível”, a carnificina e violência visual. Acaba sendo até difícil encontrar o que ler de material adulto que não tenha horror algum embutido.

Que outras obras de horror e terror você sugeriria para um leitor brasileiro? 🙂

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