A participação da Panini em outros mercados mangás

planet-mangaSerá a Panini líder em lançamentos em outros países?

Quem acompanha de perto o mercado de mangás no Brasil sabe que, atualmente, a Panini é maior editora de mangás, suplantando, por muito, suas duas principais concorrentes. Até 2015, JBC e Panini tinham uma disputa acirrada e todos os meses lançavam mais ou menos a mesma quantidade de volumes, variando de 14 a 17, algumas vezes mais, algumas vezes menos.

Em 2016, a coisa mudou de figura. A crise se abateu sobre a JBC e ela teve que reduzir o número de lançamento mensais, agora raramente passando de dez volumes ao mês. A Panini, por outro lado, investiu pesado e buscou abocanhar mais o mercado e agora lança cerca de 20 títulos por mês, o que representa uma dominação que vai de 50 a 60% do mercado de mangás do Brasil, a depender do mês.

Mas o que conhecemos como Panini nada mais é do que um braço de uma empresa multinacional que lança quadrinhos, figurinhas e colecionáveis em diversos países do mundo. Embora o Panini Group seja forte, suas filiais podem não refletir todo esse poderio e quando falamos especificamente da divisão de mangás isso se torna mais evidente.

Na nossa postagem de curiosidade de hoje veremos um pouco da participação das filiais da Panini em outros mercados de mangás. Como se verá a seguir, em alguns países, a editora é a mandante absoluta, em outros é apenas uma coadjuvante. Para tanto, analisamos o número de mangás publicados pela empresa durante o ano de 2016 e o comparamos com o mercado do país em questão, além de trazer alguns outros dados. Não se pretende provar nada com a matéria e, tampouco, se pretende ser algo abrangente. Trata-se de uma postagem bem simples, bem introdutória, e a partir dela podem surgir outras futuramente, detalhando um pouco mais sobre cada país. Dito isso, vamos à postagem.

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 A Panini na Alemanha


Capa alemã de Ore Monogatari!! (Clique para ampliar)

A Alemanha possui cinco editoras de mangás que publicam regularmente e, dentre elas, a Panini é a menor. Durante o ano de 2016, a Panini alemã teve uma média de 5,6 volumes lançados mensalmente. O maior número ocorreu em março com 9 publicações. O menor ocorreu em abril com apenas 3.

Esses números representam pouco menos de 10% do número de volumes de mangás publicados na Alemanha. Apesar disso, nesse período a empresa publicou alguns títulos famosos entre o público brasileiro, embora não detenha todos os medalhões.

Notamos Pokémon (tanto X e Y, quanto RGB), Ore monogatari!!, Berserk, Highschool DxDParasyte, e Tenjo Tenge. Dentre obras inéditas no Brasil, a Panini alemã publicou volumes de Nana & KaoruSpice & Wolf, Twin Star Exorcist, entre outros.

Você pode conferir tudo no site da Panini Alemanha, clicando aqui.


A Panini na Espanha


Capa espanhola de Food Wars! (clique para ampliar)

Na Espanha a Panini publica mangás regularmente também, mas é uma editora pequena nesse ramo, menor ainda do que é na Alemanha. No país, as maiores empresas são Ivrea, Planeta DeAgostini e Norma, seguidas de perto por outras menores a nanicas. O mercado espanhol tem, em média, 56 volumes publicados todos os meses, sem contar reimpressões. E, nesse ínterim, em 2016, o máximo de título que a Panini publicou em um mesmo mês foram 6 obras, sendo que em mais de um mês a Panini só publicou 1 mangá. A média ficou em 2 ou 3 volumes.

Apesar de ser uma empresa menor, a Panini ainda tem seu nome como multinacional e possui séries de sucesso em seu catálogo como, Food Wars!Bleach, Hunter x Hunter e Assassination Classroom. A empresa ainda edita no país uma revista de cultura japonesa chamada Otaku Bunka.

Você pode conferir os lançamentos da Panini Espanha no site oficial, clicando aqui.


A Panini na França


Na França, a Panini também está distante do estrelismo e sobrevive com algumas séries menores em meio a um ou outro título importante. Segundo estudo feito pelo site Manga Mag, a Panini está decaindo no mercado francês e sofrendo de uma incapacidade crônica de se renovar. Seu mangá mais vendido em 2016 foi Shuriken & Pleats, com apenas 3500 cópias no volume 1. Anohana estreou com menos venda ainda, cerca de 2000 cópias vendidas. São números extremamente baixos. Os sucesso da Panini venderam poucas cópias a mais que os fracassos da Glénat (maior editora francesa). Isso mostra o quão desimportante é a editora nesse mercado. Apesar disso, a editora ainda mantém o nono lugar em participação no mercado francês. Vejam abaixo o gráfico de 2016.

parts-de-marche-editeurs-mangas-2016
Fonte: Manga Mag

O número de lançamentos mensais da Panini é razoável, com uma média de 8 volumes publicados todos os meses, maior do que na Alemanha e na Espanha. É claro que está longe de editoras maiores no país, como Glénat e Pika, mas ainda assim é um número bem competitivo, dado o número de empresas que existem no país…

Capa francesa de CdZ Next Dimension #10

Aparentemente, os franceses não gostam muito das edições físicas feitas pela editora Panini em seus mangás. Há, inclusive, algumas resenhas detonando a edição em capa dura de Planetes, ou porque o papel é péssima qualidade ou porque há problemas de definição de imagens, ao ponto de alguns resenhistas afirmarem ser melhor esquecer essa versão deluxe e comprar a versão anterior, econômica, lançada pela empresa.

Caso tenha interesse em saber mais sobre o mercado francês, o número de vendas e a participação no mercado de outras editoras confira na matéria do Manga Mag, clicando aqui. A matéria está escrita em francês. Para saber os lançamentos mensais da Panini França, confira no site oficial da empresa, clicando aqui.


A Panini no México


No México, a Panini é a estrela (quase) solitária. O atual mercado mexicano de mangás é formado por apenas duas editoras, Panini Comics e Kamite e é a Panini que publica quase tudo por lá. Anteriormente, havia outras empresas que publicavam mangás, mas desapareceram por diversos motivos.

Se aqui no Brasil, a participação da editora é alta, no México ela é acachapante, com pelo menos 90% do títulos saindo por ela. O número de volumes mensais publicados pela editora no país é até maior do que no Brasil, com mais de 20 títulos, beirando os 30 em alguns meses de 2016. Esses números são mais impressionantes ao lembrarmos que a Panini atua no México há menos de cinco anos e, nesse curto período, obteve um crescimento enorme.

A editora não usa sobrecapas em suas edições e o papel utilizado nos mangás parece ser um tipo de papel jornal, embora não tenha certeza. Todas as resenhas de blog e todos os vídeos comparativos entre os mangás da Panini México e os mangá espanhóis falam que as folhas dos mangás espanhóis são mais brancas, indicando que a Panini não utiliza offset. Clique aqui e veja um desses vídeos comparativo.

Ainda nesse sentido, Mangás com orelhas também são raros, utilizados apenas em títulos como One-Punch Man e The Ghost In The Shell. Aqui no Brasil sempre que vemos fotos dos volumes mexicanos costumamos achar que eles possuem uma melhor qualidade do que os nossos (o que parece ser verdade em parte dos casos), mas o público mexicano não acha a qualidade da Panini México das melhores. Há reclamação de muitas obras ficarem com páginas onduladas, do papel, etc.

E a tão falada transparência de páginas? Existe no México? Existe sim, mas não vi muitas reclamações quanto a isso….

Kimi ni Todoke. Fonte: Manga México

Um dado curioso é que os mangás mexicanos são editados no Brasil e a maioria dos títulos de lá são nossos conhecidos que já saíram ou saem no Brasil pela própria Panini ou pela concorrência, como One Week FriendsMagi e Ranma 1/2. Obviamente, porém, existem título inéditos e que dificilmente veremos no Brasil como Rinne e Super Campeões. O que é mais interessante é que a Panini México vez ou outra faz lives pela Internet, para tirar dúvidas dos leitores e anunciar títulos, coisa que ainda não vemos a filial brasileira fazer.

Para ver os lançamentos você pode conferir no site da Panini México, clicando aqui.


A Panini na Itália


Deixamos a Itália por último por ser “a casa” da empresa, onde fica a matriz. A empresa nasceu oficialmente em 1961, lançando uma coleção de figurinhas do campeonato italiano, segundo o site da empresa. Já o Planet Manga, selo da editora para a publicação de quadrinhos japoneses, nasceu na Itália apenas em 1996, como divisão da chamada Márvel Itália que, à época, era dona da Panini.

Hoje, a empresa é uma das que mais lançam quadrinhos japoneses no país, com uma média mensal que varia de 30 a 40 volumes por mês, algumas vezes até mais, outras vezes menos. Isso sem considerar reimpressões que a empresa costuma fazer com frequência. Ela disputa acirradamente com Star Comics e JPOP em número de lançamentos e, em quase todos os meses, a empresa possui vantagem.

Na Itália a editora lança databooks, artbooks e, até mesmo, algumas light novels selecionadas, como Ataque dos titãs Lost Girl e as novels de Naruto. Por lá, a empresa é detentora de quase toda a franquia Cavaleiros do Zodíaco, mas não possui Dragon Ball e One Piece.

Mangás com sobrecapa existem, mas não são a maioria. Relançamentos ocorrem com frequência, assim como as já ditas reimpressões e a empresa também divulga com antecedência a data que um título vai sair. A Panini Itália ainda se orgulha de ser uma das editoras que mais investem nos mangás shoujos, possuindo até mesmo um selo exclusivo para obras dessa demografia, ainda que coloque sob esse selo alguns mangás que não são shoujo, como Puella Magi Madoka Magica.

Além disso, alguns títulos que hoje se encontram na famosa “geladeira” da Panini no Brasil, na Itália ainda são lançados, como Zone 00 e MPD Psycho. Já alguns títulos que foram um fracasso de vendas no Brasil, como Homúnculus,  na Itália venderam bem e ganham reimpressão vez ou outra. Autores que não têm mercado no nosso país, como Jiro Taniguchi também tem suas obras publicadas pela empresa na Itália.

Naturo Color (edições de cerca de 120 páginas totalmente colorida de Naruto)

Somente por esse breve resumo, podemos ver que a Panini Itália é um mundo diferente do nosso. Há semelhanças, como o forte investimento em Naruto, mas no geral a matriz italiana parece ser bem mais estruturada e profissional do que sua filial brasileira. Será que um dia veremos por aqui, por exemplo, reimpressões constantes? Por ora, ainda parece uma realidade distante…

Para saber mais dos lançamentos da Panini Itália, você pode conferir no site oficial da editora, clicando aqui.

***

Por fim, em Portugal a Panini já lançou um mangá em parceria com a Devir, mas isso foi há anos e nunca mais voltou a fazer. Na Argentina, a empresa começou a publicar mangás em meados de 2017, com apenas dois títulos, Assassination Classroom e One-Punch Man.

Como essa matéria deixa claro, a Panini possui mais participação na Itália (seu território original), no México e no Brasil, sendo grande protagonistas nesses mercados. Nos outros países, as filiais da empresa são coadjuvantes no ramo dos mangás.

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6 Comments

  • A impressão que passou é que os Franceses são exigentes em questão de qualidade e a Panini não está nesse padrão de qualidade que eles querem.

  • João

    Nos titulos que compro atualmente a Panini vence a JBC por 2 títulos. 10×8. Já foi favorável a JBC (mais ou menos na época do Card Captor Sakura/ Rurouni Kenshin/Love Hina/Chobits/Death Note/Yuyu Hakusho/Evangelion/Helsing etc.), passou um tempo com uma dominância maior da Panini e agora a JBC encostou.

    Entretanto ao meu ver a JBC, perdeu um pouco os títulos pesados.O mais pesado sem contar com edições de luxo é FMA. Pouco pra quem costumava trabalhar com “medalhões”. Hoje vende mangás até com um certo prestígio, (Nanatsu, My Hero,KoS) mas me parecem menos chamativos ao público em geral.

    Torço para que republiquem Shaman King/Inuyasha (Apesar de parecer ser um fardo)/Fruits Basket. e consigam alguns titulos mais chamativos porque no meu cronograma a JBC está com muitos títulos perto de hiatos, ou de finalizar.

    • @João, não leve a mal o que vou dizer, mas olhando para o seu comentário, acho que você não está muito preocupado com a qualidade, mas eu acho que tanto você como outros colecionadores deveriam começar a se preocupar mais com isto em vez de ficar comprando todos os títulos possíveis com qualidade porca/porcaria/duvidosa…
      A NewPOP tem dado um banho na Panini em termos de qualidade gráfica, seus mangás são costurados, etc., logo, acho que nós precisamos mudar um pouco o foco e não olhar apenas o título da obra, e sim também a qualidade. Gosto de vários títulos da Panini e da JBC, mas vários deles nem cogitei comprar justamente pela qualidade que para mim já não é tão satisfatória. Eu gostaria de dizer que não comprei este ou aquele título APENAS por falta de dinheiro, mas muitos deles teve a (falta de uma melhor) qualidade como grande incentivador para eu nem sequer cogitar comprar…

  • Humberto

    Gosto mais do estilo NewPOP de lançar as coisas. Um pouco e cada vez e series curtas (Shakugan no Shana e GTO são a exceção), problema que ainda no Brasil se sente muito o vácuo que a Conrad deixou, boa parte dos lançamentos era de material de excelente qualidade até hoje eu não tenho nenhum amarelado nos meus mangás deles. A Panini faz as coisas muito porcamente aqui, recentemente resolvi adquirir uma série deles (Your Lie In April) e é gritante como eles tratam o mangá pra NewPOP e até mesmo a JBC.

  • O que deu para perceber é que fora do país de sua matriz, a Panini só é protagonista onde não tem tanta concorrência…
    E a situação no Brasil, depende muito do ponto de vista… Na minha opinião a JBC está sendo mais sensata, em vez de jogar dinheiro fora que nem a Panini…

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