Conheça essa e outras histórias curiosas…
Se você é novo no mundo do colecionismo de mangás, talvez você não se lembre mas o mangá One Piece já foi cancelado no Brasil. O mangá de Eiichiro Oda começou a sair no Brasil em fevereiro de 2002 pela editora Conrad, na época em que ele ainda tinha apenas 22 volumes no Japão. A Conrad decidiu por lançar o mangá no que se convencionou chamar de formato meio-tanko em que cada volume japonês viraria dois no Brasil.

Essa primeira publicação passou por alguns percalços curiosos, a começar por uma mudança de papel no meio da publicação. Lançado inicialmente em papel offset (aquele branquinho), a Conrad passou a adotar o papel jornal a partir de determinado número. Era óbvio que a medida visava apenas cortar custos, mas a justificativa dada pela empresa era que com a mudança emularia melhor a experiência de leitura original.
Apesar disso, a publicação de One Piece seguiu normalmente até outubro de 2007, quando atingiu a edição 66. A série, então, foi suspensa por problemas de renovação de contrato com a Shueisha, mas voltou a sair ainda em 2008, foram 4 volumes durante o ano chegando ao volume 70 (equivalente ao 35 original) e a série não retornou mais.
Em maio de 2011, a editora Conrad oficializou o cancelamento de One Piece. Tudo indica que foi um cancelamento unilateral por parte da Shueisha, pois em comunicado a empresa brasileira disse que a japonesa tinha “exigências impossíveis de serem satisfeitas”. Apesar de os fãs ficarem anos sem ver o mangá nas bancas, não demorou muito para que outra editora anunciasse a aquisição do título. Em fins de 2011, a Panini divulgava que tinha adquirido a licença de One Piece.

A republicação do mangá começou em 2012 e a empresa utilizou-se de um estratagema para lá de curioso, lançaria a partir do volume 1 mensalmente para os novos leitores e também a partir do volume 36, bimestralmente, para quem já acompanhava pela Conrad e quisesse continuar a ler a história. A ideia da editora era que uma versão encontrasse com a outra posteriormente e virasse uma só. Isso nunca chegou a ocorrer de fato, apenas uma das versões sumiu do nada e ficou por isso mesmo, mas quase ninguém reclamou.
- One Piece na França
Não é só no Brasil que One Piece possui histórias estranhas sobre sua publicação. Na França, o maior mercado de mangás do ocidente em número de publicações impressas, o mangá também teve umas mudanças meio absurdas e que se fosse feito por aqui faria os consumidores apedrejarem a editora.
One Piece começou a ser publicado na França em setembro do ano 2000 pela editora Glénat, uma das maiores do país, e a publicação seguiu normalmente até abril de 2013 quando essa edição foi simplesmente interrompida no volume 66. Sim, a Glénat resolveu cancelar o mangá no volume 66.

One Piece era um fracasso no país e ele foi cancelado por baixas vendas? Não, o mangá não era um fracasso, vendia muito bem, tanto que tempos depois conseguiu desbancar Naruto e se tornar o mangá mais vendido na França, e desbancar Naruto no ocidente é coisa para poucos. A questão é que a edição foi cancelada, mas o mangá seguiu sendo publicado normalmente^^. Calma que a gente explica!.
A primeira versão francesa de One Piece era mais “livre” e ocidentalizada, trazendo golpes e nomes de personagens alterados. Usopp e Sanji, por exemplo, eram chamados de Pipo e Sandy nessa versão. Embora puristas reclamassem disso, o mangá seguia bem até que foi interrompido meio que do nada. As razões do cancelamento e da mudança não são muito claras, mas fontes da época comentam que uma rixa entre o tradutor de One Piece a editora Glénat teria motivado a descontinuidade da edição.
Assim, a Glénat chamou um novo tradutor e resolveu relançar o mangá com uma série de alterações, como a utilização dos nomes originais. Em julho de 2013, saíram 20 volumes iniciais de uma vez. No mesmo mês, porém, a Glénat já publicou o volume 67 com a nova tradução. Ou seja, se você tinha acompanhado os 66 anteriores, poderia partir para o 67 em seguida e você estranharia apenas a tradução e, se fosse um consumidor exigente, se incomodaria com o número na capa e na lombada (os 66 iniciais da primeira edição tinham um número branco, o 67 tinha o número amarelo). O tamanho da edição foi mantido igual, de modo que você conseguiria seguir a coleção sem precisar comprar os volumes iniciais de novo.

Pelo que a gente pôde observar, a Glénat não fez muito alarde sobre a interrupção da edição antiga e o início da nova, mesmo assim houve muitas reclamações dos consumidores em diversos fóruns franceses, chamando a editora de mercenária e coisas do tipo, porque muitos deles se sentiam “obrigados” a comprar os novos tomos para não ficar com uma coleção imperfeita. Se isso acontecesse no Brasil, certamente os comentários e as opiniões seriam os mesmos^^.
- One Piece na Argentina
Não foi só no Brasil e na França que o mangá One Piece sofreu um cancelamento. Na Argentina, a obra também acabou interrompida, mas igualmente com algumas peculiaridades. Para entender a história é preciso voltar um pouco no tempo e chegarmos a 2008. Nesse ano, a Argentina ganhava uma nova editora de mangás, a Larp Editores. Apesar de ser uma novata a Larp conseguiu negociar com a Shueisha e esta lhe concedeu três licenças, One Piece, Naruto e Death Note.
A Shueisha não tem o costume de licenciar suas séries para editoras novatas, mas como a Argentina praticamente não tinha concorrência (a única empresa do país era a Ivrea), a Shueisha resolveu dar esses três pesos pesados para a Larp começar bem. Logo a empresa completou Death Note, mas Naruto e One Piece ficaram patinando.

A Larp não era lá uma editora muito querida, praticava preços mais altos que a concorrência, vários de seus mangás estavam paralisados, entre outras coisas. Pelo que acompanhamos Naruto e One Piece andavam a passos lentos, ganhando poucos volumes por ano.
Ainda assim, essas eram as únicas séries lançadas pela editora nos últimos tempos, mas aí 2018 chegou e o mundo veio abaixo. Quem dá facilmente, também tira facilmente. A Shueisha cancelou unilateralmente o contrato de todas as suas séries com a Larp, resultando na interrupção da publicação dos títulos pela editora argentina.
Mas, assim como na França, o povo argentino não ficou na mão. As séries da Larp foram logo licenciadas para outras empresas. Death Note e One Piece foram para a Ivrea. Naruto para uma outra.

No caso específico de One Piece, a Ivrea realizou basicamente a mesma coisa que a Panini fez no Brasil. Começou a publicar a partir do volume 1 para quem quisesse começar a coleção nova e a partir de onde a outra editora havia parado, para os que já estavam acompanhando o mangá. Como mostra a imagem acima, o primeiro volume ainda contou com páginas coloridas que nenhuma outra edição de One Piece teve. E assim, os fãs argentinos da série de Eiichiro Oda ficaram felizes e contentes.
A única a se dar mal na história foi a pobre da Larp. Desde que perdeu as licenças, a empresa não publicou mais nenhum mangá. A editora tinha a pretensão de dar continuidade em Inu-Yasha e Monster em 2018 (duas séries paradas há vários anos na Argentina), mas nem isso ela conseguiu…
Essa foi a nossa postagem de curiosidades de hoje. Se você deseja ver outras postagens de curiosidades, basta clicar aqui.
Chocado com essas curiosidades a respeito de meu estimado One Piece. Pipo e Sandy? Xçuis!
A França é o maior mercado mas assim como os Estados Unidos eles vivem alterando nomes, inclusive a versão dublada em Portugal de Dragon Ball segue a versão Francesa.
Agora, bora achar um site argentino que envie pra cá para comprar esse One Piece com páginas coloridas…
Existe um site muito bom chamado “Biblioteca Brasileira de Mangás” que uma vez fez uma postagem com o título de “como importar mangá da Argentina” em que são listadas algumas lojas. Os preços são absurdos de caros e os valores ditos na postagem estão desatualizados, mas se quiser ver, taí o link:
https://blogbbm.com/2017/06/19/como-importar-mangas-da-argentina/
Gostaria muito que ela pelo menos lancearem um box por ano de 10 vol. sendo assim poderia começar a colecionar essa obra magnifica.
Gosto muito das suas matérias das curiosidades.É muito interessante saber o que os outros países andam lendo.Sempre tive curiosidade em saber o que as outras editoras da América Latina publicam.
Seria muito bom se a Panini resolvesse relançar One Piece desde o começo, que fosse uma edição por mês ou box (como fez com Dragon Ball e One-Punch Man, por exemplo). Comecei a assistir ao anime e juro que conseguirei chegar até prá lá de 900 episódios (hoje estou no ep. 53 rsrsrsr, muita jornada adiante). Enfim, queria muito colecionar este mangá, pois gostei demais! Mas o Mercado Livre cobra um horror de preços nas coleções e avulso também está difícil. Para a Panini digo: “sonhar não custa nada…”