Ele vai vencer
O ditado diz que clássicos nunca morrem e, se isso é verdade, Shaman King parece ser um desses títulos que sempre mantém uma chama acesa no coração do público, seja no Japão, seja no exterior. A obra é um dos grandes hits da primeira metade dos anos 2000, tendo ficado na memória por muitos e muitos anos e perdurando até hoje. No que concerne ao Brasil, também fomos agraciados com o mangá e o anime, o que fez a obra ganhar bastante fãs por aqui.
Em se tratando especificamente da versão em quadrinhos, o público local sempre esteve afoito por uma nova edição do título, dessa vez com o chamado “verdadeiro final”, porém o tempo passava e ela não acontecia.
Com o novo boom da obra no Japão, entretanto, tornou-se uma questão de tempo para ele aparecer de novo no país, bastando saber o quando ele aparecia. Não deu outra…
Shaman King é de autoria de Hiroyuki Takei e foi publicado originalmente no Japão entre 1998 e 2004 nas páginas da revista Weekly Shonen Jump, da editora Shueisha, sendo concluído em um total de 32 volumes. O final, porém, não foi um final de fato, deixando os leitores a ver navios, sem uma conclusão de verdade para a história. Posteriormente, porém, a obra foi republicada em uma edição definitiva (chamada de Kang Zeng Bang) em 27 volumes, com mais páginas por edição, e contendo o que é chamado de “verdadeiro final”, por possuir um desfecho mesmo para a obra, um final que o autor sempre quis dar para o título.
A história do mangá no Japão não terminou por aí, entretanto. Takei teve uma rusga com a Shueisha e assinou contrato com a Kodansha, a principal concorrente. O mangá foi, então, republicado de novo dessa vez em um total de 35 volumes, e também contendo o verdadeiro final. Essa é a única edição que existe atualmente.
No Brasil, o mangá foi publicado pela primeira vez entre 2003 e 2006 pela editora JBC, em uma versão que dividiu os 32 números originais em 64 por aqui, de maneira que o país jamais teve o final de verdade da obra. Agora, em dezembro de 2020, a editora JBC anunciou o relançamento do mangá, e a publicação começou em agosto de 2021, em uma edição que compila os 35 volumes originais em apenas 18.
A história de Shaman King se passa no nosso mundo, mas nele existem xamãs de verdade e fantasmas vagando por aí. Nesse ínterim, os xamãs têm o poder de incorporar espíritos e usar os seus dotes (habilidades de luta, de espada, etc).
A obra acompanhará um desses xamãs, Yoh Asakura, e o seu desejo de se tornar o maior de todos os xamãs, o rei dos xamãs, o Shaman King.
O mangá começa quando um garoto baixinho e comum, Manta Oyamada, tem um encontro inesperado com Yoh Asakura, um menino estranho que está sentado no cemitério, cercado de fantasmas. O encontro marcará uma mudança no modo de viver de Manta, pois sua vida, até então pacata, se tornará agitada com a amizade de Yoh e os intensos conflitos que acometerão o jovem xamã.
O primeiro volume de Shaman King reúne os dois primeiros tomos originais, com 392 páginas, compilando os dezessete primeiros capítulos do mangá, onde acompanharemos a introdução da história, que compreende o encontro de Manta e Yoh, as primeiras lutas, e o objetivo do protagonista. Nesse interregno, iremos aos poucos descobrindo o que é um xamã, seus poderes, a diferença entre os diversos tipos de xamãs e a existência de um “Shaman Fight”, um conflito para definir quem seria o novo “Shaman King”.
Em linhas gerais, Shaman King não é outra coisa senão um típico mangá de luta com diversos daqueles elementos que já estamos acostumados nos títulos desse gênero, com o protagonista sempre se superando em momentos de dificuldade, a super importância da amizade, os inimigos que pensam exatamente o oposto, etc, etc, etc.
O protagonista da história, Yoh, por exemplo, é o grande responsável por trazer à tona o tema da amizade, mostrando o modo como trata os espíritos e as pessoas à sua volta (mesmo os inimigos). Diferente de outros xamãs que aparecem nesse volume inicial, o garoto trata os espíritos como amigos de verdade e é justamente essa amizade que será capaz de derrotar as pessoas que estão em litígio com ele.
Nesse sentido, o conflito inicial do mangá é bem simples, um embate de pensamentos entre dois tipos de xamãs, um que acha que os espíritos são simples objetos, feitos para serem usados e que servem para os fazer ficar fortes, e outro (o lado de Yoh) que acha que todos são iguais, sejam vivos, sejam espíritos.
E é dessa forma que o conflito se desenvolve, com Yoh lutando contra o pensamento dos outros xamãs (todos da família Tao) o máximo que pode. Ou seja, a obra – por meio de seu protagonista – busca passar a mensagem de que é a amizade importante, a amizade supera tudo e que é ela que nos faz ficar fortes.
Muito embora seja um mangá de luta, obviamente elas não acontecem o tempo todo, existindo diversas coisas ao longo do volume que servem para conhecermos os personagens, vermos suas particularidades e nos afeiçoarmos a eles, o que é bem importante para apreciarmos melhor a narrativa. A primeira parte desse tomo, por exemplo, é praticamente toda dedicada a vermos casos simples, de resolução rápida em um ou dois capítulos. Somente bem depois é que aparece o primeiro inimigo, Tao Ren, buscando uma certa coisa e que ocasiona a primeira grande luta e o aparecimento do grande objetivo de Yoh.
Nesse sentido, tanto nos momentos de amenidades, quanto nos de batalha, os personagens brilham por si próprios, cada qual a seu modo. Amidamaru (espirito guardião de Yoh) é aquele ser com toda a identidade do lugar comum do samurai, com honra, lealdade e tudo mais. Desde que Yoh conseguiu eliminar o que o prendia à terra, o espírito passou a servir o garoto, lutando sempre ao seu máximo em todos os combates.
Anna é aquela personagem durona que tem em toda a história, muito áspera, sempre dando puxões de orelha em Yoh, fazendo-o treinar mais duramente, etc, etc, etc. É a prometida noiva do rapaz e parece ser importar muito com ele, embora não demonstre com ações e palavras.
E, claro, Manta é outra grande figura, indispensável para a história. Pseudo-narrador do conto, ele é o responsável pela maioria passagens de humor da obra, com suas expressões hilariantes diante de diversos acontecimentos. Também busca ajudar Yoh quando pode.
Falar dos personagens poderia render horas e mais horas de texto, mas para quem é fã não há necessidade e para quem não conhece a obra, o melhor é apreciá-los na leitura^^. Só o que podemos dizer é que mesmo os inimigos de Yoh farão você se afeiçoar a eles, de uma maneira ou de outra…
Ao analisar o volume como um todo, podemos dizer, sem sombra de dúvida, que Shaman King é um bom mangá, daqueles que te prendem pela ação e pelos personagens e que faz você se sentir fisgado logo de início, querendo saber mais e mais da história.
Decerto, ele é mais indicado para quem gosta de mangás de lutinha, pois ele não é outra coisa senão isso, então se você adora esse tipo de obra, tenha certeza que Shaman King não irá te decepcionar. No entanto, mesmo quem não gosta desse tipo de obra deveria dar uma chance, seja ao mangá, seja ao anime, pois SK é um clássico que merece ser visto.
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A nova edição brasileira compila os 35 volumes originais em apenas 18, com média de 400 páginas por tomo, algumas delas coloridas. Essa edição veio no formato 15 x 21 cm, com miolo em papel offset 90g e capa cartonada com sobrecapa. Há também capas internas coloridas.
Trata-se de uma edição impecável esteticamente, com um papel realmente de boa qualidade, páginas coloridas no começo e no meio do volume e sobrecapa também em um material muito bom. A encadernação igualmente está excelente, podendo ler e folhear sem nenhum problema. É uma versão para nenhum fã botar defeito.
Dado o acabamento primoroso, o preço de cada volume termina por ser bem elevado, R$ 69,90, de maneira que será uma coleção bastante dispendiosa e para poucos. Mesmo assim, a recomendação pelo mangá permanece, ao menos para os que possam arcar com os valores da publicação, pois Shaman King realmente é um mangá muito bom.
Ficha Técnica Título Original: シャーマンキング Título: Shaman King Autor: Hiroyuki Takei Tradutor: Arnaldo Oka Editora: JBC Número de volumes no Japão: 35 (completo) Número de volumes no Brasil: 1 de 18 (ainda em publicação) Dimensões: 15 x 21 cm Miolo: Papel offset 90g Acabamento: Capa cartão com sobrecapa Classificação indicativa: 14 anos Preço: R$ 69,90 Onde comprar: Amazon / Comix
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Mangá que saiu em meio tanko quando eu ainda era estudante e só tinha grana para comprar uma série, no caso optei por Samurai X. Agora com esse (re)lançamento vou colecionar e conhecer a história, pois nunca li e nem assisti o anime. Gostei muito desse primeiro volume.
Eu tô realmente curioso como vão fazer com o volume 18 dessa coleção, porque como são 35 volumes, vai faltar um tanko para fechar um volume big na última edição, tanto que na versão francesa eles juntaram os 3 últimos volumes e fecharam a coleção com 17 volumes, o Del Greco já disse que a última edição será bem especial, então meu palpite é que, tal como a New Pop tá fazendo com a nova edição da voz do silêncio, eles juntem algum material extra no último volume, no caso de Shaman King, tem tanto um databook chamado “Shaman King Mentalite”, no mesmo formato do Kanzenban e que só saiu na Itália e também há um Character Book dos personagens, resta saber qual dois dois sairá no último volume (provavelmente o databook, mas teremos de esperar uns 3 anos para ver, mas não quero nem pensar nos reajustes que teremos até lá)