O que a JBC pode ensinar às outras editoras brasileiras?

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Bom dia, navegantes.

Hoje é dia de postagem nova e especial. Aos que não sabem, há algumas semanas inauguramos uma série de postagens aqui no blog destacando atitudes positivas das editoras brasileiras de mangás que poderiam ser seguidas por suas concorrentes.

Já fizemos uma matéria sobre a Panini e uma sobre a Newpop. Hoje faremos a última postagem desta série, falando sobre a editora JBC. Assim como fizemos nas duas postagens anteriores, iremos desconsiderar todos os erros e problemas da JBC e nos focar somente e tão somente em suas qualidades que poderiam ser copiadas por suas concorrentes.

De novo informamos que isso é uma analise imediatista. Não sabemos o que pode acontecer futuramente e as editoras podem modificar-se em pouco tempo. E é justamente isso o que esperamos que aconteça, uma melhoria por parte delas e que essa postagem se torne ultrapassada em pouco tempo. Quanto melhor forem as editoras melhor também para nós, consumidores, não é mesmo? Dito isso, vamos ver as cinco qualidades da JBC que deveriam ser copiadas por suas concorrentes.

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5. Formatos diferenciados

DN Black Edition_Cover.inddMangás somente para livrarias e um título buscando apresentar o gênero mangá para as crianças. A JBC tem se destacado nos últimos anos por buscar formatos diferenciados para seus mangás.

Edições como Death Note Black Edition e Eden juntando dois tankos em um só, por exemplo, é uma prática que deveria ser explorada pelas outras editoras também.

Além de ficarem bonitas na estante, essas edições especiais podem permitir que alguns títulos mais complicados de se trazer aportem em território nacional. Fora isso, por ficar em livrarias e terem um formato mais “atrativo”, a edição Big pode contribuir para que pessoas não acostumadas aos mangás experimentem esse tipo de quadrinho.

A principal concorrente perdeu uma ótima oportunidade de realizar isso com um relançamento de luxo de seu maior sucesso. Porém, nas palestras do Anime Friends, foi dito que uma outra concorrente já estava com planos de lançar mangás nesse formato, mas a JBC o utilizou antes. Então que realmente isso se concretize e que outras editoras também pensem em utilizar esse formato.

Outros formatos menos consagrados deveriam ser explorados pelas demais editoras também. Sei que é heresia dizer isso, mas edições em formato gibi poderiam aparecer mais vezes como forma de atrair um público consumidor mais jovem. Não digo um título tão grande como Super Onze, mas um mangá infantil mais curto poderia ser um excelente teste para as concorrentes.

Mas seja o formato BIG, seja o formato gibi, as demais editoras poderiam parar de pensar fora de seu nicho habitual e começar a testar outros formatos, com vistas a atrair um outro público para os quadrinhos orientais.

4. Política de relançamentos

sakura_especial_01Enquanto a principal concorrente tem um histórico ainda pequeno de relançamentos, a editora JBC vem apostando alto nessa estratégia de conquistar novos leitores para obras mais antigas.

Algumas pessoas não acham que esse é um ponto positivo, pois segundo elas a JBC só está relançando porque antes eles publicaram “de uma forma muito porca”. Para os padrões de hoje, isso não deixa de ter um pouco de verdade, mas a maior concorrente da editora também publicava “de uma forma muito porca” e ainda fazia pior: cometia o crime de fazer mangás espelhados. E, mesmo assim, essa concorrente ainda não se preocupou em buscar relançar suas obras mais antigas.

Deveria ser padrão o relançamento constante de materiais de sucesso, mas infelizmente isso ainda não acontece satisfatoriamente em nosso mercado. A própria JBC ainda não conseguiu satisfazer a todos, mas felizmente aos poucos ela vai relançando seus títulos antigos para a alegria de muita gente. Enquanto isso, a multinacional continua enrolando as pessoas que clamam por relançamentos de obras de sucesso e que foram lançadas há tempos. Será que custa muito para essa multinacional seguir o exemplo de sua rival?

3. Realizar assinatura para todos os seus títulos

Se a concorrente tem um sistema de assinatura mais rápido e intuitivo, além de uma loja online própria, a JBC é a empresa que mais aposta nas assinaturas, realizando elas para TODOS os seus títulos em publicação, com exceção dos mangás de volume único.

Essa é uma prática necessária e que notadamente sua maior concorrente deveria seguir também. O que se passa na cúpula de uma empresa multinacional com muitos ramos de atuação é difícil de saber, mas sabendo que existem problemas e mais problemas de distribuição, por que não implementar assinatura para todos os seus títulos? Os moradores da chamada fase 2 de distribuição sofrem demais com a não chegada de muitos títulos, então não se torna compreensível o motivo de não se fazer assinatura para todos os títulos.

Quanto às outras editoras, já comentamos aqui antes: está mais do que na hora de elas implementarem um sistema também. Assinaturas ajudaria muito os leitores e melhoraria a imagem das editoras. Portanto, concorrentes, está na hora de copiarem a estratégia comercial da JBC.

2. Utilizar a internet como forma de divulgação de seus produtos e de aproximação com seu público consumidor

henshinMais de uma postagem diária em suas páginas no facebook; Divulgação constante de seus títulos no twitter; Vídeos ora mensais, ora semanais no youtube divulgando as novidades da editora e agora uma sessão de respostas às dúvidas das pessoas. A JBC vem conseguindo uma interação importante com o seu público e, com isso, ela ganha muitos pontos com os consumidores.

As postagens constantes ajudam na divulgação de informações que acabariam se perdendo com o tempo. Esse método está MUITO longe de ser uma estratégia de marketing, mas é uma forma de auxiliar as pessoas a não perderem as novidades (ainda que algumas pessoas ainda as percam). Além disso, nesse sistema de postagens a editora divulga preços, capas, formato e tudo mais que as pessoas precisam saber sobre os títulos, coisa que as concorrentes não fazem com o devido sucesso.

A principal concorrente só é constante e interage com os leitores no twitter e, por isso mesmo, acaba restringindo demais o alcance das novidades e notícias. Considero muito importante que todas as outras editoras se inspirem nesse uso da internet feito pela JBC e criem um modelo parecido. Isso seria muito importante para a divulgação do conteúdo e para criar uma aproximação maior entre empresa e consumidores.

1. Política de transparência

Aliado ao item anterior, a política de transparência adotada pela editora vem sendo o seu maior ponto forte. Avisar o público leitor de tudo o que está acontecendo é uma parte crucial do relacionamento entre empresa e clientes. Aumentaram os preços de alguns mangás? A JBC avisa e explica os motivos do aumento. Fizeram reimpressão de títulos esgotados? A JBC também informa! Problemas com a lombada contínua? A JBC está lá explicando. Papel ficou ruim? De novo a JBC está dando a cara a tapa e explicando o que aconteceu.

E a maior concorrente? Sempre ficamos sabendo dos aumentos de preço por outros meios. Reimpressão? Quando fazem, quase nunca avisam. Recentemente ocorreu um caso emblemático nesse sentido: o problema com o papel Bright. Aos que não sabem ainda, sem qualquer aviso as gráficas pararam de importar o papel Bright 52g usado em títulos como Vinland Saga e The seven deadly sins, forçando as editoras a mudarem a marca do papel. Enquanto a JBC foi lá e avisou em vídeo o que estava acontecendo, a concorrente simplesmente ficou quieta e não deu qualquer satisfação aos leitores (só foi dada uma explicação pública tempos depois, durante o Anime Friends). Por causa disso, ainda hoje algumas pessoas dizem “aumentaram o preço e diminuíram a qualidade”, devido a essa falta de clareza da concorrente sobre o que aconteceu com Vinland Saga.

Vale dizer: a Beth Kodama (responsável pela concorrente) buscou, em seu facebook pessoal, sanar as dúvidas e reclamações das pessoas, mas isso não é a mesma coisa que a própria editora se pronunciar em seu maior canal de comunicação.

Considero uma atitude bastante saudável que os editores conversem e respondam dúvidas dos leitores via internet, mas isso não basta. Os consumidores não têm obrigação de ficar seguindo as pessoas nas redes sociais para ficar sabendo das novidades. É preciso que as empresas se pronunciem como empresas. Quem deveria avisar sobre essas questões são justamente as editoras, afinal para que serve então as páginas nas redes sociais se não é para informar coisas do tipo? Para que serve o site oficial? Custava fazer uma postagem avisando? Realmente essa concorrente precisa copiar a JBC… 

Obs: Algumas pessoas acabam não acreditando no que a editora fala em suas postagens e em seus vídeos, achando que são meras desculpas sem sentido. Bem, não se pode fazer nada se pessoas não acreditam, mas dar a cara tapa explicando coisas e respondendo as pessoas é, de longe, uma das melhores atitude já feita por uma editora de mangás no Brasil. Acredito firmemente que todas as demais deveriam fazer isso ou, pelo menos, a maior dessas concorrentes…

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E essa foi a postagem de hoje. Concorda? Discorda? O que você acrescentaria? A área dos comentários é livre^^.

Biblioteca Brasileira de Mangás

8 Comments

  • Anônimo

    Mas bem que a JBC podia colocar plastico nos mangás dela, o que adianta lançar tanta coisa se vai vir para as bancas todo amassado, riscado e até, muitas vezes, rasgado…

    • Samara Barreira

      Concordo. A JBC tinha era que aprender isso com a NewPOP e com a Panini.

  • Samara Barreira

    Excelente postagem. Parabéns, Biblioteca Brasileira de Mangás! As assinaturas até que resolvem o problema da distribuição setorizada que eles resolveram fazer (aliás, distribuição setorizada essa, que é a mais porca que eu já vi, porque a fase 1 da JBC fica restringida somente às capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo, enquanto o restante do país é fase 2), desse modo você garante o seu mangá com poucas semanas depois de lançado e em ótimas condições físicas. Porém, essa distribuição setorizada não resolve o problema da distribuição de mangás pelo país, que tem o tamanho de um continente. Até hoje não ficou bem explicado e porque somente as capítais do Rio de Janeiro e de São Paulo são fase 1. Eu gostaria até de ter uma explicação mais plausível, porque ela diz que foi a distribuidora quem determinou isso, só que isso não é verdade, já que a JBC contratou os serviços de uma distribuidora para fazer esse serviço de distribuição. A JBC é a empresa contratante e a distribuidora é a empresa contratada. Isso quer dizer que é a empresa contratante quem manda e não a empresa contratada. Eu até hoje não consigo aceitar esse explicação dada pela JBC, porque é MUITO estranha.

    Enfim, continuando…

    Afinal, esse tipo de distribuição, pelo que fiquei sabendo, era usada pelas editas antes dos anos 2.000. Depois disso, começaram a mudar e a ampliar isso daí. Em 2.013 começou o retrocesso na distribuição das editoras. Eu mesmo não compro nada da fase 2 da JBC e nem da Editora Abril, que também tem a mesma distrição por fases usada pela JBC. Os mangás da Princesa Kilala e outros, chegaram em péssimo estado! E assim não dá! Eu prefiro fazer assisnatura ou comprar em uma loja virtual, em oultimo caso.

    • Lis

      Infelizmente esse lance da distribuidora é bem possível de ser verdade (só não afirmo que é porque eu não sou do meio) por conta do monopólio que a distribuidora tem. Sendo ela a ÚNICA distribuidora de alcance nacional que tem no país, ela ganha poder de fazer as coisas como bem entender.
      “Distribuo do jeito que melhor me convir. Tem algum problema/não gosta do jeito que eu faço a distribuição? Boa sorte procurando outra que o faça”
      É mais ou menos assim.

  • Guilherme

    Agora fiquei curioso, kyon, qual é a concorrente que falou que ia lançar formatos diferenciados?E eles deram mais detalhes sobre isso?

    • Newpop! Perguntaram na palestra da editora se eles não teriam planos de lançar edições BIG que nem a JBC. O Júnior Fonseca disse que sim e que eles já estavam com planos antes mesmo de a JBC realizar.

      Porém, ele não deu qualquer previsão de quando a Newpop fará esse tipo de formato.

  • Talvez o melhor exemplo de transparência foi quando anunciaram o cancelamento de Futari H. Poderia simplesmente colocar uma nota no site e pronto, mas ao invés disso o Cassius em pessoa resolveu dar a má notícia. E o mais importante: fez isso no MÊS SEGUINTE à publicação da última edição. Ao contrário de outras editoras, não esperaram meses (ou ANOS) nem guardam na “geladeira” por tempo indeterminado. Não deu certo, cancelaram e pronto. É triste igual, mas pelo menos não enrolaram ninguém.

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