I
O mercado italiano de mangás é um mundo à parte e, em certo sentido, totalmente incompreensível aos olhos de quem está do outro lado do oceano.
Trata-se de um mercado gigantesco e que, no ocidente, só perde em número de mangás para a França, além de possuir inúmeras especificidades que a gente não vê em outros mercados. Jojo’s Bizarre Adventure, por exemplo, está praticamente em pé de igualdade com o Japão; Já Kingdom, de Yasuhisa Hara, só é publicado nesse país no ocidente.
Entretanto, a especificidade mais marcante do mercado italiano de mangás pela nossa visão é a utilização da periodicidade semanal para alguns mangás. Nenhum outro país do ocidente costuma ter mangás com periodicidade tão curta.
Aqui no Brasil já tivemos durante muito tempo mangás quinzenais (o último deles Super Onze, pela JBC) e um semanal (Cowboy Bebop), mas atualmente os mangás bimestrais dominam o mercado. Em outros países, as periodicidades mais longas também são a regra, como nos Estados Unidos em que a maioria são trimestrais.
II
A Itália também tem suas periodicidades longas (Nisekoi é trimestral, por exemplo), mas ela tem experimentado mais e mais mangás semanais nos últimos tempos e parece que as vendas estão satisfatórias, pois basta uma obra acabar que outra entra em seu lugar.
Como já comentamos em uma outra postagem, os mangás semanais são publicados em uma parceria das editoras com grandes jornais italianos (como o Gazzetta dello Sport e o Corriere dello Sport) e, geralmente, as publicações são sempre relançamentos de obras de sucesso inconteste. Já saíram nessa periodicidade obras como Hokuto no Ken, Naruto (apenas a “fase clássica”), One Piece e Cavaleiros do Zodíaco – The Lost Canvas.
No mês passado, Dragon Ball foi concluído pelo jornal Gazzetta dello Sport e logo em seguida começou a publicação de Detective Conan. Outras duas obras semanais estão em publicação atualmente na Itália, Bleach, pelo Corriere dello Sport, e a série Mazinger la leggenda, pelo Corriere dello Sport e pelo Tutto Sport.
III
Vale comentar que Mazinger la leggenda será uma coleção de 30 volumes reunindo diversas obras da franquia criada por Go Nagai como Mazinger Z e Great Mazinger.
Já Bleach é o conhecido mangá de Tite Kubo e como dissemos em outra ocasião terá apenas os primeiros 48 volumes lançados nessa coleção semanal. Talvez o jornal se anime a publicar o resto, mas inicialmente isso não estava previsto.
O mangá mais recente, Detective Conan, de Gosho Aoyama, é uma obra até certo ponto famosa mundo à fora, mas infelizmente pouco conhecida no Brasil. Com 94 volumes até o momento no Japão, Detective Conan é um sucesso na Itália, tendo sido publicados 92 tomos, com 0 93 previsto para este mês. Para o relançamento em periodicidade semanal estão previstos “apenas” os 90 primeiros volumes por ora…
Pode até parecer que três obras sejam muito pouco para se afirmar um sucesso dessa periodicidade, mas a verdade é que se não fosse não haveria nenhuma obra sendo publicada. Isso não quer dizer que essa periodicidade virará uma regra (nenhum mercado se sustentaria apenas com mangás semanais) ou durará para sempre, mas enquanto tiver mangá de sucesso para ser relançado, e enquanto a economia italiana permitir, isso deve continuar.
IV
Mas como a Itália consegue publicar uma obra semanalmente? Como quase todas as obras são relançamentos, basta ter os arquivos da publicação anterior e mandar imprimir. Do contrário é só trabalhar com bastante antecedência. Não há muito segredo nisso.
Contudo, o maior mistério para este que vos escreve diz respeito aos compradores e à sociedade italiana. É claro que o dinheiro para comprar um mangá toda semana não é problema, mas o quão grande é a cultura de quadrinhos na Itália ao ponto de fazer algo que não existe nem na França?
Óbvio que se publica quadrinhos junto a jornais em diversos países, mas eu não conheço um mercado que consiga manter três mangás em periodicidade semanal ao mesmo tempo como ocorre na Itália. Parece algo bastante surreal aos nossos olhos. Está aí algo que eu gostaria muito aprender e entender…
***
Por fim, perguntamos: será que existe algum mangá que aguentaria ser relançado em periodicidade semanal no Brasil? Ou será que devido à situação econômica do país isso não deve nem ser cogitado? Você compraria um mangá em periodicidade semanal? Responda quem quiser^^
Ler gibis é algo habitual por lá. A produção de BDs e dos Fumetti é algo comum e difundido em diferentes grupos de leitores. Se pegarmos os dois principais títulos da editora Sergio Bonelli em vendas vemos isso. Tex vende cerca 180 mil exemplares por mês. Dylan Dog vende perto de 120 mil por mês, que tem uma temática totalmente diferente, sem restrição demográfica. E tem Julia (um dos melhores gibis em publicação no Brasil) vende acerca de 40 mil por mês e tem uma temática muito diferente dos dois acima.
Esse tipo de ação é bem comum por lá. Mesmo em mercados menores, como o português, existe esse tipo de coisa. Por aqui o mais próximo que temos é o esquema de publicação quinzenal das coleções Marvel, Tez e Conan por parte da Salvat.
Não. O preço ficaria muito caro. Imagine o gasto mensal… R$80, R$100? Inviável.
Lá em Euro e geralmente custa de 4 – 6 euros, eu gasto baixo para o padrão de vida dos Italianos. Recentemente eu encomendei March comes in Like a Lion tudo que a Kana lançou, são 8 volumes e o preço na qualidade Blame é 6 euros.
Talvez um Naruto meio tanko em brite venderia semanalmente
dependendo do mangá e se o preço não for absurdamente caro eu compraria.