O novo mangá da franquia
Se você clicou nesta postagem, provavelmente você já conhece a série Re: Zero. Caso não conheça, a gente te dá um pequeno resumo para você entender por cima como é a história da franquia. Basicamente, Subaru Natsuki é um rapaz comum e normal, que vivia enfurnado dentro de seu quarto e raramente ia para a escola. Certo dia, porém, ao voltar de uma loja de conveniência ele é transportado para um mundo paralelo, ao estilo medieval e de fantasia, com magia e meio-humanos. Desejoso de saber quem o invocou e o porquê, ele conhece pessoas, se envolve em confusões e morre. Só que toda vez que ele morre, ele volta a um instante do passado para conseguir consertar o que deu de errado. Muitas coisas estão acontecendo nesse mundo (em especial, uma seleção real) e Subaru acabará morrendo muitas e muitas vezes…
Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão é o segundo mangá da série, mas antes de falar dele é preciso explicar um pouco mais sobre a franquia para contextualizar melhor esse quadrinho. Re: Zero nasceu originalmente como uma série de light novels (livros com leitura leve), escrita por Tappei Nagatsuki e ilustrado por Shinichirou Otsuka, estando em publicação no Japão desde janeiro de 2014 pela editora Media Factory. No momento em que esta postagem vai ao ar já foram publicados 21 livros por lá e a obra ainda está em andamento sem qualquer previsão de final. Se você conheceu Re: Zero pelo anime, saiba que ele foi feito com base nesses livros e a primeira temporada adaptou nove deles (mas pulando várias coisas importantes e deixando um pedaço do volume 9 por adaptar). Igual e naturalmente os mangás foram feitos com base nos livros.
Como existem vários mangás de Re: Zero no Japão é possível que você se confunda um pouco sobre o funcionamento deles, mas não é nada muito difícil de se entender. Basicamente existem quatro mangás principais, que adaptam diretamente a light novel original, são os seguintes:
- Re: Zero – Capítulo 1: Um dia na Capital (completo em 2 volumes)
- Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão (completo em 5 volumes)
- Re: Zero – Capítulo 3: Truth of Zero (10 volumes e ainda em andamento. Deve acabar com 11 ou 12 volumes)
- Re: Zero – Capítulo 4: O Santuário e a Bruxa da Avareza (recém iniciado e sem nenhum volume publicado até o momento).
Como o nome sugere, um é continuação do outro, mas são mangás diferentes. Então, a história começa em Re: Zero – Capítulo 1: Um dia na Capital e conta como Subaru chegou ao mundo paralelo, conheceu Emília, além dos demais acontecimentos até o confronto com Elsa, após muitas mortes do protagonista. São apenas dois volumes, acabando ali mesmo.
Depois disso, a história continua em Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão. São cinco volumes no total. Atenção que, como esse é um outro mangá, ele não começa do volume 3, ele começa do número 1 e vai até o número 5. Nessa obra acompanhamos o Subaru conhecendo a Ram e a Rem e os demais membros da mansão, bem como o confronto com as bestas mágicas da floresta.
O mangá “Capítulo 1” já foi publicado no Brasil na íntegra pela editora Panini e agora a mesma empresa está começando a publicar o “Capítulo 2”, que é o assunto desta postagem. O “Capítulo 3” e o “Capítulo 4” ainda são inéditos por aqui.
Ainda antes de iniciar é importante você saber que os dois primeiros mangás foram feitos por autores diferentes e por editoras diferentes no Japão. O “Capítulo 1” foi feito por Daichi Matsuse para a editora Media Factory e o “Capítulo 2” ficou a cargo de Makoto Fugetsu para a editora Square Enix. Matsuse também ficou a cargo do “Capítulo 3”, e uma dupla de autores ficou com o “Capítulo 4”. Vejam a seguir uma comparação das lombadas originais, que mostra bem a situação.

Com isso, acho que fica bem claro a questão dos mangás de Re: Zero. Um é continuação do outro, mas realmente são mangás diferentes, tanto que nem existe padrão na lombada japonesa, visto que foram feitos por empresas diferentes por lá. Claro que é a mesma franquia e tudo mais, porém não deixam de ser obras à parte, tipo Dragon Ball e Dragon Ball Super. Um é continuação do outro, mas não são o mesmo mangá.

Feita toda essa digressão inicial e agora que você sabe de tudo isso, podemos falar mais especificamente de Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão. Pois bem, esse mangá foi publicado no Japão entre outubro de 2014 e outubro de 2017 na revista Big Gangan, da editora Square Enix, sendo concluído em um total de 5 volumes. Essa obra adapta o segundo arco das light novels de Re: Zero, o arco da mansão, presente no segundo e no terceiro livro original (se você só assistiu ao anime, esse mangá cobrirá o conteúdo que você viu nos episódios 4 a 11).
Mas e então? O anime de Re: Zero foi um fenômeno e muita gente gostou, a light novel (em publicação no Brasil pela editora NewPOP) também parece estar sendo um sucesso, muita gente comentando e falando que é ótima, mas e esse mangá? Ele é bom? Você saberá agora a nossa opinião^^.
- Sinopse Oficial
Subaru Natsuki é um estudante colegial indefeso, invocado de repente para outro mundo. Usando sua única hablidade – o “morrebinar” – ele salvou Emilia, a meia-elfa de cabelo prateado que salvou sua vida, da morte certa. Porém, ele vai se envolver novamente em um loop de morte, agora num semana em uma mansão luxuosa! Esta é a segunda parte da quadrinização da Light Novel de grande sucesso, que teve mais de 50 milhões de visualizações no site “Shosetsuka ni Narou”! E no final deste volume, há uma história curta escrita pelo próprio Tappei Nagatsuki!
- História e Desenvolvimento
Se você leu Re: Zero – Capítulo 1: Um dia na Capital você deve ter percebido que aquilo lá não era Re: Zero de verdade. Tinha o nome da série, contava a mesma história da série, mas definitivamente não era Re: Zero. A gente está exagerando um pouco, evidentemente, mas a questão é que aquele mangá era ruim e genérico.
Ele era ruim enquanto adaptação da série (o autor, Daichi Matsuse, não conseguia passar a emoção da light novel e do anime, fazendo expressões sem sal no Subaru, desenhando os personagens de uma forma meio esquisita de modo que não pareciam eles de verdade em diversos momentos, não atentando-se a diversos detalhes e trejeitos da história, dentre diversas outras coisas que não conseguiam fazer-nos sentir empatia pelos personagens) e enquanto mangá, com uma quadrinização ruim, com uma falta de cuidado com a apresentação da história, as coisas acontecendo meio aceleradamente, sem um algo a mais, etc, etc e etc. Poderíamos passar horas e horas aqui falando de tudo de péssimo que tinha naquele mangá. Ele era uma obra bem mal feita, que fazia jus àquela regra não escrita de que o mangá adaptado de light novel é sempre a pior maneira de se acompanhar uma série. Dito de outro modo, não era outra coisa senão um caça níquel qualquer. Uma obra totalmente dispensável.
Daí que essa experiência me fez comentar que eu não recomendava os mangás de Re: Zero. Se esse era tão ruim, nada me fazia crer que os outros seriam melhor. Entretanto, me disseram que não era bem assim e o segundo mangá era bom. De fato, eu já havia lido o prólogo de Re: Zero – Capítulo 2, em que a autora Makoto Fugetsu resume a história da parte 1 e havia me parecido muito melhor que o mangá do Daichi Matsuse por inteiro. Tinha mais técnica, mais talento, passava mais emoção, os desenhos eram melhores, etc, etc. Aquilo era Re: Zero de verdade e, mais do que isso, era sim um Mangá (com M maiúsculo) e não um quadrinho caça-níquel genérico.
Porém, eu ainda estava receoso, pois o que as pessoas dizem ser bom nem sempre condiz com a realidade, basta ver, por exemplo, que existem pessoas que acham aquele amadorismo narrativo que é Platinum End como algo bom e se alguém acha uma obra amadora boa, qualquer coisa pode ser. Rsrsrs. Então era bom eu tomar cuidado e não ter muitas esperanças, pois em geral as pessoas julgam as obras apenas e tão somente pelo o fato de a história agradar ou desagradar, sem levar em consideração detalhes “””técnicos””” da construção da história. No entanto ao ler o primeiro volume, eu percebi que Re: Zero – Capítulo 2 é realmente um ótimo mangá, ao menos nesse volume inicial.
Basicamente, o início de Re: Zero – Capítulo 2 é, como dito, um prólogo recontando o modo como Subaru chegou ao mundo alternativo, encontrou Emília, foi salvo por ela, depois morto sem saber por quem, dentre diversas outras coisas, até que ele consegue ajudar a meio-elfa a reencontrar o broche perdido, bem como escapar das garras da caçadora de entranhas. Eu não consigo dizer se o prólogo é suficiente para você entender todo primeiro arco de Re: Zero, mas é melhor do que do que ler o mangá do Daichi Matsuse, com certeza. O único problema do resumo é o mesmo do Matsuse, a falta de uma certa cena no final do primeiro arco que será importante lá no terceiro.

Após o prólogo, o início propriamente dito é meio estranho, com um ritmo de história muito acelerado e a autora cometendo os mesmos erros que o Daichi Matsuse havia cometido, mas as páginas vão passando e a artista consegue pegar o ritmo e faz algo próprio, utilizando bem as técnicas narrativas para fazer um humor consistente, para passar emoção por meio dos olhares, do rosto dos personagens, etc.
O volume conta a chegada Subaru na Mansão Roswaal, com ele conhecendo a bibliotecária Beatrice, tendo contato com as empregadas gêmeas Ram e Rem, revendo Emília e, claro, conhecendo o dono do local, Roswaal L. Mathers. É contada a situação do reino (a morte da família real e o processo de sucessão) e Subaru começa a trabalhar na mansão. E assim se desenvolve a história com ele compartilhando momentos com os demais, até que ele morre, de novo.
Makoto Fugetsu consegue fazer um mangá bem único (existe todo um estilo próprio bem claro na história, especialmente nas cenas de comédia) e ao mesmo tempo ser fiel à obra original. Fugetsu conseguiu pegar a essência da série e a passou isso para o mangá, usando todas as técnicas que a arte dos quadrinhos dispõe. Nota-se bem que ela não se preocupou apenas em transpor o Re: Zero dos livros para os quadrinhos, mas sim em fazer realmente uma adaptação, mantendo a essência dos personagens e colocando sua própria interpretação (e uma boa interpretação).
Outro ponto importante sobre essa obra é que diversas cenas são mais exploradas do que foi na versão animada, dando mais imersão na história e apresentando mais um pouco das características do personagens. Acaba sendo um prato cheio para quem só viu a animação e não quis comprar as light novels, pois você verá conteúdo inédito e bom conteúdo. Por exemplo, a cena em que o Subaru é contratado para trabalhar na Mansão é um tanto quanto rápida no anime, mas no mangá (e na light novel) há todo um desenvolvimento maior, umas elucubrações, dentre diversas outras coisas.
Por fim, a arte da autora é realmente um espetáculo à parte. Não é nada de outro mundo, mas em comparação com a de Daichi Matsuse, ela se sobressai bastante. A autora consegue manter a essência dos personagens e faz eles brilharem, por conta de detalhes simples, como uma cor mais escura nos vestidos da Emília, um detalhe no rosto aqui outro detalhe no rosto ali e assim por diante. Ainda há certas cenas em que os personagens parecem meio descaracterizados (não estamos falando das cenas de humor, pois ali é o estilo dela e uma forma de mostrar o clima mais ameno de comédia), mas isso é o de menos considerando o todo. Então, Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão me surpreendeu positivamente como um fã da franquia e super indico para os demais fãs^^.
A Edição Nacional
A edição brasileira do mangá veio no formato 13,7 x 20 cm, com miolo em papel offwhite, e capa cartonada simples, ao preço de R$ 22,90. Trata-se daquela edição padrão da Panini atualmente, com suas qualidades e seus defeitos. O papel, por exemplo, é melhor do que o utilizado em Re: Zero – capítulo 1, dando mais destaque à arte de Fugetsu e aprimorando a experiência de leitura. As páginas coloridas, porém, deixaram a desejar, pois foram também em offwhite. No outro mangá da franquia, as páginas tinham sido em papel couchê (aquele brilhoso).
Fora isso, a encadernação está boa, permitindo o folheamento e a leitura do mangá sem maiores problemas. No todo, embora não se destaque em relação a demais publicações, é uma boa edição física.
Em termos de texto, não encontrei erros de revisão e nem nada do tipo. Já quando falamos em adaptação, por outro lado, certamente quem viu a versão oficial brasileira do animê (seja a legendada, seja a dublada) ou leu a light novel, estranhará algumas escolhas por parte da editora. Para começar uma adaptação muito boa foi em relação ao lembrado E.M.T, em que a editora brilhantemente adaptou para “Emília Minha Tchutchuca”.
Na light novel, a NewPOP apenas traduziu literalmente e trocou as letras (ficando algo como Emília-tan Anjo Demais), mas no mangá isso seria impossível por causa da imagem com as letras e a Panini precisava adaptar de alguma forma e foi uma adaptação bem boa. Palmas para o tradutor.
De resto, dentre outras diferenças de adaptação, o “Retorno da Morte” é chamado no mangá da Panini de “Morrebinar” (isso desde o “Capítulo 1”) e a Emilia-tan é chamada de Emiliazinha. A Biblioteca (onde fica a Beatrice) é chamada de Arquivo e o Pack é chamado pela Betty de irmãozão no mangá (na light novel e no animê chamam de maninho ou irmãozinho). Na Light Novel a fala do Roswaal é marcada com vários acentos que não existem. No mangá, a fala diferente dele foi marcada com mais de uma letra em algumas palavras. Quase nada disso incomoda, são só escolhas diferentes, mas seria bem legal se houvesse um padrão entre as versões.
Existe uma queda de padrão, porém, dentro dos próprios mangás da Panini, mas foi uma quebra de padrão “para o bem”. Em Re: Zero – Capítulo 1, a Panini estava grafando o nome de reino de Rugnika, mas em Re: Zero – Capítulo 2, ela passou a gravar como Lugnica, que salvo engano é como é grafado pela NewPOP. Particularmente eu preferi a mudança^^.
- Conclusão
Você deve entender que essa resenha foi feita por um fã de Re: Zero e meio que ela visa mostrar as qualidades da obra para outros fãs de Re: Zero. Se você assistiu o anime, não gostou do que viu, dos personagens, do modo como a história é conduzida, a gente pode dizer com certeza absoluta que você não vai gostar desse mangá, pois a história é a mesma. A autora faz suas coisas próprias, coloca o seu charme, mas não dá para mudar o conceito base. Então, eu não tentaria dar outra chance por meio desse mangá. Ele é bom, mas se a história não agradou, não tem o porquê gastar dinheiro com isso.
Para quem é fã, eu repito que realmente me surpreendi com o primeiro volume de Re: Zero – Capítulo 2 – Uma Semana na Mansão e superou as minhas expectativas. Ele foi um mangá divertido, apresentou bem a história e fez algo único ao mesmo tempo em que seguiu a obra original. Além disso, a arte da autora foi boa e destacou bastante os personagens, sendo um prato cheio para quem fã desde a animação.
Para quem não conhece a história, apesar de ter um resumo no início, eu não recomendo o mangá para os novatos por ele ser uma continuação. Então, eu recomendo você ler o primeiro volume da light novel ou ver os três primeiros episódios da animação, aí se você gostar, então você parte para o mangá Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão^^.
O volume ainda contém uma história escrita por Tappei Nagatsuki. Então se você nunca leu uma light novel, você terá uma pequena ideia de como é. O modo como a Panini formatou é meio diferente de uma light novel “de verdade”, mas mesmo assim você entenderá um pouco o modo como é passada a história e compreenda que é um livro comum e normal^^.
- Ficha Técnica
Título Original: Re:ゼロから始める異世界生活 第二章 屋敷の一週間編
Título Nacional: Re: Zero – Capítulo 2: Uma Semana na Mansão
Autor: Makoto Fugetsu
Tradutor: Fernando Mucioli
Editora: Panini
Dimensões: 13,7 x 20 cm
Miolo: Papel Offwhite
Acabamento: Capa cartonada simples, algumas páginas coloridas
Classificação indicativa: 14 anos
Número de volumes no Japão: 5
Número de volumes lançados no Brasil: 1 (ainda em andamento)
Preço: R$ 22,90
Onde comprar: Amazon
Otima resenha. Bem completa. O manga ficou realmente muito melhor do que eu esperava. Muito acima de outras adaptações de novel que já li.
Acho que no geral o termos que a New pop uso são melhores, mas acho que a fala do roswall mais precisa no jeito da panini. Já que o roswall fala “arrastando” algumas palavras